Encontros escrita por Alexandra Eagle


Capítulo 14
Capítulo 14 – Consequências




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Verônica cortava algumas frutas quando, de repente, para a surpresa da garota da selva, ela se deparou com Marguerite de pé, arrumada como de costume - saia cáqui, camisa branca, calçando botas de montaria e o cabelo estava solto caindo sobre os ombros ainda com os cachos úmidos.

— Marguerite... Que bom vê-la fora do quarto.

— John voltou?

— Hum... Ainda não, mas...

A herdeira saiu sem dizer mais nada, pegou o chapéu, uma arma e rumou para o elevador. Verônica largou a faca e correu atrás dela.

— Marguerite, espere!

Assim que Marguerite chegou de frente para o elevador percebeu que ele estava subindo e logo imaginou quem fosse... "John". Mas assim que a engenhoca chegou a bela, para seu desencanto, se deparou com Challenger e Jacob retornando do moinho. Ambos encaram a mulher, com surpresa.

— Marguerite, minha cara, vejo que finalmente saiu daquele quarto. Você precisa tomar um banho de sol e se distrair. Venha ver os meus novos insetos, eles são incríveis...

— Talvez mais tarde, Challenger, eu preciso ir...

A herdeira passou por eles e entrou no elevador, mas Jacob a segurou pelo braço. A morena o fuzilou com os olhos.

— Jacob, pode fazer a gentileza de soltar o meu braço? Antes que eu atire em você.

— Ei, calma! Só quero saber onde vai. Você melhor do que ninguém sabe que não deveria andar sozinha por aí, já está quase anoitecendo... É perigoso... - disse o aventureiro olhando profundamente nos olhos arregalados de raiva da herdeira. Ela sabia o que ele estava tentando dizer e ficou com medo de que Verônica e Challenger pudessem desconfiar de algo.

— John ainda não voltou, eu...

— Entendi. Fique aqui; eu vou atrás dele. Tenho certeza de que Lorde Roxton ficaria uma fera se soubesse que saiu sozinha enquanto ainda está se recuperando.

O cientista interveio:

— Jacob tem toda a razão, você deve ir mais devagar, para o seu bem.

Jacob entrou no elevador e desceu antes que a morena teimasse em ir sozinha. Marguerite ficou boquiaberta com a ousadia do aventureiro. "Eu não acredito! Nisso que dá eu ficar dando liberdade a qualquer um que salve a minha vida duas ou três vezes... Droga!"

Veronica percebeu o quanto a herdeira ficou incomodada com a atitude do mais novo amigo.

— Bem, Marguerite, eles logo estarão de volta. - disse o cientista.

A loira se aproximou e puxou a amiga desanimada por uma das mãos, chegou perto e sussurrou:

— É melhor que você fique aqui e coma alguma coisa ou Challenger vai te chamar para ver os novos insetos, o que prefere?

— Uma xícara de café, por favor. O seu café não é igual ao do John, mas é o menos pior.

Verônica balançou a cabeça e sorriu, já estava acostumada com esse tipo de comentários vindos da herdeira.

— Eu vou para o meu laboratório, tenho muito trabalho.

Challenger estava animado com os novos insetos e ficou feliz ao ver a herdeira de pé, disposta a sair; isso era sinal de que estava se recuperando da perda.

Marguerite pegou um livro e se sentou à mesa esperando o café. Verônica lhe contava o quanto Harrison estava ficando atrevido, entre outras coisas.

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Após a conversa, Harrison foi até a cozinha para tomar um chá de ervas na tentativa de amenizar a dor de cabeça que estava sentindo e logo viu  Marguerite conversando enquanto tomava café.

Verônica fez sinal para a morena entender que alguém estava vindo, afinal, elas estavam conversando sobre as possíveis intenções dos Connelly.

— Oh Marguerite, você está linda! Que bom que já pode se levantar.

— Harrison! Obrigada. Bem, eu não podia ficar no quarto para sempre.

— Ah claro que não. Fico feliz que já esteja recuperada.

— Ainda não estou 100%, mas não pretendo ficar reclusa no quarto, meu lugar é aqui do lado do John. - disse a herdeira olhando diretamente para Diana que acabara de adentrar na cozinha e fuzilou a morena com os olhos. "Isso é o que nós vamos ver, sua miserável", pensava Diana.

— Oh Marguerite! Está se recuperando! Isso é ótimo, John vai ficar feliz em vê-la assim.

A herdeira apenas olhou com desdém e abriu um sorrisinho falso.

— Ah! A propósito, ele ainda não voltou? Eu o vi sair já há algum tempo, ele parecia muito nervoso.

— Não se preocupe, Diana. Jacob foi atrás dele, logo estará de volta. Por que não se senta aqui e nos conta de uma vez por todas onde está a saída do platô? - disse Marguerite com um brilho nos olhos.

Verônica cruzou os braços, arqueou uma sobrancelha e encarou os Connelly.

Diana não esperava um ataque direto, mas a mulher era sábia e soube agir depressa.

— Ora, senhorita Krux, eu já lhe disse de todas as formas que a passagem se fechou, para a nossa desgraça. Eu gostaria muito de voltar a civilização e, principalmente, voltar a ter uma vida normal.

