Florescer escrita por Scorpion Flower


Capítulo 11
Capítulo 10 - Anjo Armado




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– Alguém me ajude, por favor! – Angelica gritava enquanto tentava carregar Helena.

Alex e Lin, que estavam por perto, correram até as duas e as levaram para o hospital. Os médicos fizeram inúmeras perguntas que Angelica não sabia responder.

– Foi um escorpião vermelho e preto que fez isso, eu o vi! – Angelica dizia freneticamente, mas os médicos não acreditaram. Sem dúvida a ferida de Helena parecia uma ferroada, mas aqueles sintomas eram fortes demais para qualquer picada de escorpião existente no Egito ou no mundo.

Um dos médicos conhecia a senhora Crawford e se dirigiu ao telefone.

– Ela vai ficar bem, não se preocupe – Alex pousou o braço sobre os ombros de Angelica.

Ela o fitou com certo espanto.

– O que foi? – Alex perguntou.

– Você... É meu irmão...? – Angelica hesitou. Nunca imaginou que pudesse ter um irmão mais velho.

– Sim. E acho que você é minha irmãzinha – Alex sorriu para Angelica.

– E eu sou sua cunhada. Desculpe pelo chá, estávamos preocupados – Lin disse a ela.

– Onde está a minha filha? - Uma voz feminina fulminou.

Angelica se virou e seus olhos se cerraram ao ver Crawford e Khalid, ou melhor, Anck su namun e Imhotep chegando. Angelica sentia sua cabeça ferver. Anck su namun havia matado Evelyn e começado tudo aquilo. Era tudo culpa deles. Angelica avançou na direção de Anck su namun.

– Lin, chame os meus pais, rápido! – Alex gritou e sacou seu revólver.

– FOI VOCÊ! – Angelica gritou enquanto pressionava Anck su namun contra uma parede.

– Senhorita Evergreen... – Imhotep tentou separá-las...

– Fique longe de mim, Imhotep! – Angelica rugiu e as palavras os atingiram como um raio.

Imhotep olhou para ela e Alex. O pequeno garoto dos O’Connells era um homem agora.

– Vocês mataram a minha mãe e agora estão matando a minha irmã! – A cabeça de Angelica doía enquanto a sua vida passada e a atual se ajustavam.

– O que houve com Helena? – Anck su namun perguntou sem se mexer enquanto suportava o olhar feroz de Angelica.

– Um maldito escorpião a picou! Por acaso...

– Ele deveria matar você! – Imhotep confessou, abismando a todos.

Uma enfermeira chegou e pediu para Alex guardar a arma dele. Todos se recompunham a fim de não chamar ainda mais atenção.

– Por quê? Eu estava indo embora! – Angelica disse confusa.

– Porque enquanto você e a sua família viver o mundo nunca será meu! – Imhotep encarou Angelica e Alex com ódio.

– Não podem desfazer isso? – Alex perguntou.

Imhotep balançou sua cabeça angustiado. Uma lágrima caiu do rosto de Anck su namun. Angelica finalmente a soltou.

– Serket. Talvez ela possa. – Ancksunamun disse.

– A deusa escorpião? – Alex perguntou a ela.

– Sim. Há muito tempo, Serket era uma feiticeira capaz de curar qualquer picada de escorpião. Diziam que ela era filha de Rá. Ela foi sepultada em um templo e divinizada, pois mesmo morta ela ainda concedia curas, por um preço: derrotar o guardião do templo – Anck su namun explicou.

– Então você vai me levar até lá! – Angelica ordenou.

Whemple chegou até o hospital. Imhotep sussurrou alguma coisa a ele e então seu servo partiu apressadamente. Enquanto Whemple saia, os O’Connells e Carlos chegavam, sobressaltados.

– Afaste-se deles, AGORA! – Rick apontou duas pistolas para Imhotep e Anck su namun enquanto o resto do hospital se alvoroçava.

– Rick, espere! – Angelica disse a ele.

– Faça o que ele diz Angelica, por favor! – Evelyn disse a ela, nervosamente.

– Mãe... Pai... – Angelica hesitou.

