Florescer escrita por Scorpion Flower


Capítulo 12
Capítulo 11 - Salve-me




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Rick deu um soco em Imhotep.
— Você sabia! Seu desgraçado, você sabia disso o tempo todo! – Rick gritou e continuou batendo no seu inimigo, em vão.
— Isso é tudo culpa sua! – Evelyn gritou para Anck su namun – Eles a tiraram de mim por sua culpa, sua maldita! Se ela não voltar de lá eu juro que dessa vez eu irei matar você!


~.~


Angelica entrou no templo. Achou estranho como o lugar parecia maior por dentro, as paredes repletas de pinturas bem conservadas, iluminadas por tochas. “Quem diabos acendeu tudo isso?” pensou. Em seguida, ela viu uma estátua brilhante da deusa Serket e logo a frente um sarcófago de ouro, com desenhos de escorpiões, decorado com pedras preciosas.
“Serket deve estar ali dentro”
Angelica empurrou a pesada tampa, mas o sarcófago estava vazio.
— Procurando alguma coisa? – Uma voz feminina disse bruscamente.
Angelica olhou para cima e no lugar da estátua de Serket ela viu uma bonita mulher, vestida em roupas douradas que faziam um brilhante contraste com sua pele negra. Em sua cabeça um diadema em forma de escorpião. A beldade estava sentada com suas pernas cruzadas, fitando-a.
— Quem... quem é você? – Angelica perguntou surpresa.
— Eu sou Serket, Senhora do céu, Aquela que alivia e sufoca as respirações – A deusa disse num tom pomposo – O que faz em meu templo?
— Eu... Eu sou Angelica e vim buscar a cura. Minha amiga precisa por que...
— porque um escorpião de Seth a picou, eu sei. Não quer o tesouro?
Angelica olhou para trás, uma montanha brilhante de tesouros reluzia. Rubis, ouro, jóias e tantas outras maravilhas. Ela viu um colar de diamantes ofuscante. Imaginou quantas coisas poderia comprar... Quantos problemas desapareceriam com todo o dinheiro...
— Não! – Angelica sacudiu a cabeça, tentando repelir a tentação – Helena precisa da cura, por favor! Você já ajudou tantas pessoas, ajude-a também, por favor!
Serket a fitou friamente e depois sorriu:
— O seu coração é puro e você a adora... Talvez você tenha chance...
A montanha de tesouros antes reluzente se tornou escura como um breu, tomando a forma de uma enorme criatura, metade escorpião e metade homem. Mumificado mas não menos feroz: O Escorpião Rei.
— O escorpião rei? Mas ele pertence a Anúbis! – Angelica disse.
— Sim, mas sabe... Eu adoro escorpiões! – Serket sorriu – Mate-a! – a deusa ordenou.
O escorpião-rei avançou na direção de Angelica, ela se escondeu atrás de uma estátua, mas ele a destruiu. Angelica pegou a arma de Rick e disparou, mas as balas também falharam. O escorpião a acertou com soco violento, jogando-a no ar. Angelica caiu no chão inconsciente.


~.~


— Rick! Precisamos entrar agora! – Evelyn gritou para o marido.
Rick tirou algumas dinamites do carro, mas Ardeth o impediu.
— Não sabemos como é a estrutura! Você pode enterrá-la viva! – Ardeth disse.
— E o que faremos? – Rick perguntou em desespero.
— Espere. Quando a batalha terminar os portões se abrirão. Tenham fé. Nós a educamos.
Evelyn pôs as mãos na cabeça enquanto Rick a abraçava.


~.~


Alguns deuses assistiam a batalha de Angelica.
— Ela está em desvantagem – Thoth analisava a situação.
— Ela não vai conseguir! Precisa de ajuda! – Ma’at gritou.
— Tenho uma ideia, mas preciso de sua aprovação, querido – Ísis disse a Osíris.
— Você nem precisa pedir. – Osíris respondeu.