— Ah sim, claro. Todos nós.

— Bem, se quer um conselho para ver quer não sou sua inimiga como pensa, a senhorita deveria tomar muito cuidado com toda essa vontade de retornar...

A herdeira apertou a mandíbula, a respiração ficou pesada, atenta ao comentário da dissimulada. Verônica já estava ciente de tudo e fitou a mulher com ainda mais desprezo. A herdeira respondeu de maneira ríspida já com os nervos à flor da pele.

— Guarde os seus conselhos para você. Sei muito bem o que me espera em Londres e já passei por coisas piores, acredite!

— Ah, não duvido. Uma mulher do seu nível acredito que esteja familiarizada com esse tipo de situação. Só lamento pela família Roxton, que tanto prezo; será envolvida em tantos escândalos já que até então John, meu pobre John, pretende ou pretendia assumi-la como esposa.

"É mesmo uma sínica! Fique calma, Marguerite, não se deixe levar pelas provocações dessa desgraçada". Marguerite se levantou bruscamente e apontou o dedo na cara de Diana.

— Eu não vou permitir que me ofenda. Entendo que ser trocada deixa muita amargura e se quer um conselho para você ver que não sou sua inimiga como pensa, deveria esquecer o John porque ele não te ama e muito menos a quer como esposa, então pare com esse jogo patético e vamos todos para casa!

Verônica sorriu em deboche, adorando ver a cara de Diana. A herdeira saiu triunfante e Harrison se serviu de uma xícara de café, já que não tinha chá; ele sabia que a irmã deveria estar em erupção de ódio por dentro e não falou nada. Assim era melhor.

........

Na selva:

Jacob seguia os rastros do caçador e logo se deparou com o lago próximo à casa da árvore. O caçador estava de pé olhando sem rumo para as margens do lago; com o barulho de algo ou alguém se aproximando ele mais do que depressa pegou o rifle e apontou na direção. Jacob surgiu para a surpresa e alívio do nobre.

— Lorde Roxton?

— Você quase levou um tiro! O que quer?

— Que mau humor... Eu vim atrás de você.

John o olhou desconfiado, sem entender.

— Atrás de mim?

— Não me olhe com essa cara. Ora, eu preferia ficar e descansar na casa da árvore, mas Marguerite estava prestes a sair para procura-lo e não achei prudente.

"Ela se importa", pensou o caçador.

— Você fez bem.

— John, ela precisa de você, está muito confusa e insegura com o futuro, tenha paciência com ela.

— O que ela andou te falando? É mesmo o cúmulo que depois de todos esses anos ela aparentemente confie mais em você do que em mim. - disse o caçador, indignado, e saiu bruscamente em direção a casa da árvore deixando o aventureiro falando sozinho. O nobre não estava com paciência para mais nada.

— Roxton! Roxtooon! Mas que droga. Espere, homem... Ela te ama! Você não entende, ELA ESTÁ COM MEDO!

John parou. Um flashback rápido passou pela mente do caçador, os medos, a desconfiança e a dor no brilho do olhar da bela morena. Tudo estava ainda mais confuso.

— Do que ela está com medo? - perguntou o nobre sem rodeios e ainda de costas para o aventureiro.

— Eu não tenho o direito, John... Bem que queria, mas você vai ter que se resolver e esclarecer as coisas com Marguerite.

Sem falar mais, John prosseguiu o seu caminho rumo a casa da árvore com passos largos e firmes.

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Marguerite foi esperar o caçador no seu lugar favorito: a sacada da casa da árvore; já havia tanto tempo que a herdeira não apreciava a vista magnífica do platô. Ao sentir a brisa passar pelo cabelo, os cachos escuros dançando com o vento, a bela fechou olhos e se sentiu leve. Sem se dar conta, a morena pôs as mãos sobre a barriga ainda sem aparentar a gravidez, o silêncio se rompeu com o barulho do elevador subindo.

— Roxton.

John e Jacob saíram do elevador; o caçador passou reto sem perceber a presença da herdeira na sacada, então...

— John?

— Aí está você. Eu estava indo para o seu quarto.

Ele estava frio e, sentindo isso, Marguerite ficou calada tentando buscar as palavras certas. Jacob olhou para ela como quem diz "tenha coragem!".

— Eu vou ajudar o Challenger no laboratório, com licença.

Diana e Harrison adentraram no cômodo principal e fitaram o caçador.

— John, querido, que bom que já está de volta.

A herdeira revirou os olhos; Diana não perdia a oportunidade.

— Posso saber porque, Diana?

— Bem, é simples. Vamos chamar os outros, é importante que todos estejam presentes para que possamos tomar uma decisão.

"O que será que essa dissimulada está planejando agora?", pensava a herdeira.

John encarou os Connelly com desconfiança e olhou para Marguerite, não havia jeito a não ser adiar mais um pouco a conversa.

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Todos os membros da casa da árvore estavam em volta da mesa esperando para ouvir o que os irmãos Connelly tinham a dizer. A herdeira e a garota da selva estavam de braços cruzados e trocando olhares de cumplicidade. Challenger tomou a frente e iniciou a conversa.

