Encontros escrita por Alexandra Eagle


Capítulo 6
Capítulo 6 - Encontros e intrigas.




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Marguerite interveio antes que o pior acontecesse; ela ainda estava nos braços de Jacob, pois estava se sentindo muito zonza.

– Roxton, está tudo bem, não atire nele!

Roxton correu para ela sem entender nada e a tirou dos braços de Jacob. Segurou-a em um abraço caloroso e intenso, a emoção do reencontro foi tanta que John caiu de joelhos com Marguerite no colo.

– Eu te encontrei, meu amor! Eu te encontrei.

– Eu sabia que você iria me encontrar, eu senti você por perto!

– Eu nunca vou te deixar! Nunca! Eu te amo!

– Também te amo, John... Te amo muito.

Roxton olhou bem nos lindos olhos de Marguerite e ficou feliz por ouvir as palavras de amor da bela morena com tanta espontaneidade. O medo de perdê-la foi insuportável. Com uma carícia cheia de ternura, John limpou uma lágrima do rosto e a beijou com todo o amor que sentia explodindo em seu peito.

Jacob observava a cena de amor sentindo uma confusão de sentimentos: ciúme, alívio, raiva... Então o aventureiro pigarreou alto e interrompeu o beijo dos apaixonados.

– Lorde Roxton, venha comigo ela precisa se deitar um pouco. Me siga, estamos abrigados naquela caverna ali.

– Eu estou bem, Jacob. Roxton, vamos nos levantar.

Roxton ajudou-a a se levantar e não soltou a mão dela. O caçador começou a reparar bem na herdeira: ela estava com pequenos arranhões e alguns hematomas nas pernas, com os pés enfaixados, vestindo um casaco masculino que só ia até o meio da coxa; a raiva absoluta cegou o caçador que, de repente, sacou uma arma e apontou no meio da testa de Jacob.

– Você tem exatos 5 segundos pra se explicar.

– John, abaixe essa arma!

– Meu nome é Jacob Miller; se acalme eu não fiz nenhum mal a ela, se é o que você está pensando!

– John, é verdade! Abaixe logo essa arma, ele me salvou!

Ele baixou arma e a abraçou forte.

– Quem te levou, meu amor? O que fizeram com você? Está ferida?

– São muitas perguntas! E Verônica, John? O que aconteceu com ela?

– Ela chegou no acampamento ferida na cabeça e tivemos que levá-la as pressas pra casa da árvore, mas ela foi piorando no caminho e paramos na aldeia Zanga. Agora ela já está bem, deve estar na casa da árvore se recuperando.

Ela queria muito vir comigo te procurar. Agora me diga, o que aconteceu com você? E não me esconda nada!

– Eu saí do riacho, procurei pela Verônica, que estava com as minhas roupas, e um homem que mais parecia uma montanha me agarrou e me arrastou pela selva; eu desmaiei e só acordei na cama dele.

– ELE TOCOU EM VOCÊ? EU VOU MATÁ-LO!

– Uma mulher ficou cuidando de mim e me disse que eu estava na cabana do líder da aldeia e que ele me queria. Depois ele apareceu e tentou me violentar, mas Jacob me salvou com um rifle sem balas rsrsr.

Roxton ficou sem graça ao encarar o homem a sua frente.

– Me desculpe pelo meu mau jeito, Sr.miller, e muito obrigado por salvá-la.

– Não tem do que se desculpar, Lord Roxton. Eu acho que também faria o mesmo, dado às circunstâncias.

– ROXTOOOOON? ROXTOOOON? ONDE ESTÁ VOCÊ?

Diana e os outros surgiram correndo atirando em um grupo de homens macacos que os perseguiam.

– Quem são eles, John?

– Eu já vou te explicar tudo, fique atrás de mim, Marguerite.

Havia muitos homens macacos atacando para todos os lados. Roxton salvou a vida de Harrison com um tiro certeiro em um homem macaco que estava preste atingi-lo com um machadinho, Diana atirava muito bem e não teve muitos problemas, um dos guerreiros Zanga ficou ferido na perna. Roxton foi agarrado por dois homens macacos e Marguerite ficou desprotegida, Jacob a pegou pela mão e a protegeu dos ataques. Roxton conseguiu se livrar das bestas, atirou no líder do bando e o restante fugiu.

Marguerite correu para ver como estava Roxton e Jacob foi atrás dela, mas Diana foi mais rápida e a herdeira assistiu a uma cena nada agradável: a mulher agarrou o caçador e deu-lhe um beijo.

