Gotas no Oceano escrita por Dama Magno


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bem, é a primeira fez que escrevo algo de HP que não envolva um casal em si. Apesar de falar um pouco sobre Neville e Hannah.

É algo singelo, para o desafio do Madame Pince Ficlibrary ~
Espero que gostem, fiz com carinho ♥



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Existem muitas formas de se começar uma história, a mais tradicional é pelo começo.

Porém, esse não é um conto tradicional. Não irá presenciar relatos de uma família comum; eles não possuem um animal de estimação, almoços familiares aos domingos e nem brigas bobas por conta da roupa espalhada pela casa.

Então iremos fazer jus às peculiaridades e começar pelo meio.

A guerra finalmente havia chegado ao fim, o Lorde das Trevas havia sido destruído por Harry Potter, como todos esperavam, e as feridas causadas durante todos aqueles anos de terror finalmente sanariam em paz.

Não completamente – nunca completamente, mas já era de muita ajuda saber que poderiam acordar todos os dias sem temer por suas vidas, a cada esquina por onde passavam.

Neville Longbottom havia visto e vivido muitas coisas durante o tempo em que Hogwarts ficara sob o controle dos Comensais. Coisas que o transformaram do gatinho assustado, ao leão que rugia e lutava a favor dos seus. A coragem veio pela fé e necessidade de manter todos os amigos firmes.

Muitos pensavam que ele havia amadurecido e se tornado forte, mas não era bem assim. Sua avó se orgulhava das atitudes do neto, porém sabia que ele já era tudo isso antes mesmo de a guerra despontar.

Afinal, não se pode chamar Neville de fraco ao saber como a vida havia sido dura com ele, quando ainda era apenas um bebê.

Era, de fato, um garotinho assustado em busca do colo da mãe (sempre seria), mas nunca um fraco. Não com o sangue de Alice e Frank correndo em suas veias; não quando era ele quem afagava os cabelos dos pais para oferecer conforto.

Crescera sob a sombra do desejo de vingança, que era alimentado sempre que se lembrava dos pais internados em St. Mungus. Porém, mesmo com tal sentimento em seu peito, Neville não se tornara em um ser humano ruim – muito pelo contrário.

Agora, contudo, finalmente sentia-se melhor com tal desejo sendo realizado. Poderia não ter sido a pessoa que dera um fim a Bellatrix, mas o simples fato de que aquela mulher já não atormentaria outra família, era reconfortante.

— A Sra. Weasley vingou a todos nós. – Ele disse para os pais quando os visitou depois da batalha, ambos estavam dormindo e isso tranquilizava o coração do Longbottom. — O mundo bruxo será um lugar um pouco melhor agora, a luta de vocês não foi em vão.

Vendo-o ainda ferido, mas firme e segurando a mão dos pais com tamanho carinho, Augusta estava beirando as lágrimas. Era um homem que ela enxergava e ela não poderia estar mais orgulhosa de seu neto.

Todos que passaram por momentos difíceis, assim como Neville, mereciam grandes momentos de felicidade. Os dele vieram acompanhados por nome e sobrenome: Hannah Abbott.

A jovem lufana foi uma surpresa gostosa na vida do garoto. A encontrou tempos depois da guerra, trabalhando no Caldeirão Furado e, antes de se apaixonarem, viraram bons amigos.

Então veio o primeiro encontro, o primeiro beijo e a primeira noite.

Neville estava feliz como nunca antes e quando Hannah pediu para conhecer seus pais, pensou que talvez ela fosse a pessoa certa para ele.

— Quero que conheçam uma pessoa muito especial para mim – falou chamando atenção dos pais, que estavam sentados em suas camas. — Essa é Hannah, minha namorada.

A garota parecia envergonhada, mas não pela condição dos dois. Era o nervosismo comum em conhecer pessoas tão importantes e fazer parte daquele lado tão delicado na vida do namorado.

Frank e Alice não estavam acostumados com a imagem loira da moça, também não saberiam se já a tivessem visto em alguma outra ocasião. Mas pareciam receosos, mesmo com o doce sorriso que ela mantinha nos lábios.

Neville contou para os pais como os dois haviam estudados juntos, que ela tinha feito parte da AD e muitos outros detalhes (como o fato de estarem juntos há quase dois anos). Esperava alguma reação positiva, somente para ter certeza de Hannah deveria fazer parte de tudo aquilo.

O sinal veio quando Alice presenteou a garota com um pequeno objeto que estava ao lado da cama e Frank tocou os fios claros que lhe caiam pelos ombros, talvez curioso com a cor dourada deles.

Após aquela visita, ele soube que deveria mantê-la por perto para sempre.

Augusta Longbottom ainda viveu para ver seus bisnetos nascerem. Um casal de gêmeos, Anne Alice e Frank Augustus, que eram uma mistura de seus pais. Anne possuía o cabelo escuros, mas o rosto da mãe, e se não fosse os cabelos loiros, Frank seria o Neville inteiro.

