Conhecendo ela

Numa tarde de outono, num dia de brisa forte.  Ikkaku estava sentado num banco de um dos jardins da Soul Sociaty, olhando distraído para as folhas das árvores a cair tranquilamente quando sentiu algo como uma semente ou uma pedrinha cair em sua cabeça.

Pensando que fosse um dos seus amigos que havia atirado alguma coisa nele, virou-se para trás pronto para brigar, mas parou com a boca aberta, pois quando virou deu de cara não com um conhecido, mas sim com uma linda garota com cabelos dourados e grandes olhos de uma cor lilás bem claro, tinha altura mediana, pele bem alva, de corpo esguio e curvas sinuosas, formando um conjunto belíssimo, que exalava candura.

Ela estava sorrindo pra ele e disse: – Você estava bem distraído, não é.

Pasmo, Ikkaku não falou nada, apenas olhando pra ela sem acreditar. Ela se aproximou e sentou-se ao lado dele, e continuou falando: – É, eu também me sinto assim às vezes.

– Assim como? – falou Ikkaku duvidando que ela pudesse saber o que ele estava pensando.

– Assim, sozinho, pensando se talvez uma garota bonita algum dia vá gostar de você.

– Eu não estava pensando nada nisso. – Ele cortou já se irritando.

Ela se levantou ficando de frente pra ele. E disse: – É, sabe talvez sua seja sua aparência...

Ele ficou colérico imediatamente e retrucou: – O que tem de errado na minha aparência.

Ela apontou para a própria cabeça. – Não sei, a sua falta de cabelos, será...

– Você está me chamando de careca!

– Eu até que acho bonito. – disse ela enquanto se afastava andando de costas e mantendo contato visual com ele.

Ela se levantou e a seguiu também olhando pra ela, porém estupefato. – Você então está dizendo que as pessoas estão me acham feio, por causa do meu cabelo.

– Bem, é diferente, explicar. – disse ela pegando um galhinho no chão e caminhando em direção a um bosque. Chegou onde queria e se sentou.

Ele ainda a seguia curioso. Ela ficou observando o nada, quando quebrou o silêncio e falou: – Tenho uma curiosidade, vou fazer uma pergunta e se você me responder, vou lhe dar um presente.

– Hã. Mais que pergunta. – disse Ikkaku preocupado.

– Você tem que prometer que vai responder para que eu possa perguntar.

Curioso ele disse que sim.

– Bem, eu queria saber, você também não tem cabelos no resto do corpo, não é?

– Não, eu não tenho cabelos no peito. – e apontou para o peito, imaginando que seria disso que ela estaria perguntando, por que do contrário seria um abuso, pensou ele, mas sem dizer nada. – Ah, você não...

– Então não tem.

– Eu não disse isso.

– E nem precisava. – disse ela sorrindo.

Ela se levantou e tomou direção de volta pelo mesmo caminho. Deixando Ikkaku falando sozinho.

De repente ela para e volta dizendo. – Ah, esqueci. Tenho que te dar seu presente.

– Você não tem nenhum presente.

– Tenho sim, feche os olhos para que eu possa te dar.

Já sem paciência Ikkaku fechou seus olhos.

Então ela se aproxima dele devagar e diz: – Então vou conferir se estão mesmo fechados. – Chegou bem perto e ergueu um pouco os pés e encostou seus lábios nos dele.

Ele permaneceu pasmo com a surpresa, ficou ali parado sem nem se mover. Então ela foi embora, deixando o pobre Ikkaku imóvel.

De volta ao esquadrão foi para a muralha da vigília onde encontrou com seus amigos: Yumichika, Hisagi, e Kira.

Chegou e deitou atravessado no parapeito do muro com as pernas pendurada para fora. Ainda olhando para cima, falou, deixando todos boquiabertos.

– Uma garota me beijou na boca.

– Uma garota aqui da Sereitei. – se pronunciou Hisagi, com muita desconfiança.

– Sim.

– Ah, Ikkaku, conte outra que dessa a gente já está rindo. – disse Yumichika, sem ao menos conter uma gargalhada.

– Mas eu estou falando sério. – reclamou virando agora para encarar seus amigos.

– Ele deve ter bebido. – disse Kira, que apesar de não estar rindo, também não acreditava.

– O que há com vocês, não estão acreditando em mim. – gritou com raiva da acusação de Kira.

– Está bem. – disse Hisagi – Então conte como foi que aconteceu isso.

Então ele contou o que havia acontecido com ele.

Quando terminou, Yumichika foi o primeiro a dizer:

– Não, não, você não está brincando, nem bebeu sakê. Você está é doente, com uma febre incrível e isso é um delírio. Uma garota linda beijando você. Quer que a gente acredite.

– Por que vocês não acreditam em mim.

– Por que você é feio. E depois nunca vi uma garota assim. – disse Hisagi completando a resposta em tom sarcástico.

– Não, esperem, eu acho que já vi uma garota que parece com o que você disse. – Todos olharam para Kira. – Mas eu a vi no esquadrão do Iba-san. Então é melhor você ficar bem longe dela. Ele é muito protetor e não vai gostar dessa história.

– Ah, se ela existe então eu quero ver. – disse Hisagi.