— Estamos todos aqui, minha cara, o que quer falar?

— Professor, as chuvas finalmente deram uma trégua; podemos ir até a região dos vulcões explorar o máximo de cavernas e tentar achar uma saída. - disse Diana olhando nos olhos de cada um

A ênfase nas palavras e o brilho nos olhos da mulher convenceram os homens e até mesmo balançou as suspeitas da garota da selva. Mas a herdeira estava com todos os sentidos em alerta máximo. "Qual o seu jogo e o que está tramando agora? Seja o que for eu vou descobrir...", pensava a herdeira.

Harrison, finalmente, tomou um pouco de coragem e disse:

— Bem, assim quem sabe colocamos um fim nessas suspeitas infundadas de que estamos escondendo a saída. Por Deus, que ideia! Aqui não é exatamente uma área de lazer e diversão, a não ser que considerem lutar todos os dias para não ser devorado algo divertido.

Pela primeira vez, Diana até poderia dizer que sentiu pouco de orgulho do irmão, a interpretação foi digna de um prêmio, pensava a dissimulada. "Hum... Quem diria, meu irmão até que leva jeito", debochava para si mesma.

Lorde Roxton estava ainda abalado pelos últimos acontecimentos e a discussão com Marguerite ainda teria consequências, mas o caçador, ao observar e ouvir atentamente cada palavra, finalmente se manifestou.

— Façam um mapa. Vamos nos preparar e partir amanhã mesmo. E se desconfiamos em parte foi porque nos deram motivos; mas todos nós queremos nossas vidas de volta, então vamos trabalhar juntos.

— John tem razão. Vamos nos organizar e partir o mais cedo possível. É a nossa melhor chance em tempos. – concordou Challenger.

— Eu já estive daquele lado da região dos vulcões; é muito perigoso e não vi nada parecido com uma saída.

— E como poderia ver algo que não estava procurando, Srta. Layton? Perigoso? Aqui tudo é perigoso.

Verônica revirou os olhos e fitou a herdeira com um olhar de "você não vai falar nada?".

A morena entendeu o recado, mas ela não estava se sentindo muito bem; o café pela primeira vez não tinha lhe caído bem no estômago.

— Eh... Vou para o meu quarto.

— Marguerite, você está bem? – perguntou Verônica, preocupada.

— Sim, sim. Só com dor de cabeça.

Ela saiu rapidamente e desceu as escadas direto para o banheiro vomitar.

No andar de cima o clima ficou tenso. John ficou preocupado e se levantou para segui-la; Jacob já imaginava o que a herdeira tinha e julgou melhor nesse momento ele mesmo tentar ajudar Marguerite.

— Eu vou ver como ela está.

— Roxton, vou com você. Depois voltamos para continuarmos essa conversa. Não deve ser nada grave, fique tranquilo. – disse Challenger também se levantando.

— Professor, não é melhor deixar Marguerite um pouco sozinha? Talvez ela só precise de um tempo. - disse Jacob, olhando para o caçador e se referindo à briga que tiveram.

John bateu com força o punho na mesa, já cego de ciúmes.

— E o que você sabe sobre Marguerite e o  que é melhor pra ela? – disse, furioso e já cansado das intromissões do aventureiro.

Os ânimos se exaltaram.

— Eu sei que ela não quer te ver agora, isso já é o suficiente.

— VOCÊ NÃO SABE DE NADA. FIQUE LONGE DELA!

Verônica interveio.

— Vocês querem parar com isso?! Não vamos chegar a lugar algum discutindo. - disse ela os enfrentando.

— Esse comportamento nesse momento não vai ajudar Marguerite. Lembrem-se de que ela precisa de tranquilidade. - disse Challenger, repudiando a atitude dos dois.

— Tem toda razão, Professor. Vamos terminar essa conversa e depois vão vê-la. - disse Diana, fingindo preocupação. "Dois imbecis brigando por aquela qualquer é ina-cre-ditá-vel".

Os dois homens ainda estavam se encarando mas tiveram que dar o braço a torcer, uma briga agora só iria piorar a situação como um todo.

— Tudo bem, então. Vamos logo resolver isso, mas ainda não iremos tomar decisões sem a opinião da Marguerite.

— Sim, Roxton, você tem razão. - Concordou o cientista.

Harrison tomou a frente.

— Vou precisar da ajuda de todos. Foi muito rápido, quando chegamos aqui, como já havia contado, fomos atacados. Foi um choque ver todas essas criaturas; eu sei que já me pediram várias vezes para fazer um mapa, mas a verdade é que não sabemos direito a região certa. Eu só pensava em proteger a minha irmã, ela é tudo o que tenho e por ela vim até aqui. Para ser sincero, meu amigo, eu achava que você estava morto.

John abriu um sorriso de canto.

— Fico feliz que pelo menos alguém tinha esperança.

— Eu imagino que tenha sido muito difícil, mas me ocorreu uma ideia: podemos usar o balão e sobrevoar a região dos vulcões; não creio que seja prudente voar tão perto da cadeia de vulcões o ar pode ser tóxico. Talvez tenhamos que seguir a pé boa parte do caminho.

