Itachi and Kisame History (Em Revisão) escrita por AnneAngel


Capítulo 26
Capitulo 25 – Nessa vida, há diferentes tipos de emboscadas... (Reescrito)


Notas iniciais do capítulo

Oie, amores❤
Sim, eu sei que fiquei um tempão sem postar nada! E estou atrasada com o roteiro dessa Fic, pra vcs terem uma ideia: Isso era pra ter saído no dia do níver do Itachi!
Perdoem-me pela demora, e peço que tenham paciência comigo. Agradeço imensamente o pessoal que não desistiu de mim e nem dessa fic, amo vcs❤



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Às vezes, a melhor forma de se encontrar é se perdendo na vida de alguém.

Itachi P.O.V (Point Off View)

Apenas Hoshigaki Kisame, o seu camarada fiel, poderia ter notado que ele estava mais pálido que o comum. Viu os olhos preocupados do espadachim apenas por alguns instantes, pois logo a sala parecia estar rodando, tudo ficou desfocado.

Particularmente, o moreno nem conseguia se ressentir. Não estava surpreso; Parecia que mais um problema surgiu, infelizmente esse tipo de circunstancia estava se tornando comum. Sabia que ficaria pior conforme a doença terminal fosse avançando e consumindo-o.

Engraçado, estava mais incomodado com a preocupação exagerada de Kisame, doque com sua própria condição de saúde. Mesmo estando tão mal, podia ver que o azul largou tudo oque estava fazendo, esqueceu-se até doque estava falando antes. Sua preocupação visível a níveis alarmantes: ‘’Oque está sentindo, Itachi-San?’’.

‘’Tonto’’ Sua visão se tornou manchada e com pontos negros, e contra sua vontade suas pálpebras pesadas se fecharam antes que pudesse fazer alguma coisa. O Uchiha não registrou seu corpo cedendo, tudo se tornou preto – Mas sabia que Kisame segurou-o antes que tocasse o chão.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Não soube por quanto tempo ficou ali devastado por aquele sonho perturbador, lembranças vívidas de seu passado e várias coisas ruins que fez ou que presenciou sempre tornavam a atormenta-lo, e era tão real. Ao menos tinha despertado subitamente e saído daquela agonia: Mas ainda conseguia narrar com detalhes a experiência ruim que teve enquanto estava dormindo, dessa vez não era sobre o massacre de seu clã como normalmente acontecia. Estava num campo de batalha, apesar de ser dia o céu estava negro com fumaça e fogo, armas pontiagudas jogadas em todos os cantos, havia corpos sangrentos e gente morta para todo lado, o chão de barro abaixo de seus pés era pura poça de sangue e sujeira.

Ao longo de sua vida já tinha visto muitas coisas assim, mas aquela lembrança era a pior porque foi a primeira vez que se deparou com algo do tipo: Tinha só quatro anos quanto seu pai, Fugaku, levou-o para um dos campos de batalha, durante a Guerra – Não era algo que um pai de verdade deveria mostrar ao filho, ainda mais em tão tenra idade. Aquela imagem jamais saiu de sua cabeça...

...Por isso acordou sobressaltado daquele jeito. Foi aquele terrível pesadelo. Lembranças e memorias de seu passado assombrado sempre reapareciam em sua cabeça. Focou-se no ambiente, estava tudo escuro, mas podia ver tudo perfeitamente, seus olhos vermelhos brilhando: Sharingan cintilando na forma de Mangekyou. Estava chorando também... Era sempre assim aqueles anos todos. Nunca mudou.

‘’Calma... Já passou! Já passou!’’ O outro tentou consola-lo como se pudesse ouvir seu coração acelerado, ver sua falta de ar, os soluços... Como se pudesse ver sua dor.

...E quando finalmente conseguiu tranquilizar-se havia um par de olhos redondos de peixe observando-o atentamente e parecendo deveras aliviado: ‘’Itachi, você acordou... Eu não acho que poderia suportar perder você!’’

Claro que Kisame estava ao seu lado, sempre estava. Entretanto, ouvir aquilo lhe pegou desprevenido. O homem só disse a verdade, e era justamente por isso que era tão tocante: Todas as inseguranças do azul se fizeram presentes. Felizmente o Uchiha ainda estava se sentindo perdido demais, podia fingir que não notou os temores do maior. ‘’Onde estamos?’’ Murmurou confuso.

Aquilo pareceu fazer o azul esquecer seus próprios receios e observa-lo melhor, espantado. Sabia o porque: Sempre teve um ótimo senso de percepção, sempre soube com exatidão onde estava e onde ir, tanto que o espadachim deixava-o traçar o rumo que seguiriam. Mas agora sentia-se mais doque desorientado.

‘’Como assim?’’ O azul começou devagar ‘’Estamos no Bunker do Kakuzu, não lembra?!’’

Assentiu devagar, ainda assimilando toda a situação: ‘’E onde ele está?’’.

Por um instante o tubarão ficou branco, paralisado. Depois ganhou forças, explicou rapidamente: ‘’Ele está morto. Não lembra? Oque deu em você?’’

Morto... Kakuzu... Demorou um bocado, mas conseguiu se reajustar: ‘’Ah... Sim lembro. Ele e Hidan se foram, né?’’ Resmungou, apertando a cabeça ‘’Minha cabeça dói e estou um pouco confuso... Será que isso é fruto da perda repentina de consciência ou a confusão mental é mais um sintoma estranho advindo da Sepse avançada?’’

O outro empalideceu: ‘’Vamos torcer para não ser nada permanente, Itachi-san!’’ E o pânico em sua voz era visível, o Hoshigaki o queria bem e isso era obvio, assim como todo o carinho, atenção e amor.

Estava há dias refletindo sobre isso e chegou a uma conclusão: Tinha certeza de que Kisame o amava. Algumas semanas atrás o outro tinha sacaneado-o brincando que eram um casal lá na taberna, quando ficaram bêbados.  Aquilo foi só uma brincadeira. Oque tinham não era aquele amor apaixonado que envolvia desejo, não era nada erótico ou sexual e nem sequer envolvia atração física, mas sim um amor companheiro do tipo que compartilha segredos, valores, fraquezas, esperanças, do tipo que sente uma preocupação profunda e um desejo de cuidar da outra pessoa amada, levando seu conforto e bem-estar em consideração. Era um tipo de amor altruísta, respeitoso, dedicado. E na maioria das vezes o moreno ficava sem jeito quanto a isso, pois como deveria retribuir?

‘’Você está fazendo de novo’’ Murmurou sem graça.

‘’Oque?’’

‘’Se preocupando demais!’’

‘’E como eu posso não me preocupar, Itachi? Desculpa se estou agindo errado. Mas não dá pra ficar de boa e fingir que isso tudo não está acontecendo! Eu estou perdendo você, e nem posso fazer nada! É irritante, frustrante...’’ Levantou-se agoniado e zangado com a situação, tanto que chegou a socar a parede mais próxima para descontar a raiva. O lugar todo tremeu.

Por um instante não conseguiu encarar o azul nos olhos, e por alguns segundos o sonho que teve voltou a sua cabeça; Aquela era a grande diferença entre seu pai, Fugaku, e Kisame. Os dois erravam...

...Mas Fugaku errava tentando fazer oque achava que era melhor para o clã, afinal, seus deveres como líder dos Uchihas estavam sempre acima de seus deveres como pai. Enquanto que Kisame não tinha tais empecilhos. Fugaku encarava sua função de pai como mais uma de suas obrigações, já Kisame fazia isso com amor e dedicação – Espera, como foi que chegou aquela linha de raciocínio?

Seu cérebro estava misturando as coisas de forma insana, andava lhe pregando peças que ele achou que nunca pregaria. Primeiro esqueceu-se de onde estava. Depois esqueceu-se de que Kakuzu estava morto. E agora estava comparando Kisame com seu...

Sua cabeça latejou. Ainda estava confuso... Notou que estava no quarto novamente: ‘’Por quanto tempo eu apaguei?’’

‘’Nem sei direito, fiquei aqui com você e perdi a noção do tempo! É madrugada, acho’’ Respondeu ‘’Você não tem dormido bem há dias, seu corpo deve ter colapsado!’’

‘’Hn’’ Murmurou em resposta, sua cabeça ainda doendo, sua mente ainda bagunçada.

