Itachi and Kisame History (Em Revisão) escrita por AnneAngel


Capítulo 32
Era Uma Vez... Uma Pobre Criança Gentil (Parte 3)




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A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou, até a gente.

Itachi P.O.V (Point Off View).

Deixou sua mente fluir para outras recordações, sabendo que Kisame podia ver e sentir tudo tão intensamente quanto ele.

Lembrava de correr pela casa, o chão de madeira sob seus pés descalços, havia um brinquedo de dinossauro na cor verde em suas mãos e estava sorrindo vitoriosamente por isso: Tinha procurado por aquela coisa desde que acordou aquela manhã, mas simplesmente não sabia onde estavam seus antigos brinquedos.

Só lembrava de ter colocado todos os itens infantis de seu quarto em uma grande caixa, e sua mãe se encarregou de leva-los ao orfanato como pediu que fizesse. A ornamentação também mudou, pediu que retirasse as cores de criança para um tom mais neutro.

De fato, ele tinha apenas cinco anos de idade, e sua mãe não gostou da ideia de seu quarto ter um ar tão adulto, mas ela não pode rebater sua contra-argumentação de que suas Kunais e Shurikens de brinquedo já estavam criando poeira porque agora tinha itens de combate reais dado que ganhara um Kit Ninja completo de seu pai no dia seis de Junho daquele ano, quando fizera cinco anos, desde então estava sendo orientado para ser um guerreiro e seus dias eram repletos de treinos e técnicas voltadas ao combate.

Lá se foram os brinquedos de blocos, os bonecos de heróis e vilões, os jogos que ativavam a curiosidade junto da diversão, ou a memória e criatividade, os lápis de cor e hidrocores também sumiram, o carpete multicolorido com o alfabeto e números igualmente. No fim das contas as brincadeiras lúdicas e infantis já não faziam mais parte de seu repertório de atividades.

Não que fizesse muita falta, pois ele mesmo não sentia a necessidade delas quando a realidade do mundo real era tão gritante; como poderia brincar de fantasiar universos, representando um papel fictício de herói ou vilão, se entretendo e se divertindo com uma mera ilusão quando havia conflitos e contendas reais por todo o mundo? Foi percebendo a realidade cruel do mundo real a sua volta que seu próprio mundo infantil ruiu cedo demais. 

Is this the real life?

(Isso é a vida real?)

Is this just fantasy?

(Isso é só fantasia?)

Mas agora o dinossauro verde estava em suas mãos novamente, pensara que sua mãe realmente doou seus brinquedos aos órfãos, mas ela apenas os escondeu no porão com a esperança de que um dia seu filho fosse mudar de ideia e iria quere-los novamente. Porém, Itachi não mudou de ideia, aquilo não era para ele: Freou seus pés com um movimento brusco, quando chegou próximo do quarto de seu irmãozinho bebê.    

Seus pés sequer fizeram barulho quando entrou suavemente no lugar, se aproximou do berço que logo tinha se tornado seu lugar favorito no mundo; Sasuke estava acordado e imediatamente sorriu e gargalhou quando o viu ali pairando sobre ele, o bebê estendeu as mãozinhas gordinhas em sua direção como se pedisse colo. Ao invés disso, Itachi sorriu amplamente e passou a pelúcia verde para seu irmão mais jovem. 

O neném rapidamente ficou interessado, pegando levemente o brinquedo, levando-o a boca como se fosse a coisa mais saborosa e babando tudo: Sasuke tinha apenas dois meses e nove dias, afinal.

Às vezes o pequeno bebê deixava o brinquedo cair logo ao lado de seu corpinho e não conseguia pega-lo novamente, pois ainda era pequenino demais para coordenar o próprio corpo, então ficava agitando os braços e pernas e fazendo um barulho engraçado com a boca que soava como “bah, bah, bah” acompanhado de risos, covinhas e mais baba. Era fofo de ver.

O Uchiha mais velho pegou o brinquedo e novamente o agitou na frente de seu irmão fazendo-o gargalhar e pegar a pelúcia verde novamente, em realidade ele mal conseguia segurar o brinquedo ainda que fosse bem leve.

De fato, seu irmão nem sequer sentava ou erguia a cabeça por conta própria ainda, mas Itachi sabia que ele adorava brinquedos com cores vibrantes e aquilo era a coisa mais próxima que tinha que era bem colorido, e que não fosse pequeno demais ou pontiagudo, sua mãe não iria implicar com uma pelúcia que podia perfeitamente enfeitar o berço. Sem contar que queria dar algo especial...

Itachi ponderou: ‘’Você gostou, Otouto? Era meu. Mas você pode ficar com ele. Quando eu era pequenininho eu brincava muito com ele, era meu melhor amigo. Quando eu estava com medo achava que ele poderia me proteger porque pensava que um ser que tem dentes com mais de 30 centímetros certamente poderia afastar todas as coisas que eu temia, como o monstro que eu achava que tinha dentro do armário ou a escuridão quando alguém apagava a luz...’’.

Ainda se lembrava dessa época, mas deixara de ser tão ingênuo; sentia que ainda tinha medo de muitas coisas, e isso provavelmente transparecia em seu rosto. Só que agora, não temia coisas pequenas como o reflexo daquelas cortinas grandes na parede que pareciam se transformar em apavorantes fantasmas. Como ele poderia temer isso, não é? A guerra causou um estrago bem maior...

Caught in a landslide

(Preso em um desmoronamento)

No escape from reality

(Sem escapatória da realidade)

...De repente algumas lágrimas quase surgiram em seus olhos apenas com menção a guerra. Não sabia porque acontecia isso, começou a assumir a culpa, porque sentia-se fraco, incapaz e impotente frente a esses eventos tão terríveis. Talvez por isso tornou-se uma segunda natureza para ele querer se tornar mais forte.

Quanto tempo levaria até que não fosse tão afetado pelos eventos da guerra? Não sabia, algumas semanas, alguns meses, anos talvez. Mas sabia que tinha que aprender a fazer mais doque se sentar num canto e chorar. E se algum dia estivesse sozinho num mundo cruel, queria poder ser forte para suportar sem parecer uma criança desolada.

Open your eyes

(Abra seus olhos)
Look up to the skies and see

(olhe para os céus e veja)
I'm just a poor boy

(Eu sou apenas um pobre garoto)
I need no sympathy

(Eu não preciso de simpatia)
Because I'm easy come, easy go

(Porque eu fácil vivo, fácil morro)
Little high, little low

(Tenho altos, e baixos)
Anyway the wind blows

(Não importa de onde o vento sopre)
Doesn't really matter to me

(Nada realmente mudará para mim)

‘’Eu não gostaria de deixar você passar pelo mesmo que eu passei, Otouto. Me as vezes parece inevitável, então escute. Ouça pelo menos isso que tenho a dizer. O mundo é uma droga, e não dá pra mudar isso. Mas, uma hora você terá que aprender a parar de se lamentar pelas coisas difíceis que acontecem e ir a lutar, ter um objetivo ajuda. Mas oque importa é não baixar a cabeça mesmo quanto o mundo parece estar desabando sobre você...’’.

Sasuke agitou os braços e pernas, fazendo um som como se quisesse falar. Claro que ele só estava balbuciando coisas sem sentido e não entendia uma palavra do que lhe era dito, mas só sua reação feliz e alheia a toda a dor nas palavras de Itachi, feliz em apenas escutar a voz de seu irmão maior, incentivou-o a continuar oque estava falando:

‘’Hoje tenho medo de coisas do mundo real que não podem ser detidas como se num passe de mágica, ou com uma pelúcia boba de dinossauro. Mas você pode ficar com ela, tenho certeza que vai se divertir muito, e viver muitas aventuras fruto de sua imaginação e criatividade. Faça isso antes que o mundo real tire isso tudo de você também...’’ Continuou observando o irmão que parecia tão feliz no berço e desejou poder voltar na época onde também era tão feliz por coisas tão insignificantes.