— É uma excelente ideia, Professor Challenger. Assim vamos ganhar tempo. - disse Diana. Se é onde estou pensando, sei de um caminho seguro para evitar os gases tóxicos. - disse Verônica.

— Então vamos precisar de pelo menos mais um dia ou dois para nos preparar para essa expedição. - disse Lord Roxton, pouco empolgado pensando na herdeira e o ciúme o consumindo.

Diana observava a todos; não conseguia segurar o sorriso de satisfação, o plano estava correndo como planejado. "Logo, logo estarei fora desse lugar horrendo e ainda vou me vingar de você, meu querido Lorde Roxton... Onde mais lhe dói".

A conversa continuou por mais meia hora. Os Connelly descreviam a região com mais riquezas de detalhes quanto possível, enquanto John e Verônica tentavam desenhar um mapa e Miller e Challenger discutiam os detalhes sobre o balão.

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Marguerite, se sentindo um pouco melhor depois do forte enjoo, rumou para o quarto, se sentou na cama pensando em tudo; a questão sobre se contava ou não a verdade ao caçador gritava em sua mente, lhe sufocava o coração. Diana, com esses novos planos, assustava a herdeira, pois cada instinto lhe dizia que coisas ruins estavam por vir. "Agora você se meteu em uma encrenca daquelas, Marguerite. Mas que ótimo, e agora? O que eu vou fazer? Jacob tem razão, eu não vou poder esconder a gravidez. O jeito é torcer para que possam me entender e até mesmo me perdoar.”

— John... Você será capaz de me perdoar? - disse herdeira, falando consigo mesma em um fio de voz. A bela pôs as mãos sobre a barriga como um gesto de proteção – Você é tudo o que me importa e eu não vou te perder.

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Os exploradores, após a conversa, se deliciaram com o jantar que a garota da selva havia preparado. John estava sem fome e preparou uma bandeja para levar para herdeira e assim aproveitar para terminar a conversa e ver se ela estava se sentindo melhor.

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— Roxton, eu te ajudo e vou aproveitar para examina-la, ou pelo menos tentar. Marguerite não me deixa cuidar dela como deveria e estou preocupado com essas dores de cabeça e a palidez fora do normal.

— Eu já havia percebido, mas ela se afastou de mim e desvia sempre do assunto. Mas hoje você irá examina-la nem que eu tenha que segurá-la para isso.

— Roxton, não exagere, meu velho.

— Hum, vamos de uma vez...

— Sim, claro.

Diana os observou de canto de olho e pôs em prática mais uma etapa de seu plano ardiloso. Ela se levantou, deixou o jantar para trás e caminhou apressadamente em direção aos dois homens que já estavam prestes a descer a escada. O restante do grupo parou de comer para ver o que a dissimulada ia fazer.

— John?

Os dois homens se viraram, surpresos para ver o que Diana tinha a dizer, mas o caçador não estava disposto a dar muita atenção.

— O que você quer, Diana? - disse o caçador, sem paciência.

— Eu preciso conversar com você. É muito importante.

— Agora não. Estou indo ver a Marguerite, como pode ver.

— John, por favor, eu serei rápida. Prometo... O que eu tenho a dizer é justamente sobre ela. - disse em voz baixa para que apenas os dois homens pudessem ouvir.

Roxton estampou um semblante desconfiado no rosto, o que não passou despercebido pelos demais exploradores de olho na conversa.

— Roxton, parece ser importante. Se Diana sabe de algo sobre o comportamento estranho de Marguerite é melhor ouvi-la. Eu levo o jantar e o espero.

O nobre não estava muito convencido se isso realmente era o melhor, mas olhou para o amigo ruivo e:

— Está bem, cuide dela. Eu já desço, não vou demorar.

Quase como uma súplica em sua voz, Diana olhou para o caçador ainda desconfiado sobre suas reais intenções, mas o plano não podia perder o rumo e a bela continuou com seus jogos.

— John, por favor... Me escute, sim?!

— Está bem, mas seja breve, é tudo o que peço.

— Então vamos para a sacada, lá poderemos conversar melhor.

— Você disse que seria breve.

— Não se preocupe, sei o que eu disse. Vamos.

— Se não tem outro jeito...

Jacob, Verônica e até mesmo o canalha do Harrison se entreolharam ao ver o caçador e a ex-noiva rumando para a sacada.

Verônica perdeu a fome; seus instintos estavam gritando... "O que ela tem de tão importante para fala para o Roxton? Coisa boa não deve ser.'' A loira cruzou os braços e apertou os lábios com a raiva e desconfiança. Harrison tentou puxar assunto para quebrar o clima tenso, mas foi em vão. Após alguns minutos, Verônica se levantou e foi tirando a mesa e organizando tudo com a ajuda de Jacob que, aliás, também não estava pressentindo nada de bom.

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No quarto:

Marguerite andava de um lado para o outro falando sozinha e pensando em alguma maneira de sair dessa confusão na qual havia se metido.

— John vai entrar a qualquer momento querendo explicações e o que eu vou dizer... “John, querido, então... Eu ainda estou grávida, foi tudo um engano...”. Não! Não seja ridícula! “John eu... Eu... É que... Bem... Eu...”. Ah... Isso vai ser mais difícil do que eu pensei!