‘’Aqui! Tome seus remédios’’ Disse lhe dando uma série de medicações, ainda parecendo aflito ‘’Vou preparar uma nebulização também... Sabe, você tem que tentar se manter em forma o melhor que puder. Nunca se sabe quando teremos uma nova missão ou confronto indesejado’’.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Conhecia os fatos terríveis da temida Vila da Névoa apenas daquilo que lhe contaram, desde quando era pequeno ouvira historias do lugar quando comumente contavam contos de terror sobre os homens que lá viviam. Kirigakure não criava fracos, todos atrozes e sanguinários Shinobis comumente vinham daquele vilarejo. Ouviu coisas terríveis sobre os Ninjas da Névoa: Que era comum serem insensíveis, brutos, carrascos, monstruosos e hediondos.

Ouvindo tais coisas, logo, era fácil chegar à conclusão que um ninja da névoa sangrenta não era afável: Zelo e cuidado para com os outros era coisa para os fracos. Ter de se preocupar com outra pessoa era tolice, ter um camarada para cuidar era como ter uma distração constante que lhe desviaria do curso.

Por certo aspecto Itachi podia compreender isso, cuidar de outra pessoa era imprudente, naquela vida errante que tinham deviam se preocupar apenas consigo mesmos: Dedicar-se a alguém e demonstra apreciação a ela deveria ser inconcebível. Era um ato infantil e muito perigoso quando se era um Nukenin. No entanto, o moreno sempre fora mais perspicaz doque acreditar em rumores, aquelas narrativas fantasiosas nunca o convenceram e sabia que não podia julgar o caráter de alguém por aquilo que os outros diziam dela.

Além disso, depois de tanto tempo ao lado do espadachim observando-o pode compreendê-lo completamente e saber que as historias que lhe contaram eram irreais e meramente produto da imaginação – Pelo menos em parte, quer dizer.

O espadachim se manteve fiel e leal àquela parceria até o fim, sempre lhe ajudando e atendendo suas necessidades mesmo que fosse algo inconveniente. Sabia que Kisame, às vezes, queria protestar. Mas no fim ambos se tornaram bons amigos e era gratificante tê-lo ao seu redor. Falando no azul, o cara estava fazendo algo à noite inteira, pois ouviu barulhos de pratos, louças e talheres vindos da cozinha: O homem estava tramando algo e toda vez que se levantava para ir ver oque estava aprontando o outro desconversava e mandava-o de volta a cama para tentar descansar um bocado.

Durante muito tempo quis acreditar que havia motivações obscuras por trás daquele cuidado todo. Porém, sabia que a grande verdade era outra: O moreno estava certo desde o inicio, o espadachim era só alguém perdido naquela vida e acabou na Akatsuki. Posteriormente, Hoshigaki Kisame se encontrou naquela vida quando se esbarraram pela primeira vez. Leu em um livro que ‘às vezes, a melhor forma de se encontrar é se perdendo na vida de alguém’ — E isso definitivamente se enquadrava a seu camarada azul, só isso poderia definir aquela estranha devoção e complacência de seu amigo com ele.

Olhou para a gigante cicatriz que tinha de quando seu camarada lhe doou-lhe órgãos. Aquilo sempre seria a prova de que claramente havia se tornado a pessoa mais importante na vida do espadachim, e o pior de tudo era que nem sabia se o próprio Kisame notou isso. Aquela parceria mudou as coisas, sabia que o azul podia se virar sozinho, mas escolheu ficar em conjunto e isso acabou levando-os a um estado quase que de dependência mutua.

Suspirou pesadamente, precisava do azul para se manter, mas oque Kisame ganhava com sua companhia além de trabalho extra? Nada. Por isso sabia que os sentimentos do espadachim para com ele eram maiores que de um reles amigo...

...O Uchiha tinha certeza absoluta: Se pedisse para o azul abandonar a organização de nuvens vermelhas, ele faria. Se pedisse que lhe doasse um novo rim, ele faria sem nem pestanejar. A essa altura sabia até que se contasse sua historia para o outro, com todos os detalhes sórdidos e lhe pedisse segredo absoluto, o azul juraria que não contaria nem sob tortura – No fim das contas, o homem estava tão devotado a ele que chegava ser insano.

Era obvio perceber que Kisame estimava-o demais para sequer colocar em palavras, se dedicava demais a ele que nem precisava falar, pois sempre mostrava seu afeto através de gestos. E por um momento o moreno não conseguia processar oque isso o fazia sentir, como corresponder a isso? O espadachim fez mais por ele doque qualquer um. 

O Hoshigaki passou oito anos com Itachi, protegendo-o, cuidando dele e amando-o. Ele havia trabalhado duro para conseguir sua confiança. E aqui estavam eles agora, Kisame estava fazendo de tudo desesperadamente para ajuda-lo e não deixá-lo definhar até a morte...

...Estava morrendo e nada que tentasse realmente funcionaria, mas isso não impediu que o tubarão tentasse abrandar seu sofrimento. E não era só isso, durante todos aqueles anos o espadachim tentou fazer de sua vida algo melhor, e sempre que conseguia agia como se tivesse conquistado o mundo, ele lutava mais ferozmente pelo seu bem-estar do que por qualquer outra coisa em sua vida, até a carreira ninja do Hoshigaki parecia em segundo plano quando o assunto era Itachi. Aquela amizade era tudo para o azul, algo que valia a pena lutar para manter.

Pensando bem, era fácil perceber que o ninja azul amava-o. E começava a perceber que o amava de volta. Não era um tipo de amor de casal, não era nada romântico ou sensual, era um tipo de afeto estranho que ainda não sabia nomear ou onde por: Afinal, amar era como um tipo de emboscada a qual nunca estamos preparados realmente para reagir. Mas aquilo era um tipo bom de emboscada, o tipo de coisa inesperada que era boa.

...E como ele poderia não amar Kisame depois de tudo oque passaram juntos?

Ainda era um sentimento novo para o Uchiha compreender, por isso pensava profundamente sobre o assunto. E de certa maneira Itachi não entendia isso, quando que fez por merecer tanto afeto e demonstrações de cuidado por parte do azul?

E além disso, estava doente e moribundo: Era para ser deixado para morrer, talvez então ser morto para garantir não falhar em futuras missões, podia até ser capturado ou vazar informações confidenciais sobre a Akatsuki, ou mesmo sobre os membros da organização. A atitude mais plausível que Kisame tinha naquela situação que se encontrava era assassina-lo, porém entendia que o outro não faria isso nem se fosse uma ordem direta de Pain...

...Se fizesse, Itachi não o culparia. Entendia seu papel: Era um Shinobi e morreria como um de forma sangrenta. Kisame costumava não ser uma exceção nisso; O espadachim matava pela pura emoção que isso trazia, mutilava seus inimigos e às vezes até seus próprios aliados sem nenhuma consideração por eles – No entanto, o azul parecia até outra pessoa quando estavam a sós.

E era sempre assim quando estavam juntos, para o mundo inteiro lá fora ambos eram assassinos sanguinários e cruéis, incapazes de demostrar sequer um gesto de afeto. Porém, isso também era apenas rumores: E se houvesse pessoas tão inteligentes como o Uchiha lá fora, saberiam que rumores são só rumores...

Mas... Ah. Se alguém soubesse o quanto ambos ainda eram capazes de gestos de carinho: Já estariam com a reputação esmagada...

Falando nisso. Fazia algumas poucas horas, por volta das 01h44min os sons vindos da cozinha cessaram. O azul finalmente fora dormir, por isso tentou não fazer muito barulho também: Tentava ao máximo conter o som de suas constantes tosses quando elas vinham lhe atormentar.

Agora o relógio marcava 05h08min da madrugada, estava tudo escuro, mas já sabia de cór oque havia ao redor e sua visão foi se adaptando a escuridão: O quarto era pequeno, porem era amplo e arejado. Estava no Futon que ficava de frente para a porta, parcialmente sentado na cama com os lençóis em cima de si e parado tentando conter suas constantes tosses sangrentas, tinha lenços de papel espalhados pelos cantos e cada um deles continha manchas visíveis de sangue.

Inúmeros remédios estavam ordenados na mesa de cabeceira, também havia um nebulizador: Tudo na tentativa de aplacar seus males. Qualquer coisa que diminuísse um pouco os sintomas já estava valendo, mesmo que fossem plantas medicinais, medicamentos industrializados, medicina caseira, chás, qualquer coisa.

Estava vivendo um dia de cada vez. Tinha alguns dias que sentia-se fraco. Em outros se sentia muito bem: Aquele definitivamente não era um desses dias, pois uma tosse com secreção e sangue impedia-o de dormir, sua garganta estava esfolada, ardia muito e parecia que havia engolido arame farpado. Também estava cansado de forma que era difícil de respirar e sentia seu coração muito acelerado. Para além disso, estava com calafrios e uma leve cortina de suor frio cobria sua testa, seu rosto corado de um forma não saudável em uma possível febre – Pegou o termômetro para ter a certeza.

