– Quando a transmissão acabou eu ainda estava em choque, não queria acreditar no que estava acontecendo e tentava digerir a obvia morte do Emm. A porta do quarto estava sendo forçada, pelo robô que tínhamos. Corri para a janela e a rua estava um caos, pessoas mortas e tudo destruído, carros em chamas e robôs atacando pessoas. Foi quando vi os meus vizinhos malucos. Lembra deles? – Rose me perguntou.

– Os paranoicos que achavam que os robôs iriam se voltar contra nós e destruir o mundo? – Ri sem humor. – Nossa, no final eles estavam certos e nós fomos idiotas.

– Pois é. Eles estavam saindo de casa com varias armas e atirando nos robôs na rua. Abri a janela e gritei chamando por eles, mas o barulho estava ensurdecedor. Enquanto isso o robô estava destruindo a minha porta, nunca tinha entendido porque colocar um reforço extra na porta do quarto, mas agradeci muito naquele dia. – Lembrei-me do Emm falando que era uma segurança extra, passamos a tarde toda reforçando a porta. – Olhei para baixo pensando seriamente em pular, quando o filho mais novo de Harry me viu. Seth gritou chamando o pai, Harry veio correndo na direção da minha casa e arrombou a porta da frente junto com a sua filha mais velha Leah, o robô já tinha conseguido destruir a porta e vinha na minha direção. Harry e Leah chegaram a tempo de destruí-lo, me ofereceram ajuda e estou aqui.

– Nossa...

– É, nossa... e vocês? - Rose nos encarou curiosa.

– PAII. – Escutei gritos e virei vendo Nessie e Tony vindo a mim e me abraçaram.

– Estão bem? – Olhei para eles procurando algo fora do lugar, mas felizmente estava tudo normal.

– Estamos e você? – Nessie falou ainda agarrada no meu pescoço. – O senhor tem que parar de nos matar de preocupação.

– Desculpe. Vou tentar. – Abri um sorriso abraçando-a mais forte e lhe dando um beijo na testa. – E você Tony?

– Estou bem. Na verdade só com fome.

– Eu também. – Nessie concordou com a mão na barriga.

– Como vocês só comem folhas, as da aquela arvore deve está uma delicia. – Falei com um sorriso cínico. Eles me olharam fingindo estar com raiva, mas acabaram rindo.

– Não se preocupem crianças temos comida aqui. – Rose disse as puxando para um caminhão do outro lado do acampamento. – Vou pegar algo para vocês comerem também. – Gritou antes de entrar no caminhão.

– Eles parecem ser legais. – Tânia comentou olhando em volta. – Quem é Emm?

– Meu irmão e noivo da Rose.

– Sinto muito.

– Ele era o meu melhor amigo, cuidou de mim quando os nossos pais morreram, fora os meus filhos eu não tenho mais ninguém. Ele estava fazendo hora extra para pagar o casamento, iriam se casar no final do ano. – Senti meus olhos ficando marejados e pisquei tentando afastar as lágrimas. As crianças vinham na minha direção, não queria que me vissem assim, seria muito difícil explicar para eles.

– Tem gente comendo esquilo. – Nessie falou torcendo o nariz.

– Eles são bem estranhos. E acredite essa não é a única coisa estranha que eles comem. – Rose disse rindo. – Mas são legais. Trouxe comida para vocês e algumas coisas para trocar o curativo. – Me entregou um enlatado e outro a Tânia, deixando as coisas do curativo ao lado da Tânia.

Comemos e conversamos durante um tempo, depois que terminou de comer Tânia trocou o curativo da minha perna, segundo ela estava bem melhor e o meu maior problema era não ter comido. Rose disse que tinha um rio perto do acampamento, às mulheres e meninas foram primeiro. Os homens ficaram esperando as mulheres voltarem para podermos ir, não tinha muitas pessoas no acampamento, eram apenas 15 pessoas, Fiquei conversando com o Harry por um tempo até as mulheres voltarem, depois fomos nós.

– Vai devagar Tony, cuidado para não cair! – Gritei depois de entrar na água e o ver pulando nas pedras.

– Não sei como é a mãe dele, mas ele é a sua copia. – Harry me olhou e sorriu.

– É, somos fisicamente parecidos. Mas a personalidade dos dois é da mãe. – Olhei para o pequeno garoto de cabelo acobreado e olhos verdes.

– Ela morreu?

– Não, não... – Só pensar nessa hipótese me deixa desesperado. – Somos separados.

– Você ficou com a aguarda das crianças? – Que cara curioso.

– Não, eles vieram passar o final de semana comigo. A mãe deles viajou com o noivo. – Falei a ultima parte com uma careta.

– Hum... Pela forma que você falou ainda a ama né? – Olhei para ele envergonhado e ele sorrio. – Já entendi sua resposta.

– Pai, olha. - Quando olhei para ele, ele pulou de uma pedra alta. Meu deus. O coração quase sai pela boca, coloquei a mão no peito e esfreguei.

– Eles irão me fazer morrer cedo. – Comentei ainda assustado olhando para ele que estava nadando tranquilo.

– Isso é ser pai. – Harry falou e foi para perto do filho. Olhei para ele e ri, farei de tudo para ser o pai que eles merecem.

– Tony, você nada bem?

– Sim, por quê? – Olhei para ele e dei um sorriso.

– Vamos ver quem chega mais rápido naquela pedra ali. – Apontei para a pedra onde estava o Harry e o Seth.

– Quer perder de mim velho? – Perguntou rindo.

– Velho? Tá louco garoto. – Ri empurrando ele. – Perder? Sou mais alto que você, anão da Branca de Neve. – Me posicionei. – Um... Dois... – No dois eu já tinha começado a nadar.

– Hey, era para nadar no três. – Falou e tentou me acompanhar. Consegui chegar até o Harry antes dele.

– Há, eu ganhei. – Falei quando ele chegou.

– Não valeu, você trapaceou. – Falou bravo.

– Eu? Posso saber como? – Ri e cruzei os braços o encarando.

– Você só contou até o dois. – Acusou me encarando serio.

– Eu falei até quanto iria contar? – Perguntei e ele negou. – Você perguntou? – Ele negou revirando os olhos. – Você perdeu de um velho que praticamente só tem uma perna. – Falei rindo, ele me olhou e riu balançando a cabeça. O abracei de lado e saímos da água, obviamente não tinha ninguém nu, então não estava desconfortável. – Vamos já estou todo enrugado.

Pegamos as roupas que estavam separadas para nós e vestimos. Eu fiquei com uma blusa branca simples, calça preta, boné do Seth e coloquei meu tênis. Tony estava com uma blusa preta, calça jeans azul. Voltei para o acampamento vi Nessie com a Tânia.

– Está escurecendo, eles irão fazer uma fogueira. – Assenti indo em direção aos outros ajudar. – Hey, tenho que trocar seu curativo. – Tânia veio na minha direção com uma maleta medica.

– Perguntem se a Rose precisa de ajuda. – Olhei para as crianças que correram na direção da Rose, ela estava separando alguns enlatados para o jantar. – Pronto. – Falei e abaixei a calça, vi quando ela respirou fundo e veio na minha direção com a maleta.

– Está melhorando, se ficasse em repouso estaria melhor. – Falou já enfaixando minha perna.

– Desculpe, é que hoje tive uma tarde muito legal com o Tony.

– Vocês estão diferentes mesmo, parecem mais próximos! – Ela me encarou curiosa. - Você tinha problemas com eles?