A Jornada do Príncipe escrita por Andy


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Pensem numa pessoa que se enrolou toda essa semana! Fui eu. x3x'
Desculpem pela demora, gente! Mas enfim, chegou o capítulo! Não vou falar demais aqui, porque sei que estão todos ansiosos. Inclusive eu. Estou desesperada para saber as reações de vocês a este capítulo, e há MUITO tempo. Por favor, comentem, comentem, comentem! ♥
Ah! Deem uma olhadinha nas notas finais, sim? Boa leitura!

AVISO: O capítulo contém fortes emoções e reviravoltas! owo



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— Então você realmente está aqui! — A voz desconhecida vindo da entrada do salão atraiu a atenção de todos. Thranduil foi o primeiro a reagir, puxando a espada da bainha e se adiantando de modo a ficar à frente de Legolas e Syndel, na defensiva.

Madlyn arregalou os olhos e cambaleou para trás, quase pisando em Gimli ao fazê-lo. O elfo parado à porta sorriu sombriamente, mantendo os olhos fixos nela. Os olhos dele eram tão escuros que pareciam prestes a absorver toda a luz do ambiente, como um buraco negro. Suas vestes, da mesma cor, se arrastavam atrás dele como uma sombra sinistra e contrastavam com sua pele morbidamente branca. Os longos cabelos negros pareciam tornar seu rosto ainda mais fino e alongado e as maçãs proeminentes lhe davam um aspecto austero e um ar de nobreza esnobe. Quando ele se moveu, dando três passos lentos em direção à elfa, ele o fez com uma elegância que superava até mesmo a de Thranduil.

— Você não tem autorização para estar aqui, Eöl! Saia! — Thranduil falou entredentes.

— Senão... O quê? Você vai me matar? — Eöl lhe abriu um sorriso sarcástico. Mais do que isso, ele era cruel. — Nós dois sabemos, Thranduil, filho de Oropher, que estes pavilhões são muito mais uma questão de tradição do que de jurisdição. Nenhum de nós tem poder aqui. Além disso... Eu só vim buscar o que é meu. Parece que você tem algo que me pertence aqui. — Ele olhou para Madlyn, que estremeceu da cabeça aos pés.

— Não me interessa o que veio fazer aqui. Vá embora, ou eu o farei ir.

— Eu gostaria de vê-lo tentar. — Só quando ele falou foi que os elfos notaram a presença do outro elfo ali, oculto nas sombras no vão da porta. Ele era alto, mais ainda que Eöl, e tinha os mesmos cabelos escuros. Seus olhos eram tão negros quanto os do outro, mas possuíam um estranho brilho, como se pudessem ver mais do que qualquer um. Seu rosto, porém, tinha formas mais sutis e delicadas, conferindo-lhe uma beleza rara e intimidadora. Quando ele se posicionou ao lado de Eöl, seu andar possuía a mesma leveza e elegância.

— Maeglin. — Oropher cuspiu o nome, enojado.

O recém-chegado fez uma mesura em tom de deboche.

Eöl ainda mantinha os olhos fixos em Madlyn.

— Erin... Minha menina! Há quanto tempo! — Ele abriu os braços e arriscou mais dois passos em sua direção. — Venha! Dê cá um abraço no papai!

Madlyn se encolheu, apavorada. Legolas não gostou nada da forma como Eöl sorriu, como se sentisse prazer em torturá-la. Sem pensar no que estava fazendo, ele puxou o arco das costas e se adiantou, passando pelo pai, para se colocar entre a elfa e Eöl. Ele apontou a flecha para o meio da testa dele.

— Fique longe dela!

Eöl arregalou os olhos e seus lábios se moldaram em um “o” de falsa surpresa. Depois ele riu alto, parecendo louco. A seu lado, Maeglin sorriu levemente.

— Ora, ora, ora... Então os boatos eram verdadeiros! — Eöl juntou as mãos. — Mas que maravilha! Não vai apresentar seu namorado, Erin?

