Isso não é nada vitoriano! escrita por Lanabel


Capítulo 7
Episódio 07 - O bloco de notas


Notas iniciais do capítulo

❤ Leiam as notas finais.


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Isso não é nada vitoriano!

Por Vontade do Abismo

Episódio 07

O bloco de notas

~~

Ao acabarem as aulas daquele dia, o grupo, com a exceção de Alex, encontrou-se na saída do prédio. Estavam prontos para caminhar até a piscina da escola, até que o celular de Lana vibrou, fazendo a garota parar de andar para olhar o aparelho. Era uma mensagem de texto.

Estarei aguardando por sua presença.

Era de Liliano que, provavelmente, estava ensaiando sozinho em alguma sala afastada do prédio B, ele tinha combinado de chamá-la para ouvir o resto da música quando acabasse de compôr e provavelmente este devia ser o motivo da mensagem.

— Ahn... pessoal, eu preciso voltar para a sala — disse a garota —, vocês podem ir na frente.

— O que houve? — indagou Anna.

— Quer que eu vá com você? — Andy perguntou.

— Não, está tudo bem — respondeu —, apenas preciso fazer algo, até depois!

A garota de longos cabelos pretos começou a andar apressadamente em direção ao prédio B, ignorando as perguntas de seus amigos. No entanto, Anna provavelmente entendeu o que estava acontecendo.

Ela subiu até o terceiro andar, procurando com atenção o corredor em que se perdeu no primeiro dia de aula. Ao encontrá-lo, a garota pode escutar algumas notas sendo tocadas em um violão, o que confirmava que conseguira encontrar o local.

Lana aproximou-se da porta, podendo enxergar o moreno com mechas cinzas sentado em cima de uma mesa, desta vez, virado em direção à porta.

Ele sorriu.

— Você retornou.

— Claro que sim, nós combinamos que você me mostraria sua música após concluir a letra — disse retribuindo o sorriso, enquanto adentrava aquele cômodo escuro.

Ela fez menção de se sentar em uma cadeira, mas não o fez ao notar que Liliano estava se dirigindo à sua direção. Iria cumprimentá-la?

— Aceitar um convite de um garoto para vir em uma sala afastada de um prédio completamente vazio — ele dizia, exibindo um semblante sério —, você não escutou o que eu te disse da última vez, não é?

— Eu sei que você não faria nada ruim para mim...

— Como pode ter tanta certeza? — indagou, aproximando-se dela.

~~

A piscina do colégio era enorme, uma piscina olímpica. Estava localizada em uma quadra coberta que possuia arquibancadas em sua volta com capacidade para todo o colégio, caso fosse preciso.

Faltava em torno de meia hora para a iniciação das atividades, porém, já havia alguns alunos no local, em sua maioria, garotas. Alguns garotos do clube nadavam na piscina, exibindo seus corpos definidos e esguios.

— Será que está tudo bem com a Lana? — indagou Andy, enquanto sentava-se em um lugar na arquibancada. — Ela não voltou até agora.

— Relaxa, Andy — respondeu Anna. —, qualquer coisa ela enviará uma mensagem de texto para um de nós.

— Tudo bem... Ei — Ele segurou o ombro de Anna e quando ela virou-se para ele, o moreno apontou para baixo das arquibancadas —, aquele não é o seu querido cabeça de fósforo?

— Cássio? — ela presumiu, procurando o ruivo com o olhar, até que o viu conversando, ou melhor, gritando com um garoto loiro. — O que ele está fazendo aqui? Pensei que o clube de música não se misturava com o de natação...

— Talvez ele tenha vindo apenas para arrumar briga, olhe só — disse o gamer, apontando para os rapazes com o queixo —, parecem prontos para pular no pescoço um do outro a qualquer momento.

— Eles brigavam muito no ano passado... — disse Kennedy.

— Parece que eles não mudaram muito então — concluiu a garota.

Os garotos estavam perto da beira da piscina, trocando xingamentos que pareciam ficar cada vez mais intensos. Cássio estava pronto para desferir um soco contra a face do belo garoto loiro à sua frente e, sem pensar duas vezes, ele tentou socá-lo com toda sua força. No entanto, ele não contava com os reflexos aguçados do loiro, que desviou ligeiramente daquele golpe.

O ruivo se desequilibrou e então o nadador se aproveitou para empurrá-lo em direção a piscina. Cássio acabou caindo dentro dela.

