Carrossel e a Desordem de Alabasta escrita por Jel Cavalcante


Capítulo 3
O temível ladrão foragido


Notas iniciais do capítulo

Os jovens guerreiros começam a experimentar seus novos poderes enquanto a cidade de Alabasta vai se tornando cada vez mais perigosa.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/636209/chapter/3

– Aconteça o que acontecer, não olhe pra trás! - Gritou Jaime correndo feito um louco.

– Eles ainda tão vindo?

– Sim. E são muitos!

Logo atrás, alguns dos guardas que estavam na taverna perseguiam os dois. Maria Joaquina avistou uma passagem escura e dobrou bruscamente. Jaime a acompanhou e ambos deram de cara com um beco sem saída.

– Faz alguma coisa. Agora! - Gritou Maria Joaquina.

– Mas o quê? Convocar um exército de baratas voadoras pra combater a guarda real?

– Sei lá. Me dá o báculo que eu te pedi pra guardar. Depressa! - Ordenou a menina suando frio.

Jaime entregou o báculo nas mãos dela sem imaginar o que poderia acontecer. O barulho dos guardas estava se aproximando e algo precisava ser feito urgentemente.

– Seja lá o que isso faça, espero que funcione! - Maria Joaquina apontou o bastão para a rua e nada aconteceu.

Os guardas pararam na entrada do beco esperando encontrar os forasteiros. Jaime e Maria Joaquina ficaram em silêncio, completamente aflitos.

– Ué, tem certeza de que eles dobraram aqui? - Perguntou um dos guardas adentrando o local.

Os dois estavam abraçados no canto do beco. Já era noite e a lua emanava um brilho forte iluminando toda a cidade. Jaime se perguntava por que os guardas não conseguiam enxergá-los e quase deixou que sua respiração fosse ouvida.

– Talvez eles tenham enganado a gente. Continuem procurando pela rua.

Os guardas saíram na direção contrária e continuaram as buscas pela cidade. Jaime podia respirar mais aliviado porém o medo não permitia que saísse do lugar. Ao notar que estava abraçado com a menina, se afastou imediatamente. Era a segunda vez naquele dia que sentia algo diferente ao estar perto dela.

– Por que eles não viram a gente aqui? - Perguntou Jaime apreensivo.

– Não faço a mínima ideia. - Respondeu Maria Joaquina, observando que seu báculo estava emitindo uma luz fraca.

A menina foi sumindo aos poucos da vista de Jaime. O garoto deu um pulo para trás e teve que se segurar na parede para não cair.

– Cadê você? Eu não consigo mais te ver! - Gritou Jaime.

– Xiiiiiu. Fala baixo! Você quer que os guardas voltem? Além do mais eu tô aqui, no mesmo lugar.

– Mas… eu não tô conseguindo te ver… peraí. - Jaime deu um passo na direção dela e tocou em seu braço. Nesse instante uma bolha quase imperceptível envolveu os dois.

– É isso! - Exclamou Maria Joaquina - Enquanto a sua varinha faz aparecerem baratas nojentas, o meu báculo cria essa bolha que deixa as pessoas invisíveis!

– Que irado! Desse jeito a gente pode roubar toda a comida da cidade! Esse lugar é demais! - Jaime tinha um olhar malicioso.

– Deixa de pensar besteira, garoto! Eu jamais iria usar os meeeeus poderes pra satisfazer a sua fome infinita. Até porque a gente iria precisar roubar a comida do reino inteiro pra isso.

– Lá vem a Maria Estraga Prazeres. Então… O que você pretende fazer com esse seu novo brinquedinho?

– Argh! - Suspirou impaciente - Primeiro a gente precisa achar um lugar pra dormir. Depoooois eu vejo o que a gente pode fazer com esse negócio de invisibilidade. - A menina saiu andando com o báculo na mão.

Jaime foi ao seu encontro e, quando chegou mais perto, percebeu que ela estava bastante fraca.

– O que foi? Ta se sentindo bem? - Perguntou se inclinando para apoiá-la nos braços.

– De repente me deu um cansaço. Acho que esse negócio de invisibilidade não é uma boa ideia. - A menina parou de se concentrar no objeto em suas mãos e notou que a bolha havia sumido.

– É… Parece que esses poderes consomem toda a energia do nosso corpo. Eu já tô aqui morrendo de fome outra vez.

Os dois voltaram para a rua com cuidado para não serem vistos e seguiram rumo ao desconhecido. Maria Joaquina caminhava com dificuldade e, vez ou outra, era amparada pelos braços de Jaime.