~.~


Angelica acordou. Estava em um lugar completamente diferente do templo. Tudo era luz. Uma mulher se aproximou dela. Era a sua mãe, Sarah.
— Mãe! – Angelica sentiu o calor do abraço de Sarah – Eu... estou morta?
— Nem perto, meu anjo. – Sarah respondeu calmamente, acariciando o rosto dela – Você tem muito a fazer, começando por pegar aquela cura.
— Mas eu não consigo.
— Consegue! Use a lança! Apenas a lança de Osíris pode matá-lo! – A voz de Sarah ecoou enquanto ela começava a se afastar.
— Mãe, não! – Angelica a segurou com toda a sua força – Estou perdida! Por favor, não me deixe de novo!
— Você não esta sozinha querida, seus pais irão guiá-la e eu sempre vou te observar.
Sarah soltou a mão de Angelica. Osíris estava chamando-a. Angelica acordou no chão duro e quente do templo, seu corpo doía. Seria aquilo um sonho? Foi tão real.
A lança de Osíris estava a um toque de distância. Angelica se lembrou das palavras da mãe e a pegou. Assim que tentava se levantar o escorpião rei a agarrou com uma de suas enormes pinças e levantou. Angelica pode olhar a criatura nos olhos, que rugia ferozmente. Num piscar de olhos Angelica abriu a lança e a lançou direto no coração do monstro, que em segundos se tornou cinzas. Angelica usou um “truque” que aprendera com os Medjais e caiu de pé, como uma gata.
A deusa Serket a aplaudiu.
— Muito bom, garota! – Ela riu – Esfregue aquilo na ferida – Serket disse, apontando para um lótus vermelho.
— Obrigada – Angelica se virou para agradecer, mas encontrou apenas a estátua imóvel e sem vida da deusa. Ela colheu a brilhante flor e a colocou no bolso.
— Obrigada – Angelica deu uma última olhada ao seu redor e partiu, refletindo sobre o que acontecera.


~.~


Do lado de fora, os portões para o templo finalmente se abriram. Rick e Evelyn esperaram ansiosos por um momento e não viram nenhum vestígio de Angelica. Evelyn repousou sua cabeça no peito de Rick enquanto olhava. Quanto mais o tempo passava, maior era a tristeza no coração deles. Imhotep se sentiu satisfeito. Agora ele ressuscitaria sua filha e encontraria um jeito de dominar o mundo.
— Ali está ela! – Anck su namun gritou.
Angelica finalmente apareceu. Um pequeno corte sangrava na lateral de sua cabeça. Sua camisa xadrez estava suja e rasgada em algumas partes. Evelyn correu na direção dela e a abraçou. Rick fez o mesmo.
— Graças a Deus, pensei que não iria voltar! – Evelyn disse, cobrindo a filha de beijos, como se pudesse compensar todos os anos que não a beijou.
— Desculpa a demora, tive que lidar com o escorpião-rei – Angelica respondeu um pouco tímida.
— Você matou o escorpião-rei? – Imhotep a perguntou, incrédulo.
— Metade escorpião, grande e malvado... Acho que era ele.
— Essa é minha garota! – Rick fez um cafuné em Angelica, que sorriu acanhada, iria precisar de um tempo para se acostumar com aqueles pais.
— Onde está a cura? – Anck su namun perguntou.
— Comigo. EU a darei a Helena depois que todos chegarmos em segurança ao hospital – Angelica respondeu asperamente e se virou para Imhotep. – Vamos logo.
Imhotep a fuzilou com o olhar.
— Você descobriu quem você é Angelica. Isso nunca desaparece. – Ardeth disse a ela. Ele encarou Imhotep e depois saiu com os Medjais. Eles iriam lutar, mas não hoje. Se a escolhida de Ma’at queria ajudar a filha dele, era porque aquilo era o justo a se fazer, por enquanto.


~.~

Quando chegaram ao hospital, Alex e Lin estavam do lado de fora do quarto de Helena.
— Angelica! O que houve com você? – Alex perguntou, surpreso com a aparência da irmã.
— Longa história, E a Lena?
— Nada bem... – Lin hesitou.
Um médico saiu do quarto de Helena.
— Fizemos tudo o que podíamos... Ela se foi, sinto muito – O médico fez uma pausa – Foi uma parada cardíaca...
Angelica o empurrou para entrar, Ali ela viu sua amiga deitada, pálida e sem vida na cama. Angelica descobriu o calcanhar dela e esfregou o lótus vermelho na ferida, como Serket disse.
— Funcione! – Angelica sussurrou.
A ferida ficou com um aspecto melhor, mas Helena ainda estava morta. Imhotep e Anck su namun entraram no quarto. Evelyn e Rick também.
— Não esta adiantando! Você disse que era a cura! – Angelica disse a eles.
— Pode curar as feridas, mas não pode ressuscitar os mortos – Imhotep disse.
Anck su namun caiu de joelhos. Imhotep a pegou, ela o empurrou, mas depois chorou em seus braços. Evelyn olhou para ela com angústia. Mesmo que não a perdoasse, seu sofrimento era mais que suficiente.
— Não! Inferno! Helena, Não ouse fazer isso comigo! – Angelica gritou.
Angelica se lembrou de quando era criança e estava na escola com Helena.
“Não, não ouse fazer isso comigo!” Angelica gritou, mas mesmo assim Helena a trancou no armário por alguns segundos enquanto gargalhava.
Helena nunca obedeceu as palavras “não ouse”.
Agora, Angelica estava aos soluços, sacudindo o corpo inerte de Helena. Rick segurou os seus ombros, tentando fazer com que ela parasse.
— Querida eu sinto muito – Evelyn disse a ela.
— Eu quero a minha amiga de volta! Por favor, Deus ou Deuses, eu a quero de volta! – Angelica repetia e chorava sobre o corpo de Helena. Uma de suas lágrimas tocou a pedra turquesa do colar de Helena. Choros e lamentos eram o único som do quarto.