– Meu amor, você está bem?

– Diana... pare com isso, eu estou bem!

Roxton viu Marguerite à sua frente com olhos marejados e o seu mundo caiu, ele ficou parado sem saber o que fazer naquele momento. Diana se virou e olhou para Marguerite de cima à baixo.

– Oh! Você deve ser a Srta. Krux. Que bom que conseguimos encontrá-la, se eu bem conheço o meu noivo ele nunca iria se perdoar se não a encontrasse!

– Noivo?

– Ahh, mas onde estão os meus modos rsrs. Me chamo Diana Connelly. Eu sou a noiva de John.

A herdeira deu uma olhada em Diana: uma mulher bonita, de cabelo de comprimento médio, liso e castanho claro, olhos azuis e pele clara, ela vestia roupas semelhantes às de Marguerite, camisa azul, calça de montaria bege e botas.

– Como você mesma deduziu, sou Marguerite Krux.

– Krux? Eu não me recordo de ouvir falar desse sobrenome na alta sociedade inglesa... Você é viúva de quem mesmo? Talvez já tenhamos frequentado os mesmos bailes, meu pai adorava as festas na mansão Roxton.

– Acho que não fui a essas festas; minha memória hoje não está muito boa, se eu me lembrar vou correndo te avisar...

– Você com certeza deve ter ouvido falar do meu pai, sou filha de Sir Harold David Connelly. Meu pai era um grande amigo de Lorde Robert Roxton, pai do John. Nos conhecemos desde crianças e eu estou procurando por ele desde de que a expedição foi dada como desaparecida, foi muito difícil achar pessoas dispostas a passar pelo rio Amazonas e todos os seus perigos; infelizmente nossos guias foram mortos em um ataque de raptors, já estamos neste lugar infernal a 3 semanas.

– Oh isso é tão comovente... Já estamos aqui a 3 anos, a senhorita demorou, mas o encontrou e aposto que devem ter muito o que conversar!

Roxton tratou logo de interromper a conversa antes que as coisas ficassem ainda piores. Diana estava com um sorriso triunfante no rosto. Marguerite sentiu tanta dor e uma angústia seguida de muita raiva dentro de si mesma, que ela precisou de toda a sua força interna para conseguir segurar as lágrimas.

– Diana, vá ver como está o seu irmão e os outros, eu preciso falar com Marguerite a sós.

– Tudo bem, querido, mas não demore muito, já fiquei longe demais de você! – Com essa alfinetada Diana caminhou até o restante do grupo.

Jacob estava ajudando o guerreiro Zanga ferido, ele logo percebeu a situação complicada quando se apresentou para Harrison e Diana, que disse com toda a pompa que era a noiva de Lorde Roxton. “Pobre Marguerite... O que vai ser de você agora com essa criança que não tem culpa de nada? É melhor eu não comentar nada da gravidez, mas se Lorde Roxton for um homem honrado ele vai assumir a sua responsabilidade com Marguerite e seu filho. E se ele não fizer... Eu irei cuidar dela e dos dois!”.

.................

– Quer conversar?!?! Bem, estou te ouvindo. Não demore muito, a sua "noiva" está te esperando.

– Marguerite, você é a única mulher com quem eu vou me casar!

– Aaah tem gente que pode discordar de você!

Ela mal conseguiu segurar as lágrimas, as suas mãos estavam tremendo. Roxton segurou o rosto da bela herdeira e a fez encará-lo.

– Por favor, meu amor, me escute. Eu...

– Não me chame de meu amor, você só estava se divertindo comigo... Como eu sou idiota, eu deveria imaginar que você só queria uma amante. UM TROFÉU!

– Pare com isso! Olhe nos meus olhos, acha mesmo que tudo o que vivemos foi uma aventura? Pois está enganada. Eu te amo e não sei mais como te provar isso, mas eu faria tudo de novo para estar com você.

– Você não precisa mais mentir pra mim, Lorde Roxton; a sua noiva está bem ali, ela que esquente a sua cama agora. Me deixe em paz!

– Ela não é a minha noiva! Isso é coisa da minha mãe, que queria que eu me casasse com a Diana. Eu disse que eu resolveria isso quando voltasse da expedição, mas não dei certeza de nada e elas simplesmente deduziram que eu aceitei o noivado.

– Ela veio até aqui te procurar, não venha me dizer que não tiveram nada!