Itachi já não se sentia como criança, ainda que tivesse só cinco anos. Porque olhando seu irmãozinho menor podia ver que a plenitude da infância se dava no fato das crianças serem alheias as verdades do mundo. Ele não era mais assim, o mundo real assassinou seu eu infantil, e deixou-o desamparado na vida, angustiado com as verdades de mundo que ainda era novo demais para aprender a tolerar. 

Estava tão focado em seu mundo interno e as diferenças que tinha com Sasuke, que pulou quando sua mãe surgiu de repente na porta. Ela esperava que seu irmão estivesse sozinho e foi ver como o bebê estava.

‘’Itachi, mais uma vez aqui?’’ Murmurou sorrindo. Acontece que ela tinha bordado uma coisa ou outra para o vestuário de Sasuke e foi verificar o tamanho de seu irmão mais uma vez. Quando ela viu o dinossauro olhou para seu filho mais velho contemplativamente: ‘’Onde pegou isso?’’.

‘’No porão’’ Disse simplesmente.

‘’Então você sabe que os brinquedos estão lá’’ Seu rosto se iluminou com um sorriso satisfeito. ‘’Sabe que pode pega-los sempre que quiser. Eu posso bota-los no seu quarto novamente’’ Disse amavelmente, se aproximando e sentando no chão no meio de ambas as crianças, Itachi de pé de um lado e o berço do outro.

Viu a expectativa no rosto de sua mãe, e quase quis dizer ‘sim, faça isso’ só para deixa-la contente porque a amava e queria vê-la feliz, no entanto uma vez que já tinha visto os horrores do mundo era uma linha que não dava para voltar atrás, pois não se sentia mais uma criança disposta a fantasiar: ‘’Não, tudo bem, Kaa-San. Eles provavelmente só criariam teias de aranha’’.

‘’No porão eles também criam teias de aranha’’ Ela apontou num tom suave ‘’Eles ficam melhor no seu quarto...’’ Tentou mais uma vez.

‘’Só vão ocupar espaço que já não tenho, quero mais uma prateleira para meus livros lá. Mas pode dar eles ao Sasuke, não me importo se ele ficar com todos. Fico feliz em vê-lo brincando’’.

De repente ficou perplexo quando dela beijou sua bochecha e o puxou para sentar ao lado dela no chão. O rosto de sua mãe se tingiu de seriedade por um instante: ‘’Seu pai não está sendo muito severo nesse treinamento, está? Você está tão ocupado desde que ganhou aquelas armas e começou a treinar individualmente com ele. É muito cedo ainda para que tenha que manusear armas...’’ Murmurou tentando esconder uma parte de si que estava zangada.

Percebeu que a mulher estava chateada com o fato dele não parecer mais uma criança embora de fato ainda fosse uma, e claro que era mais simples apenas supor que o culpado era seu pai quando certamente havia muitos outros culpados.

‘’Você não me acha capaz?’’.

A mulher olhou-o com certo pesar: ‘’Não é isso. És muito inteligente e tem uma capacidade excepcional. Mas esta é a época onde deveria fazer bagunça, barulho, espalhar brinquedos pela casa e ser malcriado. Claro que isso me deixaria louca, mas era como devia ser. Sei que você é mais esperto que a média, isso me deixa orgulhosa, só... Não cresça tão rápido, tá bem? Alguém deveria ensinar as crianças que desejar ser adulto o quanto antes é o pior desejo de todos os tempos’’ Disse suspirando, como se tivesse desentalado alguma coisa.

‘’Ok...’’ Disse sem querer alongar o assunto. Mas como ainda poderia ser uma criança se já havia até matado um homem?

Mama, just killed a man

(Mamãe, acabei de matar um homem)
Put a gun against his head

(Coloquei a arma na cabeça dele)
Pulled my trigger, now he's dead

(Puxei o gatilho, agora ele está morto)
Mama, life had just begun

(Mamãe, a vida tinha apenas começado)
But now I've gone and thrown it all away

(Mas agora eu sinto que está tudo acabado e joguei tudo fora)

A verdade era mais crua e não queria dizer a sua mãe, porque só Sasuke lhe ouvia sem fazer alvoroço ou comoção exagerada; Mikoto não iria lhe ouvir e lhe entender...

‘’Itachi...’’ A mulher chamou-o como se tivesse percebido que sua mente estava longe e presa em algo angustiante. ‘’Você só precisa me dizer. Se não falar oque está acontecendo, não posso te ajudar, entende? Eu quero ser capaz de te confortar, entende? Quero saber onde errei. Achar os culpados por sua infelicidade. Quero você como era antes, mais feliz...’’

Não era exatamente oque queria ouvir. Queria que ela perguntasse oque ele precisa agora, e dizer que o ama, que sempre ficaria do lado dele, que estaria lá se ele precisasse conversar ou mesmo só de um abraço ou um afago nos cabelos...

Se ele se abrisse pra sua mãe, ela ia na realidade chorar copiosamente, culpar todo mundo pela infelicidade dele, tentar alegra-lo com coisas desnecessárias, e se desesperar quando não conseguisse ‘concerta-lo e fazer ele voltar a ser como era’.  Não, ele não podia falar com ela, só ia trazer tristeza a mais para todo mundo...

Mama! Ooh!

(Mamãe! Ooh)

Didn't mean to make you cry

(Não é minha intenção faze-la chorar)

Então mentiu: ‘’Eu estou bem, Kaa-San. E só treinamos por duas horas, ou três. Nem são todos os dias porque Tou-San é muito ocupado geralmente. Prefiro passar meu tempo livre na biblioteca ou fazendo explorações por aí, então brinquedos não me fazem falta, não se preocupe’’.

‘’Você sabe que pode contar qualquer coisa para mim, não é?!’’ Ela disse, num tom sério.

‘’Sei... Sabe onde fui nesse último mês?’’ Mudou de assunto.

Ela parecia compreender que ele não queria continuar naquele tema e respeitou-o: ‘’E por onde andou?’’

‘’Fui no memorial da pedra faz um tempo... E também fui no Vale do Fim no começo da semana’’.

De repente a mulher pareceu deveras surpresa, quase abismada: ‘’Mas... Isso fica fora dos limites de Konoha, quase na fronteira do País do Fogo com o País dos Campos de Arroz. Quando, que horas você foi lá que eu não soube disso? Leva muito tempo para.... Você não pode sair desta vila, entendeu meu filho?’’ Disse, parecendo preocupada.

Não era difícil achar tempo de sobra para suas explorações, porque desde que Sasuke nascera sua mãe tinha ficado ou muito ocupada com o bebê, ou muito cansada de cuidar dele. E seu pai trabalhava bastante e sequer parava em casa na maioria das vezes.

Então sobrava-lhe muito tempo sozinho: ‘’Eu fui lá naquele dia que você levou Sasuke no pediatra porque ele estava com otite. Eu não tinha nada pra fazer aquele dia e não gostava de ver meu Otouto com dor sem que eu pudesse fazer nada, então sai. E estamos em paz, não é? E o papai e os outros ninjas trabalham ativamente pra manter as coisas boas e pacificas, não é? Por isso eles são tão ocupados’’.

‘’Sim. Mas você é muito pequeno para ir lá sozinho’’ Disse num tom maternal como se ele fosse um bebê como Sasuke.

‘’Eu não sou tão pequeno, mãe. Já não tenho sido como uma criança indefesa há tempos, e eu já sou até irmão mais velho!’’

Por um momento ela lhe observou com tristeza. Depois tratou de mascarar isso: ‘’Certo, senhor irmão mais velho. Mas da próxima vez me avise antes, não quero você tão longe sem supervisão de um adulto, posso aceitar que seja mais independente para sua idade do que geralmente as outras crianças são, mas ainda há coisas que é jovem demais para fazer sozinho’’ Disse com blandícia.

‘’Sim, Kaa-San’’ Resmungou, sem querer causar atritos desnecessário.

