Engraçado como naquele dia, não me aconteceu nada de bom e as notícias ruins vinham sem parar e ainda era uma pior que a outra.

– Federico você tá falando sério?

– Você prometeu que acreditaria.

– Eu acredito.

– Bom, mas você saber disso não muda nada. Amanhã eu vou viajar pra Austrália. Anna, a mulher que me tirou da rua, trabalha lá e não podem me prender em outro país.

– Você não vai pra Austrália.

– Eu vou ter que ir.

– Mas eu não quero!

– Eu também não.

Eu fiquei quieta, desejando ainda estar desmaiada. Nós ficamos em silencio por um tempo, sei lá quanto. E eu comecei a chorar. Pois é, a garota que não chorava desde os nove anos estava chorando.

– Olha Ludmila, você merece muito mais do que isso.

– Nem vem com esse papo furado! – Eu disse enxugando as lágrimas, o que não adiantou muito porque eu voltei a chorar no mesmo instante.

– É melhor eu ir indo. – Ele disse se levantando.

– Não! Você não vai, eu já disse! – Eu disse segurando o braço dele, que voltou a sentar na cama. Então eu abracei bem forte e ele retribuiu.

– Eu vou com você! – Eu disse me separando do abraço dele.

– Você não pode ir. Sua vida tá aqui, você tem que terminar o colégio e...

– Eu não tô nem aí! Eu posso terminar o colégio lá!

– Não quero te meter em encrenca, imagine o escândalo que vai ter se você fugir.

– Federico você sabe que eu não tenho nada pra fazer aqui sem ser a bonequinha dos meus pais e eu não quero mais ser isso entendeu. Eu vou com você!

Ele estava meio receoso de aceitar ou não. Ele me olhava muito apreensivo e quase desesperado.

– Você sabe que já que é menor de idade, precisa de uma autorização né?

– Não tem problema, a Angie faz uma pra mim.

Ele sorriu e disse:

– Tudo bem então. Mas se acontecer alguma coisa com você eu não vou me perdoar nunca.

– Não vai acontecer. – Eu disse e logo o beijei.

– Bom agora nos resta convencer a Angie. – Eu disse assim que nos separamos.

– Tudo bem, mas acho que não vai ser fácil.

– Não custa nada tentar.

Nós descemos e encontramos Naty e Angie conversando no sofá.

– Você tá melhor Ludmila? – Perguntou Angie.

– Um pouco. – Respondi.

– Você tava chorando? – Perguntou Naty.

– Não!

– Realmente Lu, você tá meio vermelhinha. – Disse Angie me olhando atenciosamente.

– Bom, mudando de assunto... Preciso te contar uma coisa Angie.