Mas as crises respiratórias eram a pior coisa, pois sentia-se cansado e as tosses constantes e dolorosas não ajudavam em nada: Nenhum antibiótico funcionou, exatamente como a velha da montanha disse. Então estava tomando apenas medidas paliativas, como vários remédios para dor, para febre, nebulizações constantes, etc. (...) Tinha sido assim nos últimos cinco dias desde que terminaram sua “Lista dos desejos finais” no final do mês passado.

Estava pior a cada dia, estava fraco e sentia a morte esgueirando por perto. Logo outra crise de tosse intensa se apossou dele fortemente e por mais que tentasse conter não obteve sucesso: Tinha tentado três remédios diferentes para isso e todos falharam ou não tiveram o efeito desejado por muito tempo. Passar mal a noite era insuportável, sua garganta estava inflamada e tossia como se quisesse colocar os pulmões para fora, havia sangue para todo lado.

Foi quando ouviu pés se arrastando pelo chão e se aproximando, depois vieram as batidas suaves em sua porta. É claro que o outro iria acudi-lo, pois como sempre estava determinado a ajuda-lo em suas limitações e problemas. Revirou os olhos, mas não porque estava com raiva e sim porque a preocupação exacerbada do outro já havia virado rotina: ‘’Entra Kisame’’ Murmurou roucamente ‘’Eu já disse, você não precisa bater!’’.

Viu o outro se esgueirar para dentro. E finalmente sua presença estava lá, tranquilizantemente próxima e calorosa, pronto para lhe prestar ajuda no que quer que fosse. Mas havia algo em seu semblante que chegava doer: Aquela feição preocupada e ao mesmo tempo sonolenta no rosto do outro, o azul certamente não estava dormindo bem com todas aquelas idas ao seu quarto aqueles dias, e a feição que estampava era como se o Hoshigaki tivesse tomando todas as suas dores para si próprio. Itachi nunca quis ter esse efeito em alguém

‘’Estava à madrugada toda fazendo uma coisa na cozinha e agora que foi dormir eu acordei você com minha tosse, né?’’ Murmurou, já sabendo a resposta ‘’Faz eco por todo o Bunker que eu sei!’’ Grunhiu irritado consigo mesmo, afinal o homem passava a maior parte de seu tempo cuidando dele e não era justo que tomasse até as noites de sono do amigo.

‘’Relaxa! Só vim dar uma olhada, só para ver se está tudo bem... Não poderia conviver comigo mesmo se você morresse engasgado ou asfixiado porque eu não ajudei. Como está se sentindo hoje, garoto?’’ Questionou ainda parecendo meio sonolento e havia algumas olheiras por culpa de acordar varias vezes por noite, mas aos poucos ficava cada vez mais disperso e atento ao ambiente ao redor.

Receava dizer a verdade porque Kisame sempre se preocupava demais com sua saúde, por outro lado sabia que o homem não tolerava mentiras.

Suspirou, postergando a informação que afligiria o maior. Tudo estava silencioso e o clima parecia agradável, dava até vontade de dormir, embolar-se nas cobertas quentes e ir para o mundo dos sonhos, até porque era bem cedo ainda. Só uma coisa estragava a comodidade: Alguns segundos posteriormente e lá vinha outro emaranhado de tosse molhada. Pressionou um lenço contra boca e ele voltou todo sujo de sangue, sem duvida alguma não conseguiria pregar os olhos em tal sofrimento.

A tosse foi a resposta que o outro precisava: ‘’Mais sangue? Então não está nada bem...’’ Grunhiu.

Fez uma careta, mas rebateu quando conseguiu: ‘’É, você sabe, eu estou ficando assim ultimamente. Tosse, falta de ar, dor de cabeça, e um pouco enjoado também’’ Tentou elaborar, na realidade sentia um mal-estar terrível, seu coração disparado, uma dor de cabeça forte que parecia enxaqueca e estava bem nauseado também, sem contar a febre que preferia não mencionar. Não queria mentir para o azul, mas também não aguentava vê-lo tão aflito: ‘’Mas não se preocupe, talvez eu melhore ao longo do dia, essas coisas sempre ficam piores a noite, você sabe como é!’’ Murmurou tentando consola-lo.

O outro olhava-o minuciosamente como se estivesse verificando-o, como se tivesse captado sua mentia deslavada: ‘’Mediu a temperatura ainda agora?’’ Murmurou vendo o termômetro.

‘’Sim’’ Disse simplesmente. Tentava ocultara seus sintomas o máximo que podia na tentativa de impedir que o outro se preocupasse demais, tentava manter as aparências só que nem sempre conseguia.

‘’E?’’

O espadachim estava ligeiramente esperançoso e quebrava o coração de Itachi dizer-lhe, não queria sobrecarregar ainda mais o azul com seus problemas. Entretanto disse: ‘’Esqueci de mencionar, também estou com 39ºC de febre’’ Resmungou desgostoso ‘’Mas vai passar, vai passar ao longo do dia, é sempre assim. Eu sempre fico melhor de dia!’’ Rebateu, como se tentasse convencer a si mesmo também.

‘’39 é’’ Depois da pontada de decepção que passou pelos olhos do tubarão, ele se manteve firme: ‘’Vá tomar um banho para baixar a temperatura. Depois tome novamente seus remédios e faça uma nebulização! Não vai fazer isso ir embora totalmente, mas ajuda!’’.

Às vezes se sentia como um grande fardo, e era injusto que Kisame tivesse que carrega-lo. Mas o outro fazia isso sem nem sequer pestanejar e isso surpreendia o Uchiha: O azul estava tomando todas as rédeas da situação. ‘’Ultimamente você tem ficado tão mandão!’’ Rebateu.

‘’Vá Itachi, não me faça repetir!’’ Disse, fingindo estar zangado. ‘’Vou fazer o café da manha enquanto isso. Não demore nesse banho!’’.

‘’Pare de me dá ordens, só porque estou com uma enfermidade incurável, não significa que eu esteja inválido. Ainda sou dono de minhas próprias vontades, pra sua informação. Não me trate como criança!’’ Grunhiu raivoso de repente.

A preocupação que o outro estampava na cara deu lugar a uma risada por seu comportamento imaturo: O ex-névoa-nin saiu sorrindo. E o mais novo finalmente se levantou da cama onde estava devagar, bufando irritado...

...Algumas coisas nunca mudavam, ele continuava o jovem mal-humorado e da cara fechada de sempre, e Kisame sempre tinha aquele sorriso cheio de dentes pontiagudos estampando sua face não importando a situação: O espadachim adorava um desafio, quanto mais difícil parecia mais o azul parecia querer enfrenta-lo. E parecia que seu novo objetivo de vida era ajuda-lo a enfrentar aquela temível doença e o Hoshigaki não se daria por vencido assim tão fácil.

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Kisame (Point Off View)

Saiu rumo à cozinha com oque o menor disse martelando na cabeça, teve que reconsiderar porque talvez Itachi tivesse certo e estivesse exagerando, talvez estivesse equivocando-se com relação aquilo tudo...

Já estava acostumado aquele rotina. O Uchiha estava piorando drasticamente, cada vez mais sintomas apareciam e o jovem ficava mais debilitado, quando menos esperava apareciam problemas novos e tinha que se virar para cuidar dele incentivando-o a fazer exercícios ou treinar quando estava sentindo-se melhor, preparando refeições rigorosamente planejadas, vigiando os horários de medir a temperatura, a pressão e coisas do tipo, instruindo-o a tomar os remédios. As limitações roubavam boa parte da autonomia de Itachi e exigiam que alguém assumisse a figura de cuidador, e acabou que se tornou um sem nem perceber.

No final a rotina era fácil de seguir, já estava acostumado a vida no Bunker, às vezes perguntava-se porque nunca estabeleceu moradia fixa em algum lugar: Pois claramente aquilo foi melhor para ele e também para o moreno doente, era uma vida fácil, simples de seguir.

...Provavelmente estava sendo excessivamente zeloso e preocupado. Mas se importava com o garoto e mesmo que não quisesse parece caridoso demais, também não queria parecer mesquinho demais ao ponto de ser indiferente com o sofrimento e necessidades do Uchiha, pois afinal era mais doque claro que havia valor sentimental envolvido: Amava aquele idiota, independentemente das suas qualidades, defeitos, dificuldades, temperamento e habilidades.

E além disso tudo, sabia a realidade e entendia que aquela doença não se curaria. Isso, no entanto, não o impediria de dar a devida atenção ao problema e tomar iniciativas que ajudassem temporariamente. E não queria apenas ajudar nas limitações físicas, queria ajuda-lo a enfrentar as frustrações e reforçar sua perseverança.

