Encontros escrita por Alexandra Eagle


Capítulo 10
Capítulo 10 - O Milagre da Vida




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John tentava desesperadamente enviar sinais de espelhos para que Challenger pudesse avistar e retornar a casa da árvore o mais rápido possível. Enquanto isso, Veronica buscava nos diários de seu pai qualquer escrito que pudesse ajudar Marguerite, mas a garota da selva tinha confiança na experiência do xamã, já que ao longo dos anos ela mesma presenciou muitos dos rituais de cura, a maioria bem sucedidos – quase que milagrosos.

Diana correu para o quarto assim que ouviu John e Verônica subindo as escadas; a noiva rejeitada estava com um ar de felicidade que não lhe convinha, pois John poderia perceber a sua verdadeira natureza perversa e ela ainda queria consolar o nobre caçador em breve.

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– VAMOS, PROFESSOR! DEPRESSA! – gritava Jacob.

– ESTOU INDO O MAIS RÁPIDO QUE POSSO! Malditos Raptors!

– Ali vamos subir naquela árvore!

– Me parece uma excelente ideia!

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O choque e as mãos trêmulas sobre um ventre vazio fizeram o sangue da herdeira congelar.

– Marguerite, querida, fique calma!

A voz estava embargada de dor e as lágrimas caiam sem trégua, Marguerite olhou para mulher e com muito esforço conseguiu falar:

– Quem é você? E como quer que eu me acalme se EU PERDI O MEU FILHO! Onde eu estou? Onde? On... Roxton?

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No quarto, de mãos dadas com a herdeira, o xamã se concentrava para conseguir estabelecer uma ligação com os espíritos e assim poder chegar até ela. Ele sabia que estava lidando com um poder diferente de tudo o que conhecia e, por mais que suas crenças fossem fortes, havia muitas dúvidas o atormentando. "Como uma mulher que não pertence ao platô pode ser tão poderosa? Que segredos há por trás de sua origem?".

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– Eu vou lá ver como ela está ou vou ficar louco aqui esperando.

– Roxton, o melhor que você pode fazer agora é continuar mandando os sinais de espelho.

– Maldito seja, Challenger, por que teve que ir?

– Não poderíamos saber!

Verônica passou outra página do antigo diário e finalmente achou algo de útil para a situação e saiu correndo. John a olhou sem entender, mas logo após a loira retornou com várias ervas em mãos e foi direito para cozinha.

– O que vai fazer, Verônica?

– Eu vou preparar um remédio com uma mistura de ervas que vai ajudar a impedir o aborto. Meu pai relatou no diário após ajudar uma mulher muito jovem no início da gestação. Eu me lembro muito pouco, quase nada para ser exata. Bem, espero que ajude...

"Pai, se está me ouvindo me ajude! Eu espero poder fazer tudo direito; Marguerite não pode perder o bebê”, pedia silenciosamente a garota da selva.

O coração do caçador apertou de um modo que chegou a doer. Ele correu para a varanda e começou a enviar sinais de espelho; já havia poucas horas do dia para se aproveitar e o nobre rezava para que o amigo avistasse os sinais e conseguisse voltar para casa a tempo de ajudar sua amada Marguerite.

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– Puxa! Eles não desistem... Até quando vamos ficar aqui nessa árvore?

– Se tem algo que pude constatar nesses anos preso neste platô é que raptors são criaturas muito perseverantes em abater suas presas.

– Ah isso é mesmo reconfortante, professor.

Jacob olhou para o horizonte e pensou no sorriso da bela morena que roubara o seu coração, quando um brilho entre a savana chamou sua atenção.

– Professor? Venha ver isso, acho que estou vendo sinais de espelhos.

Com cuidado, Challenger caminhou para frente do galho mais resistente da árvore onde se abrigavam enquanto 3 raptors os esperavam babando logo abaixo; um deles saltou com a boca aberta e quase desequilibrou o cientista, mas Jacob foi rápido e agarrou o braço do amigo impedindo a queda.

– Obrigado, meu caro, essa foi por pouco.

– Não precisa agradecer, professor. Se bem que enquanto eles o devorassem eu poderia aproveitar pra escapar...

Eles trocam risadas rapidamente e logo se focaram nos sinais insistentes.

Challenger pegou o binóculo e o seu pequeno diário de bolso e anotou os sinais pra codificá-los. Foi então que veio a surpresa nada agradável.

– Oh meu Deus! Precisamos voltar à casa da árvore, e depressa!

– O que houve? O que disseram?

– Marguerite precisa de socorro, ela caiu...

– O quê? Mas o que aconteceu?