Sabia que se saísse novamente mesmo que para tão longe, era provável que sua mãe mal notaria sua ausência. A mulher tinha afrouxado as rédeas sobre ele desde que seu irmão menor nasceu, cuidar de Sasuke tinha uma relevância maior, porque ele precisava dela para tudo. E também imaginava que seu Otouto representava algo que sua mãe já não via no próprio Itachi; aquela inocência.

Ela não pode resguardar a inocência de seu filho mais velho, e sabia que aquilo doía nela porque via como a mulher ficava desconsertada quando lhe mostrava os sinais de que o mundo cruel lhe fez amadurecer cedo demais.

If I'm not back again this time tomorrow

(Se eu não estiver de volta essa hora amanhã)

Carry on, carry on

(Siga em frente, siga em frente)

As if nothing really matters

(Como se nada realmente importasse)

Sua mãe pareceu satisfeita com a resposta curta que deu, afagou seus cabelos levemente com carinho por alguns segundos, e depois começou a mexer numas agulhas fazendo parte de uma nova roupa para Sasuke e esquecendo-se do resto...

Às vezes Itachi sentia algo estranho vindo de Mikoto; supunha que ela, às vezes, parecia focada no caçula como se fosse a luz que a fizesse esquecer (por um tempo) o quanto falhou com Itachi. Era possível que ela estivesse triste porque não o protegeu das maldades do mundo?

Olhou novamente para a mulher concentrada. Queria tanto falar com ela, explicar seus anseios e dizer que não a culpava, que sua vida miserável não era responsabilidade só dela... Mas será que devia?

De tempos em tempos ela olhava para o berço como se para medir o tamanho de uma perna, do braço ou do corpinho, e se pegava rindo com alguma das expressões fofas da pequena criança; O vínculo de sua mãe com o novo bebê parecia forte naquele momento, então Itachi resolveu que seria bom levar sua própria angustia e tristeza para longe deles.

Amava muito seu irmãozinho, pois ele trouxe esperanças de um mundo melhor, onde crianças seriam só crianças. Mas as vezes se via desejando que Sasuke não tivesse nascido, só as vezes. Porque daí ele poderia falar com sua mãe, porque ela teria só ele pra dar atenção e proteger, estaria mais focada em resolver seus problemas e dores da alma, teria tempo pra ele e aquilo que ele precisava, poderia mima-lo e lhe dar colo como antes...

Oque ele estava pensando? Não era de seu feitio sentir ciúmes do caçula e se sentiu culpado instantaneamente. O bebê de nada tinha culpa por sua infelicidade, afinal. Moveu-se para sair e espairecer. Porém quando deu alguns passos até a saída sua mãe lhe chamou.

‘’Não vá assim, ultimamente você tem estado tão distante, meu filho. Solitário talvez seja a palavra certa... Aconteceu alguma coisa? Algo que queira me contar?’’.

Queria poder lhe dizer que muitas coisas aconteceram, abraça-la e chorar como a criança que era, mas as coisas que diria provavelmente a deixariam chateada e sem saber oque fazer. E vendo-a tão contente quando só oque precisava fazer para atingir esse estado de espirito era olhar para Sasuke, não queria ser Itachi o motivo para sua tristeza.

‘’Não. Nada, Kaa-San’’ Disse, sua voz saindo completamente neutra. Estava se tornando bom em não mostrar suas angustias tão claramente em sua face e forma de falar.

Too late, my time has come

(Tarde demais, chegou minha hora)

Sends shivers down my spine

(Sinto calafrios em minha espinha)

Body's aching all the time

(Meu corpo doi o tempo todo)

Goodbye everybody

(Adeus todo mundo)

I've got to go

(Eu tenho que partir)

Gotta leave you all behind

(Tenho que deixar todos vocês para trás)

And face the truth

(E encarar a verdade)

‘’Ah, mas não vá ainda. Fique aqui conosco um pouco mais, me ajude a ler esse livro aqui para o Sasuke enquanto eu termino essa roupinha, certo?’’.

O garoto tornou a se aproximar, e pegou o livro em suas mãos olhando a capa: ‘’Mas, este é de criança, mamãe’’ Afirmou, como se não fosse obvio.

‘’Mas vocês são crianças...’’ Ela riu gentilmente.

Itachi fez uma careta, querendo poder lhe dizer que já não se sentia uma criança fazia um tempo e os motivos para isso, que não tinha mais como ser assim depois de presenciar tantas coisas destrutivas do mundo adulto, porém mais uma vez se conteve. ‘’Sasuke não ligaria nem se estivéssemos lendo o livro de culinária pra ele, porque ele não ia entenderia nada doque é dito, Kaa-San. E eu já não leio livros que tem mais figuras doque parágrafos’’.

‘’Mas você costumava gostar da fabula da Dama Branca e a Dama Amarela. E Sasuke vai gostar do colorido’’ Ela disse inocentemente.

Por um instante o garoto piscou e olhou o nada. Às vezes sua mãe falava dele como se estivesse morrido. E talvez a resposta fosse essa mesma, leu sobre o luto na biblioteca várias vezes e soube que ele não era sentido apenas quando pessoas faleciam, também era para coisas que se perderam e jamais voltariam a ser como eram, qualquer coisa. E sua mãe perdeu, não Itachi, mas a criança que ele costumava ser. Isso parecia estar devastando-a, tanto que ela nem queria falar sobre isso...

O problema era que enquanto ela estava lá não superando isso, mas tempo se passava e ela já não sabia lidar com ele como ele era agora.

Era irreversível, Itachi sabia que não voltaria a ser a mesma criança de antes depois de tudo, ele próprio ficara muito chateado por não poder ter sua infância de volta. Mas agora queria que sua mãe pudesse reaprender a conviver com ele assim como ele era nos dias de hoje...

‘’Eu leio então’’ Disse numa voz que neutralizava sua angustia e começou a leitura, se inclinando no berço para mostrar as gravuras a pequena criança lá dentro, mesmo que o bebê não entendesse nada.

Em realidade não culpava sua mãe. Estava naquele mundo tempo o suficiente para entender que a mulher usava os recursos emocionais que tinha e tentava fazer seu melhor como mulher, como esposa e como mãe; No fim das contas Mikoto era só uma pessoa como qualquer outra tentando resistir aquele mundo cruel.

Apesar dela ser sua mãe, engravidar e ter filhos não fazia com que se tornasse magicamente uma super-heroína, em suma ela era apenas um ser humano com falhas e defeitos (Como qualquer um), mas que estava tentando dar seu melhor...

Mama! Ooh!

(Mamãe! Ooh)

Any way the wind blows

(Não importa de onde o vento sopre)

I don't wanna die

(Eu não quero morrer)

I sometimes wish I'd never been born at all

(Mas as vezes eu gostaria de nem ter nascido)

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Itachi saiu do quarto onde estava sua mãe e irmão após ler a fabula boba, e seguiu rumando pela casa. Sentia um clima estranho entre os integrantes do Clã Uchiha, para recapitular: Eles pareciam insatisfeitos com a posição que tinham em Konoha. O sentimento que emanava dos Uchiha era raiva e revolta, isso vinha principalmente dos subordinados diretos de seu pai...

Sua espinha chegava a tremer quando via um deles, de tanto ódio que pareciam expelir em sua forma de falar e se portar.

O clã estava alarmado com algum tipo de tratamento que vinham recebendo do alto escalão de Konoha: Isso estava disparando sensações desagradáveis em vários Uchihas desgostosos com a situação.

Eles não gostavam de Minato, o atual Hokage, ouviu conversas onde alegavam que seu pai é quem deveria ter uma posição tão privilegiada dado suas vitórias em batalha, muitos de seu clã tinham pensamentos similares.

Ficava preocupado com esse tipo de comentário, não era bom ter pensamentos de rebelião contra seus líderes, ainda mais quando Namikaze Minato era tão gente boa, Itachi gostava do loiro, tinha muita estima por ele (Diferente dos outros Uchihas).