As luzes de Alabasta davam um tom ainda mais mágico ao local. A cidade era uma verdadeira obra de arte e isso fez a menina lembrar de suas viagens a Paris.

– Esse lugar é tão lindo. Bem que a gente podia ficar aqui pra sempre.

– Eu concordo "planamente" com você. Esse lugar é maravilhoso. E ainda por cima, não tem Escola Mundial e nem dever de casa.

– Ai, Jaime, se diz "ple-na-men-te". E outra, a gente não vai ficar aqui por muito tempo. Basta a gente achar os nossos amigos e depois dar o fora imediatamente. Sabe-se lá o que mais tem nesse lugar estranho.

– Falando em amigo, você viu como o Daniel tratou a gente? - Comentou Jaime com um olhar preocupado.

– Vi sim. Parecia que ele era outra pessoa...

– Uma pessoa beeeem mais chata do que de costume. Até mais do que você, diga-se de passagem.

– Idiota... Sabe o que é pior? Ele nem sequer lembrou da gente. Como pode? - Falou Maria Joaquina, ainda inconformada com a forma como havia sido tratada.

Os dos caminhavam sem rumo, à procura de alguma estalagem para passarem a noite. Tudo o que viam eram casas, bares, lojas, mas nada de hotel ou coisa parecida e a noite se adiantava cada vez mais.

– Ei, vocês dois! - Falou uma voz estranha do outro lado da rua.

– Xii, ferrou. - Comentou Jaime, baixinho.

– Vocês tem cara de que não são daqui. Aceitam o humilde convite de uma pobre jovem solitária? - Aos poucos a menina foi revelando seu rosto. Tinha cerca de doze anos e uma voz simpática que rapidamente convenceu seus convidados a entrarem em sua casa.

Era um local bastante simples e apertado, mas dava para o gasto, afinal, precisariam passar apenas uma noite ali.

– Foi muita gentileza sua convidar a gente pra entrar. Se não fosse por você, a gente ainda estaria na rua numa hora dessas. - Agradeceu Maria Joaquina.

– Era o mínimo que eu podia fazer ao ver dois jovens perdidos no meio da rua.

"Jovens? Mas gente tem quase a mesma idade." - Observou Jaime em pensamento.

A comida foi servida e os três se acomodaram em volta da lareira na sala. A madeira estalava e o vento frio fazia parecer que estavam em algum sítio ou serra.

– Me chamo Mercedes. E vocês? - Perguntou a menina olhando fixo na direção do báculo que Maria Joaquina segurava.

– O meu nome é Jaime e essa garota insuportável aqui do meu lado é a Maria Joaqu… Ai! Essa doeu! - Gritou ao levou um baita pisão no pé.

– Maria Joaquina Medsen, prazer. - A menina abriu o sorriso e terminou de tomar a sopa.

– Escuta, isso daqui ta muito bom. O que é mesmo? Parece… - Jaime tentava adivinhar o sabor da comida pelo cheiro.

– Sopa de couro de sapo. Ah! Eu coloquei umas verdurinhas pra dar o gosto. - Mercedes sorria ao ver a cara de nojo dos dois.

– Eco! Quer dizer… que exótico... haha. De onde eu venho não se come esse tipo de coisa. - Disfarçou Maria Joaquina fazendo um grande esforço para manter a comida no estômago.

– E de onde vocês são? Deixa eu adivinhar… Por estarem tremendo de frio, já sei que não vieram de Droste. E também não são da Floresta das Almas Perdidas porque sopa de couro de sapo é uma das grandes tradições de lá. Só podem ser de… Mykonos?

Jaime não fazia ideia do que eram todos aqueles nomes mas concordou mesmo assim.

– Você é muito esperta. A gente veio de lá mesmo. Chegamos ontem de viagem. - Confirmou com um sorriso tímido.

– Então eu suponho que vieram em um graaande navio. Sabe, eu morro de medo de navegar. Sempre passo mal quando chego perto do oceano. - Mercedes vez ou outra encarava Maria Joaquina com um olhar desconfiado.

– Já sei. Você deve ta achando que eu sou uma tal de Deusa Cruel. Vou logo avisando que não sei nem quem é essa maluca. - Adiantou Maria Joaquina.

– Engraçado. Você tem um báculo igualzinho ao dela. - Os olhos da menina iam se arregalando aos poucos.