Jacob quase se esqueceu das feras famintas prontas para atacar e, tomado pelo impulso, ia pular do galho, mas Challenger o impediu a tempo.

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Em algum lugar...

– Eu já disse que você não deve temer. Aqui está segura!

– Sim, você já disse, mas nada mais do que me disse até agora respondeu as minhas perguntas! Que lugar é este? E esse bebê?

Marguerite olhou para ele com ternura e reparou que os olhos do lindo bebê eram iguais aos de Roxton. Então, a respiração da herdeira se tornou pesada.

– Isso é um sonho. Eu estou em um sonho. Não pode ser!

– Sonhos... Porque as pessoas insistem tanto em dizer que não são reais?

– É simples, é porque não são!

– Se eu entregar essa criança em seus braços você poderá me dizer que ela não é sua ou mesmo que não é real?

Marguerite olhou para a mulher com desconfiança e não sabia o que dizer. Então, para surpresa da morena, a mulher se levantou bem devagar e com cuidado pôs o bebê nos braços dela e novamente a criança sorriu e agarrou um dos cachos soltos do longo cabelo de Marguerite, que não pode se conter e abraçou o bebê com todo amor de mãe que ela nunca pensou que pudesse existir dentro de si. Por mais que tudo indicasse que nada daquilo era possível, não havia um sentimento sequer que pudesse fazer Marguerite dizer que aquele bebê em seus braços não era o seu filho, porque realmente era!

– Quem é você? E, por favor, chega de rodeios. Me diga o que está acontecendo comigo? Como isso é possível?

– Eu poderia lhe dizer tudo, dar-lhe todas as respostas pelas quais sempre procurou, mas tudo ao seu tempo. Por agora só posso dizer que eu me chamo Morrighan e que você está em sua própria consciência; você criou um lugar seguro e confortável onde pudesse sentir o seu filho na segurança dos seus braços. O medo de perdê-lo foi grande demais e você ainda não está pronta para usar os seus dons.

– Do que está falando? Eu pedi respostas e você me vem com esses enigmas.

De repente, algo abala a serenidade do lugar e as paredes começaram a tremer como se fossem cair a qualquer instante. Marguerite ficou apavorada e segurou o bebê tentando protegê-lo da poeira que se espalhava conforme as paredes se mexiam. Mas para o total desespero da herdeira o bebê desaparece dos seus braços como que por encanto e Morrighan continuava com o semblante sereno.

– Acho que já está na hora de ir. Seja forte; ainda há muitas pedras em seus caminhos até a verdade...

– ONDE ESTÁ O MEU FILHO????

Tudo começa a desmoronar e Morrighan também desaparece. Marguerite ficou ali parada observando o caos e tentando entender o que tinha visto e ouvido. "É um sonho. Um maldito sonho. O que será que significa tudo isso?"

. . . . . . . . . .

– PRECISAMOS SAIR LOGO DAQUI!

– De fato! Eu vou enviar os sinais e vamos pensar em algo para escapar com vida!

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Na casa da árvore

– Maldição, Challenger, onde você está?

Roxton parou de enviar os sinais, respirou fundo e se apoiou no corrimão feito de madeira. Com a cabeça baixa o caçador fez uma sua súplica a Deus para que Marguerite e o bebê ficassem bem.

Um brilho no horizonte interrompe a prece do caçador.

– Aaah finalmente! Graças a Deus.

– Roxton, o que houve? Challenger deu sinal?

– Sim, Verônica. Ele está vindo!

A loira se sentiu feliz e bem mais aliviada e continuou a preparar a mistura de ervas.

Harrison saiu do quarto para ver como estavam as coisas; ele não queria dar de cara com o Lorde, mas engoliu a vergonha e seguiu em frente. Ao chegar no cômodo principal da casa ele pode ver Roxton com o binóculo na varanda; após mais alguns passos sorrateiros viu Verônica na cozinha preparando algo e havia várias ervas e plantas sobre a mesa. Ele se aproximou.

– Verônica, isso é para Marguerite? Eu posso ajudá-la?

– Oh Harrison, você me assustou, eu não vi você chegar. Ahh... Bem, você pode ir cortando as folhas dessa planta.

Ele imediatamente pegou uma faca e foi seguindo as instruções que Verônica lhe dava. John ficou imensamente mais aliviado com a resposta de Challenger, porém pela distância que pôde calcular o cientista só chegaria à casa no dia seguinte, pois só havia mais algumas poucas horas de luz do dia. Com esse triste fato o caçador se dirigiu a cozinha para ajudar Verônica e ficou surpreso ao ver o preguiçoso Harrison desempenhando algo com tanto foco que não fosse beber. Roxton trocou um olhar desconfiado com a garota da selva.