~.~


No submundo, Helena se encontrava com Anúbis.
— Venha comigo criança, sua triste e breve vida terminou – O deus disse enquanto tomava a mão dela.
No caminho para a sala do julgamento Helena ouviu a voz de Angelica.
— Angel? – Ela disse, procurando a amiga.
Anúbis a ignorou, os mortos eram frequentemente desorientados.
— Angel, onde você esta? – Helena gritou enquanto soltava a mão de Anúbis e desapareceu.
— Às vezes sinto falta de quando as pessoas permaneciam mortas – Anúbis suspirou e se foi.
~.~
De volta ao leito de morte de Helena, Angelica estava entorpecida enquanto Rick e Evelyn tentavam consolá-la, Evelyn limpava o ferimento da cabeça de Angelica. Imhotep estava ao lado de Anck su namun que chorava sobre o corpo da filha.
De repente, a turquesa do colar de Helena brilhou, iluminando todo o quarto no vislumbre e para a surpresa de todos, Helena respirou e voltou à vida.
— Helena! – Angelica exclamou.
— Escutei você gritando e – Helena disse enquanto Angelica a abraçava– o que aconteceu? – Ela perguntou.
— Você estava morta querida, mas agora você voltou! – Anck su namun abraçou Helena – Obrigada – Ela disse a Angelica.
— Não foi ela – Imhotep disse – o lótus de Serket foi inútil.
— Bom, então talvez ela tenha puxado a você! – Rick disse a ele.
Evelyn deu um olhar de cuidado para o marido enquanto a senhora Karima entrava no quarto.
— Ora, ora... Encontraram uma das minhas turquesas! – com essas palavras, a senhora Karima se transformou na formosa e radiante deusa Hathor.
— E quando as minhas turquesas são encontradas – a deusa explicou – elas concedem desejos aos puros de coração que os fazem com amor.
Helena se lembrou de todas as vezes que desejou encontrar seus pais verdadeiros com aquele colar. Imhotep e Anck su namun se ajoelharam na frente de Hathor, e ela deu suas mãos para eles.
— Ainda separados, me desapontam – Hathor se virou para Helena e Angelica – vocês sabem por que são amigas?
Elas pensaram em mil razões, mas nenhuma delas respondeu.
— É isso mesmo. Um amor puro como uma amizade altruísta assim não tem explicação. Faz os mortais se aproximarem dos deuses. Porém, esse foi apenas o primeiro desafio de vocês. O florescer do seu destino e o primeiro teste de uma jornada. Boa sorte.
Com essas palavras, a deusa se transformou numa gata e saiu por uma janela.
— você viu aquilo? – Helena perguntou a Angelica.
— Vi – Angelica suspirou - Esse mundo é esquisito.
— Desculpe Angel, fui uma imbecil.
— Tudo bem, estou feliz porque você ainda é uma – Angelica sorriu.
— Cara, olha o seu cabelo! Você foi pra guerra? – Helena disse a ela, brincalhona.
— Não tira o sarro de mim! Estava salvando seu traseiro! – Angelica jogou um travesseiro em Helena.
— Grande coisa! Também já salvei a sua!
As duas começaram uma guerra de travesseiros.
Imhotep deixou o quarto pensativo, enquanto uma equipe de médicos entrava na sala, tentando entender qual milagre havia ocorrido ali.
Rick e Evelyn se olharam felizes, então olharam para Anck su namun que também olhou para eles. Imhotep também os encarava de uma janela enquanto partia.
Como eles lidariam com eles mesmos? E como lidariam com suas filhas?
Salvar o mundo sendo pais. Outra vez.
Raios do por do sol entravam no quarto enquanto eles se preocupavam.


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