Inegável escrita por Paralelamente


Capítulo 2
Capítulo 2: Visita do Destino


Notas iniciais do capítulo

ALÔOO!
Bom, leia a história para ver no que dá!
(Imagine cada trecho como cena de filme)



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Ei novato, acorda! Você vai se atrasar pra primeira aula! - exclama uma voz distante.

– Hã?... - murmura Ruben, bocejando em seguida. Ele se encontrava em sua confortável e nova cama, enrolado em um edredom cor caqui, até os ombros. Usava apenas uma bermuda acinzentada.

– Já tô de saída. E, só pra constar, faltam somente dez minutos pra começar a aula. - acrescenta seu colega de quarto ao sair batendo a porta.

– Não pode ser... - diz Ruben se sentando e coçando a cabeça. O dormitório já estava vazio. Só restavam as malas e algumas roupas jogadas nas camas de seus outros dois desconhecidos colegas de quarto – ele deve estar exagerando... - completa antes de olhar o horário - NÃO ACREDITO! - grita após ver que realmente estava atrasado demais. Pula da cama, apenas veste seu uniforme, põe seu relógio de pulso, pega a bolsa já pronta e sai, literalmente, correndo.

Enquanto corre pelos corredores desertos, ele pensa: ''É real. Finalmente chegou o dia de concluir mais um importante objetivo!''. Chegando em frente a sala, seu coração gela e pensava na maneira mais adequada e decente de entrar na sala sem parecer um completo perdedor.

– É esse o momento. Seja natural... - encoraja a si mesmo em voz baixa e abre a porta.

– Pois não? - pergunta a professora, que já estava prestes a começar a aula quando percebeu aquele rapaz, nervoso, ao lado da porta.

– Perdão. Eu não me dei conta da hora... ainda posso participar da aula? - indaga envergonhado, ouvindo certas risadinhas e sentindo olhares de desaprovação dos outros alunos.

– Mas claro! Não começamos ainda. E hoje é o primeiro dia de aula, não tem tanto problema se atrasar. - afirma a professora, simpaticamente - Sente ali. Ruben, certo? - aponta uma mesa pra ele.

– Isso mesmo. - confirma e segue para a banca indicada, se acomoda e logo a aula começa. Sua sala era excelente: um amplo espaço com paredes pintadas de branco gelo, as bancas eram estilo moderno, todas com um tom cinza; quatro janelas de madeira abertas nas paredes e dois ventiladores de teto. Como em toda sala, havia os que prestavam atenção, os que iam pra aumentar o tempo de soneca por dia, os encrenqueiros, etc. Ruben analisava as pessoas que sentavam por perto: na sua frente, sentava uma moça ruiva, de pele bem clara, algumas sardas espalhadas de uma bochecha a outra, e olhos verde menta; atrás estava um rapaz pálido usando óculos, olhando de um lado pro outro da sala com seus olhos escuros, de cabelos cor chocolate; e, ao lado, um rapaz loiro, de olhos azuis claros, físico um tanto atlético e pele bronzeada. Todas as primeiras aulas foram de pura introdução às novas matérias e assuntos pouco animadores; tipo, como seria ao longo ano.

Finalmente, o sinal soa, dando a liberdade para os estudantes invadirem os corredores às pressas para lanchar e conversar. Em pouco tempo, a sala fica vazia... ou quase vazia. Ruben guarda seu material na bolsa e se levanta quando escuta alguém lhe dirigindo indiretamente a palavra com um certo tom de deboche:

– Afinal, a Bela Adormecida ainda conseguiu chegar a tempo, não? - ele ri em seguida. Era o mesmo rapaz que o tinha acordado de manhã, o qual também se sentava ao seu lado. Ruben sabia que não se daria bem com aquele cara nunca, mas ignorou o comentário indesejado.

– Não liga. Ele é assim com quase todos aqui. - informa a garota ruiva, que se chamava Alyssa Will por sinal, após passar por ele, sorrindo.