Madlyn olhou para os cabelos loiros de Legolas e depois de volta para o pai com um olhar súplice.

— Embora... — O sorriso de Eöl se ampliou, fazendo com que Madlyn estremecesse de novo. — Talvez nós devêssemos apresentá-la a ele. Já que, se você ainda está aqui, creio que ele ainda não a conheça direito.

— Do que ele está falando, Madlyn? — Legolas olhou de soslaio para ela, ainda se concentrando nos elfos à sua frente.

— “Madlyn”? — Eöl riu sinistramente.

— Então ela adotou o nome da mãe... — Maeglin zombou. — Ou foi para ficar parecido com o meu? De qualquer forma, não é nem um pouco apropriado.

— Eu não vou pedir novamente. Deem o fora daqui! — Thranduil falou, entredentes. O tom dele alarmou Syndel, que puxou o arco das costas, preparando uma flecha.

— Tem certeza de que é isso o que deseja, Thranduil? — Eöl começou a andar lentamente em direção à fonte do centro do pavilhão. Thranduil o seguiu com o olhar, ciente de que Syndel continuaria de olho em Maeglin. Eöl se sentou teatralmente num dos bancos de madeira cinzenta que havia em torno da fonte. Cruzando as pernas, ele sorriu: — Não prefere que eu lhe conte em primeira mão os grandes feitos de minha amada filha, a quem seu filho parece ter se afeiçoado tanto?

Não! — Madlyn gritou em protesto, estendendo uma mão em direção ao pai, desesperada. Legolas arregalou os olhos para ela e Gimli coçou a barba desconfiado. Todos os elfos olharam para lá.

Maeglin riu:

— Pobre filhote Verdefolha... Ele não faz ideia! — Ele olhava diretamente para Legolas, que teve a sensação incômoda de que a confusão em sua mente estava sendo lida. Não era como quando Galadriel lera sua mente, há muitos anos. Na época, a experiência vinha acompanhada de um espírito de paz e tranquilidade. Naquele momento, a sensação era a de estar sendo roubado.

— Maravilha! — Eöl juntou as mãos, parecendo satisfeito. — E então, o que vai ser? Eu conto ou você conta, Erin?

Madlyn ergueu a cabeça para encontrar os olhos de Aurial, depois os de Gimli, e por fim os de Legolas. Confusão, acusação e raiva. Ela engoliu em seco. Era melhor acabar logo com isso. Ela se empertigou e estufou o peito, abandonando aquela postura de medo, e disse, numa voz clara e imponente:

— Eu conto.

Eöl sorriu:

— Essa é a minha garota! Venha para cá!

Surpreendendo a todos, Madlyn realmente começou a andar e, contornando Legolas e Thranduil, foi em direção ao pai. No meio do caminho, porém, ela se virou e deu as costas para ele, ficando de frente para os demais. Maeglin caminhou tranquilamente até o banco e se juntou ao pai como se estivesse pronto para assistir a um espetáculo. Madlyn respirou fundo e começou a falar, olhando diretamente para Legolas:

— Os elfos-escuros chegaram, sim, a se unir a Morgoth pouco antes da queda de Nan Elmoth. — A afirmação dela provocou um arquejo de surpresa no pavilhão. A expressão no rosto de Aurial aparentava além da confusão, uma certa mágoa. Madlyn não olhou para ver, mantendo seus olhos fixos nos de Legolas, que sustentava o olhar com coragem, embora alguma coisa começasse a quebrar dentro de si. — Eöl tinha um trato com o Rei-bruxo de Angmar — Madlyn tentava se manter impassível, mas sua determinação falhou por um momento ao ver a reação dos Verdefolha a essa afirmação.

O mero nome fez com que os rostos de Thranduil e Syndel se contraíssem numa careta de dor, e eles baixaram a guarda por um momento, aproximando-se um do outro. Legolas também baixou o arco, olhando para Madlyn com uma expressão de revolta. Nesse momento, ela soube que o havia perdido para sempre. Ela tentou usar esse fato como fonte de força, em vez de deixar que ele a destruísse.

