Florescer escrita por Scorpion Flower


Capítulo 7
Capítulo 6 - Lutadora




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– Ainda quer me matar? – Anck su namun perguntou a Imhotep, sorridente, após encontrar sua filha.

Imhotep tocou o queixo dela.

– Se você tivesse me ajudado, teríamos cuidado dela juntos.

– Se você não tivesse insistido com o escorpião rei! – Ela disse firme.

Ele se aproximou dela e por um breve momento Anck su namun pensou que seria beijada.

– Eu darei o mundo a ela. – Imhotep disse e desapareceu, deixando-a sozinha.

Naquela mesma noite, Imhotep retornou ao quarto das garotas, se transformando em areia e entrando por uma fechadura. Ele viu sua filha dormindo. Ela sorriu nos seus sonhos e ele também sorriu. Havia muito dele nela. Ele beijou sua testa cuidadosamente para não acordá-la.
A amiga dela não estava tendo bons sonhos. Imhotep se aproximou de Angelica. A semelhança com Evelyn era espantosa. Ele tocou os cabelos dela. No mesmo instante, o sabor dos lábios de Evelyn e o punho de Rick vieram a sua mente. Ele se lembrou de que na última vez que havia despertado, Evelyn estava grávida... 18 anos atrás... Ah, como o destino era surpreendente! Aquela era a filha dos O’Connells! Ele sorriu consigo mesmo.

Angélica acordou com falta de ar. Num pesadelo, um zumbi a perseguia. Ela olhou ao redor e viu apenas Helena dormindo profundamente.

~.~

Angélica acordou um pouco mais tarde no seu dia de folga. Helena a deixou um bilhete:

“Estou na casa da minha mãe, comporte-se!

Beijos

Lena”.

Angelica tomou café com Evy e Rick.

– Então, minha best conheceu seus pais biológicos ontem.

– Sua o que? – Rick perguntou a ela.

– Minha best, melhor amiga.

– Isso é ótimo! – Evelyn comentou.

– Pois é, mas... Eu não gostei deles... Parece que estão mentindo, não sei...

– Talvez seja só sua primeira impressão – Rick disse a ela.

– É, quem sabe... – Angelica se lembrou do curioso Ardeth Bay. Ele parecia louco, mas sabe-se lá o porquê, ela não tinha medo dele. Rick e Evy também não causaram uma má impressão, pelo contrário. Porque os pais de Helena eram tão… assustadores?

– Evie, você sabe artes marciais? – Angelica perguntou.

– Um pouco... Rick me ensinou! – Ela sorriu para o marido – Por quê?

– Bem, eu estava pensando em aprender a lutar também... Às vezes tenho a impressão de ser seguida...

– Acho ótimo, toda garota deveria saber brigar. – Rick a incentivou.

– Concordo, Ardeth é uma boa pessoa. Pode confiar nele. – Evelyn disse a ela.

Depois de falar com os O’Connells, Angélica decidiu que ela iria encontrar Ardeth naquela noite. Mas antes, foi conhecer a movimentada cidade do Cairo. Ela foi para o museu, esperando encontrar a caixa que a levou para aquele mundo. Entretanto, Uma pintura lhe parecia muito familiar: Era uma representação do julgamento, onde o coração do morto era pesado pelos deuses. Whemple se aproximou dela.

– Um belo trabalho, não? – Ele disse, admirando a beleza exótica de Angélica.

– Sim... Esta é Isis? – Angélica apontou para um detalhe na pintura.

– Não, é Ma’at.

– Quem é ela?

– Tudo de correto – Whemple explicou – Geralmente ela é a deusa da justiça, ordem e equilíbrio, mas às vezes ela era só um conceito disso tudo.

– Você parece saber o que diz. – Angélica sorriu para ele.

– Um pouco. – ele sorriu – poderia te mostrar as coisas mais interessantes daqui se você se interessar...

– Eu me interesso – Ela respondeu.

Whemple mostrou a Angélica os artefatos mais incríveis do museu, ela gostou muito embora não houvesse nenhuma caixa para outra dimensão.

