Saint Seiya New Generation escrita por Bárbara Szabo


Capítulo 8
Pazes


Notas iniciais do capítulo

Não consegui arrumar inspiração pra continuar. Esse capitulo já estava guardado a meses. Espero que gostem



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O resto da viagem foi mais animado, com um nível aceitável de socialização. Algumas horas depois, o que equivalia às vinte e duas horas na Grécia, voltaram a dormir. Ficaram assim por um longo período, até que foram acordados de uma vez pelo alto-falante.
            – Senhoras e senhores passageiros. Aqui quem fala é o seu capitão. Sobrevoamos a cidade de Tokyo nesse momento, e daqui a cinco minutos estaremos pousando. – E encerrou.
            Eles se entreolharam assustados, com os corações ainda a castigar o peito. Mas logo foram se acalmando e despertando por completo.
            Depois de finalmente despertar-se, Gustavo se sentiu extremamente ansioso com a notícia. Ele se virou para a janela e olhou onde deveria estar à cidade. No entanto, as nuvens cobriam boa parte dela, mostrando só alguns prédios de vez em quando.
            Mesmo assim estava animado. Seu mais novo lar. Ele se recostou na cadeira com um sorriso bobo, sem se preocupar se dormiria outra vez, e se pôs a imaginar como Tokyo seria.

Ao descerem do avião, exatos cinco minutos depois, encontraram um grupo de pessoas aguardando-os na pista de pouso. Gustavo os observou, eram aproximadamente dez pessoas, duas delas sendo mulheres. A frente do grupo estava um homem já com idade aparente e careca. Esse fez uma mesura demorada, acompanhado pelos outros.
            – Bem vinda de volta, senhorita Saori. – Cumprimentou após se erguer. – Como foi à viagem?
            – Ótima Tatsumi, obrigada. – Sorriu a jovem, chegando perto do homem e se inclinando para os outros. – Para os novatos, este é Tokumaru Tatsumi. – Indicou o grande senhor que antes falava. – Ele cuidou de mim após a morte do meu avô e supervisiona minha mansão enquanto estou no santuário.
            O homem fez outra mesura em cumprimento, que foi retribuída pelos outros.
            – Vejo que Ami e Gwen já estão aqui. – Sorriu para as meninas, que inclinaram levemente a cabeça. – Que bom! Quero que mostrem a mansão para eles, e depois os levem para seus respectivos quarto. Eu mesma faria isso, mas tenho coisas a tratar.
            – Certamente senhorita. – Respondeu as duas, se dirigindo ao grupo.
            Enquanto isso, Tatsumi deu a ordem de levar as malas para os rapazes. Saori e os antigos cavaleiros foram na frente para a mansão, e os outros iniciaram seu tour.

            No quarto da deusa humana, Saori estava sentada em sua cama. Tinha acabado de falar com Michel pelo celular e as preparações da festa estavam impecáveis. Mesmo em pré-guerra, ela insistiu em continuar com a comemoração, tinha até guardado um presente para Kiki no santuário. Agora o problema era outro: encontrar algo para entreter os cavaleiros.
            Ao entrar em seu quarto, ela se deu conta que havia esquecido o fuso horário, que no Japão eram seis horas a mais que na Grécia. E que os cavaleiros não estavam adaptados a ele. O que resultaria em, à noite, não estarem com sono.
            Saori tinha que pensar em um jeito de distrai-los, mas não fazia ideia do quê. Então resolveu sair, talvez encontrasse alguém que lhe ajudasse.
            Ao sair de seu quarto, a porta ao lado direito se abriu e John apareceu. Ao ver a menina ele tentou esboçar um sorriso, mas bocejou. – Olá. – Falou meio embolado.
            – Oi. – Ela franziu o cenho, se aproximando do mesmo. – Está tudo bem?
            O cavaleiro discordou com a cabeça, coçando os olhos. – Não consegui dormir no avião. – E ao terminar outro bocejo, sorriu. – Mas eu tô bem.
            – Claro... – Ela concordou devagar com a cabeça, olhando o estado do outro. Ele parecia um tanto destruído. – Tem certeza de que não quer dormir?
            – Não, não! – Ele respirou fundo, sacudindo a cabeça. – Estou bem.
            – Certo. – E um silêncio tomou conta do lugar. Silêncio esse que a garota preferiu passar a evitar, não querendo ter flashes repentinos de antigas batalhas. – Pode me ajudar?
            – Claro. O que precisa?
            – Então, os cavaleiros... Que dormiram no avião. – Acrescentou rapidamente. – Não sentirão sono à noite, por estarem no horário da Grécia. Então eu queria fazer algo para cansa-los, entende?
            O outro concordou com a cabeça, prestando bastante atenção.
            – Tem certeza de que está entendendo? – Perguntou ela, se referindo à como ele estava cansado.
            John balançou a cabeça, sorrindo de canto. – Estou. – Ele tinha essas crises de insônia no Santuário, e fora a grande vontade de bocejar e alguns momentos de “loading”; ele ficava bem.
            – Okay. – Concordou, logo retomando o assunto. – Mas eu não sei o que fazer!
            – Que tal leva-los para a sua piscina. – Disse, dando de ombros. – Sei lá, fazer meio que uma festa improvisada.
            – Tá aí! Gostei! – Exclamou rindo e o abraçando. – Sobe para o terraço que eu vou chamar os outros. – Falou, saindo em disparada.
            – Okay. – Ele deu de ombros, sorrindo e começando a andar na direção que ela tomou.