– Sim, tivemos, e acabou!

– Acabou?

– Sim, acabou! Porque eu estou comprometido 100% com você, eu não tenho dúvidas do meu amor, é com você que eu quero passar o resto da minha vida; por favor, acredita em mim... Eu vou conversar com a Diana, ela vai ter que entender!

– Ela sabe a saída do platô? Assim você pode correr e casar logo com ela e fazer a sua mãe muito feliz!

– Ela me disse que a saída foi bloqueada depois de um terremoto, portanto, continuamos presos aqui. E se houvesse uma saída eu sairia de mãos dadas com você!

Marguerite sentiu vontade de contar sobre a gravidez, mas agora estava tudo tão confuso. Ela podia ver nos olhos do caçador a verdade em suas palavras, mas mesmo assim ela se sentiu mais insegura e com medo do que nunca em sua vida. Ela limpou as lágrimas, se recompôs e falou secamente com um vazio nos olhos.

– Roxton, eu quero ir pra casa da árvore agora; não quero mais falar sobre isso, eu só quero poder dormir na minha cama o mais rápido possível!

– Mas Marguerite precis....

Ela saiu e o deixou falando sozinho. Roxton ficou desolado por dentro, mas tinha a esperança de que tudo iria se resolver quando Marguerite estivesse mais calma.

....................

Os Zangas estavam inquietos para voltar para sua aldeia. Harrison não pôde deixar de admirar a beleza de Marguerite, para o total incômodo de Roxton e Jacob.

– É um prazer conhecê-la, Senhorita Krux. Sou Sir Harrison Connelly, irmão de Diana.

– Muito prazer, Sir Connelly.

– Me chame de Harrison, não há necessidade de tanta formalidade, afinal, estamos no meio da selva. Que olhos lindos você tem; eu nunca vi nada igual.

Jacob pôde ver o desconforto da herdeira com os galanteios do outro homem, então ele chamou Marguerite e ela foi depressa antes de ouvir mais uma cantada barata. Roxton observou tudo... morto de ciúmes, ele tinha que lidar com Diana e dois homens dando em cima de Marguerite.

– Vamos nos reagrupar! Akáy, como está a perna dele?

– Ele vai ficar bem, foi só um corte.

– Menos mal. Então vamos seguir viagem, temos algumas horas do dia ainda, vamos procurar um lugar para acampar.

– Marguerite, eu trouxe as suas roupas e as suas botas.

Diana aproveitou a deixa para alfinetar outra vez.

– Dê logo as coisas dela, John. Uma dama não pode ficar em tais trajes, não queremos que ela seja levada por selvagens de novo! Coitadinha, você deve ter passado por momentos tão ultrajantes.

– Nem tanto como você está imaginando. Eu vou me vestir, me deem licença.

....................................

Eles seguiram viagem. Roxton não tirava os olhos de Marguerite; as atenções de Jacob sempre cuidando dela e se aproximando o tempo todo estavam deixando o caçador muito inquieto.

– Roxton, precisamos parar. Marguerite precisa descansar.

– Não eu não preciso, Jacob, eu estou bem!

– Você precisa sim e sabe disso!

Marguerite entendeu o recado e ficou quieta apenas suplicando com os olhos que Jacob não contasse nada.

– Marguerite, você está passando mal?

– Eu estou bem, Roxton. Vá ver como está a sua noiva!

Roxton parou em frente a ela, arqueou as sobrancelhas e disse com todo o seu charme:

– E o que eu estou fazendo? Já te disse com quem eu quero e vou me casar!

Jacob ouviu tudo e engoliu em seco. Diana, que estava logo atrás com os outros, percebeu tudo e trocou olhares de cumplicidade com o seu irmão.

– Vamos parar um pouco, mas fiquem atentos.

– Roxton, querido, essa casa da árvore está muito longe? Estou tão ansiosa para conhecê-la... Afinal, vamos viver todos juntos!

– Diana, a casa da árvore está a uns dois dias de viagem e, além disso, ela não é minha. É de Verônica, então, quem decide quem vai morar lá é ela.

Ele só queria agradar Marguerite falando isso. A herdeira disfarçou o sorriso e bebeu um pouco de água, Jacob pegou uma fruta e entregou a ela.

– Coma, Marguerite.

– Eu não estou me sentindo muito bem do estômago.

– Exatamente por isso que você tem que comer alguma coisa.

– Aaaah está bem!