— Eu era muito jovem na época, então não me envolvi diretamente... Eu não estive na batalha de Fornost, nem em nenhuma outra da época. Eöl não confiava em mim para lutar. Eu apenas comandava a nossa guarda em Nan Elmoth e me dedicava a encontrar e treinar novos talentos... — Ela olhou brevemente para Aurial, que deu um passo para trás, como se tivesse acabado de levar um soco. — Eu juro que não tive nada a ver com... Eu não quis que... Eu jamais... — Ela olhou para Syndel, desejando poder lhe pedir perdão, e sabendo que não tinha o menor direito de fazer isso.*

— Assassino! — Thranduil a interrompeu, avançando em direção a Eöl com a espada em riste. Syndel e Oropher se adiantaram ao mesmo tempo para segurá-lo.

Eöl não moveu um músculo sequer, a não ser para sorrir ironicamente para ele:

— É um dos meus melhores atributos.

— Eöl, por favor. — Madlyn pediu, com uma careta de nojo, sem olhar para ele.

— Perdão, filhinha. Prometo que não interrompo mais a sua história.

Madlyn suspirou e tornou a olhar para Legolas. Desta vez, ele desviou o olhar, parecendo com raiva demais para continuar a olhá-la. O coração de Madlyn doeu como nunca na vida. Como ela sabia que não devia doer.

— Depois que Eöl e Maeglin partiram, eu desejei abandonar aquela vida. Em memória de Lyn, eu quis me afastar das trevas, mas... Mas faz parte de quem eu sou. Eu acho... Eu acho que nada poderia me salvar das trevas que eu sou. — Ela olhou para a mão como se quisesse arrancar a própria pele. — Não é uma questão de cortar os cabelos ou de me vestir de forma diferente. Simplesmente faz parte da minha essência, da minha própria natureza.

“Assim, durante milênios eu vaguei pelos lugares escuros do mundo, fugindo das vistas de Morgoth até que ele desistiu de procurar por mim. Até que eu deixei de ter importância. E, finalmente, até que ele caiu. E então eu pensei que aquele houvesse sido o fim de tudo.

“Mas eu tinha passado tempo demais nas trevas e voltar para a luz não seria fácil. Meus olhos doíam, a pele queimava... E eu passei a buscar a penumbra. Foi nessa época que passei um longo período em Fangorn, onde as sombras são densas e onde quase ninguém transita. Também estive sob as montanhas. Em Moria. Nas profundezas onde dormia um dos últimos balrogs... Até que, um dia, eu fui atraída pela densidade das sombras de Dol Guldur.

Ela fez uma pausa, olhando para todos os presentes. Invariavelmente, seus olhares lhe transmitiam apenas um pensamento, que ela não precisava dos talentos de Maeglin para ler: qualquer criatura que se sentisse atraída pelo que havia em Dol Guldur não podia ser boa. Ela deixou que o pedido de súplica que queria fazer alcançasse sua voz ao continuar:

— Por favor, entendam! Eu não sabia o que havia em Dol Guldur! Se eu soubesse, não teria ido para lá. Eu teria resistido. Mas depois de tanto tempo, eu havia encontrado um lugar em que as trevas eram tão densas quanto no meu... lar. Que era o que Nan Elmoth era para mim, por mais que eu odeie admitir. Seria como trancar um de vocês na escuridão por milênios, e de repente abrir uma janela. Vocês primeiro correriam para a luz, e só depois se perguntariam de onde ela vinha. E aí seria tarde demais, porque nada neste mundo os faria voltar para as trevas. E foi o que aconteceu comigo.

