– Lobo? – Ryan indaga confuso.

– É um lobo selvagem e mal. – Ela responde ainda olhando.

–Mas era uma pessoa. – ele diz.

– Isso não o impede de ser um lobo selvagem. – Ela agacha e pega a rosa olhando-a.

Ela coloca a rosa em meio as demais no jardim como se quisesse esconde-la.

– E essa rosa? – Ryan indagou.

– Foi ferida e passada por mãos ruins, agora ela esta aonde nunca devia ter saído. – Ela respondeu. – Vamos entrar Ryan?

– Pode ser.

Eles caminharam lentamente e silenciosos pelos corredores cada um pensando em algo, mas ambos sobre o ocorrido. O professor logo chegou até a sala e para alegrar aos alunos passou prova surpresa a qual a maioria não estava com cabeça para fazer isso, mentes lotadas e pensativas, mas nenhuma pensando em física. Era uma prova demorada e difícil. O que fez o tempo e as de mais aulas passarem muito rápido.

Ryan e Haru foram juntos até a saída, Sam veio correndo até eles, parou na frente deles tomando folego.

– Haru se importa se eu roubar o Ryan hoje de você? – Sam perguntou. – Mano, posso falar com você?

– À vontade, ele é todo seu. – Ela sorri.

– Claro que pode Sam. – Ryan responde.

– Valeu Haru.

Haru se despediu dos dois e foi embora, enquanto os dois seguiram para a casa de Sam.

Sentaram se no sofá pegando o controle de vídeo game ligado, com pizza e refrigerante em uma mesinha sobre de centro sobre a sala, uma leve brisa entrava pela janela fazendo as cortinas avoaçares e a sala ficar fresca.

– O que houve Samuel? – Ryan pergunta preocupado.

– Sim, mas eu estou preocupado com você Ryan. – Sam responde.

– Preocupado comigo por quê? – Ryan questiona.

– Haru, apesar de bela chegou do nada, sem muitas informações, reservada e cheia de segredos. Não acha isso estranho Ryan? – Sam questiona.

– Isso não me incomoda, então por que te incomoda?

– Você melhor do que ninguém sabe o porquê Ryan. – Ele respira e aperta o controle freneticamente. – Você se lembra daquela época não é Ryan? Não faz tanto tempo assim para ter esquecido.

Ryan colocou o controle no colo e começou a pensar, ou melhor, a se lembrar, fazendo uma onda de memórias passar em um flashback sobre aquela sala.

~~Ryan~~

Lembro que naquela época eu estava sentado no jardim desenhando qualquer coisa em meus cadernos, quando Sam radiante como sempre adentrava a escola, Sam sempre atraia muitos olhares das meninas da escola pelos seus típicos traços alemães, ele se mudara da Alemanha para Leicester com 9 anos e desde então tem sido meu melhor amigo.

Sam era um tanto quanto galinha, dava atenção para todas as garotas, mas nenhuma era o suficiente para prendê-lo, os namorados de algumas queriam arrancar a sua cabeça, porém a maioria que tentava acabava se dando bem mal. Sam luta box e judô desde que tinha 7 anos, todos que tentaram algo contra ele acabou indo dizer um oi ao hospital.

Eu nunca vi Sam estressado, triste ou literalmente puto da vida, desconheço um Samuel assim ele esta sempre feliz, animado e sendo um idiota, e confesso que sempre senti um pouco de inveja de como o Sam é, da sua popularidade e até mesmo de sua aparência, ele o esportista e eu o sedentário, como é que ele consegue ser meu amigo?

~~Sam~~

O que eu mais odiava naquela época? Lory! Por ser a antiga namorada do Ryan. Ela é linda de corpo e aparência no rosto, mas só porque ela é uma garota mimada e insuportável. Mas não era só isso que não me agradava, além da entojada eu sentia e sinto muito ciúmes do Ryan e com quem ele se relacionava.

Fiquei tão feliz quando ele terminou com ela naquele ano que fiz ele beber um litro de whisky comigo, o que não foi a melhor decisão do mundo, ficamos bêbados, não é como se eu me arrependesse, mas depois ficou um clima muito estranho, falei coisas que não devia, de certa forma devia sim... Mas... Ah! Eu me odeio! Foi depressão pós bebida, fui idiota, mas pelo menos ele me entendeu.