— Cuidado com o cloro da água, Cassy — disse o loiro em tom de sarcasmo —, vai desbotar a tinta do seu cabelo.

— Vai se fuder, sua sereiazinha! — gritou furioso, debatendo-se na água.

A piscina era muito funda e Cássio não sabia nadar. Ele conseguiu agarrar-se na beira, mas tampouco conseguia se erguer e mesmo se tentasse, o outro garoto o impediria de sair. Ao tentar ir em direção à uma das escadas, o loiro pisou em suas mãos, fazendo-o soltar a beira da piscina.

— Eu vou te matar quando sair daqui Drake, seu filho da puta!

— Você está no meu habitat natural, ruivinho — disse sorrindo, enquanto pisava ainda mais forte nas mãos do garoto —, seus amiguinhos também não estão aqui.

Ninguém que estava alí foi ajudar o garoto, aquele era território do clube de natação e todos sabiam muito bem disto. Cássio foi um tolo em arrumar briga justamente neste ambiente. Algumas garotas pediam para Drake parar com o que fazia, porém o loiro apenas fingia não escutá-las, deliciando-se com aquela tortura.

Anna não aguentou assistir aquilo e começou a caminhar em direção aos dois, não importando-se com todas aquelas pessoas ao redor que a encaravam, no momento, tudo em que sua mente pensava era em tirar Cássio daquele lugar.

— Já chega — disse, posicionando-se ao lado de Drake.

— Quem é você? — indagou o loiro, exibindo um sorriso divertido. — Já sei, uma novata... Do contrário você não viria aqui, escute o que eu estou dizendo docinho, volte para o seu lugar e assista tudo bem quietinha.

— No caminho para cá eu vi a diretora Margareth — disse a garota —, ela estava vindo para cá, tão feliz que iria assitir ao primeiro treino no clube de natação... Imagino o que ela pensaria ao entrar aqui e dar de cara com o presidente fazendo algo assim.

— Você está mentindo, ela nunca vem assistir aos treinos — disse, exibindo um pouco de preocupação. Drake notou que Cássio estava tentando se levantar e desferiu um chute contra a cabeça do rapaz. — Espere! Eu já vou te dar atenção.

— Ela disse que viria ao notar a importância do evento, depois da matéria no jornal do colégio... — disse Anna, seriamente, com receio de que o rapaz não acreditasse.

— Vá embora, garota! — gritou Cássio.

“Estou tentando te ajudar, seu idiota...” — pensou ela e depois estreitou a sua visão em direção ao ruivo, como se o mandasse ficar quieto com aquele ato.

Um belo rapaz de cabelos negros chegou, colocando uma das mãos no ombro de Drake. Ele estava vestindo uma sunga azul e a camisa do clube, assim como o loiro.

— Drake, pare com estas brincadeirinhas infantis — disse o moreno —, nós estamos aqui para treinar.

— Leo, eu estava quieto no meu clube, ele veio até aqui procurar encrenca — respondeu secamente —, agora está apenas pagando a pena por ser estúpido o suficiente para fazer algo assim.

— Me deixe sair daqui e resolveremos isto de forma justa! — disse Cássio.

— Cala a boca, ruivinho! — vociferou — Eu decido o que iremos ou não fazer.

Anna agachou-se perto da beira da piscina, estendendo a mão para Cássio, que a encarou por alguns instantes antes de segurar.

— O que pensa que está fazendo? — indagou Drake ao observar aquela cena. — Quer tanto assim ficar com ele? Ótimo.

O loiro ligeiramente se inclinou, empurrando as costas de Anna, que acabou caindo na piscina em direção ao ruivo. Cássio tentou segurá-la, mas acabaram afundando juntos por alguns instantes, até que o garoto conseguiu agarrar-se à beira da piscina novamente e puxou a garota, ajudando-a a fazer o mesmo.

— Escute, ruivinho, não volte mais aqui. — o loiro disse e, desta vez, exibia um semblante sério. — Vamos, Leo.

Ele foi para o outro lado da piscina conversar com outros membros, seguido de Leo que parecia aliviado pela atitude do presidente. A maioria, senão todas as pessoas que estavam nas arquibancadas, estavam olhando para Anna e Cássio na piscina, por sorte, ainda não havia tantas pessoas no local, pois faltavam alguns minutos para começar as atividades do clube de natação.

