Florescer escrita por Scorpion Flower
– Alguém me ajude, por favor! – Angelica gritava enquanto tentava carregar Helena.
Alex e Lin, que estavam por perto, correram até as duas e as levaram para o hospital. Os médicos fizeram inúmeras perguntas que Angelica não sabia responder.
– Foi um escorpião vermelho e preto que fez isso, eu o vi! – Angelica dizia freneticamente, mas os médicos não acreditaram. Sem dúvida a ferida de Helena parecia uma ferroada, mas aqueles sintomas eram fortes demais para qualquer picada de escorpião existente no Egito ou no mundo.
Um dos médicos conhecia a senhora Crawford e se dirigiu ao telefone.
– Ela vai ficar bem, não se preocupe – Alex pousou o braço sobre os ombros de Angelica.
Ela o fitou com certo espanto.
– O que foi? – Alex perguntou.
– Você... É meu irmão...? – Angelica hesitou. Nunca imaginou que pudesse ter um irmão mais velho.
– Sim. E acho que você é minha irmãzinha – Alex sorriu para Angelica.
– E eu sou sua cunhada. Desculpe pelo chá, estávamos preocupados – Lin disse a ela.
– Onde está a minha filha? - Uma voz feminina fulminou.
Angelica se virou e seus olhos se cerraram ao ver Crawford e Khalid, ou melhor, Anck su namun e Imhotep chegando. Angelica sentia sua cabeça ferver. Anck su namun havia matado Evelyn e começado tudo aquilo. Era tudo culpa deles. Angelica avançou na direção de Anck su namun.
– Lin, chame os meus pais, rápido! – Alex gritou e sacou seu revólver.
– FOI VOCÊ! – Angelica gritou enquanto pressionava Anck su namun contra uma parede.
– Senhorita Evergreen... – Imhotep tentou separá-las...
– Fique longe de mim, Imhotep! – Angelica rugiu e as palavras os atingiram como um raio.
Imhotep olhou para ela e Alex. O pequeno garoto dos O’Connells era um homem agora.
– Vocês mataram a minha mãe e agora estão matando a minha irmã! – A cabeça de Angelica doía enquanto a sua vida passada e a atual se ajustavam.
– O que houve com Helena? – Anck su namun perguntou sem se mexer enquanto suportava o olhar feroz de Angelica.
– Um maldito escorpião a picou! Por acaso...
– Ele deveria matar você! – Imhotep confessou, abismando a todos.
Uma enfermeira chegou e pediu para Alex guardar a arma dele. Todos se recompunham a fim de não chamar ainda mais atenção.
– Por quê? Eu estava indo embora! – Angelica disse confusa.
– Porque enquanto você e a sua família viver o mundo nunca será meu! – Imhotep encarou Angelica e Alex com ódio.
– Não podem desfazer isso? – Alex perguntou.
Imhotep balançou sua cabeça angustiado. Uma lágrima caiu do rosto de Anck su namun. Angelica finalmente a soltou.
– Serket. Talvez ela possa. – Ancksunamun disse.
– A deusa escorpião? – Alex perguntou a ela.
– Sim. Há muito tempo, Serket era uma feiticeira capaz de curar qualquer picada de escorpião. Diziam que ela era filha de Rá. Ela foi sepultada em um templo e divinizada, pois mesmo morta ela ainda concedia curas, por um preço: derrotar o guardião do templo – Anck su namun explicou.
– Então você vai me levar até lá! – Angelica ordenou.
Whemple chegou até o hospital. Imhotep sussurrou alguma coisa a ele e então seu servo partiu apressadamente. Enquanto Whemple saia, os O’Connells e Carlos chegavam, sobressaltados.
– Afaste-se deles, AGORA! – Rick apontou duas pistolas para Imhotep e Anck su namun enquanto o resto do hospital se alvoroçava.
– Rick, espere! – Angelica disse a ele.
– Faça o que ele diz Angelica, por favor! – Evelyn disse a ela, nervosamente.
– Mãe... Pai... – Angelica hesitou.