Lembro que naquele dia ele estava sentado no jardim da escola, eu tinha acabado de chegar, nunca entendi porque sempre que ele chegava se sentava no jardim para desenhar qualquer coisa, Lory foi até ele e o agarrou dizendo “Ryanzinho, vamos sair hoje?” eu tinha vontade de socar a cara dela a cada Ryanzinho, minha raiva ao ouvir aquilo era imensa, mas a hora que ele tirou ela de seu pescoço eu sentei no banco assistir o que viria depois, ele disse a ela “Eu não suporto mais você Lorena, isto esta se tornando repulsivo para mim, você é irritante, mimada, é um relacionamento de um lado só no qual só existe você, e não venha com a pergunta se estou terminando com você, porque isso esta óbvio eu estou terminando sim com você, pode ir chorar para lá, com suas amiguinhas insuportáveis igualmente a você”. Guardei emocionantemente cada palavra que ele disse a ela, desejei muito que uma pipoca caísse do céu naquele momento, mas infelizmente ela preferiu não cair.

Fui até ele e me joguei no chão sentando ao lado dele, olhei para ele e me matei de rir, eu devia ter falado algo primeiro, mas acabei dando risada mesmo, e ele aliviado riu junto comigo.

– Parabéns cara, isso foi ótimo, ela não vai querer olhar na tua cara por um longo tempo, toca ai mano! – Eu disse animado.

– Obrigada, eu suportava mais isso, por que mesmo eu comecei a namorar com ela, eu estava bêbado no dia né? – Ryan me perguntou.

– Olha, infelizmente você estava sóbrio, eu quis socar a tua cara quando me disse, mas queria ainda mais socar a dela porque não te merece, mas enfim aquele dia você não estava bêbado, mas hoje vai ficar, pode avisar dona Sarah que você vai ficar em casa. – Eu o abracei fortemente e alegre, foi confortável, mas eu não devia porque foi muito estranho, e nisso passava alguns do namorados das garotas que eu já fiquei e bom, eles não perderam a oportunidade de zoar, um deles tirou uma foto, mas aquilo não ia ficar assim.

Depois disso, vimos Lory passar varias vezes por nós querendo chamar a atenção de Ryan, falando coisas, fazendo sinais, mas todos foram ignorados.

Na saída esperei por Ryan na esquina de baixo da escola, mas como sempre ele demorava, entediado fiquei encostado no poste, mas infelizmente um dos rapazes do grupo que passou a ora que eu o abracei, para variar era um ex de uma garota.

– Hey, Alemão que eu saiba seu povo não aceita gays! – Ele disse para me provocar, eu o ignorei até ele dar um soco bem ao meu lado no poste.

– Pena que esse gay saiu com sua namorada, e olha ela terminou com você para ficar comigo, e pelo que vejo até hoje não voltou, não é curioso? – respondi para irrita-lo mesmo. – Alias, não seja xenofóbico, não tenho culpa com relação ao passado.

– Ora seu desgraçado. – Ele tentou me dar um soco, porém sou mais rápido.

– Tenta de novo amigo!

Irritado ele se precipita numa sequencia de socos, sem paciência para aquela coisa fútil eu o soco, deixando ele atordoado no chão, mas algo injusto corre o resto do grupo aparece, mais quatro rapazes, dois deles e seguram e os outros dois me socam no estomago, e no rosto, fecho o olho esperando um soco no olho e sentindo o gosto de sangue em minha boca, mas o soco nunca chega. Abri meus olhos e me deparei com Ryan me defendendo, batendo com raiva em um deles, me soltei.

– A namoradinha chegou para defender?!

– Ah cala a boca! Dois são seus, e dois meus, ok Ryan?

– Fechou! – ele disse animado, nunca o vi bater em alguém, na verdade nem imaginei que ele conseguiria fazer uma coisas dessas.

Quando estavam todos devidamente socados e cuspindo sangue, nós fomos embora.

– Por que eles vieram te socar Sam?

– Porque eles estavam com raiva de mim, o que não é novidade, e também eles tiraram uma foto nossa a hora que eu te abracei, e quiseram usar isso contra mim.

– Eles são idiotas? Desde quando não se pode abraçar um amigo.

Lembro que nesse momento eu acabei me perdendo em pensamentos e então só me recordo de estar em casa com Ryan sentado nesse mesmo sofá jogando vídeo game, e virando vários copos de whisky, Ryan era engraçado bêbado ele sorria até pro oxigênio e dava gargalhada com a própria sombra, creio que aquele foi o primeiro porre de ficar bêbado que ele tivera.