Viu movimentação a sua direita, Itachi passou por ele sem nada a declarar, parecia bastante pensativo. O garoto fez realmente como mandou, foi ao banheiro e logo ouviu o som de água: ‘’Nada de banho quente demais, hein moleque!’’ Resmungou alto o suficiente para que o menino tenha ouvido. Era para ser engraçado, e podia ouvir dali as reclamações do mais novo.

‘’FICA QUIETO’’ O garoto retrucou ‘’Você sempre fala demais, droga!’’.

‘’Me respeita... Eu sou o mais velho aqui, pirralho. E tú mal saiu do cueiro!’’ Rebateu ouvindo mais reclamações. Só oque pode fazer era rir temporariamente.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Os motivos de suas risadas se foram. Durante o tempo em que o outro estava lá trancado no banheiro tossiu inúmeras vezes: Surgiu uma preocupação e uma vontade súbita de ir ver como o garoto estava, porém não era bem assim que estava planejando começar aquele dia 09/06.

A tosse dolorosa do outro voltou por alguns minutos ecoando alto na casa silenciosa e o azul se afligia com isso querendo tanto levantar-se num salto e ir correndo ver como o garoto estava, entretanto aquele dia era para ser especial: Provavelmente seria o ultimo aniversário de seu amigo. Era para ser um dia bom, calmo e pacifico, mas obviamente aquela maldita condição de saúde não daria sequer uma trégua.

Particularmente, estava surpreso consigo mesmo, surpreso com todo aquele afeto e zelo para com o outro: Já não podia mentir para si mesmo, afinal era visível que Itachi era mais que um simples amigo...

Ambos eram desajustados naquela vida e não pertenciam a lugar nenhum, mas tinham um ao outro e o espadachim tinha que admitir que jamais esteve ao lado do Uchiha só porque deviam ser camaradas: Para ser sincero, Uchiha Itachi bagunçou toda a sua vida desde o momento em que entrou nela. Foi tudo tão inesperado, quando menos esperava esbarrou naquela criança idiota, com o tempo aprendeu a cuidar daquele fedelho sem restrições, aceitando seu modo de ser e sem impor nada.

Aquele pirralho estava tão quebrado e desolado, precisava de Kisame mesmo sem saber disso.

De certa maneira precisava do Uchiha também, ficou muito tempo em tamanha solidão, especialmente porque não tinha parentes conhecidos, nem esposa ou filhos, também se afastou de sua Vila Natal e antigos camaradas. Com o tempo Itachi acabou se tornando sua única família.

Para ser honesto, nunca pensou que pudesse fazer isso: Cuidar de alguém do jeito que cuidava de Itachi. Foi criado para matar e não para coisas afetuosas, além disso, antes de conhecer o garoto não sabia que era capaz de ser tão zeloso com qualquer outra pessoa.

Era só olhar para ele que todos já saberiam que era um monstro: Pele azul, feições que se assemelhavam a tubarões, dentes afiados, instinto sanguinário. Trazia consigo a marca do preconceito, discriminação e exclusão social desde o seu nascimento em sua vila natal, seu clã foi dizimado, não teve família, e durante um longo tempo foi rejeitado pela sociedade que temia que crescesse e usasse seu kekkei genkai e chakra monstruoso contra eles, muitos tentaram mata-lo e as crianças tinham medo dele e eram orientadas pelos pais a se afastar e não brincar com ele.

Foi condenado a viver em total situação de privação porque a maioria das pessoas tinha medo de sua aparência e poder. Se não fosse Fuguki, seu mestre que o criou e ensinou-o a lutar, provavelmente teria morrido quando ainda era bebe.

Quando criança, ainda se lembrava de seu cotidiano, lembrada de como as pessoas se afastavam dele como se fosse portador de alguma moléstia contagiosa e por isso lembrava-se de ter grande vergonha de sua pele azulada e dentes afiados, sem falar no medo que despertava nos demais. Sabia oque pensavam dele: Era considerado perigoso e indesejável. Tentava não ligar à rejeição dos demais mantendo um comportamento de evitação a contatos sociais, se não queriam ser amigos dele, ele também não faria questão.

E sempre seria assim, as pessoas sempre o temeriam não importava sua idade, sempre haveria estigma sobre sua aparência e vínculos era algo difícil de manter quando se era assim como ele. Foi criado para matar e nada mais. Nunca foi apresentado a uma vida diferente daquela.

Claro que queria uma vida diferente, e não era como se sua existência fosse tão trágica: Até conseguiu alguns poucos camaradas naquela jornada, Zabuza, Suigetsu, Mangetsu e seus outros amigos espadachins(...) Mas ninguém jamais seria ou se compararia  ao pirralho Uchiha...

...Lembrou-se dos primeiros anos de parceria: Era só para espiona-lo para Pain-Sama, deveria ter sido fácil. E se Itachi estivesse traindo a Akatsuki era para mata-lo, isso não deveria ser um problema porque sempre considerou seus parceiros como ferramentas, assim como ele era. Quando uma ferramenta não serve mais é lixo a ser descartado, deve ser destruída.

Durante dias ele desprezou aquela criancinha, detestava seu exterior vazio e seu poder inigualável. Entretanto, quando pode se aproximar e conhecer quem era aquele fedelho direito sua postura com relação a ele foi mudando...

...Nenhuma pessoa conseguiu surpreendê-lo como Uchiha Itachi. E nem sempre gostou de surpresas, mas aquele pirralho foi uma boa surpresa em sua vida.

Logo se viu seguindo-o para onde quer que fosse: Com o tempo percebeu que o menino estava sozinho naquela vida tanto quanto ele. Era odiado, temido e desprezado tanto quanto ele. E o Uchiha era só uma criança para estar numa merda de vida assim, de forma que se abandonasse aquele garoto estaria fazendo a mesma coisa que costumavam fazer com ele quando pequeno. Então ficou ao lado do moreno.

Logo viu as verdades por trás da mascara de indiferença do outro: Uchiha Itachi podia ser implacável e frio. No entanto, também podia ser gentil e misericordioso. O mais novo não lutava e matava pela emoção que isso trazia, como Kisame. Itachi matava e lutava porque precisava, era um bom menino.

E o mais novo era solitário e precisava dele: Foi assim que assistiu-o crescer de uma criança traumatizada cheia de sangue em sua frágil alma e se tornar um jovem magro e doente pronto para o abate.

Então como não cuidar de Itachi? Como não se afeiçoar a itachi durante aquela jornada?

Ele ainda era um Shinobi nascido e criado em kirigakure, e era tão sanguinário quanto um. No entanto, aquele moreno sempre foi e sempre seria a exceção em sua vida: Não demorou muito para Kisame olhar para Itachi com apreço, depois com cuidado, depois com carinho, depois com amor – Um tipo de amor maior doque o amor romântico.

Ah, a vida: Tão inconstante como era, tão incerta, surpreendente, acabou lhe trazendo novidades que não sonhava ter. Ele era um monstro azul, nascido e criado para ser um assassino, um espadachim muito hábil e certamente muito sanguinário como foi criado para ser. Porém, tinha que entender que por mais monstruosamente que tenha sido montado para ser, foi a partir de Itachi que ganhou uma nova oportunidade para ser diferente.

Ah, Itachi. Quantas vezes aquele merdinha lhe tirou o sono? Quantas vezes se preocupou em demasia com sua segurança e saúde? Quantas vezes tentou aconselha-lo só para ter sua fala caindo em ouvidos surdos? Quantas vezes tentou ensinar algo? Quantas vezes tentou orienta-lo em vão?

Ah, Itachi lhe deu intermináveis dores de cabeça, e talvez algumas rugas(...).

Mas uma coisa permanecia como facto inalterado: Jamais abandonou aquele pirralho. Desenvolveram uma relação forte, algo que cresceu com a convivência de oito anos juntos. E hoje seu parceiro estava completando 21 anos de vida, agora já era um adulto formado – Entretanto, para o azul; Itachi sempre seria como um fedelho, praticamente viu aquela criança crescer. Estavam juntos desde que a pequena praga tinha 13 anos. Tinha o dobro da idade de seu camarada, para o espadachim o jovem Uchiha seria um pirralho sempre.

E como foi difícil se aproximar e começar a fazer parte da vida do outro. Precisou conquista-lo, ao mesmo tempo em que se permitiu ser conquistado por ele.

Abruptamente foi tirado de seus pensamentos profundos quando ouviu mais tosses agoniantes. Estava um pouco aflito, a condição de saúde do menino piorava rapidamente e os danos eram cada vez maiores, já não sabia oque fazer para aliviar as dores do outro senão oferecendo doses elevadas de remédios: De qualquer forma não sabia oque era pior, vê-lo doente ou vê-lo dopado.