            Gustavo tinha acabado de desfazer sua mala, guardando-a em baixo da cama; e se sentou na cadeira da escrivaninha ao lado. Tinha muita coisa para assimilar.
            Ia ser mentira da parte dele, se dissesse que não esperava uma batalha épica ao ganhar a armadura. Na verdade, era tudo o que ele mais queria. Só não esperava que fosse tão rápido, e aparentemente contra Gaia.
            Ele suspirou, apoiando a testa na escrivaninha. E um tempo se seguiu sem nada acontecer, Gustavo só queria poder relaxar um pouco. Foi quando, de repente, o silencio se tornou tenso. O garoto percebeu a mudança de atmosfera como um raio cruzando seu coração e de imediato levantou a cabeça. Tudo estava meio enevoado e com uma luz resplandecente. O cheiro doce de flores o impregnou por completo, fazendo seu coração bater mais rápido e quente, embora se sentisse totalmente em paz. E uma rápida risada cortou o silêncio.
            Surpreso, Gustavo olhou para os lados, procurando a garota a quem aquela risada pertencia. Flora. Mas não havia ninguém lá além dele. E quando sentiu a visão oscilar, a porta foi aberta de repente.
            – Gus? – Chamou Luna, um pouco preocupada e chegando perto dele.
            – Luna... – Ele olhou em volta, um pouco confuso. Tudo tinha voltado ao normal. – Oi. – Sorriu fracamente, ainda sem entender muito.
            – O que aconteceu? Eu estava te chamando a um tempão!
            – Serio? – Gustavo se levantou, balançando a cabeça. – Desculpa, nem devo ter notado o tempo passar.
           – Hm... – Ela cruzou os braços, o analisando por um tempo. – Okay então. – E se voltou para o cômodo dele, dando uma boa olhada em volta. O quarto não era nem muito pequeno, nem muito grande. Tinha uma TV embutida na parede; propositalmente colocada de frente à cama. Uma escrivaninha; valendo uma cadeira e prateleiras para acompanhar. Uma estante, seguida de uma cômoda, e ao lado da cama um criado-mudo.
            – Uau...! – Luna balançava a cabeça positivamente durante a inspeção.
            Gustavo riu, a observando. – E então, tudo em ordem?
            – Tudo... Exatamente igual ao meu quarto! – Acrescentou com um particular tom de vitória.
            O Dragão balançou a cabeça, soltando um riso nasal. – O que te trás aqui?
            – Queria conversar um pouco com você, e ver como era seu quarto também. – Respondeu enquanto se dirigia para a cama. Ela se sentou de uma vez, o que fez o colchão balança-la. – Desconfiava de que eram parecidos. E como sempre, eu com a razão!
            – Aham, sei. – Falou sarcasticamente, apoiando o quadril na cômoda. – Para mim você que é paranoica. – Rebateu, com um sorriso desafiador. Mas também estava com aquela mesma desconfiança.
            – Ah é? Então me diz como eles descobriram as pistas sobre Gaia? Acho que foi porque eu insisti em sair, não foi? Ah tá! – Falou com ar de deboche, entrando na brincadeira.
            – Quero ver até quando você vai jogar isso na minha cara e na do Ikki. Vacilona!