Ele não soube o que falar. Após lanchar um sanduíche com suco de uva, ainda tendo um bom tempo livre restante, ele resolve conhecer mais a escola. Explora os corredores repletos de armários, portas, alunos e professores; conhece algumas das pessoas que vai ter que conviver por lá também. ''Por que estou tão nervoso?'', questiona a si mesmo em pensamentos. As aulas seguiram quando o intervalo terminou.

Com o sol já abandonando aquele dia e tarde, as aulas se encerram. Todos os estudantes foram diretamente pros seus dormitórios. Ruben demorou um pouco mais para encontrar seu quarto. Quando entrou lá, seus outros dois colegas já tinham chegado. Foi até a sua cama e largou a bolsa lá em cima.

– Olá?

Ruben olha em direção de onde vinha aquela voz, e vê um rapaz vindo da pequena varanda que dava uma excelente vista pro pátio.

– Oi. - responde depois de um tempo.

– Você é o tal do Ruben, se não me falha a memória. Correto? - pergunta tirando o cigarro da boca e soprando a fumaça.

– Sim. E você seria?

– Adam Evans. - responde antes que a pergunta pudesse ser encerrada. Adam aparentava ser mais velho que Ruben por questão de alguns meses. Era um rapaz de olhos verdes acinzentados, e cabelos negros; estava usando uma camisa cinza de manga comprida, um gorro azul escuro e uma bermuda preta. Ruben fica em silêncio, pois Adam também não parecia querer conversar, apenas seguia deixando aquele terrível cheiro de cigarro pelo local. Tirou uma camiseta vermelha e a mesma bermuda acinzentada de sua mala, vestindo em seguida enquanto Adam não olhava.

– Que horas são, por favor? - perguntou Ruben. Adam, já deitado em sua cama, puxa a manga da camisa e estende o braço mostrando o relógio pra ele, e Ruben se aproxima um pouco mais.

– Obrigado. - agradece após ficar a par do horário. Imediatamente se lembra que não está mais com o seu relógio. - Era só o que faltava... ei - o rapaz chama a atenção de Adam - vou sair para procurar uma coisa que perdi mais cedo, OK? - avisa Ruben indo em direção a porta.

– OK. - confirma como se não se importasse.

– Aonde você pensa que vai a essa hora? - pergunta o outro rapaz, chamado Jonas Martin, que saía do banheiro no mesmo instante.

– Vou procurar uma coisa. - responde já saindo.

– É proibido alunos fora dos dormitórios a essa hora! - informa Jonas.

– Cara, - ele volta para completar - sinceramente... FODA-SE. - bate a porta sem se importar com a reação de Jonas.

Sem nenhuma outra fonte de luz, além a da lua no centro no céu, Ruben caminha cuidadosamente nos corredores pelos quais tinha caminhado mais cedo, prestando atenção aos mínimos detalhes. Após um tempo de quase meia hora, ele acaba chegando ao ''pátio dos dormitórios'': uma ampla área de formato quadricular estilo uma pequena praça, havia bancos de cimento pintados de branco, alguns trechos com grama e flores; um único corredor o separava das salas de estudo e os resto da escola. ''Foi o último lugar que lembro de ter passado...'', pensa Ruben. Ele percebe um objeto brilhante perdido no meio da grama, se aproxima e o pega. Era o seu relógio, intacto. O jovem suspira em alívio e se prepara para voltar, quando vê uma figura saindo das sombras do corredor. Fica sem saber como reagir e acaba ficando lá, imóvel. Na verdade, não era nada demais; só outro rapaz. Ele, segurando uma pedrinha, para ao ver Ruben.

– Quem é você? - indaga Ruben.

– Daniel... - responde, meio decepcionado.

– Espera... sinto que te conheço... - Ruben faz todo esforço para lembrar de onde o conhecia.

– Não acredito, Ruben Castellanos!

– Como sabe meu nome?... Ah, sim! Daniel! - exclama ele ao encontrar as memórias certas. Daniel dá um leve sorriso e olha pro lado. Ruben, feliz da vida, vai rapidamente de braços abertos em direção ao outro.