— Por que você veio se meter? — ele indagou ríspidamente.

— Cale a boca — respondeu ela de imediato.

Estava com raiva por ter ido ajudar Cássio e ter acabado dentro d’água, ainda precisando escutar as reclamações daquele ruivo ranzinza.

Ele ouviu aquelas palavras e soltou uma risada divertida, seu semblante raivoso de poucos minutos atrás parecia ter sumido totalmente.

— Só você para me fazer rir em um momento tão patético, vamos sair logo daqui.

~~

Havia apenas duas pessoas no prédio B do colégio naquele momento. Lana e Liliano estavam entreolhando-se e a garota parecia estar confusa.

— Bom... você não é uma pessoa ruim, é claro que não me faria algo preocupante... não é?

Ele levou a mão para perto do rosto da garota, resvalando-a por seu rosto em uma carícia enquanto suas orbes analizavam-a seriamente.

— Isto é ingenuidade de sua parte, você não me conhece.

— Bom, se for assim, você também não me conhece — disse —, ainda assim me convidou para vir aqui, presumindo que não sou uma pessoa perigosa ou algo assim, então...

— Você está certa, desculpe-me, é que... — disse, pensativo. — Nada, desculpe-me.

— O que houve?

— Não é nada.

— Você acha que irá acontecer algo ruim comigo aqui neste colégio?

— Não exatamente aqui neste colégio, todos nós estamos sujeitos a correr riscos, seja aonde for, é inevitável.

— Hmm... Então por que toda esta preocupação? — indagou.

— Eu não gostaria que algo ruim acontecesse com você, é que... você me lembra muito uma pessoa — contou, lânguido —, acabaram acontecendo coisas horríveis com ela e quando eu penso que poderia ter ajudado-a a evitar aquilo...

Ela olhou-o empaticamente. Ele cerrou seus punhos enquanto encarava o chão, fez uma pausa e então continuou:

— Mas não era ela quem estava errada, eu só... não gostaria que acontecesse o mesmo com você — Ele tossiu — ou com qualquer outra pessoa, é evidente.

— O que aconteceu com esta pessoa? — indagou com receio, pois o garoto parecia exibir um semblante entristecido. — Se você quiser me dizer...

Liliano contou para ela que há mais ou menos três anos, o garoto admirava secretamente uma garota de sua classe. Esta garota, certo dia, aceitou o convite de um colega de classe que dizia precisar de sua ajuda com uma matéria. Quando ela chegou na casa do colega de classe, deparou-se com alguns outros garotos, estavam todos bêbados e provavelmente trancaram a porta.

Após isso, eles obrigaram-a a beber também, não se sabe ao certo o que aconteceu aquele dia, pois depois do ocorrido, ela não deu muitos detalhes à polícia, aos amigos ou à qualquer outra pessoa. Porém, de certo a garota sofreu algum tipo de abuso de um dos garotos.

A garota parou de ir para a escola por um tempo, quando finalmente retornou estava abatida, não queria conversar com ninguém e Liliano decidiu que conversaria com ela no outro dia, tentaria fazer de tudo para que ela ao menos sorrisse.

Mas este dia não chegou, pois a garota não compareceu à escola e mais tarde os professores foram avisados de que ela foi atropelada na tarde do dia anterior e acabou não resistindo.

— Que horror... Como as pessoas podem ser tão cruéis?

— Isto acabou me marcando de uma forma assustadora, era uma paixão de escola mas provavelmente o que houve me assombrará para sempre, eu acabei me afastando das pessoas... Nem tenho ciência de como estou te contando tudo isto, não é algo que eu costume conversar sobre.

— Eu imagino que sim, não é o tipo de coisa que dê para cicatrizar com o tempo... — disse — Você pode ficar à vontade para me contar como se sente se quiser, não se preocupe quanto a isso.

— Sabe, eu não me surpreenderia se ela tivesse atirado-se na frente daquele carro.

— Então você acha que...?

— Exatamente.

— Poxa... Então é por causa disso que você pensa que poderia ter feito algo para ajudá-la?

— Sim...

— É normal que em uma situação assim, todos que tiveram contato com a pessoa em questão se sintam culpados, afinal, poderiam ter tentando ajudá-la, mas isto se soubessem a gravidade da situação, o que as pessoas mais próximas, como a família, deveriam saber. — consolou-o — Você não deveria culpar-se por não ter feito algo que era impossível.

