Nascida á meia Noite escrita por Anfiguri


Capítulo 6
Alex




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Relaxar? Dul olhou para sua melhor amiga e percebeu que as coisas entre elas tinham mudado muito nos últimos seis meses. Não porque Vitoria, ao contrário dela, adorasse festas ou tivesse perdido a virgindade. Bem, talvez fossem as duas coisas; mas havia mais.

Dulce suspeitava que Vitoria queria arrastá-la para festas regadas a muito álcool. Mas para quê, se ela achava que cerveja tinha gosto de xixi de cachorro? E não tinha nenhuma intenção de transar?

Tudo bem, não era bem assim: ela queria transar. Com Alex, ela ficou tentada, realmente tentada, mas se lembrou a tempo da conversa com Vitoria, quando decidiram que a primeira vez tinha que ser especial.

Então lembrou que Vitoria tinha cedido às “necessidades” de Brad — Brad, o amor de sua vida — e, depois de duas semanas de “pegação”, esse grande amor tinha dado no pé. O que havia de tão especial nisso?

Desde então, Vitoria tinha se envolvido com outros quatro carinhas e transado com dois. Agora, não dizia mais que sexo era especial.

— Ei, sei que está triste por causa dos seus pais — consolou-a Vitoria. — Mas, por isso mesmo, precisa relaxar e se divertir um pouco — arrumou os longos cabelos castanhos atrás das orelhas. — Vou buscar uma margarita para você. Vai adorar.

Vitoria foi até a mesa, onde um grupo estava reunido. Dulce fez menção de acompanhá-la, mas deu de cara com o soldado Dude, que parecia mais assustador e esquisito que antes, junto ao bando de bebedores de margarita.

Dul deu meia-volta, preparando-se para fugir, mas bateu de frente com o peito de um garoto... E mais cerveja derramada da garrafa escorreu por entre os seios dela.

— Que maravilha! Meus peitos vão ficar com cheiro de cervejaria.

— O sonho de todo homem — disse uma voz masculina. — Mas sinto muito.

Dulce reconheceu a voz de Alex antes mesmo de ver seus ombros largos e aspirar seu cheiro tipicamente masculino. Ignorando a dor que vê-lo tão perto lhe causaria, levantou os olhos.

— Não foi nada. John já fez isso antes.

Esforçou-se para não reparar nos cabelos castanhos de Alex caídos sobre a testa, em seus olhos verdes que pareciam hipnotizá-la, em sua boca que a tentava a inclinar-se e pressionar os lábios contra os dele.

— Então é verdade — suspirou ele.

— Como assim? — perguntou Dulce.

— Você e John estão juntos.

Dulce pensou em mentir. A ideia de fazê-lo sofrer lhe agradava. Agradava tanto que a fez se lembrar do joguinho idiota que seus pais vinham disputando ultimamente. Ah, não, ela não imitaria as criancices deles.

— Não estou com ninguém — disse, e começou a se afastar.

Ele a segurou. Aquele toque e o calor daquela mão em seu cotovelo enviaram ondas de agonia diretamente ao seu coração. Tão pertinho dele, seu cheiro bom e masculino a embriagava. Ah, meu Deus, como ela gostava daquele cheiro!

— Soube de sua avó — continuou Alex. — E Vitoria me contou que seus pais estão pensando em se divorciar. Lamento muito, Dul.

Sentiu um bolo na garganta. Ela estava a ponto de desabar sobre o peito aconchegante de Alex e implorar para que a abraçasse. Nada, no momento, seria melhor que os braços de Alex em volta dela. Mas então viu a garota — o brinquedinho sexual dele — aproximando-se com duas garrafas de cerveja nas mãos. Em menos de cinco minutos, Alex estaria enfiando a mão na sua calcinha. E, observando a blusa curtíssima e a saia minúscula que a garota exibia, ele não teria muito trabalho.

— Obrigada — murmurou Dulce, indo para junto de Vitoria. Felizmente, o soldado Dude chegou à conclusão de que margaritas não faziam seu gênero e foi embora.

— Tome — disse Vitoria, tirando a cerveja das mãos de Dulce e substituindo-a por um copo de margarita.

O copo parecia mais frio do que o normal. Dulce inclinou-se um pouco e sussurrou:

— Viu por aí, há um minuto, um sujeito esquisito? Fantasiado de militar?

Vitoria fitou Dulce com um olhar de interrogação.

— Quanto dessa cerveja você já bebeu? — sua gargalhada encheu o ar da noite.

Dulce apertou o copo gelado com mais força. Talvez estivesse mesmo ficando maluca. Misturar álcool com aquela situação absurda não devia ser uma boa ideia.

Uma hora mais tarde, quando três policiais de Houston entraram no quintal e puseram todos em fila diante do portão dos fundos, Dulce ainda tinha a mesma margarita intacta nas mãos.

— Vamos lá, garotada — disse um dos guardas. — Quanto mais cedo chegarmos à delegacia, mais depressa seus pais aparecerão para levá-los embora.

E foi então que Dulce não teve mais dúvidas: sua vida havia se tornado de fato uma merda. E alguém tinha dado a descarga.


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