Estava se esgueirando silenciosamente entre os corredores de sua casa, foi quando ouviu mais uma conversa suspeita, estavam no escritório de seu pai com as portas fechadas, mas falando abertamente sobre o descontentamento em relação a vila: ‘’Estão cortando nossos recursos, cada vez mais e mais, eles estão fazendo isso de propósito. Minato disse que assim que assumisse mudaria a forma como o alto escalão nos trata’’ disse Uchiha Tekka lentamente.

 ‘’E ... você acreditou nele?’’ A voz que soou parecia de Inabi Uchiha ‘’Está claro que ele tem sangue Senju, pode não ser de linhagem direta, mas com certeza é’’

Yashiro continuou: ‘’A esposa dele também, os Uzumakis e os Senjus se juntaram há anos atrás. Em realidade o poder de Konoha só anda nas mãos de pessoas com linhagem Senju ou de pessoas muito próximas a eles. Isso é proposital, minam nossas forças, diminuem os Uchihas nos deixando para funções mais baixas, enquanto eles ficam com o domínio de tudo’’.

‘’Sim. Preferem ignorar o fato de que fundamos essa vila também, sem nós isso não existiria!’’ O som de uma coisa se quebrando foi ouvido e tintilou pelo chão, e ficou claro que o ódio de Tekka era tanto que teve que atingir algo raivosamente.

O chakra das pessoas no escritório era muito sombrio e frio. ‘’Acalme-se’’ Ouviu seu pai dizer autoritário. ‘’Minha esposa gostava desse vaso...’’.

‘’Bem, Fugaku-Sama, oque vamos fazer? Não podemos deixar Konoha impune. O tratado de paz entre Senjus e Uchihas que culminou na criação dessa vila nunca foi real. Era só um meio para eles nos reduzirem a nada, diminuir nossas forças, fazer com que nós servíssemos a eles, enquanto eles lideram esse lugar como querem sem nos considerar como iguais!’’.

‘’Isso não pode ficar assim. Temos que fazer algo!’’ Inabi rugiu.

Seu pai ficou em silencio por vários segundos, como se tivesse pensando profundamente em algo apenas por um momento. Itachi ainda estava lá quando ele respondeu: ‘’E nós vamos fazer. Há algumas providencias que temos que tomar, Konoha é nossa, assim como é dos Senjus. Se não podem aceitar um domínio compartilhado e igualitário, teremos que fazer nossa honra como Uchihas Guerreiros prevalecer’’.

Inabi pareceu animado, e comemorou: ‘’Isso mesmo, capitão!’’

Tekka também voltou a falar: ‘’Não podemos ficar parados enquanto eles nos subjugam e nos minimizam. Parece altamente improvável que nos deixem governar igualitariamente, nunca tivemos a chance. Nunca vão botar um Uchiha no poder porque não confiam em nós, não importa quão bom esse Uchiha seja não será nunca qualificado para ser Hokage ou mesmo conselheiro’’.

‘’Sim. O tratado de paz foi uma farsa, Senjus não confiam em Uchihas e nossos antepassados foram ingênuos de achar que seria um tratado bom para ambos os lados. Agora já não podemos confiar mais neles, e se é este o caso, voltemos a guerrear. Konoha será nossa!’’.

Itachi sentiu seu coração se apertar. Guerra? Eles queriam uma guerra civil? Sua mente percebeu, para seu desgosto, que seu pai não era contra: Ele não havia negado qualquer interesse dos Uchihas em lutar contra Konoha.

Por mais que tivessem motivos, uma guerra civil não lhe parecia justa levando em conta que a maioria dos habitantes eram civis inocentes que foram pra Konoha em sua fundação esperando ganhar uma vida melhor, pessoas que em sua maioria eram trabalhadoras rurais ou donas de comércio e viam a vida Shinobi com ceticismo.

Sem contar que era muito provável que, se os Uchihas se rebelassem, Konoha atacá-los-ia em represaria. E os outros clãs Shinobi que viviam lá não tinham motivos para ser a favor da revolta Uchiha.

Então, seu clã não tinha base de apoio, eram os únicos contra o sistema de governo vigente. Se acontecesse uma guerra civil os outros clãs lutariam por Konoha: Seu clã não teria muitas chances... Não tinha tantos Uchihas assim para ir contra tudo e todos.

‘’Pai, oque está pensando?’’ Sussurrou para si mesmo. Seu coração afundou mais. Não queria uma nova guerra. As chamas da anterior ainda ofuscavam qualquer sorriso em sua face, perdera sua infância também, e tinha medo de mais um conflito assim surgir. Seu corpo tremeu.

Lembrou-se do ninja que matou, de como queria ajuda-lo e de como foi doloroso mata-lo. Se se sentia mal por assassinar uma pessoa de outra vila, poderia realmente se colocar contra pessoas de sua própria nação? Teria estomago pra isso? Seu pai e seu clã teriam? Pelo visto o ódio os cegou. Seu pai não pensava em Itachi? Não pensava em seu irmão ainda bebê? Como seria a primeira-infância de Sasuke se estivessem em guerra?

Os cinco primeiros anos de vida eram muito importantes, não queria que Sasuke crescesse e se desenvolvesse durante um conflito, não como Itachi crescera. Era ruim demais. Se seu Otouto tivesse que sofrer, que fosse como um rapazinho maior, que tivesse mais estrutura emocional e psicológica para se tornar forte através de suas próprias mãos e pés, com sua própria força de vontade.

Por algum motivo, só de se lembrar da guerra, seus olhos estavam de repente marejados e sentiu vontade de chorar, não conseguia controlar aquelas reações. Sentia-se muito triste, como se alguém tivesse sugado suas esperanças e só restasse escuridão.

As memorias do conflito anterior ainda eram doloridas para ele, ainda se sentia traumatizado. Era horrível que seu pai desejasse um novo conflito, sangue, mortes, pessoas desaparecidas em combate sem enterros dignos, experiencias em humanos, crianças usadas para batalhar, assassinato de inocentes e civis, choro, medo, fome, doenças, pessoas mutiladas, pessoas com partes do corpo amputadas, estupros em massa, e outros tipos de violências desnecessária, maldade sem escrúpulos, vilas inteiras devastadas, economia instável...

A guerra trás à tona o pior das pessoas. Flashs de diversas coisas ruins passavam em sua mente, e lhe deixava apavorado, amedrontado novamente.

Seu pai queria isso? Ele não estava pensando direito? Depois se lembrou que os adultos eram assim, chegava uma época da vida onde algumas pessoas endureciam seus corações até que os fins justificassem os meios.

Os guerreiros que estavam na linha de frente, fortes e imbatíveis, tidos como heróis, não viviam na pele a dor dos inocentes, pois não eram as vítimas indefesas que nada podiam fazer. E naquele mundo cruel as vítimas eram vistas apenas como efeito colateral: As guerras Shinobi não estavam nem aí pra elas, que se dane que elas sofram, que pague o preço pelos conflitos ninja. Quando os grandes líderes e guerreiros fazem guerra, quem sofre são os pobres e inocentes

I see a little silhouetto of a man

(Eu vejo a pequena silhueta de um homem)

A porta se abriu abruptamente, e foi surpreendido totalmente. A cabeça de seu pai apareceu na borda dela. Ele parecia muito irritado, com uma carranca: ‘’Oque faz aqui?’’ Perguntou com uma voz fria.

‘’E-eu...’’ Era difícil que ficasse sem palavras. Mas oque tinha na sua cabeça sobre a guerra era forte demais, e demorou um pouco para se fixar no presente momento. Fungou um pouco, e depois tomou uma postura mais determinada, tentando se desfazer de seus olhos molhados traiçoeiros: ‘’Pode me ensinar... um novo Jutsu?’’ Mentiu.

‘’Estou ocupado, talvez em outra hora, vá fazer algo em outro lugar ’’.