Roxton tentava se aproximar de Marguerite, ele estava preocupado e com ciúmes da atenção que a herdeira estava dando ao novo amigo. Por outro lado, Harrison e Diana estavam sempre tentando chamar a atenção do caçador para afastá-lo da morena.

.......

Após um dia e meio de viagem selva à dentro, finalmente, o grupo chegou a aldeia Zanga. Os guerreiros foram recebidos por suas famílias; Assai ficou muito feliz por Roxton ter conseguido encontrar Marguerite e informou que Challenger e Verônica já estavam na casa da árvore esperando por eles.

...

Logo anoiteceu e todos da aldeia Zanga estavam comemorando o retorno dos guerreiros e dos exploradores com uma grande festa; o grupo se reuniu ao redor da grande fogueira assistindo as danças, comendo e bebendo. Marguerite foi até Assai e pediu pra conversar.

– Marguerite, é tão bom vê-la a salvo. Roxton estava enlouquecendo... E por que você deixa aquela mulher ficar tão perto dele o tempo todo?

– Ela é a noiva dele!

– O que?

– É! Também foi uma grande suprema pra mim. Odeio surpresas! Mas agora não é disso que eu quero conversar com você, eu preciso da sua ajuda!

– Marguerite, você está me assustando, qual é o problema?

– Você pode me levar até o Xamã? Preciso confirmar algo que eu tenho quase certeza e ver se está tudo bem... Enfim, eu preciso ir até ele sem que ninguém saiba.

– Sim, eu te levo. Você quer ir agora? Não há ninguém nos olhando, podemos ir sem que saibam.

– Sim, vamos rápido!

As duas mulheres seguiram para a cabana do Xamã. Diana, que não tirava os olhos da herdeira nem por um minuto, as seguiu e ficou escondida esperando as mulheres saírem da cabana para poder ouvir a conversa. Vinte minutos depois, elas saíram da cabana. Diana se escondeu por perto e conseguiu ouvir boa parte da conversa.

– Marguerite, isso é maravilhoso! Você está grávida! Roxton vai ficar muito feliz!

– Por favor, Assai, me prometa que não vai contar a ninguém!

– Mas Marguerite, a chegada de uma criança deve ser felicitada e não escondida. Roxton tem que saber!

– Não, ele não tem que saber de nada. Por acaso você já se esqueceu que a noiva dele está aí?! Aqui no platô as coisas são bem diferentes do mundo de onde eu venho; lá o meu filho seria considerado um bastardo, sofreria muito e a família do Roxton não me aceitaria!

– Isso é horrível! Mas Roxton te ama, tenho certeza de que ele vai ficar com você e com a criança!

– Eu queria muito poder acreditar em você, mas, pela minha experiência, o amor não é tudo. As regras hipócritas da sociedade e as exigências de uma família tradicional pesam muito nas decisões de um homem.

Assai, mesmo achando errado, prometeu que iria guardar o segredo. Diana estava furiosa com o que acabara de ouvir, afinal de contas, se com Marguerite as coisas já não estavam indo nada bem para o plano de se reaproximar do caçador, com um filho então o plano sairia pela culatra.

– Essa vadia e esse bastardo não irão estragar o meu plano!

....

A noiva despeitada foi correndo procurar o irmão para contar a novidade nada agradável para ambos, ela o encontrou paquerando uma moça da aldeia. Diana o pegou pelo braço e caminharam para perto das árvores para que ninguém os ouvisse.

– Harrison, seu inútil, você deveria estar tentando seduzir aquela vadia e não essas selvagens!

– Olha como fala comigo irmãzinha, não me faça perder a paciência com você. E como eu vou seduzir a sua linda rival se aquele aventureiro e seu querido caçador não saem de perto dela?

– Você não pode imaginar o que eu acabei de descobrir...

– Então diga logo!!

– Aquela miserável está grávida!

– Estão está tudo perdido! Roxton não vai voltar pra você e vamos ter que continuar fugindo.

– Não seja tão pessimista, o jogo só acaba quando eu der a última cartada.

– Eu acho que você está ficando louca. É melhor tentarmos conversar com ele e explicar nossa situação, ele vai nos ajudar, nem que seja só por consideração a amizade dos nossos pais.

– Você sempre foi um ingênuo. Isso tudo é culpa sua, nosso pai morreu nos deixando na miséria e você, não satisfeito, nos endividou com criminosos por causa do seu maldito vício com o poker. Perdemos tudo!