Institivamente eu o abracei, e droga! Depressão pós bebida! E que ódio comecei a chorar enquanto Ryan ainda ria como um bobo, até perceber que eu chorava. Ele me abraçou bem forte.

– O que foi Sam? – ele me perguntou preocupado.

– Você esta completamente bêbado Ryan, apenas ouça o que eu vou falar, não quero que responda, só ouça, e que amanha esqueça tudo completamente, cada palavra que eu disser. – Respirei fundo. – Ryan, por favor não me leve a mal, você é meu melhor amigo desde os nove anos, eu o galinha que se envolveu com quase todas na tentativa frustrada de realmente sentir algo por algumas delas, mas nada não consegui sentir nada, nenhuma foi o suficiente. E você o pateta que foi capaz de namorar a Lorena, realmente parabéns você foi um grande idiota em? E eu? Muito mais, elas não despertaram isso, mas você sim, meu ciúmes incondicional com relação disso proveio desse sentimento, não foi algo que eu desejei, na verdade eu neguei e condenei, mas aproveitando que estamos bêbados posso fingir que estou falando um monte de asneira de bêbado e com chance de você esquecer completamente isso. – Ele não disse assim como eu pedi, mas continuo me abraçando.

Na manha seguinte eu sei que ele lembrava o que eu havia falado os olhos dele me contaram deixando bem claro, mas ele agiu como eu havia pedido, fingindo que eu nunca havia falado nada.

~~~~

– Ryan eu sei que você lembra o que eu disse naquela noite enquanto estávamos bêbados, eu mesmo lembro, não precisa falar nada sobre, mas saiba que eu tenho ciúmes de todo esse seu carinho com a Haru, e eu nem consegui canta-la antes, isso é chato.

– Sam você ainda sente o mesmo?

– Não, tanto quanto naquela época, mas sinto, enfim tenho duas coisas para falar uma foi algo que Alicia disse, e a outra o que estou tentando falar sobre os Blanches há algum tempo.

– E o que Alicia te disse?

– Ela não disse claramente, mas Haru possui segredos nos quais ela ainda não pode contar, há coisas também na quais ela mesma não sabe, a maior parte ela não conta para protege-lo e proteger a ela mesma, eu não entendi direito, mas foi algo do tipo. – Sam tentava explicar.

– Alicia hoje falou que eu devia tomar cuidado, mas não explicou o por que. – Ryan comentou.

– Provavelmente tem a ver com isso, mas o que será que é? – Sam questionava.

– Eu deveria me preocupar? Será que pode ser algo tão grave? – Ele questionava para o nada.

– Não se preocupe tanto, mas fique atento por você e por ela, porque se algo acontecer a ela você vai ficar louco que eu sei. – Sam disse a ele. – Quer socar o saco de pancadas? Ele esta no lugar de sempre.

– Não.

– Venha, vamos socar.

– E o que sabe sobre a família dela?

– Você sabe quem fez a planta da escola na qual estudamos? – Sam questionou.

– Um arquiteto.

– sim, isso é óbvio, mas sabe o nome dele?

– Não, por que eu deveria saber?

– E da paisagista que fez o jardim da nossa escola? E muitas das áreas verdes da cidade? – Sam indagou.

– Eu não sei Sam!

– Bom, o arquiteto chamasse Dylan Raphael Blanche e a paisagista Helena Saory Blanche. Conhece algum desses nomes? – sam disse e em seguida socou o saco de areia.

– São os nomes dos pais da Haru!

– Sim, como sabe a escola foi feita antes e depois de uns anos a mais ou menos 11 anos atrás o jardim foi feito.

– Como assim Sam?!

– Os Blanches já estiveram aqui antes, não sei sobre a Haru, mas os pais delas já estiveram aqui Ryan!

" Ele capta seu reflexo

Então joga o espelho no chão

Sua imagem está distorcida, gritando

"Será que ainda vale a pena?"

Não, não, não

Está com medo das coisas que eles podem fazer você passar?

Isso te faz querer esconder o seu eu interior?

Você não é o único, então deixem criticarem, oh, oh, oh

Você é intocável quando você percebe, oh, oh, oh

...

Seu corpo começa a tremer como se ninguém quisesse saber seu nome

Só mais uma alma com sentimentos mas ninguém está lá para sentir a dor

Não não não

Eles podem rasgá-lo, diminuí-lo, diminuí-lo para quem eles são

Mas nunca chegarão ao coração que você guarda aí dentro

Hmm, hmm, hmm

Você não é o único, então deixe criticarem

Você é intocável quando você percebe, oh, oh, oh"