‘’Sim, Tou-San!’’ Disse se retirando rapidamente dali. Queria se afastar mesmo, para longe de seu pai e aqueles homem com pensamentos ignóbeis a favor de conflitos.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Ainda estava assustado com o que tinha acontecido há uma semana atrás, a vila da folha foi atacada por uma besta; A Raposa De Nove Caldas. Foi como voltar aos campos de batalha, e por isso sentiu seu coração afundar em seu peito. 

Tudo aquilo parecia errado. Não ser capaz de ajudar as pessoas ao seu redor, ter que correr para buscar abrigo seguro, sua respiração ofegante mesmo que não tivesse corrido muito, o medo se misturando com adrenalina e anestesia em sua corrente sanguínea.

Teve que lembrar que não estava vivendo aquilo de novo, que já tinha passado. Inspirou e expirou, e tentou obrigar-se a se acalmar; porém as memorias ainda estavam todas em sua cabeça, repetindo-se como flashs apavorantes. Não conseguia lutar contra sua própria mente e isso era angustiante, assim como voltar a sofrer com pesadelos frequentes a noite.

Quando estava quase superando as memorias do campo de batalha, o medo voltou a assombra-lo quando tentava adormecer, motivo pelo qual custava muito a dormir e causava-lhe olheiras estranhas em sua face com traços que começavam a descer de seus olhos, se continuasse assim chegariam até suas bochechas em pouco tempo.

Mas oque podia fazer? Estava apavorado com tudo oque aconteceu. Não importava o quanto já tivesse treinado, ainda era fraco demais para impedir conflitos como aquele de acontecer, não pode sequer ajudar os civis, todas aquelas pessoas sofredoras que nada tinham haver.
Teve vergonha de si, pois não era forte o suficiente.

Agora estava em guerra consigo mesmo e com lembranças trágicas de pessoas gritando apavoradas, gritos alucinantes como se soubessem que iam morrer, pedidos de socorro que não pode ajudar, sangue para todo lado, escombro em cima de pessoas deixando-as presas, pessoas com ferimentos expostos horríveis, roupas sujas e rostos chorosos e espantados.

Na realidade parecia pior que o campo de batalha, porque na guerra haviam guerreiros que foram para batalha sabendo oque poderia lhes acontecer, e foram mesmo assim orgulhosos por defender sua pátria e tornarem-se heróis, mesmo que em morte. Já naquela nova situação era bem pior, as pessoas não queriam morrer, não estavam colocando sua vida em jogo para defender o País, eles estavam correndo alucinadas para todo lado como baratas tontas, tentando salvar suas vidas miseráveis, sem saber oque estava acontecendo, sem saber porque aquilo estava acontecendo.

Muitas foram pegas totalmente desprevenidas, era noite, muitas famílias já tinham ido dormir ou estavam em suas casas jantando, eram em sua grande maioria civis inocentes e indefesos...

Podia se lembrar de estar sentado na varanda de sua casa, segurando seu pequenino irmão nos braços, sem saber oque estava acontecendo e só sentindo a tensão no ar, algo ruim que estava para vir. Estava preocupado demais, nunca se sentiu tão mal e apavorado desde a guerra; foi quando Sasuke começou a chorar e se deu conta que tinha que ser forte, pois era o irmão mais velho e tinha que protege-lo. Seus pais tinham saído para uma reunião de clã, e disseram que não demorariam muito, então estava sozinho em casa com o caçula.

...Algum tempo depois o caos, pânico e medo se instaurou, as pessoas tentavam se salvar e Shinobis começaram a gritar dizendo para os civis irem para um local seguro, Itachi fez o que foi mandado e levou seu irmão. Depois de todos os transtornos para chegar, e tudo de ruim que viu no caminho, por fim o lugar de segurança era uma caverna abaixo do Monumento Hokage onde ficou amontoado com várias pessoas no esconderijo da vila, todos apertados, sangrentos, com rostos abatidos ou chorosos, num lugar pouco iluminado, ouvindo os estrondos do lado de fora e barulhos assustadores por horas.

Era uma sensação ruim, saber que tinha gente lá fora ainda, desprotegidas, gritando por ajuda, feridas, amedrontadas. Saber que tinha Shinobis arriscando suas vidas para salvar Konoha. Enquanto estava ali impotente, sem poder fazer absolutamente nada além de ter esperança de que as coisas melhorariam.

O pequeno Itachi balançou a cabeça tentando afastar a lembrança...

Agora estava ainda mais determinado a se tornar um shinobi o mais rápido possível, se houvesse algo que pudesse fazer para impedir aquele tipo de barbárie aos civis de sua vila, faria. E queria se tornar um grande Shinobi, forte o suficiente para impedir conflitos daquele tipo...

Agora a aldeia estava se remontando, as coisas estavam voltando a funcionar precariamente. As pessoas voltavam a seus postos e casas ainda assustadas, algumas lojas e parte do comércio ainda não estavam totalmente consertadas, casas estavam sendo reerguidas, algumas famílias iriam ser realocadas em outros locais de Konoha. O pior foram os mortos, ainda havia pessoas desaparecidas nos escombros...

Foi decretado luto oficial de três dias, uma cerimônia coletiva seria feita. Era costume reverenciar os mortos de uma tragédia, principalmente porque o Quarto Hokage e sua esposa Kushina foram um deles, que lutaram e sacrificaram suas vidas para salvar seu filho recém-nascido e a aldeia. As pessoas fizeram muitas orações em templos, com oferendas em forma de água limpa, arroz, velas e incenso. O nome de cada pessoa morta foi lido na cerimônia que durou horas e emocionou a todos.

Estava andando por entre os túmulos agora, mais uma vez como fizera também nos outros dias. Fazia um dia bonito, o céu estava azul e havia nuvens branquinhas espalhadas aqui e ali encobrindo o sol as vezes e lhes dando sombra por alguns momentos, porém a destruição que ficou na vila depois do ataque da Kuyubi ainda estava marcada no coração de todos e por isso o clima emocional ao redor era sufocante: A vila inteira parecia estar chorando e lamentando o ocorrido, não via as pessoas tão tristes desde os tempos de guerra...

Suspirou pesadamente demais para alguém da sua idade. Aos cinco anos já tinha visto coisas ruins demais. Estava chateado e abatido, novamente a população de Konoha sentia o medo e a insegurança. Como podia não pensar nessas pessoas se sentia-se exatamente como elas? Ele sabia oque era ser indefeso e vulnerável durante um conflito.

Estava muito bravo também, afinal, quase tinha se esquecido daquela sensação de angustia e terror, que antes só tinha experimentado nos tempos de guerra...

Havia Shinobis por toda a parte fazendo rondas extras em todas as horas do dia e da noite, os jornais estampavam o ocorrido fatídico na capa principal junto a morte do Hokage, havia gente se perguntando o que seria da vila agora, muitas desacreditadas com o futuro, e outras pensando no que fazer atualmente com seu líder morto e se Konoha poderia sofrer ataques de outras vilas naquele momento de fragilidade...

Namikaze Minato, o famoso ‘Relâmpago Amarelo de Konoha’, quando ouviu que estava morto quase não acreditou. Era um homem sempre ocupado, mas muito gentil, viu-o várias vezes e até admirava-o. Minato era uma pessoa sagaz, excelente Shinobi, calmo, bonito, inteligente quando precisava ser, forte em combate, e nos dias normais mesmo de longe passava a ideia de um cara educado e amável aos civis: Era obvio perceber porque as pessoas gostavam tanto dele, porque ele era tão popular. Sua morte era uma grande lástima para os habitantes da vila.

Não tinha muito o que falar dele pessoalmente, era uma pessoa muito ocupada e toda vez que sua mãe visitava Kushina o homem estava trabalhando, mas o pequeno Uchiha estava admirado com a coragem do homem, poderia dizer que Minato amava sua vila e sua família muito profundamente, faria qualquer coisa para manter Konoha segura e ele não teve medo de sacrificar sua própria vida para tentar defende-los. Era uma atitude tão heroica sacrificar a própria vida pelos outros...