Por algum motivo estranho sentia algo ruim se aproximando, não sabia oque era, mas temia ser relacionado ao menor. Temia perder Itachi antes doque esperava e não estava preparado para isso. Nunca iria se acostumar com a ideia de que realmente perderia seu camarada de apenas 21 anos. Era justamente por ter acompanhando-o por tanto tempo, vendo o estado ruim do outro, aquilo ali ia lhe agonizando, ia lhe dando uma sofreguidão...

...Tentou parar de pensar nessas besteiras que lhe vieram à mente e se concentrou no agora: Era para ser um dia feliz. Era aniversário de Itachi e não teriam muito mais tempo juntos...

Ouviu o trinco do banheiro girar e logo o garoto saiu esgueirando-se de volta ao quarto: ‘’Não precisa fazer nada para mim, qualquer coisa contra minha garganta agora vai parecer como vidro’’ Murmurou ao passar, a voz ligeiramente rouca.

Piscou sem entender por alguns minutos, sentindo-se terrivelmente desconfortável com o fato de já ter tudo feito e seu amigo estar negando sem nem ao menos levar em consideração o seu esforço. ‘’Como assim? Você não comeu quase nada ontem!’’ Começou devagar, sem querer fazer drama. Afinal de contas, a garganta do outro estava mesmo destruída por conta das tosses.

O rapaz parou para argumentar com ele, provavelmente na mesma sintonia mental e compreendendo a chateação do azul: ‘’Posso tentar, realmente posso, mas acho que não vou conseguir engolir... Desculpe’’ Disse devagar ‘’Não leve para o pessoal. Agradeço por tudo oque está fazendo por mim, só não estou com fome!’’

Kisame abriu um sorriso pequeno, e parecia que um milhão de pesos foram retirados de seu peito quando viu o rosto cauteloso do outro, o garoto claramente não queria desaponta-lo: ‘’Ah, Itachi, não se preocupe com isso, não estou bravo. Mas você tem que comer alguma coisa!’’ Murmurou o tubarão.

Deu de ombros ‘’Não vou conseguir’’.

‘’Tente. Tem cerca de dois litros de sopa de ontem, isso é fácil de engolir. Quer um pouco?’’

‘’Não’’ Grunhiu o garoto.

Mas Kisame já estava habituado a isso, era comum que o moreno apresentasse alterações do apetite e do sono, falta de energia e cansaço era constante, assim como desanimo, irritabilidade repentina e mau-humor. Quanto mais sintomas apareciam, e quanto mais Itachi ficava dependente dele, mais raivoso ficava: Compreendeu que não era raiva dele e seu cuidado exagerado, e sim da situação.

‘’Então eu posso te fazer ovos mexidos?’’.

‘’Não’’.

Certo, parecia que o Uchiha queria contraria-lo ou aborrece-lo, porém não conseguia: ‘’Fiz uma coisa doce que você deve gostar. Faça o seguinte, tome os remédios novamente, uma nebulização e depois já deve estar se sentindo melhor e poderá comer’’.

O outro mexeu-se desconfortavelmente quase como se quisesse continuar negando qualquer tipo de ajuda. ‘’É sério, Kisame. Não estou me sentindo bem... Eu vou para meu quarto descansar, você devia fazer o mesmo. Ainda está cedo!’’.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Sentia que devia fazer alguma coisa por Itachi. E além disso, aquele dia era aniversário dele...

Era um Shinobi, não podia simplesmente se despedaçar todo pela perda de um camarada. Já havia perdido tantos outros e esse tipo de coisa era comum naquele mundo em que vivia, por isso pensava que devia estar acostumado a mortes. Mas era Itachi que ia morrer... E Itachi não era qualquer pessoa.

Agora que via a realidade e entendia: Não queria perde-lo...

Seu camarada estava pior do que previu, quanto mais dias passavam mais sentia que o momento aconteceria: Logo teria que deixar o garoto partir. E vislumbrando a possibilidade de perder o Uchiha em breve fazia-o sentir medo e impotência pela primeira vez em sua vida. Oque seria depois? Esteve tanto tempo ao lado do moreno que já não conseguia ver um futuro onde estivesse sem ele.

Era irritante, frustrante e completamente injusto que seu amigo tivesse que morrer assim tão jovem; Kisame tentava fazer o melhor que podia para cuidar do outro, mas não podia ignorar ou continuar negando o aperto do medo em seu interior...

...Itachi iria morrer mais cedo ou mais tarde, sabia disso. Mas sempre havia algo que podia fazer para tornar a ida de seu amigo mais fácil, por isso se esforçava tanto em cuidar do outro: Não podia simplesmente afastar-se e chorar pela futura perda que teria, não podia desaparecer da vida do outro sabendo o quanto precisava de auxilio naqueles momentos finais. Mas quando finalmente acontecesse, como poderia seguir em frente? Como seguir em frente depois de perder o único amigo real que teve?

‘’Tudo vai ficar bem’’ Disse a si mesmo ‘’Eu vou me acostumar com isso, vou me acostumar a uma vida sem Itachi. Afinal, não vai ser muito diferente de antes, certo?’’ Não conseguia acreditar em sí mesmo nem quando afirmava em voz alta. Só de pensar que tudo seria como era antes do Uchiha entrar em sua vida, já sentia um vazio inexplicável.

No fundo no fundo, tinha certeza que por mais que conseguisse sustentar uma fachada de que estava bem, por dentro estava desmoronando. Ele estava começando a esquecer o que significava a palavra solidão, estava com medo de relembrar oque era isso; pois logo não haveria ninguém para estar ao seu lado...

...Antes não havia ninguém, não tinha muitos camaradas, e os que teve já estavam mortos ou eram atuais inimigos. O Clã Hoshigaki estava morto também. E depois, simplesmente não tinha tempo para um cônjuge, nem amante, muito menos uma família ou filhos. Só teve sexo casual aqui e ali. Por mais que o mundo o conhecesse como um espadachim habilidoso, não tinha mais nada significante em sua vida além de ser um Shinobi. Pensando bem, sua vida sempre foi patética agora que pensava sobre isso: Mas sua vida mesquinha melhorou exponencialmente desde que o pirralho Uchiha entrou nela.

Claro que tinha muitas frustrações e arrependimentos com aquela vida errante que levava. E também houve coisas boas, foi surpreendido com momentos onde realmente tentou realizar gestos genuínos de bondade – a maioria voltados a Uchiha Itachi— mesmo quando sua consciência gritava dizendo-lhe que não havia redenção para assassinos como eles.

Com o tempo Itachi se tornou a única coisa importante que ele tinha em vida... E estava perdendo-o.

Olhou para a comida que tinha feito. ‘’Quer saber? Ele vai comer sim, senhor!’’ Murmurou para Samehada, que estava balançando-se pelo chão como um cão.

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Itachi P.O.V (Point Off View)

Não demorou muito para o azul ir atrás dele. Certamente que não se daria por vencido e lhe traria comida: ‘’Agora está melhor?’’ O outro perguntou colocando a cabeça para dentro do quarto e ele assentiu ‘’Eu lhe fiz um café da manha, coma que vai lhe fazer melhor!’’

Já fazia pelo menos 40 minutos desde que tomou todos os remédios novamente, e nem cinco minutos atrás o som do nebulizador se foi. Foi quando o Hoshigaki entrou com uma grande bandeja equilibrada em seus braços, o peso não era nada para o azul. Mas o conteúdo surpreendeu-o: Nem notou seu próprio levantar de sobrancelhas: Omelete japonês, algumas frutas, um chá... E um bolo bem chamativo.

O azul colocou a bandeja próxima a ele, percebendo que Itachi ainda estava perplexo:  ‘’Oque - é - isso - Kisame?’’ Disse pausadamente, olhando fixamente a comida.

‘’O que?’’ Perguntou desconversando vagamente, depois sorriu seu sorriso marca registrada. ‘’Não vai se acostumando não, pirralho’’.

Ainda estava chocado e isso era bem claro em seu rosto: ‘’Eu não acredito nisso. Você fez um bolo de café da manhã para mim?’’ Perguntou surpreso.

‘’Por que eu não faria? É seu aniversário, potencialmente seu ultimo aniversário’’ Rebateu ‘’Eu não podia deixar passar em branco!’’.

O Uchiha ainda estava mortificado: ‘’Mas seu aniversário foi em março, e eu nem fiz nada. Eu nem sequer lhe dei felicitações!’’ Murmurou ainda encarando-o, e mais uma vez se culpando. Lá estava o azul novamente com gestos de carinho quando ele nunca soube como retribuir tanto amor.