            Luna fez uma cara de superior, se deitando. – O que quer que eu faça? Se eu posso.
            Gustavo a olhou, balançando a cabeça negativamente. – Minha cama é confortável, cara dama?
            Ela se remexeu, torcendo o nariz. – Um pouco.
            – Folgada! – Ele puxou o travesseiro de baixo da cabeça dela, rindo e o tacando no rosto da mesma.
            – Ai! – Ela riu, jogando de volta nele. – Quero ver quanto mais você vai me xingar.
            O garoto fez uma careta, tacando o travesseiro no rosto dela de brincadeira e o segurando lá. A garota se debateu, dando algumas tapas na cara do amigo e com a risada abafada pelo travesseiro. Gustavo não demorou, logo o tirando e sentando ao lado dela.
            – Seu chato! – Ria enquanto recuperava o ar.
            Gustavo riu também. – Falando no Ikki, vocês se gostam?
            – Como é que é?! – Luna o olhou surpresa, se erguendo um pouco; ficando meio sentada e meio deitada.
            – Ca-calma! Não é esse tipo de gosta, quer dizer... – Se atrapalhou ao ver como ela parecia abismada. – Têm horas que está tudo bem, outras que se odeiam. Aí eu queria saber como é isso.
            – Hm... – Ela voltou a se deitar, pensativa. – Não tinha parado para pensar nisso.
            – Então me diz o que acha dele.
            – Que ele é um convencido irritante! – A Fênix cruzou os braços.
            – Então estão empatados. – Disse Gustavo ironicamente.
            Ela o empurrou com o pé, tentando fazer cara brava, mas estava com vontade de rir.
            – Não me convenceu dessa sua birra. – Ele a olhava, com um sorriso de canto.
            Luna não retrucou, ficando com o rosto virado, os olhos fechados.
            – Não vai falar comigo?
            Ela continuou do mesmo jeito, mexendo impacientemente os pés.
            – Se não parar com isso eu vou fazer cócegas em você! – Falou malignamente.
            – Eu não tenho cócegas. – Retrucou, com seu mesmo tom superior.
            – Só tem um jeito de saber...
            – Não se atreva Gustavo! – Luna levantou, ficando ajoelhada na cama. Estava pronta para lhe dar um soco se tentasse.
            O garoto começou a rir. – Calma aí, marrenta!
            – Não gosto de cócegas. – Ela cruzou os braços, de cara fechada.
            – Oownt! Que fofenha! – Ele estendeu os braços para abraça-la.
            – Sai fora! – Ela soltou um pequeno riso, ficando em pé sobre a cama e pulando da mesma, indo para longe. – Você vai fazer cócegas em mim.
            – Era só um abraço. – Se levantou.
            – Eu não quero! – Reclamou, mantendo distância.
            – Tem querer não. – Ele foi até ela com os braços abertos. – Abrace-me!
            – Vai se ferrar! – Luna sai do quarto, fechando a porta atrás de si.
            – Sua chata! – Gritou para que ela pudesse ouvir.
            – Otário! – Ele a ouviu retrucar e rir do outro lado, cruzando os braços.