– Pois é… Então… - Não adiantava falar mais nada. Não sabia da onde surgira aquele objeto estranho, nem quem seria essa tal deusa e muito menos onde ficava a tal cidade que Mercedes havia mencionado.

– Nós somos colecionadores de coisas esquisitas. Dá só uma olhada nessa varinha aqui. - Jaime mostrou a varinha para a menina.

– Nossa! Que linda. Nunca vi uma igual. Vocês devem ter viajado o reino inteiro pra acharem coisas tão interessantes.

– É… Bem legal mesmo. Desculpa Mercedes, mas é que a gente ta muito cansado… - Cortou Maria Joaquina com medo que a conversa se prolongasse.

Os dois foram conduzidos ao quarto de hóspedes onde só havia uma cama. Jaime pegou um dos lençóis que a dona da casa trouxe para eles e estendeu no chão. Maria Joaquina se esparramou na cama dura e suas costas começaram a doer.

– Nossa, que cama horrível! - Exclamou olhando para o chão.

– Para de reclamar, sua frescurenta. Olha só onde eu vou ter que dormir.

A menina sentiu um pouco de dó dele mas preferiu manter as coisas como estavam. Dormir junto na mesma cama era uma intimidade que não gostaria de dividir com alguém feito o Jaime. Pela janela, viram que as luzes iam se apagando aos poucos. O cansaço tomou conta e foram fechando os olhos lentamente. E assim passaram a primeira noite no reino de Reveria.

_

Quando abriu os olhos, Jaime percebeu que dois garotos estranhos o encaravam de cima. Mais atrás, Maria Joaquina se encontrava presa nas mãos de Mercedes, com um pedaço de pano tapando sua boca.

O garoto foi erguido do chão, sem chance alguma de resistência e, junto de sua amiga, foram conduzidos para os fundos da casa, onde havia uma passagem subterrânea para o porão.

Os dois foram amarrados, um de costas para o outro, e posicionados junto à uma parede escura. A luz fraca de uma lamparina iluminava o local obscuro, dando um toque ainda mais sombrio para toda a situação.

Mercedes tirou o pano da boca de Maria Joaquina e retornou para a entrada do porão, onde estavam os dois garotos. Em suas mãos repousavam a varinha e o báculo mágico.

– Por que ta fazendo isso com a gente, Mercedes? Eu achei que você fosse alguém de confiança! - Gritou Maria Joaquina com os olhos cheios d’água.

– Você acha que eu ia engolir aquela sua história de ser apenas parecida com a deusa. É lógico que você estava tentando disfarçar, mas o báculo não deixou dúvidas.

– Ta havendo algum engano aqui. Eu posso garantir que ela não é nenhuma deusa. - Falou Jaime tentando resolver a confusão.

– Cala a boca, Jaime! - A menina não tinha gostado nada nada da forma como ele falou.

– Realmente, uma pessoa como você não merece ser chamada de deusa. - Mercedes estava completamente possuída por um ódio inexplicável - Tem uma pessoa especial que quer ter uma conversinha com você. Até ele chegar, é melhor não tentarem fazer nenhuma gracinha.

A garota e seus dois companheiros trancaram a porta e deixaram os prisioneiros a sós. Jaime se contorcia todo tentando soltar as amarras mas o esforço foi em vão. Maria Joaquina tentava entender como todos aqueles mal entendidos contra a sua pessoa poderiam estar acontecendo.

– Eu não aguento mais ser confundida com essa deusa idiota. Quantas vezes eu vou ter que repetir que EU NÃO SOU ESSA MULHER! Acreditem em mim de uma vez por todas! - Os gritos da menina ecoaram pelo porão.

– Calma. Mais cedo ou mais tarde eles vão entender que você não é quem eles tão pensando. Se bem que cruel até que você é... - Jaime tentava animar um pouco o momento de tensão que estavam vivenciando.

– Você só sabe falar besteira. Tudo que eu menos queria era estar presa a alguém feito você. Insensível, nojento e covarde!

As palavras de Maria Joaquina machucaram profundamente o coração de Jaime. Definitivamente o menino não estava preparado para ouvir tantas verdades de uma vez só. Permaneceu calado um tempo, de cabeça baixa até que a porta se abriu de repente.

– Aqui ta o almoço de vocês. Se virem pra pegar a comida com os dentes porque a gente não é nem idiota de deixar garfo e faca por aqui.

Novamente, a porta se fechou e o silêncio voltou a reinar no local.

– Você não vai comer? - Perguntou Maria Joaquina.

– Tô sem fome. - Jaime ainda estava muito triste com o que acabara de ouvir.

