Decendência-x escrita por nana e hachiko


Capítulo 1
Capítulo 1 - Insônia




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Londres, quatro horas da manhã. O silêncio daquela noite parecia agravar a situação. Em seu quarto, uma garota revirava de um lado a outro de sua cama, esperando encontrar uma faísca de sono, ou qualquer outra razão que fizesse sua mente descansar por um instante sequer.

Victoria Le Fay, uma adolescente comum de dezesseis anos, bonita, inteligente e misteriosa. Nada a tornaria diferente das demais adolescentes, a não ser por um pequeno detalhe: o gene x.

A perseguição contra os mutantes estava aumentando com o passar dos dias. Além de sentir-se uma aberração, precisava pensar numa maneira eficiente de superar os ataques constantes contra sua espécie. Há três dias, não podia dormir. Tentava ao máximo, mas tudo o que conseguia eram breves cochilos. O vento frio soprava janela adentro, e por um momento o mundo inexistia. Logo voltava a pensar nas palavras duras que ouvira à socapa a respeito de sua própria existência, e o silêncio que deveria trazer-lhe a sensação de calmaria, na verdade a fazia suspeitar de que algo muito ruim estava prestes a acontecer.

Tentando manter os olhos fechados, ouviu um enorme barulho que fez com que a moça sentasse imediatamente na cama, assustada. Correu até a janela de seu quarto, onde podia ver um prédio muito próximo pegando fogo. Era óbvio que aquilo não foi um acidente. Ainda mais numa vila de mutantes, em tempos como esses.

- Filhos da... – mordeu os lábios com raiva e preocupação, virou-se e pegou a grande mochila que havia preparado há alguns dias, caso precisasse fugir.

Com a mochila pendurada em um dos braços, parou e olhou seu reflexo no espelho à sua frente. Estava com uma calça preta macia e regata branca colada ao corpo. Sua expressão de desapontamento foi extremamente clara. Como não pensou na roupa adequada antes? Agora não havia mais tempo. Abriu seu armário e puxou uma blusa cinza de moletom. Abriu a gaveta de seu criado mudo e pegou sua adaga, guardando-a junto ao corpo, num local seguro e de fácil acesso. Calçou o all star vermelho baixo, aproveitando a meia soquete branca que estava em seu pé. Colocou o celular no bolso, e pronto.

Correu até a janela da sala e percebeu a aproximação dos possíveis responsáveis pelo acidente do outro prédio. Tocou o alarme de incêndio para que os outros moradores pudessem escapar. Teria usado a escada, mas decidiu descer por ali mesmo. Escalou até parte do andar de baixo, e logo pulou. Victoria morava no terceiro andar. Chegou ao chão de pé, o que era surpreendente até mesmo para ela, mas não havia tempo para pensar naquilo. Abaixou-se um pouco e correu até o prédio onde o fogo se alastrava.

Famílias corriam e crianças choravam. Alguns andares já haviam se perdido no fogo, enquanto um grupo de mutantes tentava resolver o problema. Diversos eram seus poderes, e cada um ajudava da forma que podia. Os que podiam enxergar por raios-x ajudavam a localizar as pessoas no edifício. Homens elásticos se esticavam para resgatar as pessoas nos diversos andares. O mesmo acontecia com os voadores e os dotados de teletransporte. Os que dominavam a água, bem... Não é preciso dizer o que estavam fazendo.

Enfim, muitos estavam a ajudar as vítimas daquele incidente. Apesar da destruição do local, tudo parecia estar sob controle agora. Algumas pessoas conversavam sobre o que poderia ter originado aquela explosão. Até então, Victoria pensava que era apenas um incêndio. Provocado, mas um incêndio. Agora, explosão? Oras... era óbvio que não teria sido um acidente.

- Filhos da... – mordendo a boca outra vez, colocou a mochila no chão, abrindo um pequeno compartimento frontal, de onde tirou um elástico para seus longos cabelos negros. Prendeu-os num belo e macio rabo de cavalo, o que deveria facilitar muito.

Colocou a mochila nas costas outra vez, quando ouviu outro grande barulho. Olhou para trás e viu o prédio onde morava em chamas, e grande parte dos moradores já havia saído, graças ao disparo do alarme de incêndio. A melancolia começou a atingir sua alma ao assistir seu lar em chamas, sem saber onde isso tudo iria parar. As pessoas ao redor se desesperando, e tudo começaria outra vez. Victoria precisava resistir aos ataques de tristeza que tentavam invadir seu coração naquele momento. Segurou forte as alças da mochila que estava em si e correu o máximo que pôde. Estava ofegante, mas não devia parar enquanto não chegasse à estação de trem mais próxima.