            Ikki tinha arrumado suas coisas, que não eram muitas, e se sentou na cadeira da escrivaninha. Era estranho ficar na mansão. Sempre que eles iam ao Japão ele preferia ficar sozinho.
            Mas agora a situação era diferente. Agora ele tinha uma amazona para ajudar; ou ficar de babá, tanto faz como Saori chamava aquilo, Ikki não estava nem um pouco interessado. Pelo menos no começo.
            O problema foi quando conheceu sua aprendiza. Ela lhe despertou certo interesse. Além de ser astuta, o leonino não sabia o que esperar dela, e ao contrário das outras garotas que conheceu, Luna não parecia depender da ajuda de ninguém. O que o deixava mais intrigado.
            Ele se levantou, bufando frustrado ao ver que estava pensando nela. A garota era tão irritante que nem saia de seus pensamentos. Mas também como esquecer, se ele continuava curioso, principalmente pelo forte cosmo que ela emanou.
            – Já chega disso. – Disse determinado. – Vou tirar essa história a limpo. – E saiu do quarto.
            Deparou com a sala de estar logo a frente, então seguiu para o lado esquerdo, onde havia um corredor com algumas portas. O cavaleiro parou em frente da primeira do lado direito, receoso. Por quê? Não fazia ideia. O que o deixava mais confuso.
            Mas antes que resolvesse bater na porta, a do lado esquerdo dele se abriu e fechou rapidamente, acompanhada de um: “Vai se ferrar!”. Era Luna quem saíra, chamando a atenção de Ikki.
            – Sua chata! – Aquela era a voz de Gustavo.
            – Otário! – Ela retrucou, com um sorriso. Mas aparentemente ela não havia visto o rapaz parado a sua frente, esbarrando com ele. – Ai! Desculpe-me, eu... – Luna levantou a cabeça, vendo ser seu instrutor ali parado. – Ikki?
            Ele continuou a olhando, se perguntando o porquê que ela estava no quarto de Gustavo. “Não é só porque ela é a nova amazona de Fênix, que ela precisa ser antissocial feito você.” Anotou mentalmente.
            A garota olhou para a porta de seu quarto, e depois para ele, com uma sobrancelha arqueada. – O que está fazendo na porta do meu quarto?
            – O que parece? Estava indo falar com você. – Retrucou, cruzando os braços.
            – Ótimo, estou aqui! – Ela cruzou os braços também. – O que quer falar?
            – Não vai nem me convidar para entrar? – Debochou, quase dando um pequeno sorriso.
            Luna arqueou a sobrancelha, o fitando.
            – Tá! – Suspirou. Sabia que não ia ter uma conversa civilizada com ela daquele jeito. O que resultaria em nenhuma resposta, e outras possíveis perguntas. – Eu vim ver como você estava. Só isso. – Disse num tom mais calmo, observando a reação dela.
            A garota parecia ter se surpreendido, pois relaxou os ombros devagar e endireitou a postura. – Ah, bom... – Disse um pouco sem jeito, relaxando os braços. – Eu estou bem, obrigada por... Se preocupar. – Até ela estranhou aquelas palavras. Parecia bem surreal, considerando o histórico dos dois.
            Ele prestava atenção enquanto ela falava, e quase retribuiu o pequeno sorriso que ela deu. Quase. “Okay. Bandeira branca funciona”.
            E se fez silêncio.
            – Então. – Disse ela, já se sentindo um pouco desconfortável com aquilo. – Quer entrar?
            Ikki não disse nada, simplesmente deu um passo para trás, abrindo caminho para Luna passar. Ao abrir a porta, os dois entraram. O Leão olhou ao redor, vendo que o quarto dela era semelhante ao seu. As únicas diferenças eram as chinelas largadas pelo chão, o grande pijama sobre a cama, e o livro na escrivaninha.
            – Fique à vontade. – Falou sem jeito, calçando rapidamente as chinelas e indo até a cama, para esconder o pijama de baixo do travesseiro.
            Ikki balançou a cabeça, se dirigindo até a escrivaninha. Ele pegou o livro. “Mitologia Nórdica” estava escrito em letras douradas na capa de couro, com o subtítulo “As melhores lendas, histórias e profecias do povo escandinavo”. Em suas bordas haviam detalhes dourados e uma tranca o permanecia fechado. – Onde o conseguiu?
            – Ah, eu...  Peguei, emprestado da biblioteca do Santuário. – Disse ela, se aproximando. – Sempre me interessei por histórias Nórdicas. – Luna pegou o livro das mãos dele, o colocando sobre a prateleira.
            Ele apoiou o quadril na escrivaninha. – Então, histórias a atraem? – Ele arqueou as sobrancelhas, olhando-a de canto. – Ou só as Nórdicas?
            – Qualquer história. – Respondeu com um doce sorriso, voltando-se para ele. – Por quê? Conhece alguma?
            Ikki desviou o olhar. – Que você não conheça, provavelmente não. – Respondeu, se remexendo um pouco desconfortável.
            Ela sorriu, ainda mantendo o olhar nele. O cenho franzido, os olhos azuis um pouco inquietos, os braços bem juntos ao corpo. Tudo aquilo despertava a curiosidade de Luna, que queria saber se aquele era o jeito dele, ou se Ikki estava se esforçando para conversar com ela.
            O leonino virou o rosto de uma vez para a garota, há assustando um pouco por causa do movimento inesperado. – O que foi? – Perguntou ele, fitando-a bem em seus orbes castanhos.
            Ela entreabriu a boca para falar, mas hesitou alguns segundos, o olhando de volta nos olhos. Suas expressões sempre pareciam carregadas de seriedade e raiva, mas seus olhos tinham certa leveza, quase como uma paz. Agora tinha de se olhar bem, para notar algo através de toda aquela superfície ríspida.
            – Luna? – Ikki endireitou a postura, se desencostando da escrivaninha.
            – Hm? Ah! – Ela se afastou ao voltar à realidade. – E de quais histórias você sabe? Talvez eu não conheça. – Disfarçou, sorrindo.