Angelica se sentiu desorientada, tudo estava girando – um efeito colateral do chá mágico. Evelyn a segurou antes que ela caísse. Aquele emaranhado de perigo e sentimentos não impediu Rick de abaixar suas armas, por mais que os membros do hospital o pedissem.
– Você voltou – Evelyn disse sorrindo, enquanto segurava o rosto febril de Angelica.
Angelica não sabia como se sentir, mas pousou a cabeça no ombro de Evelyn enquanto ela a abraçava e permitiu que o conforto daquele abraço a encontrasse.
– Me desculpe por ter duvidado é... Muito esquisito – Angelica deixou algumas lágrimas caírem.
– Não se preocupe, vai ficar tudo bem – Evelyn disse e beijou a cabeça dela.
Imhotep e Anck su namun foram ver Helena, indiferentes a tudo aquilo. Rick guardou as armas e se desculpou com os médicos.
– Você vai se acostumar com esquisitices – Rick disse, enquanto abraçava a filha e a esposa.
~.~
– Helena, acorde. – Anck su namun chorava ao ver a filha.
Helena não acordou. Embora tentasse abrir os olhos, aquilo era tão difícil quanto respirar. Os médicos diziam que ela não reagia e estava à beira de um coma.
Para Imhotep, ser enterrado vivo era apenas uma sombra da impiedosa tortura de assistir Helena morrendo por causa dele.
– Minha amada – Ele disse, abraçando Anck su namun – Não chore, eu tenho O Livro dos Mortos, irei trazê-la de volta como trouxe você.
– Não, de novo não! Já desafiamos os deuses o suficiente e eles estão nos punindo de novo! Eu irei com Angelica pegar a cura.
– Talvez não funcione, aquilo não era um escorpião comum – ele respondeu e tentou convencê-la, mas por mais doloroso que fosse Anck su namun preferia ver a filha morta à amaldiçoada como ela.
~.~
Os O’Connells estavam discutindo. Rick e Evelyn não concordaram com a ideia do templo de Serket e se olhavam com frustação agora. Mal haviam encontrado Angelica e ela já queria se meter em problemas.
– Já disse que estou bem, foi só uma tontura! – Angelica disse.
– Vamos Angelica, isso é suicídio. Você pode se machucar – Carlos disse a ela.
– Que irônico! Sabia que você quebrou uma costela minha? – Angelica respondeu ao pai adotivo, irritada.
Carlos abaixou sua cabeça, envergonhado, enquanto os O’Connells o encaravam.
– Olha, eu sei que vocês odeiam os pais dela, eu não também não gosto deles – Angelica falava com os seus “novos pais” – Mas Helena é inocente! Ela já me salvou inúmeras vezes, Está assim por minha causa! Eu não posso vê-la morrer com uma cura por aí! Desculpem, mas estou indo naquele templo custe o que custar!
Rick suspirou, ela era mais teimosa que Alex.
– Você já ficou sozinha o bastante. – Evelyn disse a ela – Nós iremos com você.
– Eu também vou – Anck su namun disse – Nefertiri, Evelyn, Angelica... Desculpem-me. Agora provo o sabor da dor que causei.
Angelica olhou para Evelyn que apenas fuzilou Anck su namun com o olhar.
Whemple finalmente chegou ofegante, carregando uma caixa comprida e estreita. Ele a abriu ao comando de Imhotep. Um magnífico cetro de ouro estava lá dentro. Imhotep olhou para os O’Connells com rancor e então se virou para Angélica, friamente:
– Seu pai usou isso para matar o Escorpião-Rei.
– É a lança de Osíris! – Alex se recordou.
Angelica tomou o cetro em suas mãos, cuidadosamente.
– Não parece uma lança – Angelica examinava o cetro e com alguns movimentos de seus dedos o fez se desdobrar numa magnífica lança de ouro – Nossa! Entendi...
– Use isso para matar o guardião de Serket – Imhotep disse a ela.
– Porque você mesmo não vai matá-lo? – Rick perguntou a ele.
– Os amaldiçoados não podem entrar – Imhotep respondeu Rick. Na verdade, Imhotep temia que Serket tirasse o que sobrou de seus poderes como Anúbis fez antes. O risco de voltar para o submundo era grande demais.