– Olha, eu não quis dizer tudo aquilo. Bem… Às vezes você faz alumas idiotices mas até que eu acho engraçado. - Tentou reanimar o garoto mas de nada adiantou.

– Eu tô sentindo falta do meu chefe… Da minha mãezinha… E até do chato do Jonas… Será que eles tão preocupados comigo?

– Eu sinto a mesma coisa. Mas relaxa. A gente vai dar um jeito de sair daqui.

A porta se abriu bruscamente e uma figura misteriosa surgiu vagarosamente na escuridão. Nas mãos trazia uma uma espécie de faca com cerca de trinta centímetros de comprimento.

– Eu esperei muito tempo por esse dia. Agora você vai pagar por todas as atrocidades que fez comigo e com os meus amigos. - A voz fria do garoto se dissipou rapidamente.

– Espera aí, eu tô reconhecendo essa voz… - Falou Maria Joaquina tentando enxergar além da escuridão.

– Você não é capaz de nada sem o seu brinquedinho, muahahahaha!

O rosto foi iluminado parcialmente pela luz fraca da lamparina, se tornando ainda mais macabro. Um olhar de vingança predominava voltado para a menina encostada na parede.

– PAULO? - Os dois gritaram ao mesmo tempo.

– Isso mesmo. Paulo Gerra, o temível ladrão foragido. Esse reino patético jamais vai conseguir me trancar de novo naquelas ilhas malditas, muahahah - Sua risada era inconfundível.

– Mas… Como assim, ladrão? O máximo que você fazia era roubar o dinheiro do coitado do Cirilo. - Comentou Jaime em busca de explicações.

– Cala a boca ô gorducho! Eu nem sei quem é você. Eu vim aqui pra acabar com essa deusa das trevas! - Paulo se aproximava com a adaga nas mãos.

– Paulo, larga isso! Você vai acabar me machucando! - A menina tentava se arrastar para longe mas, por estar presa a Jaime, não conseguiu sair do canto.

– O jogo acabou pra você, sua falsária! Eu sempre soube que você não era deusa coisa nenhuma. - A lâmina afiada da arma de Paulo encostou na garganta da garota.

– Socorro, Jaime! O Paulo ta louco! - Seus olhos se fecharam com medo do que poderia acontecer.

– Calma, Paulo! A gente pode conversar.

– Por que eu iria querer conversar com você? O meu único objetivo aqui é me vingar por todas as crueldades da sua amiguinha aqui.

– Mas eu não fiz nada! Quantas vezes vou ter que repetir que eu não sou essa Deusa Cruel que vocês estão pensando! - A voz fraca nem sequer abalou Paulo.

– Não adianta. Agora você já era!

A porta abriu mais uma vez e a dona da casa apareceu ao lado de seus dois capangas. Dessa vez, seus olhos possuíam um vermelho intenso.

– Na verdade, esse é o fim de vocês três. - Mercedes ergueu as mãos e algumas criaturas começaram a se mexer nas sombras. Dois tentáculos compridos surgiram da escuridão e agarraram Paulo.

– O que ta acontecendo aqui? - Paulo tentava cortar as sombras com a adaga.

– A sua cabeça vale muito, Paulo Guerra. Você achou mesmo que iria roubar a cidade inteira e sair impune? - A garota olhou para os comparsas - Essa armadilha é perfeita, não acham? Além de acabar com os forasteiros, ainda vamos conseguir uma fortuna te entregando para o rei! Além, claro, do tesouro que você trouxe até aqui. HAHAHAHAH! Peguem eles!

Os dois capangas foram aos poucos se transformando em sombras, porém os olhos vermelhos continuaram os mesmos. Seus braços eram agora grandes garras afiadas, direcionadas para a cabeça de Paulo.

– O que um bando de alma penada pode fazer contra o temível Paulo? Isso mesmo, nada! - Paulo conseguiu cortar as sombras que o prendiam no chão e saltou para o lado.

Em seguida o garoto correu na direção de Mercedes, que segurava um baú enorme com toda a fortuna que havia roubado de Alabasta.

Na parede, uma mancha escura revelava seus tentáculos na direção de Jaime e Maria Joaquina. Antes que fossem alcançados, a adaga de Paulo perfurou o centro da mancha, fazendo a sombra se contorcer freneticamente.

– Vocês são meus prisioneiros. Não posso deixar que essas cosias levem vocês daqui! - Gritou Paulo de longe.