            – It's fun to stay at the Y-M-C-A! – Cantava Mia, um pouco distraída. Ela estava desfazendo sua mala, enquanto isso dava uns pulinhos no ritmo da música, dançando.
            Mas em um desses movimentos ela acabou magoando seu machucado.
            – A-aai... – Parou de imediato, sentindo aquela forte pontada por todo seu ferimento.
             “Você não pode fazer muito esforço. Esse machucado pegou uma região delicada.” O que Shun falou no avião veio em sua mente, fazendo-a sorrir. Gostava quando alguém se preocupava com ela. Mas tinha claramente burlado essa regra.
            Não demorou muito para a dor passar, o que ela agradeceu imensamente, e então se voltou para a mala, estava quase acabando. Quando ouviu alguém bater na porta, indo atendê-la. Mas não ficou muito surpresa ao encontrar Shun do lado de fora.
            – Mia, oi! – Cumprimentou um pouco animado e no que parecia estar sem jeito também.
             “Qual é né? Parece até que a gente não se viu no avião.” Pensou, enquanto o observava, então sorriu. “Que gracinha!”
            – Eu vim pra...
            – Ver como está meu machucado? – Completou rapidamente.
            – É. – Concordou, erguendo um pouco a caixinha de primeiros socorros que carregava, rindo junto com ela. – Posso entrar?
            – Claro. Chega aí. – Falou despreocupada, indo para perto da cama.
            O esverdeado entrou, vendo a mala aberta sobre a cama. – Ah... M-me desculpe. Eu não queria atrapalhar. Eu... – Falou, um pouco embaraçado. – Se quiser, posso voltar outra hora.
            – Não, não, não! – Riu da pequena confusão do garoto, colocando uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha. – Tudo bem, eu estava quase acabando mesmo.
            – Bom... Então está certo. – Sorriu, parando perto dela.
            Mia virou-se de costas para ele, levando os cabelos até o ombro.
            – Permita-me. – Shun levantou sua blusa até mostrar a metade de seu machucado.
            – Espera. Assim fica mais fácil. – Falou enquanto terminava de tirar a peça de roupa, a jogando em cima da mala.
            O garoto ficou parado, olhando a maneira tão despreocupada que a jovem acabara de fazer aquilo. Então ficou mais travado ainda ao sentir as bochechas queimarem.
            – Shun? – Chamou ela, o olhando sobre o ombro. – Tudo bem?
            – Tudo. – Respondeu rapidamente, voltando à atenção para o machucado. – Você bateu em algum lugar? Ou magoou o ferimento? Tem um pouco de sangue aqui na gaze.
            – Bom, é que eu... – Tentava pensar em um jeito de dizer sem aborrecê-lo, enquanto torcia os dedos. – Meio que, estava dançando, daí talvez. Só talvez! Eu tenha o magoado um pouco. – Explicou em um tom baixo a última parte.
            – Mia! – Exclamou um pouco irritado.
             – Eu esqueci! Desculpa Shun! – Completou rapidamente, se voltando para ele.
            – T-tá bom. Vire-se! – Exclamou rapidamente, girando a mesma pelos ombros enquanto olhava para o outro lado, violentamente corado. Ela ainda estava sem a blusa. – Sente-se na cama, acho que fica melhor assim.
            A garota sorriu, concordando com a cabeça e sentando, com Shun logo atrás.