— Marguerite?

— Challenger?

— Posso entrar?

— Sim, sim, claro.

— Permita-me, eu lhe trouxe o seu jantar. Como você está se sentindo?

— Obrigada, George, não se preocupe comigo. Eu estou bem, não foi nada demais.

Ela pegou a bandeja das mãos do cientista e pôs sobre a penteadeira; o cheiro estava delicioso e logo abriu o apetite da herdeira.

— Minha cara, eu preciso examina-la. Vê-se, de fato, que está tudo bem, mas temo que você possa estar com alguma infecção.

— Eu já disse que estou bem! Você não tem besouros novos para se distrair? Por que não vai examinar eles?

— Essa teimosia não vai ajudá-la.

— Onde está o John? Não se ofenda, mas eu estava esperando por ele...

— Bem, ele realmente estava vindo, mas... Bem, ele logo estará aqui e eu espero que a convença a ser mais sensata.

Ela encarou o cientista e revirou os olhos em desdém, como de costume.

— Mas o que, George? O que ele foi fazer de tão importante?

O cientista ficou com o rosto vermelho e pensou rápido em uma resposta satisfatória, afinal, ele não queria causar ainda mais atritos na relação do casal, que já estava bem conturbada com todos os últimos acontecimentos.

— Apenas ajudando Verônica com o mapa. Os irmãos Connelly estão muito confusos em relação ao local exato, então iremos viajar de balão para reconhecer e cobrir a região com o mínimo de tempo possível.

— Muito estranho isso você não acha, George?

— O que é estranho?

— Oh Challenger, como pode ser um homem tão brilhante e tão cego? É óbvio que ela está mentindo, eles estão mentindo.

— Entendo sua desconfiança. Roxton me pôs a par da sua situação em Londres e o fato de Diana ter escondido. Me desculpe, Marguerite, mas foi perfeitamente compreensível; Diana é uma mulher inteligente que só conhece uma parte do seu passado exposto nos jornais e a considerou perigosa.

Marguerite ficou cabisbaixa com a resposta do cientista. A morena tinha esperança de tentar abrir os olhos do amigo a respeito de Diana, mas o seu passado estava sempre presente e principalmente a condenando.

— É o que pensa de mim depois tudo?

— Ah... Dependendo da situação qualquer um pode ser perigoso. O que eu quero que você entenda é que todos nós temos arrependimentos, más escolhas e erros irreversíveis no passado; vir para esse platô mudou nossas vidas e nos mudou e creio que para melhor.

Marguerite, acredite tenho muito orgulho da mulher admirável que você permitiu se mostrar debaixo de toda essa pose e ambição. Somos sua família e vou estar do seu lado para defendê-la quando encontrarmos a saída. Não estará sozinha, lhe dou minha palavra.

Os olhos da herdeira brilhavam e ela abriu um sorriso sincero.

— Obrigada, George.

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Na sacada da casa da árvore, Diana ficava entre rodeios e perguntas sobre o que havia irritado o nobre mais cedo fazendo-o sair para espairecer.

— Diana, isso é assunto meu e de Marguerite... O que você quer falar comigo que tem a ver com a discussão que tive com ela mais cedo?

— Bem, eu desconfio que Marguerite esteja mentindo ou escondendo algo.

— O que? Por que está dizendo isso? Por acaso, viu ou ouviu alguma coisa?

— Você saiu, Verônica não estava aqui, então, eu fui ver se ela precisava de algo; quando eu subi vi que o Jacob estava com ela no quarto conversando. Apenas ouvi ele dizendo que cedo ou tarde você iria descobrir e nunca a perdoaria por essa farsa.

O caçador sentia um turbilhão de pensamentos cair sobre a cabeça como uma grande pedra. Nada fazia sentido, estava tudo errado. O nobre se apoiou no corrimão e o segurou com força.

— O que mais você ouviu ?

— Não sei se devo lhe dizer isso, John. Talvez seja melhor que Marguerite te explique, eu não quero causar mais problemas.

— Diana, fale logo de uma vez.

— Está bem, está bem... Não ouvi direito, mas tenho quase certeza que eles estavam planejando fugir juntos assim que chegassem em Londres, tudo por causa da farsa. Eu não consegui ouvir mais nada; Verônica chegou e você sabe que ela não gosta de mim, iria ficar uma fera se me encontrasse ali na porta, não me deixaria nem me explicar. Não queria que fosse feito de tolo, então achei que você precisava saber.

Após pensar e o sangue ferver, Roxton largou Diana falando sozinha e foi a passos largos direto para o quarto da herdeira.

Diana sorriu triunfante. “Vamos ver como você vai sair dessa, Senhorita Krux...”, ria.

Verônica, Jacob e Harrison se assustaram com a passagem brusca do caçador que, antes de descer, parou e fitou o rival. Foi preciso muito esforço do nobre para não partir a cara do aventureiro naquele exato instante.

— Lord Roxton, está tudo bem? - disse Jacob com receio.

O caçador nada respondeu e desceu as escadas como um trovão.