“Quando eu cheguei a Dol Guldur, Bolg quis me matar. Mas Azog, o Profano, sentiu o grande poder que havia em mim. Apesar de tudo, eu ainda era uma elfa da Primeira Era, uma das criaturas mais antigas a caminhar sobre a Terra-Média. E para os propósitos dele em particular, minha força era inestimável. Então ele permitiu que eu vivesse... Mais do que isso, ele permitiu que eu vivesse ali, o que era, naquele momento, tudo o que eu poderia pedir àquele mundo que me havia virado as costas.

Ela parou de falar, como se tivesse ficado subitamente cansada. Todos esperaram, mas ela apenas abaixou a cabeça, parecendo envergonhada. Não sem razão, Gimli pensou, enojado. No instante em que o anão cuspiu no chão, Eöl se levantou e andou até Madlyn, pousando as mãos sobre os ombros dela. Ela estremeceu levemente, mas não se afastou.

— Continue, minha princesinha... Conte-lhes a melhor parte!

Thranduil deu um passo para trás para ficar mais perto de Syndel e de Legolas. Oropher se juntou a eles em seguida e a esposa veio atrás dele, muito quieta, posicionando-se ao lado do filho. Aurial permaneceu ligeiramente afastada do grupo, parecendo confusa. Sentindo-se sem forças, Legolas reconheceu a derrota, colocando o arco de volta às costas e se escondendo atrás de Thranduil e Syndel, como se tivesse voltado a ser criança. A mãe precisou de todas as forças para resistir à tentação de largar o arco no chão e abraçá-lo.

Madlyn decidiu falar antes que sua coragem se esvaísse completamente:

— Fui eu quem pronunciou as palavras que trouxeram Sauron de volta.

O silêncio que se abateu sobre o pavilhão parecia denso demais para ser quebrado. Não houve arquejo de surpresa, nem nenhum movimento brusco de choque. Exceto por Gimli, que ergueu a cabeça lentamente, todos permaneceram absolutamente imóveis, como estátuas. Ninguém contou para saber por quanto tempo eles permaneceram assim, absorvendo o significado terrível daquelas palavras.

Foi a própria Madlyn quem quebrou o silêncio:

— Eu sei que todos acreditam que foi Saruman, o Branco, quem fez isso... Ele mesmo fazia questão de dizer isso, e eu nunca me importei por ele ter me roubado o crédito. Mas a verdade é que não importava por quanto tempo ele tivesse estudado as artes das trevas de Morgoth, ele nunca teria o mesmo talento e a mesma força que eu, uma filha da escuridão.

Eöl afagou o ombro dela, e quem visse poderia até achar que ele nutria orgulho e certo carinho pela filha.

— Eu fiz isso porque estava sozinha e Azog e Bolg me prometeram, em nome de Sauron, que eu teria um lugar no mundo novamente. Quando ele tivesse recuperado o Um Anel e assumido o controle, eu não seria mais uma rejeitada. As trevas seriam a lei, não a exceção. Ninguém iria me olhar torto novamente, nunca mais. Por favor, entendam... Eu era ingênua, não sabia o que estava fazendo, nem o que aquilo tudo significava. Eu só queria uma chance. Eu acreditei que Sauron poderia me salvar daquele nada que eu havia me tornado. Eu me sentia anestesiada, como se estivesse desaparecendo. Eu não tinha mais pensamentos, voz, visão... Era como se... Como se minha existência estivesse sendo anulada. Eu estava tão assustada... — Ela respirou fundo, melancolicamente. — Eu sei que isso não justifica. Mas é a única explicação que eu tenho.

“Depois que Sauron ressurgiu, eu me tornei seu braço direito. Assim como Saruman, o Branco. Mas eu possuía duas grandes vantagens em relação ao mago: primeira, o meu talento para as artes das trevas; e segunda, o fato de que ninguém sabia da minha existência. Enquanto Gandalf, o Cinzento, se ocupava de perseguir o colega da ordem e fazia com que Galadriel e Elrond também se voltassem na direção dele, eu agia nas sombras.