~.~

Helena estava adorando conhecer a sua mãe. Anck su namun deu a ela a pequena boneca vestida de Cleópatra.

– Isso deveria ter sido seu, mas nunca tive a chance de dá-la a você.

– É linda!

– Agora você é crescida demais para isso e tudo. – Anck su namun se sentiu triste. Ela havia perdido a infância inteira de sua filha.

– Nem tudo. Você ainda pode me ensinar a lutar! – Helena estava entusiasmada.

– Quem lhe disse que eu luto?

– Sua sala de armas.

De fato, Anck su namun tinha uma grande coleção de armas antigas. A maioria delas eram sais, mas também havia muitas lanças, espadas khopesh, machados e outros. Ela ensinou a luta elaborada de sais para Helena, que era muito habilidosa graças aos seus dias de rua. Elas se divertiram.

Imhotep chegou e as assistiu. Anck su namun ainda se movia tão charmosa quanto uma gata.

– Deixe-me ensiná-la como se luta de verdade. – Ele disse, escolhendo um machado.

– Isso é perigoso, ela ainda esta aprendendo! – Anck su namun o advertiu.

– Esta com medo novamente? – Imhotep a provocou.

Logo, Imhotep e Anck su namun estavam lutando com machados enquanto Helena os observava. Imhotep venceu. Anck su namun o fuzilou com o olhar.

– Minha vez! – Helena começou a lutar com o pai.

Imhotep não era tão cuidadoso quanto Anck su namun e logo Helena usou seus poderes em um reflexo, lançando a espada de Imhotep para longe. Todos se surpreenderam.

– Você tem os meus poderes! – Imhotep olhou admirado para ela.

~.~

Ao por do sol, Angelica pegou a adaga de Ardeth e foi para o prédio onde ele disse. O lugar estava em péssimas condições. Ela o chamou e um homem abriu a porta. O rosto dele estava coberto.

– Olá, eu gostaria de falar com Ardeth...

Dois Medjais a puxaram para dentro. Ali ela viu Ardeth e mais 6 Medjais com os rostos também cobertos. 4 deles eram mulheres e 2 eram Rick e Evy. Angélica viu apenas os olhos deles.

– Bela recepção! – Angelica disse irônica para Ardeth.

– Porque esta aqui? – Ardeth perguntou a ela.

– Você... Você disse que iria me ensinar a lutar...

– Eu não. Você vai aprender sozinha.

Ardeth levantou sua mão esquerda e dois Medjais avançaram na direção de Angelica. Eles a seguraram pelos pulsos. Com sorte, Ela se lembrou de alguns truques que Helena a ensinou e se soltou. Em seguida, ela deu soco em um deles, pegou a adaga de Ardeth e fez um corte profundo no braço do outro. Ela estava livre agora.

– Você mentiu! – Angelica gritou para Ardeth, segurando a adaga.

– Eu não menti. Esse foi um teste de bravura. Parabéns, você passou. – Ardeth disse orgulhoso.

Daquela noite em diante, o treinamento Medjai de Angélica começou. Rick e Evy a ensinavam muitas coisas, embora ela não pudesse ver o rosto deles. Isso só seria permitido quando ela se tornasse uma Medjai.

Quando estava aprendendo a usar a lança, ela foi atingida nas costelas. Angelica gritou de dor e caiu de joelhos. Imediatamente, Rick e Evelyn a ajudaram. Ela chorou um pouco. Depois de algum tempo descansando ela estava bem.

– Já quebrou alguma costela? – Rick a perguntou, sua voz abafada pelo véu.

– Sim, mas estou bem. Não foi nada.

– Como quebrou? – Evelyn tocou o ombro dela.

– Acidente de carro. Estou bem. – Angelica retornou a sua lição.

Na verdade, Angélica teve uma de suas costelas quebradas pelo seu pai, Carlos, na noite em que ele bateu nela embriagado.