Angelica se sentiu desorientada, tudo estava girando – um efeito colateral do chá mágico. Evelyn a segurou antes que ela caísse. Aquele emaranhado de perigo e sentimentos não impediu Rick de abaixar suas armas, por mais que os membros do hospital o pedissem.

– Você voltou – Evelyn disse sorrindo, enquanto segurava o rosto febril de Angelica.

Angelica não sabia como se sentir, mas pousou a cabeça no ombro de Evelyn enquanto ela a abraçava e permitiu que o conforto daquele abraço a encontrasse.

– Me desculpe por ter duvidado é... Muito esquisito – Angelica deixou algumas lágrimas caírem.

– Não se preocupe, vai ficar tudo bem – Evelyn disse e beijou a cabeça dela.

Imhotep e Anck su namun foram ver Helena, indiferentes a tudo aquilo. Rick guardou as armas e se desculpou com os médicos.

– Você vai se acostumar com esquisitices – Rick disse, enquanto abraçava a filha e a esposa.

~.~

– Helena, acorde. – Anck su namun chorava ao ver a filha.

Helena não acordou. Embora tentasse abrir os olhos, aquilo era tão difícil quanto respirar. Os médicos diziam que ela não reagia e estava à beira de um coma.

Para Imhotep, ser enterrado vivo era apenas uma sombra da impiedosa tortura de assistir Helena morrendo por causa dele.

– Minha amada – Ele disse, abraçando Anck su namun – Não chore, eu tenho O Livro dos Mortos, irei trazê-la de volta como trouxe você.

– Não, de novo não! Já desafiamos os deuses o suficiente e eles estão nos punindo de novo! Eu irei com Angelica pegar a cura.

– Talvez não funcione, aquilo não era um escorpião comum – ele respondeu e tentou convencê-la, mas por mais doloroso que fosse Anck su namun preferia ver a filha morta à amaldiçoada como ela.

~.~

Os O’Connells estavam discutindo. Rick e Evelyn não concordaram com a ideia do templo de Serket e se olhavam com frustação agora. Mal haviam encontrado Angelica e ela já queria se meter em problemas.

– Já disse que estou bem, foi só uma tontura! – Angelica disse.

– Vamos Angelica, isso é suicídio. Você pode se machucar – Carlos disse a ela.

– Que irônico! Sabia que você quebrou uma costela minha? – Angelica respondeu ao pai adotivo, irritada.

Carlos abaixou sua cabeça, envergonhado, enquanto os O’Connells o encaravam.

– Olha, eu sei que vocês odeiam os pais dela, eu não também não gosto deles – Angelica falava com os seus “novos pais” – Mas Helena é inocente! Ela já me salvou inúmeras vezes, Está assim por minha causa! Eu não posso vê-la morrer com uma cura por aí! Desculpem, mas estou indo naquele templo custe o que custar!

Rick suspirou, ela era mais teimosa que Alex.

– Você já ficou sozinha o bastante. – Evelyn disse a ela – Nós iremos com você.

– Eu também vou – Anck su namun disse – Nefertiri, Evelyn, Angelica... Desculpem-me. Agora provo o sabor da dor que causei.

Angelica olhou para Evelyn que apenas fuzilou Anck su namun com o olhar.

Whemple finalmente chegou ofegante, carregando uma caixa comprida e estreita. Ele a abriu ao comando de Imhotep. Um magnífico cetro de ouro estava lá dentro. Imhotep olhou para os O’Connells com rancor e então se virou para Angélica, friamente:

– Seu pai usou isso para matar o Escorpião-Rei.

É a lança de Osíris! – Alex se recordou.

Angelica tomou o cetro em suas mãos, cuidadosamente.

– Não parece uma lança – Angelica examinava o cetro e com alguns movimentos de seus dedos o fez se desdobrar numa magnífica lança de ouro – Nossa! Entendi...

– Use isso para matar o guardião de Serket – Imhotep disse a ela.

– Porque você mesmo não vai matá-lo? – Rick perguntou a ele.

– Os amaldiçoados não podem entrar – Imhotep respondeu Rick. Na verdade, Imhotep temia que Serket tirasse o que sobrou de seus poderes como Anúbis fez antes. O risco de voltar para o submundo era grande demais.