— Eu entendo isto... até certo ponto porque, de qualquer forma, todos que estiveram com ela nunca mais serão os mesmos.

Eles ficaram sem dizer nada por alguns poucos minutos, até que a garota quebrou aquele silêncio.

— Obrigada por estar me contando sobre... você.

— Não, imagine, eu é que preciso agradecer — disse —, aliás, quero te mostrar algo.

Ele dirigiu-se até uma mesa para pegar o pequeno caderno em que escrevia as letras de suas músicas, entregando-o para a garota em seguida.

— Aqui está.

— Então... eu posso ler?

— Claro.

A garota abriu o bloco de notas, começando a folheá-lo, lendo as composições de Liliano. Havia partes rabiscadas e algumas frases solitárias, ele parecia anotar tudo o que chegava-lhe a sua mente naquelas páginas e estava compartilhando isso com a garota. Ela ficou emocionada com as letras, guardando algumas frases marcantes em sua mente. As letras eram muito belas, no entanto, também eram muito tristes, na mesma proporção.

— Mudando um pouco de assunto — sugeriu o rapaz enquanto ela estava lendo o bloco de notas —, como vão os preparativos para o clube? Cássio me disse que você e seus amigos planejam fundar um.

— Oh... sim! — respondeu. — A diretora mandou ele nos ajudar com os preparativos como um castigo, começaremos na segunda-feira.

— Entendo.

— Liliano... Obrigada por ter me mostrado suas composições, elas são muito bonitas.

— Eu posso cantar algumas para você depois... — sugeriu, encarando-a. — Se você quiser ouvir...

— Eu quero... — disse, desviando com vergonha o seu olhar para o bloco de notas em suas mãos.

Ele sorriu.

— Eu me lembrei... No primeiro dia de aula, você disse que sabia o meu nome e eu perguntei se você era uma stalker, desculpe-me... Eu me lembro de ter te visto aqui nas férias, mas não conseguia lembrar de ter me apresentado.

“Não se lembrava? Por que isto não me surpriende?” — pensou. — Tudo bem, você deve estar acostumado com stalkers neste colégio, não é? É o vocalista da banda, afinal.

— Sim, porém as fãs da Fire preferem o Cássio, pois ele corresponde as expectativas delas... habituando-se à sair com várias.

“Que senpai complicado você foi arrumar, Anna-chan...” — pensou.

— Eu não costumo mais fazer este tipo de frivolidade.

— Mais? — indagou, rindo em seguida. — E ainda fala do Cássio!

— Tem razão... Mas, eu não faria algo assim em meu estado normal... — explicou, um pouco sem jeito, levantando-se da cadeira. — Em fim, eu preciso ir para o clube de música.

— Eu esqueci! — exclamou, dando um leve tapa na testa. — Eu deveria estar no clube de natação...

— No clube de natação, por quê?

— Alguns amigos estão me esperando por lá.

— Compreendo — disse. — Isto não faz muito sentido, mas, se cuide por lá.

Ele inclinou-se aproximando seu rosto ao dela e depositando um leve beijo em sua testa.

— Até segunda-feira... — ele sussurrou enquanto saia apressadamente daquela sala escura.

Ela ficou em choque com aquilo, estava sentada no mesmo lugar processando os acontecimentos e percebeu que o bloco de notas de Liliano estava ainda em suas mãos.

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Notas finais do capítulo

❤ Notas finais:
Oláaaa você que está lendo isso! ^-^
Queria avisar aqui que esta fanfic não será mais postada.
Escrevi até este episódio mais uma parte do próximo na época em que comecei, e como mudo muito eu devo começar e acabar na mesma época ou não vou conseguir depois pois o conteúdo não me representa mais ^^" com excessão de algumas!
E como nem mesmo a pessoa para quem escrevi isso está lendo eu não vejo porquê terminar, então desculpe se alguém estava lendo isso e gostaria de ler até o fim!
Se alguém quiser eu posso enviar o pedacinho do próximo episódio que já escrevi na época e contar um resumo do que aconteceria até o fim, pois a história possui um roteiro.
Até mais. ❤

Leiam a minha fanfic sobre o Dimitry, ela já está terminada e é a minha favorita! ❤
❤ https://fanfiction.com.br/historia/650653/1860/ ❤



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