~.~

Na manhã seguinte, Helena e seus pais chegaram cedo, quando Helena estava se arrumando para o trabalho. Helena estava mais feliz do que nunca e cumprimentou Angélica com alegria. Ela chegou com roupas novas, sapatos e joias: Presentes de seus pais. Eles também deram uns dois vestidos e um par de sapatos para Angélica. Ela os agradeceu e eles desceram.

– Droga! Esqueci minha bolsa! – Helena subiu as escadas, deixando Imhotep, Anck su namun e Angélica esperando.

– Ela falou muito de você. – Anck su namun disse a Angélica.

– Ela é a irmã que nunca tive – Angélica sorriu.

Anck su namun e Imhotep se entreolharam. Helena havia dito a mesma coisa sobre Angélica. Eles a fitaram pensativos.

– É uma linda manhã, não? – Angélica olhou para o céu. Os olhares deles a deixaram desconfortável.

“Para quem não é amaldiçoado é” – Imhotep pensou.

– Todas as manhãs são lindas agora que tenho minha Helena. – Anck su namun disse Não há nada pior do que estar só neste mundo.

– Você tem mais alguém aqui, Angelica? Algum parente? – Imhotep a perguntou.

– Não... Não tenho ninguém – Angelica não conseguiu disfarçar sua tristeza. Além de Helena, Ela não tinha ninguém naquele mundo ou no anterior.

Helena chegou com a sua bolsa e foi trabalhar com Angelica. Imhotep e Anck su namun saíram. Angelica se sentia como a garota mais sozinha no mundo.

Mais tarde, Angelica viu um homem perturbando um casal em uma mesa, uma briga estava para começar.

– Senhor? Sabe como tratamos asiáticos e comunistas aqui? – Angelica perguntou ao homem, sorrindo.

– Me diga! – o homem tinha um hálito de álcool insuportável.

– Com respeito! Por favor, deixe este casal em paz ou deixe este lugar.

O homem foi embora resmungando.

– Obrigada. – A senhorita chinesa sorriu para Angélica.

– Nós garotas devemos nos ajudar – Angélica sorriu de volta.

– E aos garotos também! Você pode nos dizer como chegar à casa dos meus pais, por favor? – o noivo da senhorita pediu algumas informações para Angélica e ela os ajudou. Aquele casal era Lin e Alex O’Connell.

~.~

Quando Alex e Lin chegaram a casa dos O’Connells, Evelyn e Rick contaram tudo a eles.

– Vamos lá mãe, isso é impossível! - Alex riu.

– Não é não! – Lin o reprimiu – Algumas feiticeiras na China antiga trocavam suas crianças de útero usando magia para proteger a linhagem de inimigos ou apenas não abandoná-las.

– Há alguma maneira de termos certeza que ela é nossa? – Rick perguntou intrigado.

Lin pensou por um momento e pegou um livro velho em sua bolsa.

– Este era um dos livros da minha mãe – Lin disse, mostrando as páginas para eles.

– Mas... Todas as páginas estão em branco. – Evelyn disse.

– Não estão em branco. Estão “trancadas”. Minha mãe e eu costumávamos “trancar” coisas importantes com nosso sangue. As palavras deste livro só podem ser acessadas com uma gota do meu sangue ou do sangue da minha mãe. Chamávamos isso de “Feitiço da Chave de Sangue”.

– Então se Evie e eu enfeitiçarmos algo e entregar pra Angelica...

– Nós saberemos se ela é nossa filha! – Evelyn completou o raciocínio de Rick.

– Eu posso ensinar a vocês. – Lin sorriu.

– Só um momento. – Rick foi falar com Evelyn em particular.

– Querida, Eu aceito fazer isso já que insiste. Eu sei que você sempre quis uma menina, mas precisamos nos preparar para a possibilidade dela não ser nossa.

– Eu sei. – Evelyn disse com calma – Mas tenho esperança.

– Eu também. Mas não quero ver você sofrer.

– Eu não irei. – Evelyn sorriu para ele. No fundo ela sabia que estava certa, por mais estranho que fosse.

Rick a abraçou e eles se beijaram suavemente.


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