Observou atentamente o comportamento estranho do azul: Sempre que estava ao seu redor Kisame agia como se estivesse permanentemente assustado, como se a qualquer momento fosse perde-lo e por isso passou a superprotegê-lo, isso de certa forma incomodava o moreno porque parecia que o medo de perde-lo havia se tornado o mais novo fantasma do espadachim...

...E sempre que pensava sobre isso ficava inquieto: Agora que sabia os reais sentimentos do azul por ele e sabia que era reciproco, estava em duvida quanto a muitas coisas porque nem tudo estava posto às claras. Aquilo tudo parecia ser bem complexo em sua cabeça, queria ser capaz de organizar, classificar e especificar aquele tipo de amor. Porque, se não era amor romântico, oque era então? Não era o mesmo amor que sentia por Sasuke. Nem o mesmo amor que tinha por Shisui. Por isso nomear aquele sentimento era extremamente relevante para ele...

Deixou essas questões complicadas para depois e se concentrou no agora: ‘’Não precisava fazer um bolo! Kami-Sama...’’ Disse exasperado.

‘’Você está perdendo a cabeça por nada... É só um bolo idiota’’ Resmungou o outro.

‘’Ambos sabemos que não é verdade...’’ Grunhiu. E olharam para o doce ao mesmo tempo vendo a realidade, um Kanji meio estranho que claramente dizia: Tanjōbi (お誕生日) Omedetōu (おめでとう) Itachi (イタチ) – (Feliz Aniversário Itachi).

‘’Mas você gostou, certo?’’.

‘’Não tinha necessidade de fazer isso’’ Insistiu, observando o doce, mas ainda sem coragem para agradecer.

‘’Ei, eu já fiz. Agora, o mínimo que você pode fazer é comer. Então pare de reclamar!’’ Kisame grunhiu indignado.

Queria ser capaz de dizer algo em agradecimento, entretanto foi interrompido quando tossiu fortemente por alguns segundos, e percebeu sangue em suas mãos. Foi quando toda a irritação do outro se esvaiu e Kisame suspirou tristemente, dando-lhe um lenço de papel e esperando que aquilo acabasse.

‘’Obrigado. Pode me passar essa xícara de chá?’’ Perguntou Itachi, apontando para a xicara na bandeja. E ainda decididamente ignorando aquele bolo de aniversário.

‘’Sim, certamente eu posso’’ Disse se levantando e dando a xicara para o jovem ‘’Tome o Omelete também, antes que esfrie’’.

‘’Obrigado’’

Por algum motivo estranho aquela situação estava ficando desconfortável. Talvez a culpa fosse daquele bolo ridículo. Começou a bebericar o chá, sem saber oque dizer ao azul. Mas minutos depois começou a tossir novamente, prontamente o azul estava lhe estendendo um copo d’agua.

Foi assim por vários minutos...

Já sem tossir, ficou olhando para o tubarão e para o bolo vez ou outra enquanto bebericava o chá: Mas não poderia continuar agindo como se aquilo na sua frente fosse um alienígena. Além disso, tinha certeza que aquela coisa tinha gosto de Dango. Seus favoritos...

‘’Certo. Então era isso que estava fazendo a noite toda...’’ Começou e o outro assentiu ‘’Me de um pedaço disso, vai!’’ Murmurou tentando não fazer a coisa toda parecer ainda mais esquisita.

O azul lhe negou o bolo. ‘’Eu pensei que não estivesse com fome’’ Disse o azul, com um sorriso sacana.

‘’Verdade’’ Murmurou, entrando no jogo. ‘’Mas agora os remédios estão fazendo efeito e isso aí parece bom... E além disso, tá escrito o meu nome bem aí. Ele é meu!’’ Acrescentou.

Kisame sorriu, e aquele clima estranho evaporou rapidamente. O outro entregou-lhe um pedaço do bolo e ambos comeram em silêncio por um tempo.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Okay. Aquele negocio estava mesmo gostoso, não era de se surpreender que quase acabou em poucos minutos. E no exato instante o moreno não sabia exatamente como agir, só sabia que tinha que dizer algo: ‘’Não sei nem como agradecer... Mas, isso foi legal!’’ Murmurou sem graça.

‘’É Foi. Sabe, pensei que fosse me arrepender de fazer essa porcaria’’ Resmungou o azul de repente. ‘’Mas, o amanha logo virá e tudo oque vivemos tornar-se-á pó, salvo apenas na memoria de quem ficar. E essa cena vai resistir contra todas as ciladas malignas que a vida pregou a nós dois’’.

‘’É, tem razão’’ Confirmou ‘’Sabe... Estou feliz por você ter ficado comigo esses anos todos. Você tornou minha vida, e todo o sofrimento e problemas que tive que passar, suportável. Não sei como lhe agradecer por tudo oque fez por mim’’.

‘’Não há necessidade de agradecimentos. Afinal, também estou feliz por ter estado ao seu lado, garoto. Você tornou minha vida bem mais interessante doque ela jamais poderia ser’’.

Certo, aquilo era um pouco inesperado. O moreno observou o azul por uns instantes, os lábios inclinados em um sorriso: ‘’Como assim?’’ Sussurrou.

 Kisame se inclinou para frente como se fosse dizer um segredo: ‘’Bem, eu nunca fiz um bolo de aniversário para os meus antigos parceiros’’.

‘’Isso me faz especial?’’ Cantarolou presunçoso.

O grandalhão riu, mas não chegava aos olhos: ‘’Mais do que especial, Itachi-San!’’

Não soube como responder a isso, portanto só resmungou seu típico: ‘’Hn’’ Para ser sincero, nunca foi muito bom em demonstrar seus sentimentos. Sua especialidade sempre foi esconde-los, e agora não sabia muito bem como torna-los óbvios e claros.

Mas parecia que seu camarada estava disposto a por todas aquelas cartas na mesa de uma vez, pois continuou: ‘’Estou começando a pensar que meus sentimentos por você são mais profundos que os de um simples amigo. Você é o único garoto com quem eu já me importei. Meu protegido... E agora você esta desaparecendo do meu alcance. Posso sentir essa doença te levando de mim. Você está se desfazendo frente aos meus olhos, cada vez mais magro, cada vez mais doente, está se esvaindo, deixando-me’’ As lágrimas pareciam obscurecer a visão do azul, e assim o Uchiha entendeu porque seu sorriso não estava tão aberto e alegre como sempre.

Mexeu-se desconfortavelmente em seu Futon. Não é que estivesse incomodado com Kisame, porém era um pouco estranho ouvi-lo dizer tais coisas porque eram Shinobis e seus sentimentos deveriam ter sido esmagados ao longo da vida: Acontece que seu camarada sempre foi mais honesto doque deveria, sempre falava oque pensava, diferente dele que preferia mascarar tudo.

Era de assombrar, ele não queria se expor tanto. Mas seu camarada parecia pensar o oposto: ‘’Porque está me dizendo isso?’’

‘’Queria poder lhe contar antes que seja tarde demais, não quero perde-lo e deixar que certas coisas não sejam ditas‘’ Explicou ‘’E você tem que admitir que isso que temos vai muito além do que um relacionamento de amigos. Temos muito em comum, somos diferentes em muitas coisas também, mas nossas diferenças acabam nos aproximando ainda mais. Eu não sei se aconteceu o mesmo com você... Mas essa afetividade foi crescendo progressivamente dentro de mim, sem que eu nem notasse’’.

‘’Isso ficou meio obvio pra mim quando você me doou seu rim...’’ Rebateu, fazendo uma careta. ‘’E também, quando você me perdoou depois que usei o Tsukuyomi em você. E Quando me levou naquela praia...’’.

‘’É, né?’’ Ele disse sorrindo levemente ‘’Eu nunca fui sutil em nada que eu fiz na vida...’’.

Queria pedir para que ele se calasse. Pedir para se recompor. Mas como? Não podia fazer isso com Kisame. Justo ele que sempre esteve ao seu lado nos piores momentos... E agora que o espadachim tinha cruzado aquela linha, agora que tinha lhe dito tudo oque sentia verdadeiramente. Com ele poderia afasta-lo?

Além disso, ele próprio também já tinha decidido cruzar aquela linha: Não foi ele que no mês passado resolveu fazer tudo aquilo que nunca tinha feito? Não foi ele que escolheu sair um pouco daquela carapaça que tinha criado em seu entorno e ser mais espontâneo deixando para ser indiferente e frio apenas para quando fosse um cadáver?!