– Alex, Lin... Eu preciso que vocês fiquem aqui e cuidem de Helena, por favor – Angelica disse a eles.

– Esta bem – Alex assentiu, apesar de querer ir.

– Nós garotas precisamos nos ajudar – Lin disse a Angelica e elas sorriram.

– Tem certeza que quer fazer isso? – Rick perguntou a filha.

– Eu preciso! – Angelica sacudiu a lança, fazendo-a se fechar num cetro novamente – Chocante!

Angelica meteu o cetro no bolso da calça jeans e não dando a mínima para o que alguns comentavam sobre suas roupas “masculinas” foi ver Helena.

– Lena, se você pode me ouvir, aguente firme tá bom? Vou trazer o remédio. Até logo e boa noite irmãzinha – Angelica ajeitou a franja da amiga e partiu.

~.~

Enquanto Imhotep e Anck su namun se despediam de Helena, Os O’Connells estavam a alguns metros do hospital, numa área deserta. Rick entregou um revólver a Angelica.

– Sabe usar isso? – Ele a perguntou.

– Mais ou menos.

– Atire! – Rick jogou uma garrafa vazia no ar e Angelica atirou, acertando a garrafa em cheio.

– Ah Sim! Viu isso? Ela tem a sua mira! – Rick disse a Evelyn, muito feliz.

– Outra aventureira. Que Deus me ajude. – Evelyn sorriu.

– Lembre-se de encontrar o ponto de equilíbrio da lança – Rick disse a Angelica.

– Sim e atenção aos joelhos – Evelyn completou.

Angelica fitou os olhos deles por um instante. Já havia ouvido aquelas instruções.

– Esta bem, Medjais. – Ela disse a eles.

Imhotep e Anck su namun chegaram.

– Estão prontos? – Imhotep perguntou sombriamente.

– Como chegaremos lá? Helena não tem muito tempo – Anck su namun disse a ele.

Imhotep se transformou num furacão de areia, levando Anck su namun, Angelica, Rick e Evelyn com ele.

~.~

– Ele te levou pra Hamunaptra desse jeito? – Angelica perguntou a Evelyn, depois de terem chegado num deserto.

Imhotep levantou seus braços e a areia se moveu, revelando escadas para algum tipo de câmara subterrânea. O esforço o deixou ofegante, Anck su namun o ajudou.

Alguns Medjais, incluindo Ardeth chegaram e se puseram na frente das escadas, formando uma barreira.

– Angelica, você e os O’Connells devem partir agora. – Ardeth ordenou.

– O que? Não, eu preciso...

– Não, você não precisa! Esta predestinada a trazer justiça a esse mundo enquanto Helena deve trazer o caos a nós. O destino dela deve terminar agora.

Imhotep e Anck su namun encararam Ardeth com fúria.

– Besteira! Quem disse? – Angelica gritou.

– O sangue de vocês diz! Não permitiremos que entrem neste templo!

Angelica respirou fundo. Talvez ela pudesse convencê-lo, mas estava com pressa.

– To nem aí! – Angelica disse e disparou na direção deles, Rick e Evelyn tentaram lhe dar cobertura, mas o Medjais tornaram isso difícil. Eles atacaram a todos, incluindo Imhotep e Anck su namun.

Uma das últimas batalhas de treinamento de um Medjai é tentar derrotar o mestre. Angelica travava uma batalha de espadas com Ardeth agora. Impaciente, ela pegou a arma de Rick e atirou na espada de Ardeth, tirando-a das mãos dele. Anck su namun o segurou.

– Vá Angelica! Salve-a! – Anck su namun gritou, tentando conter Ardeth.

Angelica alcançou as escadas e depois que ela entrou, um grande portão desceu, fechando a passagem.

– Parem! – Ardeth gritou para os Medjais – A sorte foi lançada!

Rick e Evelyn tentaram abrir o portão em vão.

– Não adianta – Ardeth disse a eles – Somente uma pessoa por vez pode entrar no templo. Ninguém nunca retornou.


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