Quimerae escrita por Crazy Old Stories


Capítulo 22
Capítulo 2 – Salvação e Danação Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Terceira parte do capítulo 2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/637688/chapter/22

Em um mundo onde religião é tudo, ser um estudioso podia ser considerado crime. Foi justamente o que aconteceu com Hafix. Ele tentou melhorar a vida em sua vila com seus conhecimentos, mas tudo o que conseguiu foi atrair a atenção e a ira do clérigo local. E agora estava sendo levado a Kafia, a prisão do norte. O motivo: blasfêmia.

Hafix estava acompanhado de um verdadeiro cortejo real: quinze cavaleiros fortemente armados. Se não fossem as grades e as correntes, ele poderia muito bem ser confundido com um lorde. Toda essa força o acompanhava não por ser perigoso, mas sim porque Kafia havia solicitado reforços.

Hafix se sente impotente. Ficaria pelo menos uns dez anos em Kafia, no ermo, no frio, no inferno… Assim como todo o restante do Reino do Norte. O que ouviu falar é que aquela região era uma terra perigosa, cheia de selvagens e monstruosidades. “Talvez a execução fosse melhor”

A carroça onde estava preso e todos os soldados param de repente. Aparentemente encontraram algo na estrada.

— Tem sangue na estrada! — fala uma voz — E o rastro segue estrada abaixo. Pode ser uma pessoa ferida. Temos que ajudar!

— Também pode ser um monstro. — fala o comandante — Não se esqueça que estas paragens estão cheias de criaturas estranhas. Averigue o que aconteceu. E tome cuidado!

Assim um dos cavaleiros se separa do restante, a seguir o rastro de sangue.

“Que bom! Monstros! Espero sinceramente que este comandante esteja encanado. Não quero morrer assim como comida de monstro.”

Poucos minutos depois o batedor volta, ofegante. Parecia ter visto um fantasma.

— Senhor! O rastro continua até depois da colina! — para um pouco para respirar — Tem duas criaturas horrendas lá em baixo! E uma pessoa, eu acho que um humano, numa grande poça de sangue!

— Que tipo de criaturas? — pergunta o comandante.

— Uma é um centauro enorme. A outra eu nunca vi antes, parece um réptil.

Após ouvir tudo, o comandante organiza um ataque. Enviaria dez de seus homens até os monstros enquanto os outros cinco ficariam junto ao prisioneiro, inclusive o comandante.

Quando ele ordena o ataque, um dos monstros surge no topo da colina: o centauro. Este observa os soldados galoparem em sua direção. Não havia medo ou raiva em seu semblante, apenas uma calma pétrea. Ele puxa um longo bastão e aguarda a chegada dos atacantes.

Os cavaleiros aceleram o galope ao se aproximarem do centauro. Tinham a vantagem numérica, mas não a estratégica: estavam subindo a colina, dando uma grande vantagem ao monstro de atacar de cima para baixo.

Os soldados já estão bem próximos, em instantes o centauro estaria ao alcance de suas espadas. E então o monstro finalmente se move. Com uma rapidez tremenda, ele brande seu bastão, com força e maestria, golpeando lateralmente e atingindo dois dos cavaleiros que vêm pelo seu lado direito. Os outros conseguem se esquivar por pouco e aproveitam a brecha para golpear o centauro, que é atingido três vezes por cortes de espada a sua esquerda. Não sente a dor. Nunca sentia…

Os dois atingidos caem, inconscientes, enquanto seus cavalos fogem em pânico, desgovernados. “Dois a menos”. O centauro brande novamente seu bastão, num golpe baixo, mirando nas patas dos cavalos a sua frente. O golpe foi repentino. Atingindo dois cavalos com sucesso, estes caem, levando seus cavaleiros junto: não tiveram tempo de reação e consequentemente foram atropelados pelo corpo de suas próprias montarias. O centauro desvia dos cavalos em queda, apenas para ser atingido por mais outros dois cavaleiros.

O último dos atacantes percebe a tempo que não era uma boa ideia se aproximar do monstro: sua perícia em combate era inigualável. Ele diminui um pouco a velocidade e puxa um arco curto. Separa também três flechas em sua mão direita. Logo após o centauro derrubar dois cavalos, ele vê uma boa oportunidade e rapidamente atira as flechas, acertando duas delas com sucesso. Após isso, ele se afasta rapidamente, virando seu cavalo pela direita e preparando outra saraivada.

“Menos quatro, faltam seis”

O centauro sangra profusamente pelos ferimentos que recebeu na primeira investida. Ele já estivera em situações piores, então não dá muita importância.

Dos cinco cavaleiros que passaram por ele, três dão meia volta para uma segunda investida, desta vez pelos flancos. Os outros dois se afastam, se juntando ao sexto que opinou por usar o arco, o que torna a situação difícil para o centauro.

Mais ao longe, o comandante observa a luta, um tanto descontente. Iria ele mesmo liderar os quatro soldados que ficaram junto ao prisioneiro se a situação piorasse.

Os cavaleiros que se afastaram preparam seus arcos e então passam ligeiros, lateralmente, pelo centauro, atirando mais uma saraivada. Mais cinco flechas atingem o corpo da criatura, fazendo com que pareça uma bola de alfinetes. Aquelas flechas eram problemáticas, entretanto tinha primeiro que lidar com os três às suas costas.

Estes passam pelo centauro como raio, cortando-o pelos dois lados. O monstro já estava preparado para os golpes: assim que os três passam por ele, o bastão gira mais uma vez, atingindo todos em cheio, que caem dos cavalos e desmaiam. Sua visão começa a turvar… Estava perdendo muito sangue…

“Menos três, faltam três”

O capitão decide avançar seus homens restantes, liderando o que pensa ser a investida final contra um monstro quase morto. Ordena também aos outros três para se juntarem a investida. Eles avançam numa formação em `V’, no intuito de atingir o centauro por ambos os lados.

Foram muito descuidados, principalmente por acharem que o centauro estava muito ferido para agir. Ele realmente estava muito machucado, mas este monstro em especial só para de lutar quando morto.

Ele desfere um golpe fulminante: dois giros completos de bastão. Atinge todos os cavaleiros que, pegos de surpresa, não reagem a tempo e caem como frutas maduras. O comandante consegue se manter em seu cavalo, mas não resiste ao poder do golpe e fica inconsciente. Sua montaria foge, com o comandante em seu lombo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quimerae" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.