Não conseguia assimilar isso direito, era inacreditável. Podia se lembrar de Kushina Uzumaki perambulando por Konoha com aquele barrigão, aquela voz meio doce meio brava típica daquela mulher ruiva geralmente alegre, mas que podia ficar muito braba de uma hora para outra. A ruiva e sua mãe eram amigas, e por isso também se perguntava o que aconteceu com o tal Menma, ou Naruto, que seria o nome do bebê de Kushina e Minato...

Seu coração deu um sobressalto momentâneo, com uma nova dor aguda e específica: ele tinha uma família. Mesmo que sua família não fosse perfeita, ele tinha. Mas oque seria dos órfãos daquela tragédia? Seria como os órfãos da guerra?

Ele se lembrava dessas crianças da guerra, meninas e meninos, alguns mais jovens que ele e outros mais velhos, tinha bebês de todos os tamanhos também. Sozinhos num mundo cruel, sem ninguém familiar para lhes dar algum afeto. Mesmo agora ele sentia-se amedrontado, porém não estava sozinho e por isso podia correr para saia de sua mãe sempre que quisesse. Muitas outras crianças não teriam a mesma sorte, seriam levadas ao orfanado onde ficariam a maior parte da infância (Era incomum as pessoas adotarem alguém que não tivesse seu próprio sangue em Konoha, a não ser que fosse pegar para ser serviçal, criado ou ajudante em alguma casa ou loja).

Hiruzen Sarutobi assumiu o cargo de Hokage outra vez, dizendo que não estava pronto para passar o posto novamente, não até a poeira baixar e afirmou não ter muitas outras opções.

Itachi suspirou. As baixas que tiveram, tantas mortes, superavam o ato de heroísmo de alguns vários Shinobis que deram suas vidas para salvar outras. Perder pessoas era sempre muito difícil.

Saiu de seus pensamentos quando percebeu que algumas pessoas se aproximavam, estava entre vários túmulos diferentes, não conhecia aquelas pessoas, mas o pesar por suas mortes ainda era ruim. Foi assim que alguns meninos mais velhos que ele se aproximaram...

No começo só ficaram encarando-o de longe e cochichando por um longo tempo, começou e se sentir incomodado, se este era o plano deles estavam obtendo sucesso. Desde do o incidente da Kuyubi as crianças estavam evitando-o como se fosse uma doença contagiosa, era como se estivessem com medo ou o desprezassem o suficiente para não querer chegar perto...

‘’Hey, olha se não é um Uchiha!’’ Um dos garotos tomou coragem e se aproximou por entre os túmulos. Outros à sua frente começaram a se aproximar e a rosnar seu nome como se fosse um palavrão. Era desconcertante.

Ficou tenso, não de medo. Mas porque não queria mais conflitos. ‘’Quem são vocês?’’. 

‘’Não interessa quem nós somos. Oque você Uchiha veio fazer aqui hoje? Por acaso não sabe que não é bem-vindo?‘’ O rapaz mais alto, que deveria ter uns 13 anos grunhiu,  pode ver em seus olhos toda a raiva. 

‘’Por que não?’’.

‘’E ainda pergunta? Ninguém disse a você? Foram OS UCHIHAS que TROUXERAM A RAPOSA’’ Disse um outro com raiva. ‘’E você ainda tem a audácia de aparecer aqui, para rir de nossos familiares mortos, seu babaca!’’ .

‘’É, minha mãe tá em choque. Minha irmã amputou um braço. Meu pai morreu. Nossa casa não existe mais’’ Ele faz uma pausa, engoliu em seco. Sua voz ficou mais raivosa: ‘’Faz dias que vemos você aqui, estou louco pra socar um Uchiha, que seja. Vocês têm que pagar por tudo oque fizeram!’’.

Itachi abre a boca por uns segundos sem conseguir acreditar no que escutava, demorou um pouco antes de formular uma resposta: ‘’Você está errado, não foram os Uchihas. Alguns inclusive morreram nesse ataque também’’ Rebate.

‘’Uchiha mentiroso, sujo. Todo mundo sabe que foi o Clã Uchiha, todo mundo só fala nisso e eu tenho evidências’’ Diz como se tivesse a razão. ‘’Seu clã de merda será movido a um distrito na extremidade esquerda da vila, de onde poderá ser supervisionado pelo alto escalão da folha e pelos ANBU. É claro, porque leva-los todos presos seria um problema sem precedentes...’’.

 Itachi sentiu seus ombros afundarem ainda mais, só com a perspectiva de que seu clã tivesse realmente algum dedo naquele ataque, era assombroso pensar que seriam capazes de machucar as pessoas da vila onde moravam: ‘’Isso não é verdade. Os Uchihas são de Konoha, além disso, como a força policial nosso dever é proteger, e não machucar’’.

O menino a sua frente apertou os punhos e trincou os dentes; tudo o que Itachi pode ver foram seus olhos desconfiados e raivosos. O golpe veio tão subitamente, que inicialmente nem sentiu. O rapaz socou-o em sua caixa torácica e o menor se lançou ligeiramente para trás, no chão.

‘’É isso que contaram a você?’’ O jovem continuou. ‘’Seu merda, foi algum Uchiha com certeza. Só vocês podem controlar a Kuyubi daquele jeito. Logo vão encontrar o responsável, e enquanto isso vocês todos ficarão sob vigilância no Distrito Uchiha’’. 

Ele tentou se levantar, mas estava momentaneamente sem ar, pressionou a palma da mão no lugar vazio e dolorido em frente ao coração. 

‘’Continue aí’’ Outro o impediu de levantar ‘’Veja só, um Uchiha na lama, eu diria que é o lugar onde todos vocês deveriam estar’’.

‘’Não foram os Uchihas’’ Disse novamente ‘’Não foi. Não foi... Não pode ter sido’’ Dizia incrédulo mais para sí mesmo doque para os rapazes.

‘’Pois foi sim. E em breve o responsável por isso vai pagar caro!’’ Eles se foram deixando-o para trás atordoado.

Queria poder segui-los e mostrar-lhes que estavam errados, faze-los se arrependerem por ataca-lo por nada. Entretanto, onde todos os Uchihas estavam no dia do ataque? Seus pais disseram ser uma reunião, já podia imaginar o teor delas se eram iguais aquelas conversas estranhas de seu pai com seus subordinados no escritório...

Eles não gostavam de Minato...

E estavam com raiva de Konoha...

Entretanto, teriam eles sido capazes de invocar a raposa? Era disso que seu pai falava?

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Depois desse dia as agressões entre outros habitantes para com os Uchihas se tornaram mais frequentes, nem sempre eram só agressões físicas porque os Uchihas estavam aptos a se defender sempre que podiam, então não passavam de comportamentos como empurrar, bater, chutar; Mas oque falavam verbalmente era pior, incluía ameaças e xingamentos.

O relacionamento de Itachi com as outras crianças era praticamente inexistente agora, ainda mais porque era excluído de várias atividades, sem contar a propagação de fofocas e mentiras. Já não tinha coleguinhas antes, agora então, seus problemas em se relacionar ficaram mais sérios: Frequentemente tinha um sentimento de isolamento e dificuldades de relacionamento interpessoal.

Todos os temiam, mesmo nunca sendo provado a participação dos Uchihas no ataque da Kuyubi. Entretanto, mesmo assim todos praticamente os culpara pelo ocorrido, acusação ilógica e levada muito a sério pelos habitantes da vila.

Itachi podia se lembrar que as pessoas na rua crispavam o nariz e olhavam-nos com raiva sempre que viam um Uchiha, até mesmo ele, que era uma criança na época.

As crianças também temiam-nos como se fossem os vilões de algum conto de terror, provavelmente por que os pais as influenciavam. Podia se lembrar que nunca mais teve apreço pelas outras crianças depois daquilo, as que não os temiam faziam chacota ou bullying. Ainda podia se lembrar das ameaças cruéis e das acusações infundadas das crianças, que eram apenas repetições do que elas provavelmente ouviam em casa dos próprios pais.