– Alex, Lin... Eu preciso que vocês fiquem aqui e cuidem de Helena, por favor – Angelica disse a eles.
– Esta bem – Alex assentiu, apesar de querer ir.
– Nós garotas precisamos nos ajudar – Lin disse a Angelica e elas sorriram.
– Tem certeza que quer fazer isso? – Rick perguntou a filha.
– Eu preciso! – Angelica sacudiu a lança, fazendo-a se fechar num cetro novamente – Chocante!
Angelica meteu o cetro no bolso da calça jeans e não dando a mínima para o que alguns comentavam sobre suas roupas “masculinas” foi ver Helena.
– Lena, se você pode me ouvir, aguente firme tá bom? Vou trazer o remédio. Até logo e boa noite irmãzinha – Angelica ajeitou a franja da amiga e partiu.
~.~
Enquanto Imhotep e Anck su namun se despediam de Helena, Os O’Connells estavam a alguns metros do hospital, numa área deserta. Rick entregou um revólver a Angelica.
– Sabe usar isso? – Ele a perguntou.
– Mais ou menos.
– Atire! – Rick jogou uma garrafa vazia no ar e Angelica atirou, acertando a garrafa em cheio.
– Ah Sim! Viu isso? Ela tem a sua mira! – Rick disse a Evelyn, muito feliz.
– Outra aventureira. Que Deus me ajude. – Evelyn sorriu.
– Lembre-se de encontrar o ponto de equilíbrio da lança – Rick disse a Angelica.
– Sim e atenção aos joelhos – Evelyn completou.
Angelica fitou os olhos deles por um instante. Já havia ouvido aquelas instruções.
– Esta bem, Medjais. – Ela disse a eles.
Imhotep e Anck su namun chegaram.
– Estão prontos? – Imhotep perguntou sombriamente.
– Como chegaremos lá? Helena não tem muito tempo – Anck su namun disse a ele.
Imhotep se transformou num furacão de areia, levando Anck su namun, Angelica, Rick e Evelyn com ele.
~.~
– Ele te levou pra Hamunaptra desse jeito? – Angelica perguntou a Evelyn, depois de terem chegado num deserto.
Imhotep levantou seus braços e a areia se moveu, revelando escadas para algum tipo de câmara subterrânea. O esforço o deixou ofegante, Anck su namun o ajudou.
Alguns Medjais, incluindo Ardeth chegaram e se puseram na frente das escadas, formando uma barreira.
– Angelica, você e os O’Connells devem partir agora. – Ardeth ordenou.
– O que? Não, eu preciso...
– Não, você não precisa! Esta predestinada a trazer justiça a esse mundo enquanto Helena deve trazer o caos a nós. O destino dela deve terminar agora.
Imhotep e Anck su namun encararam Ardeth com fúria.
– Besteira! Quem disse? – Angelica gritou.
– O sangue de vocês diz! Não permitiremos que entrem neste templo!
Angelica respirou fundo. Talvez ela pudesse convencê-lo, mas estava com pressa.
– To nem aí! – Angelica disse e disparou na direção deles, Rick e Evelyn tentaram lhe dar cobertura, mas o Medjais tornaram isso difícil. Eles atacaram a todos, incluindo Imhotep e Anck su namun.
Uma das últimas batalhas de treinamento de um Medjai é tentar derrotar o mestre. Angelica travava uma batalha de espadas com Ardeth agora. Impaciente, ela pegou a arma de Rick e atirou na espada de Ardeth, tirando-a das mãos dele. Anck su namun o segurou.
– Vá Angelica! Salve-a! – Anck su namun gritou, tentando conter Ardeth.
Angelica alcançou as escadas e depois que ela entrou, um grande portão desceu, fechando a passagem.
– Parem! – Ardeth gritou para os Medjais – A sorte foi lançada!
Rick e Evelyn tentaram abrir o portão em vão.
– Não adianta – Ardeth disse a eles – Somente uma pessoa por vez pode entrar no templo. Ninguém nunca retornou.
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