– Eu não gosto de abraços. - relembra Daniel pondo a mão na frente dele fazendo um gesto de "pare".

– Nossa, sem exceção?! - pergunta, surpreso.

– Enfim... - ele se senta em um dos banquinho e solta a pedra no chão - estive te procurando há um bom tempo. Tão desesperado que estava jogando pedrinhas nas janelas de cada varanda desses dormitórios daqui pensando que acertaria na do seu de primeira. - Ruben ri e responde, acomodando-se no mesmo banco:

– Como soube que eu estava aqui?

– Bem, após um momento marcante de minha vida, aquele tempo que eu não entrei mais em contato e sumi do mundo, lembra? - Ruben balança a cabeça positivamente - Então... nesse sábado eu fui em sua casa, mas só encontrei seus pais, que me disseram que te encontraria aqui.

– Ah. - "Daniel e seu jeito misterioso e resumido", pensa Ruben revirando os olhos.

– Sabe, às vezes eu gostaria de relembrar do passado com um sorriso no rosto... entretanto, depois de certas coisas... - ele faz uma pausa - estou feliz em reencontrar um dos meus amigos de infância. - conclui em tom simpático acompanhado de um sorriso desajeitado.

– Não queria estragar, mas minha memória é péssima... não lembro de quase nada! - afirma Ruben, decepcionado com si mesmo.

– Você é tão desapontador, Ruben. - diz Daniel, numa entoação que ninguém levaria a sério. Ruben sorri enquanto olha pra aquele rosto: o rosto da criança que vira na sua infância, agora era o rosto de um rapaz ainda com a mesma essência. Daniel tinha a pele muito clara, quase não possuía bochechas, os olhos azuis claríssimos, cabelo bagunçado e preto; usava roupas claras que lhe cobriam todo o corpo, deixando de fora apenas as mãos e a cabeça. Depois de alguns segundos em silêncio, Ruben toma coragem pra perguntar:

– Por que você desapareceu? - parou por um momento para escolher as palavras certas - Ainda consigo lembrar do dia em que fui em sua casa, e seus pais não souberam me responder. Daniel desvia o olhar e prefere o silêncio como resposta. - Sabe que pode confiar em mim, Daniel... - ele continua a encará-lo, e põe sua mão sobre a dele, apertando-a. Daniel estremece e olha pra Ruben rapidamente. Seus rostos estavam iluminados pelo intenso brilho que emergia de suas mãos, suas veias pulsavam aceleradamente como se tivessem injetado adrenalina em ambos os rapazes; um neon de uma variação de azul e roxo percorria pelos seus braços. Em poucos segundos, um impulso os separou, fazendo com que eles se levantassem; pondo fim a toda a "magia".

– Parabéns, Ruben... agora vai se foder. - diz Daniel, calmamente, levantando uma das sobrancelhas.

– O que foi isso? - pergunta Ruben apertando sua mão trêmula. Daniel suspira e tenta responder:

– Posso te contar algum dia com mais calma. Mas quero deixar um aviso básico: NÃO se aproxime de nada que contenha neon. Assim, você poderá levar sua vida completamente normal. - aconselha Daniel.

– Mas eu... - Ruben murmura; porém, Daniel sai correndo de lá no mesmo instante com o neon degradê de azul e roxo saindo de seu corpo e deixando um rastro brilhante. Sozinho, Ruben olha em volta, pega o relógio prateado e diz:

– É meia noite. Já é outro dia.


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Notas finais do capítulo

Bom, e esse é o capítulo 2! (Ah, não me diga)
"WTF?! Você andou fumando folha de algaroba? Por que em uma escola dos EUA todos falam português?", você deve estar pensando. Pois é, mi amigo, FODA-SE a lógica.
Enfim, gostou? Deixe seu comentário para que eu possa saber o que você, precioso leitor, está achando!
OBS: para melhor entendimento quanto a parte envolvendo neon (principalmente essa quando Daniel saiu correndo), procurem pelo jogo Infamous: Second Son.



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