Liguei para a Violetta e para o Federico combinando tudo com eles. Amanhã tudo, definitivamente tudo mudaria e eu não via a hora de isso acontecer há um bom tempo.

Minha mãe chegou em casa por volta das cinco da tarde, e de mau humor como sempre. Eu e Angie estávamos no quarto estudando.

– Bom Ludmila, quero que você faça uma pesquisa sobre o cérebro humano. Essa vai ser a nossa próxima matéria.

– Cérebro? Uma coisa que eu não sei usar com muita prudência.

Eu disse rindo e fazendo Angie rir também. De repente Priscila entra no quarto sem ao menos bater na porta.

– O que estão fazendo?

– Estudando. – Respondi.

– E porque estão rindo? – Perguntou ela amarga.

– Não podemos mais rir agora? – Perguntei irônica.

– Olha como fala comigo garota. Não acha que já tem castigos demais?

Nem respondi. Aquilo logo ia acabar mesmo.

Ela saiu do quarto e Angie revirou os olhos, e eu tive que me segurar para não rir.

Logo depois do jantar fiquei no meu quarto e dormi cedo. Eu teria que acordar meio cedo e eu queria muito que o dia seguinte chegasse logo. Eu estava muito ansiosa.

****

Cinco e meia da madrugada o alarme do meu celular tocou. Levantei num ímpeto e fui para o banheiro. Em meia hora estava pronta e arrumei minha mochila. Assim que terminei Angie veio para o meu quarto.

– E aí? Tá pronta? – Perguntou ela baixinho. Tínhamos que fazer tudo no pleno silencio para não acordar Priscila.

– Claro e você?

– Eu também.

Nesse momento meu celular tocou. Era Federico.

– Oi Lu. Já estamos aqui. – Disse ele.

– Ok, já estamos descendo.

Desliguei e fui até a janela do meu quarto.

– O que vai fazer? – Perguntou Angie.

– Vamos descer.

– Mas...

– Relaxa Angie. Você consegue. – Eu disse a cortando.

Então eu desci e vi o carro de Federico, com ele estavam Naty e Violetta.

Olhei para cima e vi Angie com um pouco de dificuldade pra descer, mas conseguiu. Entramos no carro. Angie atrás com as outras meninas e eu na frente com o Fede. Deu um beijo nele.

– Bom dia. – Ele disse.

– Bom dia.

– E então casal, para onde vamos? – Perguntou Naty.

– Então, eu procurei um traficante aqui no Facebook. Tenho quase certeza que foi ele. Ele dava em cima da Jéssica de vez em quando sabe, acho que até que ela me traia com ele mas que seja, não importa mais.

– E qual é o nome dele? – Violetta perguntou.

– Marcelo. No Facebook diz que ele mora em Córdoba.

– Córdoba! Só pra chegar lá vai demorar uns três ou quatro dias! – Angie disse preocupada.

– Eu sei, mas não temos muita escolha. – Federico disse.

– É mesmo. Bom, vamos pro mercadinho que tem aqui perto, vamos comprar algumas coisas pra gente comer e vamos. – Eu disse.

Federico deu partida e fomos. Depois das compras fomos a caminho de Córdoba.

Foi muito divertido, por mais que fosse meio cansativo ficar sentado por horas.

– Ludmi, as vezes não sei como você aguenta a sua mãe. – Disse Violetta com um pacote de salgadinho na mão, nosso almoço.

– Nem eu. – Respondi a fazendo rir.

– Se eu fosse a Lu já teria dado um tapa na cara dela e fugido. – Disse Naty.

– Fugir? Pra onde?

– Pra minha casa claro! – Ela respondeu.

– Não, tenho compaixão dos seus vizinhos. – Eu disse fazendo todos rirem.

O dia estava quente e a estrada parecia infinita e a música estava bem alta. A sensação era de liberdade.

Foi ficando cada vez mais tarde. Era quase onze e meia e não achávamos nenhum lugar para parar e dormir.

– E agora gente? – Perguntou Violetta.

– Não tem nenhum hotelzinho beira de estrada por aí não? – Perguntou Naty.

– Não, parece que estamos no meio do nada. – Respondeu Federico.

– Então vamos dormir no carro mesmo! – Angie disse e todos concordaram. Estavam todos bem cansados.

Federico parou o carro no acostamento e saiu do carro, abaixou os bancos de trás, fazendo com que a parte de trás e o porta malas fossem quase a mesma coisa, assim as meninas poderiam dormir melhor.

Inclinei o meu banco e esperei que o sono chegasse. O que não aconteceu.

Desci do carro e me encostei em uma das várias árvores que tinham e fiquei lá, olhando para o nada.

Até que Federico se aproxima de mim e se senta ao meu lado.

– Parabéns! – Disse ele com um cupcake na mão.

– O que é isso?

– Já é meia noite, hoje é seu aniversário.

Tinha acontecido tanta coisa que eu acabei me esquecendo daquilo.

– Obrigado. – Eu disse pegando o cupcake e dando um mordia.

– Não consegue dormir? – Perguntou ele.

– Não. – Eu disse encostando a minha cabeça no ombro dele.

– Que bom. Pelo menos consegui fazer a surpresa. – Disse ele me fazendo rir.

– Agora tudo está realmente bem. – Eu disse.

– Vai melhorar ainda mais, se depender de mim vai.

Dito isso ele me beijou por bastante tempo. Quando nos separamos ele falou:

– Tudo vai mudar Ludmila. De agora em diante a nossa vida vai ser outra, eu prometo.