— Como? — Thranduil finalmente conseguiu encontrar sua voz para perguntar aquilo que realmente o vinha incomodando desde o começo. — Você não foi a primeira e nem a última elfa a sucumbir ao poder de Morgoth e Sauron. Mas todos os outros se tornaram orcs desprezíveis. Ou uruk-hai. Como você conseguiu permanecer... Quase normal?

Madlyn balançou a cabeça levemente.

— Eu não sei. A teoria de Sauron era que eu provavelmente tinha uma resistência maior às trevas, sendo filha de Eöl. Ele ficou fascinado comigo. Saruman, nem tanto. Acho que, até o fim, ele tinha esperanças de que eu sucumbisse e me metamorfoseasse. Mas me envolver com Sauron teve um preço. Como você pode ver, Thranduil, eu fui dominada pelas trevas, de um jeito terrível. Agora mesmo, Valinor parece um lugar sombrio para mim. Um lugar de morte, não um paraíso de salvação. Olhando para vocês, eu só vejo... Rostos mortos. — Ela engoliu em seco. — Todos vocês me parecem mortos, exceto... Um.

Sem olhar para ninguém, ainda escondido atrás dos pais, Legolas perguntou, num tom fraco que mal pôde ser ouvido, apesar do silêncio que tomou conta do pavilhão de Greenwood:

— Por que eu?

Madlyn pôde sentir nitidamente quando seu coração se partiu, com tanta força que ela precisou levar a mão ao peito. Havia muitos milênios que ela não sentia nada tão forte quanto aquilo, e quase se sentiu grata pela sensação. Ofegando levemente, ela fez um esforço para responder, com a voz embargada e tremida:

— Eu não sei... Legolas, eu... Eu sinto muito! Por tudo! Eu... — Ela respirou fundo. — Eu estava lá. Eu estava lá na Batalha dos Cinco Exércitos, e eu estava lá na Guerra do Anel. Quando... Quando Mithrandir caiu... Fui eu que invoquei aquele balrog das profundezas. E eu estava lá quando Boromir, filho de Denethor, caiu. Fui eu quem deu o primeiro tiro nele. Eu estava no comando daquele ataque. Nós deveríamos pegar o Um Anel para Sauron, e eu queria isso mais do que tudo, eu... Eu estava lá o tempo todo. — O corpo dela inteiro tremia, com soluços que não podiam vir.

“E a única coisa que me impediu de matar Elessar naquele momento... Foi você, Legolas. Eu estava fazendo mira quando você entrou no meu caminho, bloqueando meu campo de visão. E eu não fui capaz de atirar em você. — Ela balançou a cabeça, como se estivesse decepcionada consigo mesma por aquilo, o que fez com que ambos Thranduil e Syndel reagissem, erguendo suas armas e se aproximando para esconder Legolas ainda mais. — Eu não fui capaz de atirar em você. Havia algo em você que parecia... Parecia ter travado minhas mãos, eu simplesmente não conseguia me mover. Você brilhava tanto! Como o sol no meio da escuridão. Mas não me feria, ao contrário do sol de verdade. Ao contrário da luz de verdade, era como se... Era como se a mera visão de você já iluminasse todo o meu interior, como se me aquecesse por dentro.

“A sensação foi tão avassaladora que eu perdi o controle sobre mim mesma. E quando dei por mim, o ataque já tinha acabado. Todos os orcs e uruk-hais tinham desaparecido. Ou estavam mortos, ou tinham fugido com os hobbits. Eu tinha fracassado. Pela primeira vez na minha vida, eu tinha falhado. E fiquei indignada comigo mesma. Desde aquele dia, eu me livrei do meu arco, acreditando que era nele que residia a minha fraqueza, e nunca mais atirei.

— Como pôde?! — Aurial não resistiu ao impulso de protestar. Ela ainda não podia acreditar que aquela elfa que confessava aquelas coisas horríveis era mesmo sua antiga mestra. — Você era incrível! — Assim que percebeu o que estava dizendo, ela pôs as mãos sobre a boca, lançando a Syndel um olhar de desculpas. A outra não pareceu notar, concentrada demais em Madlyn.