            – Bem feito! – Disse Luna, rindo.
            Ela estava sentada em sua cama, enquanto o cavaleiro sentou-se na cadeira da escrivaninha. Ambos ainda conversavam. Ikki tinha lhe contado sobre um ladrão, que certa vez, tentou rouba-lo. Mal sabia o pobre onde estava se metendo.
            O de cabelos azuis balançou um pouco a cabeça, com um sorriso de canto. Até que ela não era tão ruim, e a bandeira branca funcionava mesmo. Mas quando se voltou para ela, viu que a mesma o encarava. – O que foi?
            – Nada de importante. – Luna sacudiu rapidamente a cabeça, apoiando as mãos no colchão. – Só estava lhe observando.
            – Disso eu sei. – Disse indiferente. – Mas por quê?
            – Porque sim. – Ela deu de ombros, olhando para outro lado.
            Ikki cruzou os braços, fitando-a com uma sobrancelha arqueada.
            – Tá bom! – Ela também cruzou os braços, bufando. – É esse seu jeito marrento! Você é assim sempre?
            – Não te devo satisfações.
            – Hein? E por que eu devo?! – Ela olhou-o indignada.
            – Porque você vai ser minha aprendiza.
            Luna bufou mais uma vez. – Pensei que essa “Guerra Civil” entre a gente tivesse acabado. – Falou em ironia.
            – Só é não se intrometer na minha vida, Capitã. – O cavaleiro usou aquele termo para tentar amenizar o que tinha feito. Sabia que Luna irritada era igual a um impossível diálogo.
            – Eu entendi a referência. – Ela sorriu, mordendo o lábio de curiosidade. – Posso fazer outra pergunta?
            – Já está fazendo.
            – Na verdade não. Por isso eu disse: “outra pergunta”. – Cortou rapidamente. Não queria desviar do assunto agora.
            – Okay. Mas só porque essa foi boa. – Sorriu de canto.
            Luna respirou fundo, tentando não demonstrar que se importava com a resposta. – Por que está tentando ser legal comigo?
            – Ora, porque... – Ele endireitou a postura. Não esperava aquela pergunta. – Estou sendo eu mesmo? – Disse mais para convencer a si mesmo.
            Ela franziu o cenho, o olhando de canto. Ficaram se encarando por um tempo, até que o cavaleiro revirou os olhos, desistindo.
            – Tá bom. – Luna não desistiria da resposta, então era melhor poupar trabalho. – Porque eu pensei que, se seremos aluna e professor, é melhor que tenhamos uma relação melhor. – Disse por fim. O próprio sabia bem o que era ter más relações com seu professor. – E, nossa! Como você é insistente, parece até o Shun!
            A fênix riu, balançando a cabeça.
            – Mas então. – Começou Ikki. – Você não me respondeu no avião. Sobre seu cosmo.
            – Pior que eu também não sei. – Ela deitou-se para trás. – E nem percebi. Talvez você tenha se confundido.
            O leonino discordou com a cabeça. – Era seu. Vi quando você o elevou. – Ele se levantou, a observando.
            Luna não disse nada, permanecendo deitada.
            – Isso é muito importante. – O outro veio chegando perto devagar. – Luna, seu cosmo foi tão grandioso, que me lembrou até o de Athena! – Ela virou o rosto para ele, que a encarava com uma expressão um tanto curiosa no olhar. – E isso não acontece com uma simples amazona de bronze... – Ele sentou na beirada da cama. – Ainda mais quando essa amazona acabou de ganhar a armadura.
            A garota se sentou de uma vez, os dois agora ficando frente a frente. – Ikki. – Falou um pouco baixo. – Você quer dizer que... Há algo de errado comigo?