— Queríamos colocar os nomes das pessoas mais admiráveis que conhecemos. – Hannah explicou quando a bruxa mais velha questionou. — Anne e Alice em homenagem as nossas mães; Frank, por seu filho...

— E Augustus em homenagem à senhora. – Neville completou enquanto dava o garotinho para a mulher segurar.

Talvez não houvesse outro momento em sua vida que Augusta tivesse se emocionado tanto. Poderia não ter sido a melhor avó que o neto merecia, mas acreditava que havia feito um bom trabalho em cria-lo.

Antigamente, Neville apenas visitava os pais durante o Natal e outros feriados. Depois de ter formado uma família, entretanto, ele aproveitava cada momento livre para ir vê-los.

Sempre contava como os alunos o adoravam e como Hannah conseguia conciliar a administração do Caldeirão Furado, com os cuidados dos filhos. Que ele se sentia mal por não poder ajudar tanto a esposa, mas que eram muito felizes com a vida que levavam.

Anne Alice e Frank Augustus passaram a ir com ele em todas às vezes, depois de completarem dois anos. Aparentemente, as duas crianças traziam um grande benefício para os avós – que pareciam mais felizes com a presença deles.

— Papai, por que a vovó e o vovô não podem ir pra casa com a gente? – Anne perguntou certa vez, após saírem do St. Mungus.

— É, seria tão legal se eles ficassem com a gente. – Frank disse animadamente.

— Eles estão mais seguros aqui – respondeu. — Eu também gostaria de poder tê-los por perto a todo o momento, mas só os medimagos sabem como cuidar deles direitinho.

— Mas a gente pode cuidar deles também. — A menina protestou.

— Eu sei que podemos, pequena, mas seus avós precisam de certas coisas que não podemos dar – explicou. — Mas vocês podem visita-los sempre que quiserem, é só pedir para sua mãe trazê-los enquanto eu estiver em Hogwarts.

— Tudo bem...

— Papai, depois você conta de novo como a vovó e o vovô brigavam contra os bruxos malvados? – Frank pediu pulando e com os olhos brilhando.

— Claro. – Sorriu.

— Eles são os melhores avós do mundo! – O menino exclamou, sendo apoiado pela irmã.

Neville apenas riu concordando com os filhos. Nada o orgulhava e emocionava mais do que ver tamanha admiração e amor.

Toda história possui um final, a de Alice e Frank Longbottom chegou a algum momento após aquela visita.

Porém eles permaneceriam eternos na memória do mundo bruxo. De feitos admiráveis, eles ainda serviriam para inspirar jovens magos durante muitos anos.

Haviam se conhecido na escola, tornaram-se amigos e então viveram um dos amores mais belos. Juntos combateram forças do mal e juntos permaneceram, mesmo ao caírem.

Para Neville não existia pessoa mais forte que seus pais. Mesmo que suas mentes não tivessem aguentado, seus sentimentos eram fortes.

Se eles tivessem consciência dos fatos, poderiam não se satisfazer com os pais que acabaram sendo. Alice definitivamente não iria gostar de saber que, mesmo não sendo seu desejo, não se lembrava do rosto do filho.

Quando o garoto era pequeno, certa vez, perguntou para a avó porque seus pais não sabiam quem ele era. A mulher soltou um de seus raros sorrisos afetuosos e o pegou no colo.

— Eles podem não lembrar que você é aqui. – Apontou para a cabeça do neto. — Mas eles lembram aqui. – Apontou para seu peito.

— Como você sabe disso? – Ele questionou com olhos lacrimejantes.

— Porque nem todas as memórias estão nas nossas mentes, as mais importantes guardamos no coração – explicou.

Durante algum tempo ele não acreditou naquelas palavras e ficava chateado. Entretanto, conforme ia crescendo, ele via como sua avó havia sido verdadeira ao dizer aquilo.

Sim, seus pais haviam sofrido danos permanentes e não sabiam quem eles eram. Mas cada vez que Frank se aproximava, cada vez que Alice lhe presenteava com alguma coisa qualquer, ele via que ainda existia esse pequeno fio que o ligava as suas memórias.

A última vez que viu os viu com vida, Alice lhe entregou um pente e o tocou no rosto com carinho. Frank sorriu e os abraçou, desajeitado. Os dois pareciam diferentes para Neville, mas estava tão emocionado que apenas aproveitou o momento.

Juntos, como sempre estiveram, Alice e Frank partiram.

Neville, então, viria a imaginar que aquela cena era uma forma de despedida, eles sabiam que o tempo deles havia chegado ao fim e queriam dar adeus as pessoas que tiveram por perto. Pois mesmo que suas mentes não se lembrassem, sabiam que em seus corações havia mais amor que gotas no oceano.


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Notas finais do capítulo

É isso, meu senso crítico tá meio coisado pelo sono, mas acho que ficou legal aushaushuahsuahsuhasuhaMe digam o que acharam, ok?~Beijos.