Madlyn forçou um sorriso para a antiga discípula. Mas ele logo desapareceu, quando ela tornou a olhar para Legolas:

— Por favor... Acredite em mim, amorzinho! Você foi mesmo a única luz que já entrou na minha vida, e...

Nunca mais! — Legolas elevou o tom de voz, parecendo absolutamente furioso e enojado. — Nunca mais ouse me chamar assim!

Madlyn se encolheu com o tom de voz dele e inconscientemente se virou para os braços do pai. Eöl a abraçou.

Basta! — Thranduil falou, entredentes. — Eu já ouvi mais que o bastante. Não me restam dúvidas de que vocês têm todos o mesmo sangue ruim. Agora, sumam daqui! Vocês já provocaram dano o bastante!

— Legolas! — Madlyn chamou. — Por favor, por favor... Lembre-se do que eu te pedi! Por favor, lembre-se de tudo o que vivemos juntos! Por favor... Você me conhece! Você sabe! Você olhou dentro da minha alma, você...

Legolas se encolhia a cada palavra, como se ela estivesse atirando flechas invisíveis nele. Syndel não podia assistir àquilo calada. Ela retesou mais a corda do arco e apontou para a garganta de Madlyn:

— Mais uma palavra e você vai direto para Mandos. Aposto que não gostaria disso, não é?

Até Thranduil olhou para ela, surpreso com a frieza em sua voz. Era assustadora. Madlyn se calou, mas ficou olhando para Legolas com um olhar de súplica. Como o elfo se recusava a olhar para ela, Madlyn tentou fazer contato com Gimli. O anão, percebendo que tinha sua atenção, ergueu o machado ameaçadoramente:

— Você nunca me convenceu, elfa! Eu sempre soube que você não era flor que se cheirasse! Eu devia ter seguido meus instintos desde o começo. Devia ter amarrado Legolas e impedido que ele fosse lá e te salvasse daqueles orcs!

Madlyn arregalou os olhos, sentindo o coração doer ainda mais. Ela havia se afeiçoado de verdade ao anão e até aquele momento, apesar da rabugice dele, ela pensava que o sentimento era mútuo.

E então tudo aconteceu muito rápido. Eöl estreitou os olhos e deu um passo para o lado, se afastando de Madlyn. Maeglin, que estava muito quieto até então, apenas observando tudo como se estivesse se divertindo como nunca na vida, ficou muito sério e se ergueu rapidamente. E Gimli deu um passo à frente e desabou no chão, como se tivesse sido empurrado por uma força sobrenatural. Seus membros ficaram subitamente rígidos e seus olhos se arregalaram de medo, mas ele não conseguiu abrir os lábios para gritar. Ele tentou rolar no chão, buscando retomar o controle de seu corpo, mas seus membros não o obedeciam. Lentamente, ele se encolheu em posição fetal, abraçando os joelhos. A última coisa que viu foi o olhar apavorado de Legolas. Então, seus olhos se fecharam e ele ficou absolutamente imóvel.

Gimli!


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Notas finais do capítulo

* Explicando para quem não leu “A Razão do Rei”... Na minha fanfic anterior, Syndel foi morta pelo Rei Bruxo de Angmar, na batalha de Fornost. Por isso os Verdefolha reagiram daquele jeito ao ouvir o nome. E Madlyn desejaria poder pedir perdão a Syndel pelo fato de o seu povo ter contribuído na batalha que lhe tirou a vida.
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Então, galera! Se puderem, deem uma passadinha lá no Instagram da Cris Nicola para prestigiar o trabalho dela! Ela fez uma fanart linda da Madlyn e do Legolas, que quase me matou de felicidade! ♥ E ela tem muitos outros desenhos incríveis da Terra Média!: https://www.instagram.com/p/BB3pzpFG1bX/?taken-by=crisnicolaillustration