– Eu sei, me desculpe... Eu sinto muito por ter que fugir e te arrastar comigo para a lama, mas Roxton não vai voltar pra você, ele ama aquela mulher. Já fizemos coisas horríveis, eu tenho pesadelos com os guias que você matou!

– Cale a boca! Eu tive que fazer isso. Por acaso você queria mais credores em nossas costas? E eles sabiam demais. Não me venha com remorso agora que estamos tão perto de reconquistar tudo de novo!

– Você tem razão, eu sei, mas não deixa de ser errado!

– Eu não me importo com certo ou errado. Eu preciso voltar casada com ele custe e o que custar. Como lady serei respeitada novamente e voltaremos para Londres dando a volta por cima em todos que nos pisotearam; nossos credores ficarão longe com medo da influência da família Roxton.

.................

Assai levou Marguerite para uma cabana pra ela dormir.

– Marguerite, durma e pense bem no que eu te disse. Roxton te ama e tem o direito de saber sobre o filho.

– Eu estou pensando, acredite; o que eu mais tenho feito é pensar em toda essa situação. Obrigada por tudo e boa noite!

– Boa noite!

......

Quinze minutos depois, Marguerite escutou batidas na porta; ela já espera por uma visita...

– Vá embora, Roxton!

John abriu a porta com uma cara de cachorro que caiu da mudança e foi caminhando até a cama onde a herdeira estava deitada.

– Eu preciso conversar com você. Por favor, me escute e não fuja de mim.

– Eu sei que temos que conversar, mas agora eu só quero ficar sozinha e dormir, amanhã eu quero estar na casa da árvore o mais rápido possível. Ah sim, é melhor você arrumar espaço no seu quarto para colocar as coisas da sua noivinha que vai morar lá, não é? Mas que inferno...VÁ EMBORA, ROXTON!

– MARGUERITE, ME ESCUTE! Eu sei que deveria ter falado sobre ela, mas eu não falei nada por que, como eu te expliquei, eu nunca liguei para esse noivado; era um capricho da minha mãe, que queria que eu me casasse. Tudo o que ela mais quer é um neto!

Marguerite sentiu que fosse explodir naquele momento, a vontade de contar sobre a gravidez gritou em sua mente.

– Eu juro, meu amor, que eu nunca amei a Diana. Ela é uma amiga de infância, é só isso. Eu vou conversar com ela, mas primeiro eu preciso me acertar com você, que é o mais importante pra mim!

– Roxton, seja bem sincero, você acha que a sua família me aceitaria?

– Eu não me importo se aceitariam ou não, quem vai se casar com você sou eu e não a minha família!

– Bom eu vou te responder: não, eles não me aceitariam. Sempre ficariam te lembrando da escolha errada que você fez ao se casar com uma mulher com a minha reputação!

O caçador ficou chocado com esses pensamentos de rejeição de Marguerite. Ele se sentou na cama e puxou o corpo da bela morena agarrando com as duas mãos a sua cintura fina; ele olhou bem nos olhos dela, a sua boca suplicava por um beijo. Marguerite estava assustada e lutando consigo mesma para não ceder às carícias do caçador.

– Roxton, me solte!

– Não... Eu não vou te soltar, eu não vou te deixar, ponha isso na sua cabeça de uma vez por todas.

– Roxton, por favor, saia daqui!

Os apelos da herdeira foram inúteis, Roxton foi aproximando os lábios junto aos dela. Marguerite tentou se afastar, mas ele a segurou firme. O beijo foi inevitável; ela resistiu no começo, mas foi perdendo a batalha, cedendo aos poucos ao toque dos lábios do homem que a conquistou por completo, o beijo foi doce e ao mesmo tempo desesperado, como se fosse o primeiro ou último.

O caçador experiente foi deitando na cama bem devagar e se debruçou por cima dela com muito cuidado – ele não queria estragar o momento de amor a assustando com o fervor do seu desejo de se unir à ela como um só. Os beijos se tornaram mais intensos e as carícias mais provocantes. John quebrou o beijo e mordeu o lábio inferior e foi descendo beijando o longo pescoço de Marguerite, que se contorcia de prazer. Ele foi abrindo um por um dos botões da camisa lavanda favorita da herdeira e continuou o seu caminho pelo corpo esbelto com beijos e leves mordidas até chegar ao umbigo. E Marguerite deu um sobressalto da cama afastando-se do Caçador, que ficou olhando sem entender o que tinha feito de errado.

