Contei tudo, ou quase tudo. Expliquei o porquê de ter desaparecido e a razão de todo o mal feito por Aguane. Ele quase caiu da cama com tanta informação.

- nossa... então foi tudo por causa de um amor não correspondido...
- é... sabe, no fundo ela não merecia morrer. Ela só não era feliz. – falei um pouco triste. A Aguane podia ser do mal, mas era uma fada como eu.
- não fique triste, Maya. Nós seremos muito felizes, e é isso que importa agora. Nós dois.
- três.
- o quê? – ele me olhou espantado.
- nós três.
- como assim?

Passei a mão na minha barriga que já começava a sobressair em minha roupa e dei um sorriso. Gerard abriu um longo sorriso e me abraçou com os olhos cheios de lágrimas.

- eu estou grávida. Não sei como e nem o que vai acontecer com minha vida, mas eu carrego dentro de mim um parte de você agora. – falei chorosa.
- eu já sabia. – ele disse tentando conter a excitação.
- sabia?? Como??
- o Frank. Ele me disse que suspeitava disso desde o dia que você passou mal na casa dele. – meu queixo caiu. Como aquele anão era fofoqueiro! – você não tem idéia do que eu passei longe de você, pensando que nunca mais te veria de novo e nunca iria saber se eu seria pai ou não. Maya, eu te amo!
- eu também te amo, Gee. Mais do que qualquer coisa no mundo da fantasia e muito mais do que qualquer feitiço possa conseguir.

Ele se ajoelhou aos meus pés e segurou minha mão. A mão dele tremia e eu só conseguia chorar de emoção.

- fada Maya, você aceita se casar comigo?
- sim, sim, sim!

Completamos nossa noite com muitos carinhos, amor e carícias. Decidimos deixar para espalhar a notícia no dia seguinte e aproveitamos a noite como não fazíamos desde o dia que começou a confusão.

Na casa de Frank, as coisas também estavam evoluindo rápido...

- eu senti saudades suas, sabia? Vocês duas nos deram um grande susto quando eu e Gerard acordamos em um hospital e nem sinal de nenhuma de vocês.
- ah Frank, foi preciso. Eu tive que levar a Maya de volta pra Guhur, pois só lá ela teria os cuidados necessários pra sobreviver ao que aconteceu na floresta. Mas eu sabia o tempo todo o que estava acontecendo com você.
- e você sentiu saudades de mim? – ele dizia com um sorriso cínico.
- você sabe que sim, bobo. – Joan ficou vermelha de vergonha.

A mãe de Frank apareceu na sala com uma bandeja repleta de sanduíches, biscoitos e sucos. Sem falar que ela tinha um largo sorriso no rosto.

- eu trouxe pra vocês se alimentarem. A sua namorada parece estar com fome, Anthony. – ela sorriu simpática pra ele e depois pra Joan.
- namorada?? – disseram os dois juntos.
- eu não sou boba, meu filho. E além do mais, ela parece ser uma ótima menina. – ela piscou pra Joan, que ficou sem reação. – comam bastante, ok? Se precisarem, estou na cozinha. – e saiu.

Frank e Joan se olharam e começaram a rir. Trocaram alguns olhares apaixonados e começaram a comer. A fome era grande! E o amor que predominava ali também.

Alguns meses depois...

Vocês se lembram do jardim em que eu e Gerard nos encontramos pela primeira vez? Então, foi justamente lá que nos casamos. Era primavera e o jardim estava repleto de flores dos mais variados tipos. Mais lindo impossível. Convidamos apenas algumas pessoas, na maioria nossos amigos. Frank e Joan, sim! Eles estavam mesmo namorando e foram nossos padrinhos. Os outros meninos também estavam lá e, inclusive, Carollyne também. E foi então que descobri o porquê daquele olhar que ela havia me dado meses atrás.

- você está linda... fada Maya. – ela sussurrou em meu ouvido.
- como... como você sabe??
- eu fui uma grande amiga da sua mãe em Guhur. – meu queixo caiu. – antes de eu decidir virar humana e vir pra Terra.
- mas... e o Bob??
- eu fui adotada e ele não sabe de nada. Eu ainda era criança e sua mãe já era adolescente. Apesar disso me lembro como se fosse hoje de tê-la ouvido falar que estava grávida antes de eu decidir fugir de lá.
- mas como você sabia que eu era a filha dela?
- não precisa saber muito, Maya. Você é igualzinha a ela, em tudo, até no modo de amar. Foi bom encontrar você, assim eu posso matar um pouco a saudade da falta que ela faz. Ela foi como uma irmã mais velha pra mim. – mirei o chão. Eu não gostava de lembrar que ela não existia mais. – mas hoje é dia de festa, não é? E você está linda! Tenho certeza que você e Gerard serão felizes para sempre. Pode confiar em mim. – ela piscou e eu descobri qual era o seu poder.

Nos abraçamos como grandes amigas e nos preparamos, pois o casamento iria começar. O vestido branco um pouco apertado acentuava minhas novas curvas e deixava a mostra meu barrigão de grávida. O buquê em minhas mãos tremia inquieto e meu coração batia rápido demais. Olhei pra frente e Gerard passava as mãos pelos cabelos, como fazia sempre que estava nervoso. Ele tinha um sorriso bobo no rosto, e não sei por que, mas isso me fez rir também. Frank e Joan estavam ao seu lado e toda hora que eu olhava pra minha amiga ela estava enxugando as lágrimas.

Andei até o altar construído especialmente para nós no jardim, e pelo caminho pétalas de rosas eram jogadas em cima de mim. Era tudo um sonho, um grande e maravilhoso sonho que eu esperava nunca mais acordar. Eu e Gerard nos casamos e agora éramos um só, aguardando a chegada daquela que seria o nosso símbolo de que o amor pode enfrentar diversos tipos de religiões, idade, raças e principalmente entre anjos e fadas. E sim, Gerard sempre será um anjo pra mim.

Nossa pequena ‘fadinha’ nasceu quando menos esperávamos. Ou melhor, quando eu menos esperava. E confesso que a dor do parto nem se compara com a alegria em pôr no mundo um pedaço da sua felicidade. Se Mary seria uma fada ou não, eu não sabia e nem me importava. O importante é que ela iria crescer tendo a certeza de que sua história não era apenas um conto de fadas, mas sim uma incrível realidade com um ‘pequeno’ toque de magia.