– Ele está me ajudando e me ajudou muito a cuidar da Marguerite quando você foi buscar o xamã.

Harrison olhou sem graça para o Lorde e continuou com sua função.

– Obrigada, Harrison. Marguerite significa tudo pra mim. – o agradecimento sincero do caçador surpreendeu o outro.

– Não tem o que agradecer. Ela vai ficar bem e o bebê também.

– Deus te ouça.

. . . . .

O xamã conseguiu a conexão e em meio ao caos ele surge e segura a mão trêmula da herdeira, que se assusta ao ver aquele homem estranho a sua frente.

– Venha comigo. Você deve retornar.

– Não, eu não quero! Vá embora! Eu posso trazê-lo de volta.

– Você precisa vir comigo. Aqui não é o seu lugar; pense no seu filho que está lá.

E antes que tudo fosse abaixo Marguerite segurou firme a mão do xamã e se agarrou a única esperança de rever o seu bem mais precioso

. . . . . .

As pálpebras estavam pesadas e demoraram a se abrir. Devagar aqueles olhos verdes e profundos avistam o xamã de pé ao lado da cama observando-a com curiosidade.

Marguerite entendia a língua zanga como se fosse seu próprio idioma e não teve a menor dificuldade em se comunicar com o velho homem.

– Como está se sentindo?

– Com dor por todo o corpo e... um pouco confusa. O que aconteceu?

De repente uma forte dor na cabeça – mais precisamente na testa, onde ela sofreu um corte – esclareceu boa parte das dúvidas da morena.

– Eu me lembro agora... Eu caí. Oh, meu Deus, não....

O xamã lhe ofereceu água e Marguerite bebeu com desespero, quase engasgando.

– Devagar! Não se agite, vou cuidar de você e logo estará bem. Você é de grande importância aos antigos espíritos.

Marguerite olhou confusa para o velho, mas ela estava mais preocupada com outra coisa e preferiu não procurar entender mais enigmas agora.

– Eu preciso saber o que houve comigo. Por favor, me diga, eu...

O xamã se sentou ao lado da herdeira e conversaram sobre tudo que havia acabado de acontecer.

Roxton, muito impaciente e preocupado, andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça e se sentindo totalmente culpado. "Eu nunca vou poder me perdoar ", lamentava-se em silêncio.

– CHEGA. Eu não vou mais ficar aqui esperando.

. . . .

– Sonho? será mesmo apenas um sonho?

Ela olhou em silêncio e sentiu algo diferente em seu interior. Havia muito que pensar e como agir, ela precisava ser forte pra conseguir superar mais esse golpe em sua vida.

– E Roxton e Verônica?

– Lá em cima, muito preocupados com você.

– Eu imagino.

– Você ficará bem agora. Não se esqueça do que eu lhe disse.

– Não vou esquecer; e muito obrigada.

Roxton correu com o coração na mão em direção ao quarto de Marguerite e deu de cara com o xamã subindo as escadas.

– Como ela está?

Mas o homem nada respondeu. Apenas olhou para Roxton, que não gostou nada do semblante do xamã. O caçador desceu as escadas o mais rápido que pôde e entrou de uma vez no quarto. Encontrou Marguerite acordada e se ajoelhou do lado dela.

– Meu amor, como você está? O que está sentindo? Me diga, por favor...

– Eu estou bem, Lorde Roxton. Mas me deixe sozinha. Vá embora.

– Eu não vou sair do seu lado de jeito nenhum. O que ele disse? Como está o nosso filho?

Ela ficou em silêncio e virou o rosto para o lado. Queria ver os olhos tristes de Roxton, mas a dor e a decepção que sentia por ele estavam gritando em sua mente e trincando cada pedaço de um coração que tanto custou a acreditar novamente no amor.

– Marguerite, por favor, me diga. Vamos enfrentar isso juntos!

Ele acariciou-a no rosto ainda muito pálido, apesar de que a febre já havia baixado. Marguerite respirou fundo e se livrou do toque de Roxton.

– Eu perdi o bebê. Você está satisfeito? Agora vá embora e me deixe em paz!

"Eu perdi o bebê". Por um instante, que mais apareceu uma interinidade, Roxton sentiu uma dor tão forte; o que a acabara de ouvir se transformou em uma bala que atingiu o coração do nobre o destroçando em mil pedaços.

Marguerite ficou em silêncio e fechou os olhos apertando os punhos, tamanha era a vontade de que tudo fosse diferente, mas ela já estava acostumada a tomar decisões difíceis em sua vida conturbada. Certamente nenhuma foi tão difícil como esta que, em conseqüência, destruiu aquele que ela mais amava: Roxton.


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