Harrison encarou Diana que estava vindo da varanda; essa parte do plano a dissimulada não havia comentado com o irmão.

Verônica por sua vez estava cansada de tantos problemas causados pelas manipulações da noiva rejeitada. Era mais que óbvio que algo tinha atingido o caçador e a loira estava disposta a descobrir o que foi, e colocar Diana em seu lugar.

Diana chegou até a cozinha e pegou o copo de vinho que estava bebendo antes de ir perturbar o nobre. A garota da selva se pôs em frente a mulher e a enfrentou furiosa.

— O que você disse para o Roxton? Não se cansa de causar tantos problemas, não é mesmo?

— Por favor, senhorita Layton, não se altere. Logo irá entender e verá que eu nada mais fiz do que o certo, Marguerite não tem consideração por nenhum de vocês e muito menos pelo John. Ela não passa de uma criminosa.

Harrison se posicionou do lado de Diana e Jacob ao lado da garota da selva, ambos queriam evitar que as mulheres saíssem no tapa.

— Agora chega! Não vou permitir que fale mal da Marguerite na minha frente, você não a conhece, então guarde a sua opinião para você mesma.

— E porque eu deveria ficar calada se é a verdade?

— Verdade ou não, ela é minha amiga e é muito bem-vinda nessa casa; diferente de você.

— O que quer dizer? Por caso está me expulsando? Isso é um absurdo...

— Diana, por favor, chega... - disse Harrison tentando parar a briga.

— Vontade não me falta e se não fiz ainda foi simplesmente por consideração ao Roxton. Mas se continuar prejudicando os meus amigos você pode pegar as suas coisas e sair da minha casa.

— Verônica, não vale a pena, vamos, parem com isso.

— Está tudo bem, Jacob. Já está avisada, vocês dois. - disse a loira encarando os irmãos Connelly.

A discussão prosseguia tensa entre as duas mulheres. Diana não estava disposta a baixar a cabeça a uma selvagem, como considerava Verônica.

No andar de baixo, o caçador caminhou pelo corredor em direção ao quarto da herdeira e parou.

Roxton respirava fundo apoiado ao lado da entrada do quarto coberta por um tecido branco, ele podia ouvir a discussão no andar de cima e algumas poucas palavras trocadas entre Marguerite e o cientista. John tentava, com muito custo, se acalmar e reorganizar os pensamentos; eram muitas dúvidas, desconfianças e o maldito ciúme o corroendo por dentro. O melhor naquele momento era tentar se acalmar, pois sabia que de cabeça quente não iria conseguir conversar com a herdeira e sim discutir e magoar com palavras ácidas que brotam da raiva. Mas uma coisa estava certa na mente do caçador: tudo seria esclarecido naquela mesma noite, ele não podia mais esperar para colocar sua vida em ordem e esclarecer todas as dúvidas com a morena, que havia se fechado por completo desde a perda do bebê - assim acreditava o caçador.

— Marguerite, isso é ridículo! Por que não quer que eu a examine? - dizia o cientista, já sem paciência com a teimosia da herdeira.

Nesse momento, John ficou muito atento a conversa.

— George, eu já disse que estou bem. Lamento informar, mas você não é o único que entende um pouco de medicina aqui...

— Não se trata de uma luta de egos aqui. Estou preocupado com você, todos nós estamos. Você não só se afastou do Roxton, mas também de todos nós, o que há com você?

A herdeira baixou a cabeça; o cerco estava se fechando e ela já não suportava mais o fardo do segredo.

— Challenger, me perdoe, eu espero que todos vocês possam me perdoar algum dia.

— Não estou entendendo... Você não é de pedir perdão a ninguém... Marguerite, o está acontecendo, me diga? Por acaso tem a ver com... Jacob?

— Ora, George, porque disse isso?

— Bem... Ele parece gostar de você e muito, por assim dizer. E você, minha cara, é estranho, mas parece confiar muito nele, o que não é do seu feitio.

A herdeira podia ver o rosto do amigo ficando vermelho, afinal, Challenger não era de comentar sobre esse tipo de coisa tão abertamente.

— Para mim também é estranho. Nunca pensei que pudesse confiar em outra pessoa que não fosse o John, mas Jacob é muito especial e está me ajudando em algumas questões. É só isso que posso dizer.

— Questões? De que tipo? Seja o que for, acho que John tem o direito de estar ciente do que se passa com você.

— Não se preocupe, George, eu vou contar a verdade e é bem provável que não haverá mais nada entre nós - desabafou a herdeira para surpresa e preocupação do homem da ciência.

John apertou os dentes e fechou os punhos com toda a sua força. "Ela que fugir com aquele desgraçado assim que deixarmos o platô... malditos sejam."

O caçador, cego de ciúme, adentrou no quarto. Marguerite e Challenger se assustaram com a entrada brusca no nobre que encarou a morena com ódio, os olhos estavam vazios e negros.

— John?

A herdeira sentiu o coração gelar; ela podia sentir que algo estava errado, o que também não passou despercebido pelo cientista.

— Roxton avançou sobre a herdeira, agarrando-a com força pelos braços, sacudindo-a um pouco e enquanto lhe cobrava explicações.