            Aquilo pegou o leonino de surpresa. Não esperava aquele tom, desamparado e aflito dela. A garota parecia nervosa, e o olhava com a urgência da resposta estampada em seus olhos. Esses fisgaram a atenção do Leão por um tempo. Por mais estranho que pareça, mesmo depois de tantas implicâncias um com o outro, Ikki sentiu um leve pesar em seu peito ao vê-la daquele jeito. Como se ela tivesse despertado seu lado bom, que ele pensou ter perdido há muito tempo. Não sabia o motivo de sentir tudo aquilo, e foi por isso que tratou de focar a atenção na pergunta dela. – Não é “Algo de errado” exatamente, mas sim “Algo de muito certo”.  – Respondeu após lembrar-se do quão bem se sentiu com o cosmo dela.
            Luna sorriu ainda um pouco tensa. Então, sem saber o porquê daquilo, Ikki passou lentamente a mão sobre a cabeça dela, descendo-a até as costas da mesma. Ela ficou olhando o que ele fazia, um pouco confusa, logo sento puxada para um abraço.
            A surpresa, a confusão, e o orgulho pairavam pela cabeça da menina. Por que ele fez aquilo? Não havia coisa mais estranha vinda do outro. Pensando bem, ele estava muito esquisito desde que voltaram da floresta, só não sabia o porquê.
            Luna estava pronta para qualquer tipo de sacanagem que viesse a seguir, mas pelo contrário, Ikki não se mexia.
            Com a cabeça apoiada em seu peito, ela ouvia o coração dele bater ritmado, e sentia a respiração estufar-lhe o peito, empurrando sua cabeça devagar no ato. Seus braços a envolviam com cuidado num tipo de conforto. Mas dava para ver que ele não fazia aquilo com frequência, pois prendeu seus braços no abraço. O que a fazia se sentir menor do que já era, e também a impedia de se soltar.
            Um tempo depois ela o retribuiu; abraçando só o que deu por ainda ter os braços presos, e fechou os olhos. Permaneceram assim por um tempo, mas antes que um feixe de razão passasse por eles; principalmente pelo maior, a porta foi aberta de uma vez.
            – Com licença, Lu... – A pessoa parou de falar ao ver a cena, permitindo um sorriso zombeteiro.
            Ikki se levantou tão bruscamente que quase derrubou a garota, ficando com a cara fechada de imediato.
            – Saori? – Luna olhava para a garota à porta, um pouco corada. – O que faz aqui? – Aquela realmente não foi a melhor hora para ela chegar.
            Ikki colocou as mãos nos bolsos, se dirigindo a saída.
            – Espere um pouco. – A roxinha se posicionou na frente dele. – Eu estou vindo perguntar qual o sabor da pizza que vão querer, aproveitando que você já está aqui Ikki. – Ela sorria de canto, os olhando. – Estou organizando uma festinha lá no terraço, para distrair vocês.
            – Vocês “virgula”, eu não vou. – Ikki encostou-se à parede, cruzando os braços. – Não gosto de ir para festas onde há pessoas conhecidas.
            – Eu vou! Quero pizza de chocolate, Sao. – Respondeu animada. – Vai ter bebida?
            – Hm, talvez. Mas não exagera que vai rolar piscina.
            – Ah, mas eu não tenho biquíni. – Luna cruzou os braços.
            – Não tem importância. Vai de lingerie mesmo. – Disse Saori com um risinho.
            Os dois olharam surpresos para ela, que soltou uma pequena gargalhada.
            – Estou brincando! – Disse rindo e balançando a cabeça. – Pode vir com um short e um top. – Kido sorriu, mas logo acrescentou rapidamente. – Ou blusa mesmo.
            – Quero pizza de calabresa, caso eu vá.
            – Certo, já vou indo. – Ela segurou o trinco, fechando a porta lentamente. – Podem voltar ao que estavam fazendo, não se acanhem queridinhos. – E a fechou por fim.
            Os dois se entreolharam por um tempo, logo Luna começou a rir.
            – Que viagem foi essa?!
            Ikki balançou a cabeça, suspirando.


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Notas finais do capítulo

Eu mudei um pouco meu estilo de escrita, talvez nem dê para perceber, mas para mim foi um avanço ; 3;



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