Os capanga-sombras de Mercedes agarraram Paulo por trás, sendo combatidos por vários pisões de pé simultâneos. O garoto aproveitou o momento para voar em cima de Mercedes e tentar arrancar o baú de suas mãos. Os dois começaram a puxar com força e vários objetos caíram, incluindo a varinha e o báculo dos prisioneiros.

Paulo olhou para trás e viu que o porão estava empestado de sombras. Olhou para os objetos no chão e teve uma ideia. Largou o baú, apanhou os pertences de Jaime e Maria Joaquina e jogou na direção deles.

Jaime arrastou Maria Joaquina pelo chão, na direção da varinha e, em poucos instantes, conseguiu alcançá-la. Suas mãos estavam amarradas fazendo com que manuseasse o objeto com dificuldade.

"E agora? Como eu vou conseguir sair dessa?"– Pensou enquanto apertava a varinha com força.

De repente, uma chama minúscula surgiu e passou a queimar a corda aos poucos. Algumas sombras se juntaram formando uma onda violenta que os atingiu em cheio. O ataque foi tão forte que terminou de rasgar as amarras que os prendiam um no outro.

– Jaime! - A menina gritou ao ver o amigo desacordado.

– Ele deve ter batido a cabeça na parede! Rápido, manda a adaga pra cá! - Gritou Paulo do outro lado do porão.

Maria Joaquina arrancou a adaga da parede e arremessou a arma de volta para Paulo, que a agarrou no ar com grande destreza. As sombras se viraram na direção dele e começaram a se juntar para o ataque.

Mercedes apanhou as jóias do chão e colocou de volta no baú. Ao ver que as sombras estavam se preparando para o ataque, esboçou um grande sorriso maligno.

– Você já era, Paulo Guerra! - Os olhos vermelhos da menina brilharam feito duas bolas de fogo.

Paulo olhou para trás e se deparou com uma bola escura gigantesca vindo na sua direção à toda velocidade. Apontou a adaga para a criatura e fechou os olhos com medo. Antes que fosse atacado, uma luz forte surgiu ao fundo e dissipou a sombra completamente.

– O que você fez, sua idiota! - Gritou Mercedes.

Maria Joaquina estava completamente iluminada por uma aura que saía do báculo em suas mãos. A luz invadiu os olhos vermelhos de Mercedes fazendo com que a garota caísse no chão, sem forças.

Paulo abriu os olhos e reparou na luz forte vinda do báculo de Maria Joaquina.

"Mas… Isso não parece com os poderes das trevas..."– Pensou, confuso, ao ver que a garota tinha um poder completamente diferente do que a Deusa Cruel usava.

O corpo de Mercedes começou a diminuir e em pouco tempo se transformou em um urubu com quatro olhos vermelhos. A ave levantou vôo imediatamente e fugiu. Não havia mais nenhuma sombra no local.

Maria Joaquina correu na direção de Jaime e se ajoelhou diante de seu corpo caído.

– Foi uma batidinha de nada. Daqui a pouco ele melhora. - Falou Paulo se aproximando.

O báculo de Maria Joaquina brilhou novamente, porém dessa vez a luz envolvia o corpo de Jaime. Aos poucos, o menino começou a apresentar sinais de vida.

– Você ta bem? - Perguntou Maria Joaquina apoiando a cabeça dele em seu ventre.

– A minha cabeça ta rodando. - Respondeu Jaime ainda atordoado com a batida.

– Bem… Eu sei que não é uma boa hora mas… Eu acho melhor a gente sair daqui o quanto antes. - Indicou Paulo com um olhar preocupado.

Jaime foi erguido com a ajuda de sua amiga enquanto Paulo levantava o baú com as duas mãos. Os três saíram juntos da casa, mesmo sem saber direito para onde iriam à partir dali. De alguma forma o destino parecia ter unido aqueles jovens, como se precisassem da ajuda um do outro para uma tarefa bem maior. O sol cobria as ruas de Alabasta com um brilho intenso, anunciando um longo dia de emoções pela frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

~avisos~

pra quem leu os dois primeiros capítulos até ontem (domingo - 02/08/15), fiz duas
mudanças importantes:

1 - a história acontece nas férias antes de entrarem para o quarto ano, portanto eles mantém a idade e a aparência da época da novela;

2 - a moeda oficial do reino são figurinhas (moedas de prata com o rosto de algumas pessoas importantes).

Então é isso. Espero que estejam curtindo!
bjs e até :**



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Carrossel e a Desordem de Alabasta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.