— Você vai me contar toda a verdade AGORA MEEESMOOO!

Marguerite ficou imóvel, assustada com a fúria do caçador. Challenger também ficou pasmo com a atitude do amigo e o puxou pela camisa para que soltasse Marguerite.

— Roxton, o que pensa que fazendo? Solte-a já...

Mas o caçador não ouvia nada e ele estava com o olhar fixo em Marguerite.

— VAMOS! ME DIGA!

A herdeira se manifestou diante da dor que estava sentindo e com a voz embargada.

— John você está me machucando... Me solta... Por favor...

O caçador sentiu que realmente a estava machucando. Marguerite estava ali imóvel no seu aperto, tentando se equilibrar nas pontas dos pés, ele viu o brilho das lágrimas nos olhos profundos da morena e o nobre despertou do transe de fúria. Pois o amor que sentia pela herdeira era forte demais, ele havia jurado proteja-la e agora estava ali ameaçando como uma fera.

Me desculpe, eu... Eu não queria...

Ele deu dois passos para trás; Marguerite respirou em alívio segurando os braços, tentando abafar a dor. Challenger se pôs na frente dela, ele nunca tinha visto o amigo tão furioso com a mulher.

— Roxton, venha comigo vamos sair daqui. Você precisa se acalmar.

— Challenger, nos deixe a sós. Essa conversa é entre Marguerite e eu.

— Olha só o que fez, você está agindo como um troglodita e isso é inadmissível. Vamos, homem, amanhã vocês podem conversar e com mais civilidade eu espero.

Marguerite pensava e pensava... John furioso, lhe cobrando a verdade... Algo ele havia descoberto. "Será que o Jacob falou alguma coisa? Ahhh, mas que miserável! É agora, Marguerite... Chega, você se meteu nisso e por um bom motivo. Sempre enfrentou tudo o que a vida lhe impôs, então agora não será diferente."

— George, saia da frente. VAMOS, MARGUERITE!VOCÊ VAI FICAR AÍ CALADA?

— Não,  John. Mas antes que eu diga qualquer coisa quero saber porque você está agindo assim. Eu nunca vi você desse... Desse jeito.

— E como quer que eu haja se você PRETENDE FUGIR COM AQUELE DESGRAÇADO DO MILLER? MAS EU NÃO VOU PERMITIR!

Marguerite entrou na frente do cientista e encarou o caçador.

 - Fugir? Do que está falando? Eu não vou fugir com ele,  de onde você tirou esse absurdo?

Roxton ficou confuso e aliviado ao mesmo tempo. No entanto, ainda não tinha certeza se Marguerite estava falando a verdade.

— Diana veio ver como você estava e escutou vocês conversando, planejando fugir juntos por causa de uma farsa. De que farsa vocês estavam falando? Eu quero a verdade e você não vai me esconder mais nada! Chega de segredos, Marguerite.

— É claro, ela não perdeu tempo, foi correndo de contar os meus planos maquiavélicos e você não hesitou em acreditar nela nem por um segundo.

— Você se afastou de mim, me culpa pela perda do nosso filho e eu estou desesperado tentando não te perder também. Eu não posso ficar sem você, Marguerite, não posso.

— Você não entende, John! Você escuta tudo o que aquela mulher fala, não percebe que ela quer me ver longe e ficar com você e com o meu filho? Naquele dia eu tive a certeza de que estava sozinha e que tudo estaria contra mim fora desse platô. O problema é que agora não é apenas a minha vida em jogo e eu não podia arriscar ficar sem o meu filho, então eu fiz o que fiz e não me arrependo porque agora eu vejo que você vai sempre me julgar antes de saber a verdade. Imagina como vai ser quando souber tudo o que à imprensa falou e falará sobre mim? Quando os tantos segredos que não me atrevi a te contar vierem à tona?

Marguerite deixou escapar poucas lágrimas, a respiração estava pesada. Ela sabia que o momento de contar a verdade seria tenso, mas, graças à rival, tudo está pior do que o imaginado.

Para o cientista tudo estava claro e agora tudo fazia sentido, mas John ainda estava com semblante confuso.

— Marguerite, você não precisa fugir de mim, eu nunca me importei com os seus malditos segredos. Eu te amo, droga! E o que Diana quer não me interessa, já disse que estou disposto a deixar tudo e ficar aqui com você, mas o que mais você quer de mim?

John se aproximou e segurou o rosto pálido de Marguerite com as duas mãos, mas dessa vez sem a fúria de antes.

— John, você não me entendeu. Eu...

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No andar de cima, os gritos vindos do quarto da herdeira chamaram atenção de todos, era possível perceber o quanto o caçador estava alterado e, não aguentando mais a ansiedade de proteger Marguerite, Jacob saiu em direção ao quarto.

— Jacob, espere! Deixe que eles se entendam! - mas ele não quis ouvir, então, Verônica o seguiu; afinal, depois que viu o olhar que o caçador havia lançado ao aventureiro, a loira sabia que certamente sairia uma briga feia de toda essa confusão.

— Vamos, Harrison, não podemos perder esse espetáculo.

— Melhor ficarmos aqui, Diana. Você vai acabar estragando tudo por causa do seu rancor contra Marguerite.