– Roxton, isso é um erro; eu não posso!

– Não, claro que não é um erro. Eu te amo e você também me ama, não deixe os seus medos estragarem o que temos. Vem, fica comigo. Se você não quer fazer amor, tudo bem, vamos dormir então; mas não me peça pra sair do seu lado, porque eu não estou disposto a fazer isso!

– John, você não pode ficar aqui. Amanhã vão te ver saindo daqui e eu não quero ouvir insultos daquela nojenta da sua noiva.

– Ela não é minha noiva! E eu vou ficar aqui com você, não será a primeira vez que dormimos juntos e não será a última. Se Diana me vir saindo daqui pela manhã, ótimo, direi a ela de uma vez por todas que estou com você; não é o melhor jeito, eu sei, mas quem sabe assim você acredite que é com você que eu quero ficar. E não é porque a minha mãe irá aprovar ou não, ou por que você é ou não é uma dama... Eu só quero você do jeito que você é!

A declaração de amor emocionou a bela morena, que já algum tempo não conseguia mais esconder suas emoções do caçador – afinal, ele sempre via mais do que os outros, por debaixo da autopreservação e da ambição inescrupulosa da herdeira.

– John, me dê um tempo pra refletir sobre tudo. Você precisa me entender, não é tão fácil assim como você quer aparentar. Eu só preciso de um tempo!

– Eu já te dei muito tempo, Marguerite, mas você parece que não está levando em consideração nada do que vivemos. Os seus medos, as incertezas e sabe-se lá mais o que parecem ser bem maiores do que os seus sentimentos por mim.

Marguerite ficou calada, sem saber o que dizer. O silêncio foi como uma bala que atingira no meio do peito de John, que já estava cansado de tentar provar as suas intenções; ele sentiu que agora quem precisava de um tempo era ele. John olhou bem nos olhos dela, se dirigiu em silêncio até porta e foi embora.

Marguerite se deitou abraçando a barriga e chorou desesperadamente tentando aliviar toda a dor e a angústia que sentia por temer o seu futuro ao lado do homem que deu sentido a sua vida vazia e marcada pela solidão.

Pouco tempo depois ela ouviu batidas na porta e correu para abri-la na esperança de que fosse Roxton novamente. Ao abrir a porta, uma surpresa!

– Diana?!?!

– Posso entrar? Temos muito que conversar.

– Está tarde, Diana, vá dormir. Não temos nada para conversar...

Diana foi entrando na cabana e encarou Marguerite com frieza.

– Oh, por favor, vamos parar com as sutilezas. Você e eu sabemos muito bem em que situação estamos: eu sou a noiva e você é a amante de Roxton, acho que já é motivo suficiente para iniciar um conversa.

– Eu não sou amante dele e você também não é a noiva de fato; vá perturbar o sono dele e me deixa em paz, vocês que se resolvam.

– Ora, Marguerite, eu pensei que mulheres do seu tipo fossem mais inteligentes. Acha mesmo que Lorde Roxton se casaria com você? Acha que ele daria esse desgosto à mãe dele depois de toda a tragédia pela qual a família passou?!

Não, querida, eu entendo que ele queira se divertir com você e que esteja acostumado com a sua presença unicamente pelas circunstâncias, mas, uma vez em Londres, ele nunca te assumiria como legítima esposa, provavelmente faria como o pai, que adorava manter as amantes fixas nos chalés da propriedade em Avebury. Lady Elizabeth Roxton me ensinou que um homem da nobreza deve ter uma esposa digna, de boa família, respeitada na sociedade e que seja um pilar de moral e elegância; e, por outro lado, a natureza livre homem pedirá que ele tenha sempre uma amante para sucumbir às suas luxúrias e caprichos, que não devem ser submetidos a uma dama.

– Não quero mais te ouvir! Saia já daqui ou eu não respondo por mim, estou te avisando.

– Se acalme Marguerite, estou tentando ter uma conversa civilizada com você e mostrar onde cada uma se encaixa na vida do John! Eu serei a esposa perfeita e você a amante vulgar escondida em um chalé esperando a visita do meu marido como uma prostituta!

Essa foi a gota d'água para a herdeira, que devolveu os insultos com uma bofetada que fez o rosto de Diana queimar. Diana pôs a mão no rosto e deu um sorriu de puro cinismo, seus olhos azuis brilhavam com a força do ódio e a inveja.

– Você pode não gostar, mas essa é a verdade e você sabe disso!