Chegando lá, sem rumo, sentou em um dos bancos da estação para pegar um pouco de ar. E o que faria dali em diante? Pegou sua pequena caderneta onde havia anotado importantes informações, que talvez precisasse em situações emergentes como esta. Mas o que faria? Largar o colégio assim no final do ano, parar de trabalhar naquela lanchonete legal e fazer o que? Não tinha mais uma casa para voltar, e mesmo que tivesse, não seria nada seguro.

- Instituto Xavier para Estudos Avançados... – lia em sua caderneta, abaixando a voz a cada palavra. – é isso!

Lá dizia que o Instituto ficava no Condado de Westchester, Nova York. Victoria não fazia idéia de onde ficava esse condado, mas ir para os Estados Unidos, apesar de absurdo, parecia ser sua única opção.

Há algum tempo ouvira falar a respeito deste instituto, que também era uma escola para os adolescentes. Lá poderia desenvolver seus poderes e ter uma vida adequada, além de não ter de parar os estudos.

Decidiu então partir. Já eram quase seis horas da manhã. Pegou um trem até o aeroporto de Londres, onde teve de suportar a incessante conversa de duas senhoras a respeito de suas unhas dos pés e em novas táticas para rejuvenescer a pele. Chegando ao aeroporto, comprou uma passagem para o próximo vôo até Nova York, justamente na poltrona ao lado de uma criança desagradável que além de fazer barulho e outras coisas irritantes que as crianças fazem, dormiu pendendo para o lado de Victoria. Que alegria. Horas seguidas sem pronunciar uma única palavra, a não ser nos guichês de compra de passagens. Não que o silêncio fosse ruim. A moça costumava gostar de ficar a sós com seus pensamentos. Isto é, quando conseguia abster-se do barulho do ambiente.

Nova York, duas horas da tarde. Victoria acaba de chegar à mansão X, onde é recepcionada por um belo homem, com um físico incrível, usando uma espécie de óculos super estiloso, além da roupa que chamou a atenção.

- Seja bem-vinda ao Instituto Xavier para Estudos Avançados. Eu sou Scott Summers, mas por aqui sou conhecido como Ciclope. Não se preocupe, você está a salvo agora. Eu vou pedir para que alguma das moças te ajude com o seu quarto, e mais tarde daremos uma volta pelo local, e lhe mostrarei tudo por aqui. Certo? – e sorriu de um jeito encantador.

- C...claro! – sorriu Victoria encabulada – obrigada pela recepção.

- Não se preocupe com isso! Agora vamos resolver a questão do seu quarto. Você terá que dividi-lo com outra aluna, pode decorá-lo da maneira que achar melhor, desde que respeite as regras que vai receber mais pra frente. Sinta-se à vontade, aqui agora é a sua casa. Nos encontraremos aqui mesmo, no saguão de entrada, as seis e meia. Pode ser que chegue algum outro novato até lá. Ah, também vou precisar que preencha alguns papéis pra mim.

- Tudo bem, estarei aqui. – tímida, sorriu e despediu-se, sendo levada pela mulher designada por Ciclope.

A moça era linda e parecia ser muito poderosa. Não deu muita abertura para conversas, e nem havia se apresentado até então. Mostrou-lhe um quarto grande, ainda vazio. Sua companheira ainda não estava lá.

- Aqui estão dois uniformes no seu tamanho. Me avise se não servirem. Você deve estar as seis horas no saguão de entrada para encontrar o professor Ciclope. Não precisa ir de uniforme. Não se atrase.

- Tudo bem, obrigada. – intimidada desta vez.

- Sua companheira de quarto ainda não chegou, ou não foi definida. Mas logo ela chegará. Você pode escolher a cama que preferir, já que ela não está aqui ainda. Se precisar de alguma ajuda, tecle zero no telefone do quarto. Se precisar falar comigo, procure por Ororo Munroe  ou Tempestade.

E saiu, sem esperar resposta ou qualquer tipo de apresentação e agradecimento. Nada. Victoria apenas engoliu tudo o que a moça disse, afinal, foi num único disparo. Até ficou mais a vontade depois que a mulher saiu.

O quarto tinha duas camas, uma televisão, uma grande escrivaninha onde as duas meninas poderiam estudar, prateleiras até o teto na parede da mesma, a janela na parede contrária à porta, ou seja, mais próxima de uma das camas. A porta do banheiro ficava na parede contrária às camas, e na direção do meio. Criados mudos para ambas e sistema de calefação interna. Os guarda-roupas ficavam ao lado de cada cama, embutidos na parede. Victoria decidiu ficar com a cama próxima à janela. Guardou suas coisas de forma sistemática no guarda-roupas e nos outros locais, conforme necessário, desejando que sua companheira de quarto fosse no mínimo normal. Tomou um banho, trocou-se e resolveu descansar.


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Notas finais do capítulo

Esta fanfic é feita em dupla. Cada capítulo é feito por uma de nós, mas também dividiremos alguns deles.
Esperamos que gostem!



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