— Vamos logo e deixe de dizer besteiras!

Contrariado, Harrison seguiu a irmã.

Jacob entrou no quarto sem cerimônia e fitou o casal logo a frente.

— O que você faz aqui? - disse Roxton, interrompendo o que Marguerite ia dizer e já indo em direção ao aventureiro.

Assim que Jacob olhou para Marguerite, para saber se estava tudo bem, pôde ver as marcas avermelhadas no braço delicado da mulher e ficou furioso.

Todos os moradores da casa da árvore estavam na entrada do quarto. Verônica olhou para os Connelly e balançou a cabeça em reprovação.

— O que aconteceu com seu o braço, Marguerite? - questionou o aventureiro desviando o olhar para analisar o semblante de culpa que o caçador estampou quase que de imediato. Apenas naquele momento Roxton percebeu o quão forte ele havia segurado a herdeira e se arrependeu profundamente, ver aquelas marcas e saber que foi o causador lhe provocava uma dor imensa.

Diana estava contentíssima, Harrison ficou de queixo caído, enquanto Verônica trocou olhares com o cientista.

— Acalmem-se vocês dois, tenham bom senso, sim? Vamos, saiam todos, Marguerite precisa descansar - disse Challenger tentando apaziguar os ânimos e poupar a herdeira de mais uma discussão. Mas os homens não estavam dispostos a dar trégua.

"O que eu fiz? Meu Deus! Não pode ser...”, pensava o caçador em meio a culpa, desconfiança, ciúme e ódio do aventureiro.

— Não foi nada, Jacob, está tudo bem. Challenger tem razão, vão embora. Não querendo decepcionar a plateia, mas eu não quero mais ninguém no meu quarto. – disse Marguerite, olhando diretamente para a rival na entrada, que, por sinal, estava se divertindo muito com toda a situação.

O nobre levou a mão até onde estavam as marcas no braço da morena e acariciou de leve com muito cuidado.

— Marguerite, me perdoe...

A herdeira olhou em silêncio nos olhos dele e pôde ver a súplica do arrependimento sincero. Toda a situação já estava fora de controle. Ela continuou em silêncio.

— Foi você! Você fez isso! Perdeu o juízo? Como pôde? - disse o aventureiro, furioso.

Jacob se aproximou, pegou o braço da herdeira, pôs a outra mão no rosto delicado dela e a olhou nos olhos para que ela pudesse sentir que poderia confiar nele.

— Vai ficar tudo bem, vou cuidar de você.

— Jacob... Por favor... - como quem diz “não piore a situação”.

— NÃO TOQUE NELA!

John empurrou o homem longe que foi amparado com dificuldade por Verônica.

— ROXTON, PARE JÁ COM ISSO! - gritou a herdeira.

Jacob se levantou e partiu para cima do nobre. Os homens começaram uma luta em meio a provocações.

— VOCÊ A MACHUCOU, SEU MALDITO COVARDE! - E acertou um soco em cheio no rosto do caçador.

— VOCÊ QUER SE APROVEITAR DA SITUAÇÃO PARA TIRA- LA DE MIM, MAS ANTES EU JURO QUE TE MATO! EU TE MATO! - disse o caçador, fora de si.

— PAREM... PAREM... – “Não posso acreditar que está acontecendo isso”, pensou a herdeira.

Challenger e Verônica tentavam separar os dois homens cegos de raiva e ciúme. Harrison correu para ajudar, acabou levando um soco, sem querer, do caçador e caiu no chão. Nesse momento, Diana pôs as mãos sobre a boca tentando conter a gargalhada. "Bem feito, seu idiota". Em seguida, foi em seu auxílio e não perdeu a oportunidade de cochichar no pé do ouvido do Sir.

— Ainda bem que não é você ali brigando, pois com essa sua "atenção" já estaria morto hahahaha!

— Ah cala a boca, Diana... Aiiiii! Acho que ele quebrou o meu nariz.

O cientista, prudente, logo afastou Verônica para que não acabasse se machucando também e, em seguida, tentou puxar John de cima do aventureiro, mas o caçador estava cego e surdo de raiva.

— ROXTON, POR DEUS, NÃO É ASSIM QUE SE RESOLVEM AS COISAS. PAREM DE BRIGAR!

A briga continuou, os dois lutavam como selvagens a socos e pontapés, estavam quebrando e derrubando tudo no quarto.

Roxton acertou mais um soco no aventureiro que já estava perdendo a consciência com a boca e o nariz sangrando. E quando o caçador estava pronto para dar mais um soco, Marguerite se desesperou e não teve jeito...

— CHEGAAAA! EU ESTOU GRÁVIDA! EU NUNCA PERDI O MEU FILHO. ESSA ERA A FARSA, EU NÃO IA FUGIR... Jacob só estava me convencendo a te contar a verdade.

Todos em estado de choque, sem acreditar no que acabaram de ouvir, encararam a herdeira que de imediato começou a se sentir mal em consequência dos nervos à flor da pele. A bela puxou o ar 1, 2, 3 vezes, sentiu a cabeça ficar cada vez mais pesada e acabou desmaiando.

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