– Eu já disse pra você sair daqui, sua miserável! Ah e sobre o que disse, verdade ou não o John me ama e nunca te amou, é comigo que ele quer ficar e você sabe disso. Caso contrário não estaria aqui tentando me afastar dele.

– E se você o ama de verdade é isso que vai fazer, se afastar! Uma mulher como você nunca trará felicidade a ninguém!

Diana deu as costas, caminhou até porta e saiu. Marguerite ficou parada por alguns minutos refletindo sobre tudo... Depois tirou a roupa e se deitou na cama. A dor de cabeça que sentia estava insuportável, as lágrimas desciam silenciosamente contornando o rosto pálido e de semblante triste da bela herdeira, que adormeceu exausta de tanto chorar.

O dia amanheceu e após o café da manhã o grupo seguiu viagem para a casa da árvore, que estava a poucas horas da aldeia.

..............

Na casa da árvore, Challenger e Verônica já estavam se preparando para sair em busca do paradeiro dos seus amigos, quando ouviram o barulho do elevador.

– Challenger, eles voltaram. Tomara que o Roxton tenha encontrado Marguerite!

– Já vamos descobrir.

O elevador chegou até o seu destino e Marguerite e Jacob saíram. Verônica deu um abraço apertado na herdeira, que o retribuiu; Challenger fez o mesmo. A loira perspicaz olhou para o homem ao lado da amiga e as dúvidas surgiram.

– Onde está Roxton? E quem é ele?

– Roxton está lá embaixo com a noiva e o cunhando.

– Quê? Com quem?

– É uma longa história, perguntem a ele.

O cientista e a garota da selva ficaram boquiabertos sem entender nada e Marguerite fechou a cara sem querer dar nenhuma explicação; então, Jacob sentiu o clima tenso e se apresentou de modo galante.

– Olá, você deve ser a senhorita Layton, prazer em conhecê-la, meu nome é Jacob Miller.

– O prazer é meu, Sr.Miller.

– Professor Challenger, é uma honra poder revê-lo, eu assisti várias de suas palestras na sociedade zoológica e em Oxford.

Challenger ficou feliz em conhecer um admirador de seu trabalho e apertou a mão do homem mais jovem.

– O prazer é meu, Sr. Miller. Frequentou Oxford?

– Estudei história e origem de... – O aventureiro foi interrompido pelos gritos do caçador.

– MARGUERITEEE! DESÇA O ELEVADOOOR!

Marguerite revirou os olhos e foi para o seu quarto. Verônica desceu a alavanca do elevador e, minutos depois, John, Diana e Harrison surgiram. Challenger e Verônica olharam atentamente para os novos visitantes; o cientista deu as boas vindas a todos e Verônica cruzou os braços já demostrando que não estava gostando da situação e, como dona da casa, ela cobrou respostas do caçador, que estava com uma cara de poucos amigos.

– Roxton? Não vai nos apresentar os seus "amigos"?

– Bem, esses são Dian...

Diana tomou a frente da conversa...

– Pode deixar, querido, eu mesma me apresento. Sou Diana Connelly e o cavalheiro aqui é o meu irmão.

Harrison devorou Verônica com os olhos. Ele caminhou à frente dela, pegou a mão da bela mulher e deu um beijo.

– É um prazer conhecer uma mulher tão bela. Sou Sir. Harrison Connelly, ao seu dispor.

Verônica ficou olhando para o homem com indiferença, puxou a mão e cruzou os braços novamente. Harrison sentiu a rispidez e foi apertar a mão do cientista. Verônica estava impaciente, querendo respostas, e se voltou novamente para Roxton,

– Já estamos todos apresentados. Roxton, Marguerite está no quarto, é melhor você ir vê-la.

Diana não queria que John fosse ver a herdeira e muito menos que ele ficasse sozinho com ela, então a mulher dissimulada tentou bancar a simpática com todos.

– John, primeiro me mostre essa casa magnifica! Senhorita Layton, John me contou que foram os seus pais que construíram essa casa, isso é tão impressionante. E, Professor, só mesmo um homem brilhante como o senhor poderia conseguir produzir energia e fazer uma cerca elétrica... Os intelectuais de Londres cairiam aos seus pés.

– Oh minha cara, o segredo está no moinho de vento; ele...

Antes que o cientista começasse uma de suas longas palestras, Jacob pediu desculpas por interromper e pediu a Verônica que o levasse até Marguerite. Roxton fechou a cara na hora e ficou furioso, mas Diana insistiu em conhecer toda a casa para desviar a atenção dele.

