Nascida á meia Noite escrita por Anfiguri
— Tome. Não precisa beber, é só segurar — Vitoria Jetton colocou uma garrafa de cerveja na mão de Dulce e se afastou.
Dividindo o espaço com pelo menos trinta pessoas que se acotovelavam, todas falando ao mesmo tempo, na pequena sala de Mark Jameson, Dulce segurou firme a garrafa gelada. Conhecia da escola muitas daquelas pessoas. A campainha soou de novo. Sem dúvida, aquela era a festa mais quente da noite. E todos os outros alunos do colégio pensavam o mesmo. Jameson, o veterano cujos pais pareciam não se importar com nada que ele fizesse, dava algumas das melhores festas da cidade.
Dez minutos depois, ainda sem sinal de Vitoria, todo mundo começou a dançar. Pena que Dulce não estivesse animada. Olhou com desagrado para a garrafa que tinha nas mãos.
Alguém esbarrou nela, fazendo com que a cerveja espirrasse em seu peito e descesse pelo decote em V da blusa branca.
— Merda!
— Ai, foi mal! — apressou-se a dizer o desastrado, constrangido.
Dulce encarou os olhos castanhos e calmos de John e tentou sorrir. Pensar que estava sendo educada com um cara legal, que andava perguntando por ela na escola, tornava mais fácil o sorriso. Mas o fato de John ser amigo de Alex diminuía muito seu entusiasmo.
— Não foi nada — disse ela.
— Vou buscar outra pra você — parecendo nervoso, ele se afastou.
— Não precisa! — gritou Dulce; mas, em meio à música e ao alvoroço, ele não ouviu.
De novo, a campainha. Alguns garotos se afastaram e ela pôde ver a porta. Mais especificamente, Alex entrando pela porta. A seu lado — ou grudada nele — vinha a nova namorada, toda exibida.
— Maravilha — olhou em volta, pensando em como seria bom se teletransportar para o Taiti ou, melhor ainda, para casa, especialmente se seu pai estivesse lá.
Pela janela de trás, avistou Vitoria no quintal e correu para se juntar a ela.
Vitoria ergueu a cabeça. Devia ter percebido o pânico no rosto de Dulce, que chegava esbaforida.
— O que aconteceu?
— Alex e sua p*ranha estão aqui.
Vitoria franziu a testa.
— E daí? Vá paquerar alguém para deixá-lo com ciúmes.
Dulce revirou os olhos.
— Não quero ficar vendo Alex e essa vadia se esfregando.
— Eles estavam se esfregando? — perguntou Vitoria.
— Ainda não. Mas, quando toma uma cerveja, Alex só quer saber de enfiar a mão debaixo da blusa de uma garota. Sei disso porque fazia o mesmo comigo.
— Não esquenta — disse Vitoria, apontando para a mesa. — Gary trouxe margaritas. Tome uma e vai se sentir melhor.
Dulce mordeu o lábio para não gritar que não ia se sentir melhor. A vida dela já estava um caos.
— Escuta — continuou Vitoria. — Nós duas sabemos que só o que você tem a fazer para reconquistar Alex é agarrá-lo e ir lá pra cima com ele. Esse cara ainda te ama. Hoje mesmo perguntou de você quando saíamos da escola.
— Você sabia que ele viria? — A traição começava a abalar a pouca sanidade que ainda lhe restava.
— Claro que não. Mas relaxa.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!