Eles realmente mudaram para um distrito Uchiha, e os danos contra o patrimônio de seu clã apareciam vez ou outra em forma de pichação ou como depredação.

A rejeição social, a hostilidade e o isolamento da vila com os Uchihas tornaram tudo bem pior nos messes subsequentes: A coisa ficou tão séria que um Uchiha adulto quando foi xingado e difamado por um outro homem da vila, reagiu e matou o homem, cometendo suicídio logo em seguida...

Foi só o começo, depois disso ocorreram outros 49 incidentes envolvendo agressões fatais entre Uchihas adultos e outros cidadãos. Dentre eles, uma vez que um Uchiha feriu gravemente seis civis de Konoha e matou dois Shinobis em serviço que tentaram impedi-lo, se suicidou antes de ser pego...

...Eventos assim estavam ficando frequentes: Na semana passada, um Uchiha de 32 anos matou 22 pessoas, feriu 31, e se suicidou em seguida.

Era o tipo de tragédia que aquele isolamento dado aos Uchihas e todo o preconceito e estigmatização estava causando.

Itachi andava rápido pelas ruas, sem realmente querer estar lá. O clima era estranho, opressor. Os dias eram bonitos e de céu aberto, sol quente, brisa gostosa e fresca, mas se estivesse chovendo e com muitas nuvens de tempestade, relâmpagos, raios, trovões e tormenta seria mais apropriado ao clima emocional que rondava os Uchihas.

Thunderbolt and lightning

(Raios e relâmpagos)

Very, very frightening me!

(Me assustam muito, muito!)

Seu pai tinha parado de ler os jornais. Porque sempre noticiavam quando os Uchihas causavam mais alguma morte ou atentado. As pessoas estavam com medo deles, diziam que a cada quatro Uchihas três potencialmente podiam vir a se tornar assassinos ou criminosos, até mesmo fugir da vila e se tornar Nukenins.

Outros boatos diziam que 95% dos Uchihas tinha propensão a atos de vingança, além de apresentarem dificuldades em lidar com figuras de autoridade e com regras.

Estavam sendo pintados como pessoas desviantes, loucas e vingativas. E não tinha estomago para estas mentiras generalizadas...

Mas o fato era que Uchihas chegaram a ser privados de entrar em certos lugares, ainda mais se fosse homem, sozinho e Shinobi. Uchihas tinham seu caráter questionado todos os dias. Às vezes Itachi ficava desconfortável com olhares atravessados em lugares cheio de outros civis e ninjas de outros clãs simplesmente porque era Uchiha, e isso porque era uma criança...  

...Mesmo meses depois do ataque da Kuyubi, ser Uchiha fez Itachi temer por sua vida em Konoha as vezes, pois a qualquer momento um grupo extremista contra seu clã poderia o perseguir na rua e o espancar até a morte só por ele ser Uchiha, como alegavam que “Uchiha bom é Uchiha morto’’.

I'm just a poor boy and nobody loves me

(Eu sou apenas um pobre garoto e ninguém me ama)

He's just a poor boy from a poor Family

(Ele é apenas um pobre garoto de um família pobre)

Spare him his life, from this monstrosity

(Poupe ele dessa vida de tanta monstruosidade)

Às vezes para se defender era necessário brigar...

Ele próprio não tinha a intenção de entrar em combates. Mas parecia que outro Uchiha estava com problemas, e era uma criança um pouco mais alta que ele com o brasão do Clã estampado nas vestes. Estavam num beco, e viu quando o punho da garota Uchiha estava colidindo de volta na direção do rosto de um adolescente que tentou atingir o rosto dela momentos antes. O golpe foi certeiro, o jovem mostrou os dentes e rosnou com o lábio sangrando enquanto tentava recuperar o fôlego, o bastão que ele tentou usar contra a Uchiha foi inútil já que não conseguira acerta-la. 

Easy come, easy go

(Fácil venho, fácil vou)

Will you let me go?

(Vão me deixar ir?)

O garoto enxugou o sangue do rosto com o antebraço. Olhando enquanto a menina tentava encontrar uma brecha e sair: ‘’Você quer mais disso? Já lhe acertei, não é o suficiente?’’.

‘’Não’’ O rapaz saltou rapidamente girando seus pés na direção de cada lado das pernas da Uchiha para tentar derruba-la. Mas ela desviou levemente para o lado e agarrou-o pela nuca lançando-o rumo ao chão.

O menino gemeu levemente de dor. Mas ainda haviam outros três ainda de pé. Foi quando Itachi se pôs na briga junto a ela...

So you think you can stone me and spit in my eye?

(Então você acha que pode me apedrejar e cuspir nos meus olhos?)

So you think you can love me and leave me to die?

(Você acha que pode me amar e depois me deixar para morrer?)

Oh, baby! Can't do this to me, baby!

(Oh, bebê! Não pode fazer isso comigo, bebê”)

Just gotta get out. Just gotta get right outta here!

(Só tenho que sair. Só tenho que sair daqui logo!)

Por isso estavam na delegacia agora. A atmosfera se tornou muito densa no Distrito Uchiha, como se fosse difícil respirar, e ali na delegacia também. Era como se houvesse um abismo estre seu clã e o resto de Konoha. Itachi suspirou visivelmente abatido, seu pai estava encarando-o severamente logo a frente.

‘’Quando me disseram que houve uma briga entre Uchihas e outras crianças fiquei surpreso em ouvir no relato que não era sobre você e sim sobre Izumi. Aparentemente ela entrou em conflito porque lhe disseram palavras maldosas sobre o nosso clã... Talvez não seja tão ruim admiti-la no clã junto a mãe novamente’’ Divagou Fugaku.

‘’A menina vai ficar bem?’’.

‘’Sim, a mãe tinha se casado com um civil. Mas ele morreu. E agora ambas estão pedindo para serem reintegradas ao Clã Uchiha. Não é seguro que fiquem no resto da vila, ao que parece’’.

Tinha que tirar aquela história a limpo imediatamente, seu coração não aguentava mais: ‘’Pai, foram os Uchihas que trouxeram a Kuyubi mesmo?’’ Questionou claramente.

Fugaku olhou para ele surpreso, sua boca levemente se abriu deixando a postura rígida cair por alguns segundos. E depois quando se recuperou parecia furioso, Itachi podia ver o rosto de seu pai mudar para uma cor vermelha de raiva.

Enquanto a resposta não vinha, ficou sem ação, seu coração estava batendo fortemente com o nervoso.

‘’Oque está dizendo?’’ O homem quase rosnou.

‘’Estão dizendo que foram os Uchihas que atacaram a vila com a raposa, e por causa disso o Hokage morreu, é verdade? A raiva deles é justificável?’’ Disse simplesmente sem temer a fúria de seu pai, não podia ser pior que tudo oque estava acontecendo, sua voz num misto de magoa e duvidosa ao mesmo tempo. Ele ainda não queria acreditar nisso...

Esperava que a carranca de seu pai fosse ficar ainda pior, mas ficou espantado quando Fugaku lhe olhou apenas com pesar: ‘’Não fomos nós, meu filho. Esse ataque não tem nada haver conosco. Me envergonha que meu próprio filho desconfie e de ouvidos a quem fala mal de nós. Izumi, por sua vez, não teve medo de defender nosso clã. Talvez ela seja uma boa companhia pra você, apesar de ser só metade Uchiha. Sim... É isso, vou reintegra-la ao clã. Vai ser melhor para todos’’.

‘’Certo, Tou-San. Me perdoe por duvidar, mas precisava da resposta. Só de pensar que poderia ser verdade... Era dolorido pensar que minha família pudesse ter causado esse tipo de maldade’’ Por algum motivo a nuvem de tempestade em seu coração de desfez ao saber que não era culpa do Clã, ouvir seu pai lhe garantir isso deixou-o imediatamente aliviado. ‘’Terei fé de que logo a verdade virá, e provaremos nossa inocência então’’.