Sua carreira ninja tirou quase tudo dele... Mas ainda podia escolher oque fazer com o resto de sua vida. Podia ser o Shinobi analítico e cruel que fora criado para ser, ou podia deixar isso tudo de lado por um tempo e ser mais empático e verdadeiro. Oque escolheria? 

Respirando fundo enquanto reunia coragem para contar: ‘’Tudo bem...’’ Murmurou baixo e por um momento tentou não desviar os olhos do azul olhou, sentindo-se nervoso. ‘’Seu tolo... Eu queria tanto ter forças para afasta-lo. Mas... Naquela época em que Orochimaru quis trocar de parceiro, você viu algo em mim que nem eu mesmo vi. Com o tempo você me mostrou um novo futuro, que até àquele momento parecia perdido em medos. E durante esse tempo todo você cuidou de mim, e mesmo que eu queira mandar você calar a boca e agir conforme o Shinobi que eu sei que você é. Eu não consigo’’.

‘’Como é?!’’ Disse o outro embasbacado.

‘’Eu devia colocar você no Tsukuyomi de novo para fazê-lo lembrar dos ninjas que somos, pois claramente esse tempo que passamos aqui no Bunker, fora de combate, tem deixado você meio molenga. Se bem que você sempre foi um tolo molenga quando se trata de mim... E eu não posso afastar você. Não depois de tudo o que me deu sem hesitação nem reservas. Então, quero agradecer-lhe, pois ninguém fez por mim o que você fez’’.

‘’Pare com isso, está me deixando sem graça. Eu só te fiz um bolo, não é para tanto!’’.

‘’Você fez mais que um bolo, Kisame, você sabe. E além disso, a culpa é toda sua. Foi você quem começou esse papo sentimental... Então aguente as consequências’’ Grunhiu, depois continuou corajosamente: ‘’Eu não seria quem sou, ou estaria onde estou, se não tivesse sido pelo seu amor, apoio e presença constantes na minha vida enquanto eu crescia nesse mundo obscuro Nukenin. Você foi tudo para mim e fez tudo para mim sem nunca pedir nada em troca. E você nunca me abandonou ou desistiu de mim’’.

‘’Espera... Eu devo estar sonhando! Só pode... Ou então você ainda está confuso ou com uma febre de 40 graus... Você tomou aquele banho quente que eu falei para não tomar, não foi?’’

‘’Pare de besteiras e escute... Eu sei já sei há muito tempo que posso confiar em você e que o carinho e o cuidado que tem comigo são verdadeiros. E eu sei também que você sempre foi muito melhor em esconder esse sentimentalismo todo e só esta agindo assim meio esquisito porque está com medo doque está por vir... De certa forma, eu também estou. Mas olhe, durante esse tempo todo que estamos lado a lado, aprendi a respeitar e amar você. E esse tipo de coisa nem a distancia e nem mesmo a morte nunca vai apagar. Então, agora que você sabe disso tudo, pode parar de agir como um tolo sentimental? Porque isso tá me tirando do sério e está tornando a coisa toda bizarra!’’ Colocou tudo para fora...

... E não estava se sentindo mal por admitir. De certa forma, os Uchihas sempre foram os que mais amam e odeiam simultaneamente, sempre foram aqueles que mais tinham sentimentos a flor da pele, por isso talvez fosse mais hábil esconde-los.

Os lábios de Kisame se separaram em um ‘O’, o queixo caindo, o homem surpreendido pela admissão do Uchiha. Isso certamente não era algo que ele jamais esperaria ouvir. Ele estava sem palavras, enquanto tentava processar essa nova informação...

...‘’Itachi...’’ O espadachim finalmente falou, mas não conseguiu elaborar muito, um nó subindo em sua garganta ‘’Itachi, eu... Eu estou lisonjeado...’’ Ele balançou a cabeça, rindo baixinho enquanto as lágrimas brotavam em seus próprios olhos e transbordavam.

O moreno suspirou dramaticamente: ‘’Nossa, porque eu fui ser amigo de um pisciano, dentre todos os outros!?’’ Perguntou suavemente, um sorriso travesso subindo em seus lábios.

‘’Hey!’’ O azul grunhiu embalando-se no sorriso travesso do garoto que só aumentou.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Ainda não sabia exatamente especificar aquele tipo de amor que tinha pelo azul, era um sentimento difícil de definir e compreender. Mas tinha que admitir que foi bom colocar todas aquelas coisas para fora, estava enferrujado em usar seus sentimentos, quem dirá exibi-los em voz alta. Porém depois de tantos anos de parceria percebeu que foi importante dizer aquilo tudo, os gestos constantes de carinho eram interessantes, mas às vezes tinha coisas que eram boas de serem ditas: Percebeu que foi bom manifestar tudo aquilo que sentia, assim como fez o azul.

Principalmente naquela vida cheia de ódio e coisas ruins onde viviam, ter tais sentimentos bons e cheios de carinho, e poder manifesta-los, era para ser comemorado como uma conquista. Amor era um sentimento raro naquele mundo cruel, talvez por isso ambos se sentiram na necessidade extravasar aquilo.

E para além disso, no fim das contas foi um dia agradável: Depois que cada um disse oque tinha para dizer, tudo pareceu no lugar certo novamente. Sua doença parecia ter decidido se comportar ao longo da tarde, fazendo-o ficar um bocado mais confortável. Assim pode ficar ali, sentado em sua poltrona aconchegante com um bom livro em suas mãos, aquele óculos ridículo em sua face, um bom chá e oque restou do bolo com gosto de Dango que Kisame lhe fez mais cedo...

...E falando no azul, o grandalhão foi dormir finalmente: O cara passava tanto tempo cuidando de Itachi que esquecia dele mesmo, então era reconfortante vê-lo descansar. Depois que disseram as coisas certas um para o outro, o espadachim parecia até com menos medo de perdê-lo e mais disposto a agir normalmente ao invés de agir como se o moreno pudesse morrer a qualquer minuto se ele ficasse longe demais ou não estivesse lá para acudi-lo.

Tal troca de palavras e sentimentos foi boa para ambos...

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Passaram-se horas desde que o Hoshigaki fora dormir, praticamente apagou porque estava exausto de tanto cuidar do Uchiha. A noite já estava caindo e o mais novo estava quase no final daquele bom livro que tinha em mãos... Foi quando sentiu a presença de alguém, sabia que não estava sozinho por puro instinto.

Inicialmente pensou ser Kisame, mas o individuo se manteve escondido nas trevas. Tirou os óculos e ligou seus olhos vermelhos para ver se detectava o alvo, mas foi em vão, não viu nada, mas sentiu-o atrás de sua cabeça no ponto cego de seu Sharingan.  Não podia ver o que era, entretanto sabia que estava lá. E aquele era um tipo ruim de emboscada, algo que era inesperado de uma forma ruim.

No lugar onde estava era improvável que o individuo soubesse oque estava fazendo, estava sentado naquela poltrona parado por minutos, então era provável que o ‘visitante’ achasse que estava vulnerável, de certa forme estava mesmo vulnerável com aquela doença e tudo o mais. Percebeu que devia mais a Kisame doque tinha ofertado, afinal se não fosse seu zelo e cuidado aqueles dias todos, não teria forças para agir naquele momento.

Acreditando nisso, tocou duas Kunai que sempre levava consigo, empunhou-as e tudo aconteceu rápido demais: Se levantou e virou rapidamente, olhou ao redor. Viu um vulto de um homem, mas então percebeu que havia mais um naquela sala, dois oponentes.

Jogou a Kunai no primeiro, fosse quem fosse tentou correr para a porta de saída rapidamente, ainda sim, conseguiu acerta-lo bem no coração. Virou para o segundo com o Mangekyou ligado brilhando no escuro assustadoramente: Notou que o homem que restou tentava desviar o olhar e pensar em uma fuga, mas ele também morreu rapidamente com outra Kunai. Aqueles homens não eram tão preparados para o combate.

Andou até o primeiro homem morto, era um ninja de Iwagakure, os dois eram...

Sasuke queria encontra-lo, e Konoha também. Provavelmente o boato se espalhou e outras Vilas deviam estar querendo uma recompensa por sua captura... De novo aquela chatice. ‘’Droga’’ Murmurou.

Aqueles homens estavam ali há pouco tempo, pois teria notado se estivessem antes. Ainda sim, percebeu que aquilo era uma emboscada, mesmo que falha: Os homens sabiam que ele era possuidor do Sharingan, tentaram pega-lo pelo ponto cego, e mais, eles souberam como chegar à casa do subsolo. Aqueles homens sabiam que havia um Bunker bem ali de baixo naquela taberna ridícula, o que significava uma coisa: Alguém contou para eles.

E só podia ser uma pessoa... Kashiu.