– Ah ela está no quarto dela, vem comigo... E, Roxton, mostre a casa para os seus amigos. Challeger pode explicar todas as melhorias que fez desde sua chegada.

Verônica caminhou para o quarto de Marguerite e Jacob a seguiu. Roxton ficou olhando, querendo ir junto, então Challenger conduziu os visitantes ao seu laboratório para mostrar seus trabalhos e se vangloriar deles.

....

Chegando até a cortina que cobria a entrada do quarto da herdeira, Verônica pediu para que Jacob esperasse um pouco, pois ela queria ver se Marguerite queria receber visitas. A loira entrou no quarto e viu Marguerite deitada na cama com uma expressão vazia em seu rosto e com olhos marejados; completamente afundada em seus pensamentos a herdeira se assustou ao ver Verônica ao seu lado.

– Verônica, você me assustou!

– Desculpe... Eu sei que você deve estar exausta e não quer conversar, depois eu venho pra saber como você está e saber o que aconteceu enquanto esteve fora. Jacob quer conversar com você, ele está no corredor esperando. Você quer que ele entre?

– Tudo bem, deixe ele entrar. Eu tenho muito que agradecer a ele! E... o Roxton?

– Ele está com Challenger mostrando a casa para os irmãos Connelly.

– Hum claro... Aposto que foi correndo mostrar o quarto para a noivinha! – Marguerite não queria demonstrar o seu ciúme, mas não conseguiu segurar.

– Essa é outra coisa que eu quero conversar com você mais tarde. Bem, eu vou chamar o Jacob.

...

– Pode entrar. Eu vou preparar um chá e alguma coisa para comer e depois chamo vocês quando estiver pronto.

– Obrigada, Verônica, a senhorita é muito gentil.

– Oh obrigada.

Verônica subiu as escadas e Jacob entrou no quarto. Marguerite estava sentada olhando para ele.

– Que bom que você veio me ver, eu não queria subir e dar de cara com você pode imaginar quem...

– Eu percebi que as coisas estão bem complicadas, como você me disse uma vez que seriam. Mas Roxton não parece estar disposto a se casar com Diana pelo que eu pude observar. E você está esperando um filho, não é?

– Não. É do Challenger... Mas que pergunta! – respondeu a herdeira com seu sarcasmo habitual.

– Desculpe, eu não quis te ofender. Eu só quero te ajudar, não quero que sofra. Sei que pode soar meio ridículo, pelo pouco tempo que nos conhecemos, mas eu me importo muito com você! De verdade!

– Obrigada Jacob, por tudo. Você está sendo maravilhoso comigo, mas eu não quero que você pense que...

..........

John deu uma desculpa e conseguiu sair do laboratório deixando seus convidados com Challenger, que não parava de falar sobre seus experimentos. Roxton passou por Verônica e foi em direção ao quarto da herdeira.

– John, eles estão conversando. Marguerite vai se irritar se você for até lá.

– Ela já está irritada comigo e eu não vou deixá-la sozinha no quarto com outro homem.

John desceu as escadas e parou em frente a cortina, quando ouviu a conversa dentro do quarto.

– Não diga nada, Marguerite, eu sei que você o ama, mas eu me sinto ligado a você de uma maneira que não sei explicar. Agora que você vai precisar de toda atenção e carinho não pode ficar passando por tantos transtornos, é um milagre você não ter perdido o bebê. Conte logo sobre a gravidez, ele como o pai tem o direto de saber!

– Eu sei... Eu sei de tudo isso, mas eu... Eu...

Roxton entrou no quarto com uma cara de espanto que não deixou dúvidas de que ele ouviu a conversa. Jacob olhou para Marguerite e...

– Vocês precisam conversar. Não tenha medo, você não está sozinha.

O aventureiro encarou o caçador e em seguida saiu do quarto. O silêncio, a troca de olhares... Ambos não sabiam como iniciar uma conversa, o clima foi ficando mais tenso a cada segundo que se passava. Roxton respirou fundo e...

– Marguerite, eu estou cansado, esgotado, de implorar que você confie nos meus sentimentos por você, mas não estou arrependido por que sei que você vale a pena o esforço. Então, confie em mim e me diga se o que eu ouvi é verdade...

– Está bem, algum dia você descobriria mesmo... Eu... Eh... Eu estou grávida!


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