‘’Você se preocupa demais com coisas como paz, não é?!’’ De repente a expressão de Fugaku ficou mais branda: ‘’E pensar que uma infância dura e conflitosa fez de você uma criança ainda mais gentil...’’ Seu pai divagou novamente como se tivesse analisando.

‘’Pensa que isso é ruim, Tou-san?’’.

Ele suspirou: ‘’O mundo costuma ser cruel com pessoas gentis demais. Só isso.’’ Murmurou ‘’Escute, sei que andou ouvindo minhas conversas no escritório lá em casa. A paz é uma coisa bonita, meu filho, mas tudo que ilude; encanta’’.

‘’Está dizendo que a paz é uma ilusão?’’.

‘’Sim, esse clima passageiro de paz, sim. Te ilude das formas mais encantadoras. Para uma criança que nasceu na guerra sei que está desesperado por paz. Mas as coisas não são tão fácies assim, paz e guerra são dois lados da mesma moeda, de séculos em séculos estamos sempre lutando atrás de algo, sem nunca saber oque é. Talvez seja atrás da verdadeira paz, que nunca vai existir porque até agora os homens só souberam acabar com a violência utilizando mais violência’’.

‘’Então no dia em que pudermos abolir conflitos sem ter que entrar em conflito, o mundo será um lugar melhor’’.

Fugaku fez uma careta triste: ‘’Para que este dia chegue, ou o homem terá evoluído ou terá sido extinto, pois hoje não há homem que não flerte com a discórdia, nem que só um pouco. Enquanto houver um homem para dizer sim e outro para dizer não, haverá conflitos’’.

‘’Acho que sim...’’ Disse o menor refletindo.

‘’Basicamente, nós humanos fomos criados para lidar com conflitos, Itachi. Não existe pessoa que não esteja em conflito, seja consigo mesmo, com os outros, com o mundo, com o passado, ou o futuro, até mesmo com o presente, as vezes em conflito com certas ideias e crenças, ou com o mundo... Não espero que entenda isso agora’’ Suspirou com pesar: ‘’Está dispensado, pode ir’’.

Nothing really matters

(Nada realmente importa)

Anyone can see

(Qualquer um pode ver)

Nothing really matters to me

(Nada realmente importa para mim)

Anyway the wind blows

(Não importa de onde o vento sopre)
Doesn't really matter to me

(Nada realmente mudará para mim)

▇▇▇

O mundo de ilusões, seu Genjutsu, se partiu e voltou a ser tremenda escuridão tingida de vermelho sangue...

Achou que estava tudo bem em compartilhar sua história, que seria uma coisa simples como mostrar uma de suas ilusões apavorantes. Mas não estava preparado para a onda de emoções que o tomou em mostrar tudo aquilo, coisas que tinha guardado no fundo de seu coração por anos sem jamais deixar ninguém saber...

Uma ilusão apavorante criada por seu Tsukuyomi não vinha acompanhada de tantas emoções cruas assim: Mostrar memorias era bem mais penetrante. Então por uns instante quando era demais para Itachi, as memorias pararam de fluir e o mundo dentro do jutsu tomou tons de vermelho e preto, suas lembranças ruindo ao redor, deixando só  Kisame e ele em meio ao nada, flutuando no vazio de frente um para o outro.

Por alguns instantes piscou confuso e tentou focar no agora.

‘’Oque foi Itachi-San...?’’ O azul murmurou com certa benevolência.  

E Itachi quase ofegou ao ouvir a voz do Hoshigaki, era como se a voz dele lhe ancorasse na realidade novamente. Os tons de azul na pele do outro de repente deu uma sensação de serenidade e segurança. Estava tão imerso em suas lembranças que era quase como se tivesse voltado no tempo, como se tivesse revivendo aquilo tudo. Ouvir e ver Kisame de novo era reconfortante demais, pois lembrava-o que não estava sozinho...

Seu corpo inteiro se suavizou. Era estranho pensar que sobreviveu ao mundo por tanto tempo sem o azul ao seu lado, sem aquela forma sincera e singela de amor. Era tão bom voltar a ouvi-lo e tê-lo a seu lado que por um instante ficou tentado a trazer ele mais perto e abraça-lo, mas se conteve: ‘’Nada, só não pensei que fosse ser tão difícil...’’.

Um ar de preocupação atravessou a face de Kisame, de um jeito que Itachi jamais recebeu de alguém. ‘’Não se esforce então. Em breve vai lutar com Sasuke, e não será tão fácil se estiver desgastado...’’

‘’Não. Não é isso...’’.

O espadachim logo compreendeu que a dor não era física (e sim na alma), mesmo assim não sentiu pena do Uchiha, não, o olhar de deferência que ele manteve aqueles anos todos sob Itachi ainda estava lá: E o mais jovem seria eternamente grato pelo zelo e respeito que o azul sempre teve com relação a ele.

‘’Já me deu o mundo saber que confia em mim ao ponto de mostrar oque me mostrou. Não precisa ir além se é tão excruciante, Itachi-San...’’.

 ‘’Não... Eu quero mostrar. Eu preciso...’’ Estranhamente, mostrar aquilo a alguém, deixar oque lhe machucou por tantos anos sair, era incrivelmente mais saudável doque teria imaginado.

E de repente, olhar para seu amigo Kisame lhe fez lembrar de um outro amigo. Em realidade, sua vida foi menos difícil com Shisui lá para lhe dar suporte. Não era como se sua vida tivesse sido só martírios...

▇▇▇

O mundo de ilusões ao redor deles tomou a forma de uma lembrança novamente, e no centro dela estava Shisui sorrindo amplamente e de forma agradável, suas bochechas talvez até doessem do tanto que estavam elevadas, e ele irradiava alegria e luz mais que o sol...

Eles estavam próximos a margem de um grande lago que tinha dentro do Distrito Uchiha. Ainda tinha cinco anos, já Shisui tinha oito e se formara Genin na academia naquele mesmo ano.

Conheceu Shisui uns meses antes, e o mais velho lhe ajudava a treinar nas horas livres até que tivesse idade para ser admitido na escola ninja. Mas agora eles tinham perdido a noção do tempo, estavam treinando, porém se distraíram e por algum motivo o outro jogava água em Itachi alegremente, e o menor tentava atingir o outro com a maior quantidade de água que podia lançar de volta...

‘’Oque você tá fazendo?’’ Itachi falou desviando de uma chuva de água vindo em sua direção. ‘’Viemos aqui para treinar!’’ Grunhiu.

Shisui riu abertamente, como se achasse muita graça: ‘’Desencana, Itachi!’’.

O Uchiha menor piscou, talvez ele fosse uma criança realmente muito séria para sua idade, com todos os pesos do mundo sobre si. Porém, desta vez a tardezinha estava bela e ensolarada, nenhuma nuvem a vista, o dia era calmo e pacífico, suas roupas estavam encharcadas de suor e água, e Shisui estava sorrindo muito como se não houvesse amanhã: E de repente Itachi começou a se deixar levar por aquela incrível sensação de paz e tranquilidade, por um momento era quase como se fosse criança novamente.

Enquanto o outro estava rindo tanto de até segurar a barriga, Itachi acumulou uma grande quantidade de agua o tacou em seu rosto: ‘’Ahá, te peguei!’’ Comemorou sorrindo.

Shisui riu mais ainda, juntando uma nova quantidade de água e correndo atrás do Uchiha menor: ‘’Agora você vai ver, volta aqui!’’ Não havia ameaça real em sua voz, só felicidade.

E assim, Uchiha Itachi deixou suas lembranças com Shisui fluírem...


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Notas finais do capítulo

É isso. Oque acharam? Espero que tenham gostado.

P.s: a Fabula da Dama Branca e Amarela
https://www.japaoemfoco.com/a-dama-branca-e-a-dama-amarela/

a musica em negrito e legendada é do Queen.
https://www.youtube.com/watchv=fJ9rUzIMcZQ&list=PLWXjYT9IfpRZxCNWETqL3YzhCgI2EW6E0&index=256



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