Itachi devia ter desconfiado, o cara estava com raiva com a presença deles ali. O idiota não gostou quando chegaram para reivindicar o lugar. E o moreno nunca se enganava, sua paranoia inicial tinha alguma razão no fim.

Aquele garoto que antes estava tão sentimental e doente deu lugar ao Shinobi amedrontador que todos comumente conheciam. O Uchiha tornou a vestir sua mascara de indiferença e frieza estrema, coisa que vinha dos anos de treinamento duro e prática, algo vinha quase que no automático: Pegou mais algumas Kunais e Shurikens, escondeu-as na roupa, mas não botou o manto da Akatsuki, pois não queria chamar atenção.

Os homens provavelmente vieram da taberna, queria ir para lá e averiguar se haviam mais ou eram apenas aqueles estúpidos que abateu, mas queria fazer isso sem alarde e sem vitimas desnecessárias. Foi até o quarto onde Kisame estava descansando.

Sua mente a mil, ligeira e alerta: Quando chegou ao homem tubarão tocou-o de leve no ombro e viu o outro espreguiçar-se e olha-lo sonolento. ‘’Levanta!’’

‘’Itachi? Que foi? Estás bem?’’ Pronunciou logo deixando em evidencia sua preocupação característica. Porém logo isso esmoreceu quando notou a expressão facial de Itachi: O garoto não precisava explicar, o tubarão entendeu que algo estava errado pela maneira como o mais novo olhava o lugar espreitando. ‘’Tem alguém indesejado aqui. Né?’’ Bufou pegando Samehada, que estava sempre ao alcance de sua mão e depois suspirou aborrecido.

Mesmo que alguém pudesse vê-los tão próximos, demonstrando toda aquela gentileza, amabilidade ou benevolência um para o outro. Ninguém deveria se enganar, eram primeiramente Shinobis experientes e Nukenins perigosos: Mesmo que fossem capazes de demonstrar tanta camaradagem um ao outro, não significava que deixaram de ser menos temíveis aos olhos do mundo.

Logo Kisame estava ali, deixava de ser seu amável amigo, passando a parecer mais como uma fera, parecendo deixar sua típica impiedade brutal e fúria natural tomar conta de sí. O Uchiha não estava muito atrás, caminhando como a elegância de um lorde e a destreza de uma pantera perigosa, nenhum sinal de emoção passando por seu rosto frio. Então eles subiram rapidamente: Ao chegar na taberna tentando parecer normais, olhando para as pessoas ao seu redor. O local estava tremendamente cheio, parecia animado também.

Foi em vão, pois de repente uma chuva de Shurikens voou de fora para dentro do local, as janelas se quebraram, copos, taças e pratos se estraçalharam no chão e as pessoas do local, que estava lotado, começaram a correr para todo os lados, algumas mais espertas se abaixaram.

Quando Itachi, com o Sharingan ligado, notou quem as estava jogando revidou com mais Shurikens certeiras e logo o ataque parou. Mas sabia que haviam mais ninjas inimigos por ali.

Não demorou muito para novas Kunais serem lançadas... E explosivos também. A taberna explodiu em vários pontos, parecia que tudo ao redor estava destruindo-se, mas com o Sharingan Itachi podia fugir e também lançar Kunais e Shurikens nos adversários rapidamente.

Em pouco tempo tudo ficou silencioso, vários inimigos estavam no chão, também havia pessoas ainda vivas, mas feridas e abaixadas medrosamente...

Kisame parecia bem, mas irritado por não ter conseguido um confronto direto com alguém. Ele nunca conseguia controlar sua enorme vontade de entrar numa boa briga.

Aquilo era uma armadilha. Havia mais explosivos que foram acionados antes que pudessem deixar o local: O lugar todo foi pelos ares. E eles foram jogados para longe um do outro pelo impacto...

Os ouvidos do Uchiha apitavam devido ao som ensurdecedor, suas vestes estavam rasgadas e chamuscadas. Demorou um pouco para se reerguer.

...Apesar de tudo, não estavam muito feridos porque não era uma bomba de alta periculosidade, afinal queriam levar suas cabeças intactas para provar suas mortes. Agora estavam cercados por inimigos, porém seu camarada espadachim não perdeu tempo em se recompor e era exímio em combate corpo-a-corpo, estava aniquilando-os rapidamente.

O moreno levantou-se também, apesar de ferido: Tinha um ninja inimigo a sua frente e estava prestes a ataca-lo. Itachi olhou-o impassível, seu rosto nunca perdendo a expressão severa e fria, mesmo quando o ninja avançou e correu em sua direção com ódio estampado em seu rosto.

E a vida daquele cara iria acabar ali. Uma tempestade de corvos tomou o lugar novamente e se agitaram para todos os lados quando o ninja inimigo quase acertou o moreno como uma Kunai que teria perfurado o que teria sido seu coração. Num piscar de olhos, os corvos sumiram e Itachi estava diante do ninja que ousou ataca-lo, seu Sharingan vermelho brilhando na forma de Mangekyou. E o homem não teve mais nenhuma chance...

Depois que todos os seus inimigos caíram. Ele e seu companheiro olharam para oque deveria ser a Taberna: Não havia muitas pessoas vivas ali, mas as poucas que sobreviveram estavam olhando para os dois de forma assusta, todos aterrorizados, incertos e com medo. Isso lembrava-o do dia em que abateu seu clã, aqueles olhos eram os mesmo que viu estampados em cada integrante de seu clã naquela noite de lua cheia...

Observou quando Kisame se aproximou do deveria ser um balcão, mas agora estava em frangalhos: Viu quando seu camarada levantou alguém com apenas uma mão e jogou-o para o outro lado no chão. Era Kashiu. Aquele idiota, criatura suja que não sabiam o seu lugar neste mundo, indigno e incapaz de viver em prol de alguém além de si mesmo. Agora ele tinha exatamente o mesmo rosto dos demais ali, medo e incerteza.

O espadachim não precisou ameaça-lo por muitos minutos: O homem logo admitiu que os traiu por dinheiro, e agora ele tentava se explicar enquanto Kisame avançava perigosamente prestes a arrancar sua cabeça. As outras pessoas continuaram abaixadas e olhando assustadas... Seu camarada azul sempre foi um comprador de brigas desnecessárias.

Itachi se aproximou: ‘’Deixe-o, Kisame. Esse verme não merece nem o tempo que você irá desperdiçar matando-o’’ Afirmou ‘’Vamos pegar nossas coisas lá no Bunker e sair daqui imediatamente’’ Murmurou sério. E o azul não contrariou a ordem, ele nunca contrariava.

‘’Esse cara não sabe a sorte que tem...’’ Reclamou.

Era lógico que mais ninjas poderiam chegar ali, então o moreno foi o primeiro a descer para a casa do subsolo, o outro logo atrás.

‘’Certo... Tenho que admitir que o lugar não é tão seguro quanto eu achava. Desculpe-me por isso’’ O tubarão disse-lhe ‘’Você está machucado?’’.

‘’Nada demais... Não se preocupe’’ Disse pela enésima vez, pegando suas poucas coisas. Logo caminharam rumo a saída em silencio.

O espadachim parecia mal-humorado repentinamente: ‘’Não era bem assim que eu queria que o dia de seu aniversário terminasse. Desculpe-me mais uma vez, Itachi-san!’’.

‘’Tudo bem... Foi legal enquanto durou!’’ Afirmou, vendo o outro assentir e sabendo oque estava na mente de seu camarada com apenas uma troca de olhares. ‘’Vamos apenas esquecer oque aconteceu ainda agora. A maior parte do dia foi agradável, e não vou esquecer tudo que fez por mim. Esses dias que passamos aqui e tudo oque fizemos de bom foi maravilhoso. E oque veio de ruim, são apenas ossos do ofício, você sabe!’’

A expressão emburrada de Kisame se foi, logo aquele sorriso grande e convencido, sua marca registrada, estava em sua face novamente. E assim o Uchiha soube que eles ficariam bem.

 


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Notas finais do capítulo

Ah, eu disse desde o começo que não seria um yaoi. MAS, eu deixo a encargo de vcs decidirem dentro da cabecinha de vcs qual é a natureza dos sentimentos dos dois! Voces acham que eles são amigos? Melhores amigos? São como irmãos? Ou isso poderia ser um relação Pai&Filho? Ou então eles podiam ser namorados em potencial? - Vocês imaginem oque quiserem, okay? Estou deixando isso em aberto!
—---/----
Obs: Qualquer semelhança do bolo do Itachi com o bolo do Harry Potter, NÃO É, mera coincidência. Rsrsrsrsrsrs
Beijos, até o próximo...



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