Entramos no carro ainda molhados, mas Gerard parecia não se importar. Ele era ‘só sorrisos’. Eu não sabia onde estávamos indo, mas ele sabia bem onde estava me levando e aos poucos sua fisionomia foi ficando séria, demonstrando que o tal lugar não trazia boas lembranças pra ele.

- fique aqui que eu já volto, ok? Não vou demorar. – ele disse e saiu do carro me deixando sozinha. Olhei pela janela e vi que ele tirou uma chave do bolso e abriu o portão.

Esperei longos minutos até que Gerard apareceu segurando algumas bolsas com o que pareciam ser roupas dele. E sua cara não era nada boa também.

- desculpa a demora. Não é nada fácil passar por tudo isso. – ele suspirou e deu partida no carro. Eu não disse nada, não queria deixá-lo mais triste perguntando o porquê daquela cara. Olhei pra mão dele e percebi que aquela coisa brilhante já não estava mais em seu dedo. Não foi difícil imaginar o que tinha acontecido lá dentro daquela casa, e com certeza não foi nada bom...

Voltamos pra pousada e eu o ajudei com as bolsas. Dentro do quarto, ele jogou tudo em cima da cama. Além de algumas roupas dele, também havia alguns vestidos e roupas femininas.

- eu não sei se vai servir em você, acho que sim. Não se preocupe que a Nataly nunca usou essas roupas, ela só comprava, guardava e acabava esquecendo no armário. – ele dizia coçando a cabeça com vergonha.
- são todas tão lindas... – eu dizia encantada – eu não acredito que ela nunca usou esse vestido! Que coisa mais linda! – peguei o vestido e fiquei olhando pra ele toda feliz. Eu nunca tinha visto nada com tanto brilho. Era lindo.
- que bom que você gostou. – os olhos dele brilhavam e em seu rosto havia um sorriso bobo.
- aaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh! Que é isso??? – escutei uma música vindo de algo em cima da cama e me assustei.
- deve ser o meu celular. Cadê ele?? – Gerard procurou embaixo daquele monte de roupa e achou um aparelhinho que cabia na palma da minha mão.
- então isso é a razão daquela música tão barulhenta?? – falei sem entender nada.
– achei. Droga, é o Frank. – ele atendeu e começou a falar com alguém que eu não estava vendo. Pensei que ele estivesse falando sozinho, então ele voltou ao normal. – eu esqueci do ensaio, estão todos atrás de mim.
- que ensaio?? Todos quem?? – falei confusa sentada na cama.
- eu tenho uma banda de rock. – continuei sem esboçar nenhuma reação, afinal eu não sabia o que era uma ‘banda’ e muito menos ‘rock’ – nós fazemos música, Maya.
- ah tá... – falei ainda com a cara de ‘besta’.
- quer vir comigo? Eu preciso encontrar os caras agora. Assim você conhece todo mundo e vira nossa fã número um! – ele riu e eu também. Resolvi ir junto.
- tudo bem. Eu vou trocar de roupa e já volto.

Tentei colocar uma calça e quase caí no chão, de tão enrolada que eu estava dentro do banheiro. Eu nunca tinha vestido coisa parecida e até aquele dia pensava que só os homens se vestissem com aquilo.

- nossa, como isso é apertado... ufa, entrou! – terminei de vestir a roupa e saí. Gerard me esperava sentado na cama, já todo pronto.
- ual! Você tá linda. – corei – você e a Nataly têm o mesmo corpo, vestem o mesmo tamanho de roupa. – meu sorriso sumiu. Eu odiava ser comparada com ‘outra’.
- obrigada. Você também tá muito bonito.
- vamos que nós já estamos muito atrasados. Eles vão querer me matar.

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