Itachi and Kisame History (Em Revisão) escrita por AnneAngel


Capítulo 22
Capitulo 21 – Na caverna da velha. (Reescrito)


Notas iniciais do capítulo

Olá... Aqui estou eu com mais um capitulo...
Espero que gostem, eu sei que a historia já esta tomando um rumo mais sombrio, afinal o 'momento' esta chegando, MAS calma... ainda vai acontecer varias coisas...
Ps; Leiam as notas finais...

Beijos, até mais...



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Para aqueles capazes de perdoar, prostro-me em reverencia. E faço também um brinde ao recomeço, pois são eles que permitem escolher novos caminhos.

Itachi P.O.V (Point Off View)

Ainda era a mesma floresta com vegetação densa e estava escuro de mais, era a noite mais sombria. Estava chovendo fortemente ainda, o céu estava envolto de nuvens cinza parecendo que iria continuar chovendo fortemente, a tempestade fria tomava seu coração inundando-o com tristeza e tormento. O frio infiltrava em seus ossos, seu interior em tormento pelo oque fizera: Olhou para frente perplexo com seu companheiro que estava caído a alguns metros a sua frente, motivo para qual fazia o moreno estar desalento e melancólico.

Rogava para que aquela ação traiçoeira fosse esquecida em pouco tempo, rogava para que Kisame não lhe julgasse pelo oque fez, dado que ele claramente não entendia seus motivos.  Se entendesse realmente não iria tê-lo confrontado e tentado impedir que o moreno seguisse em frente: Ainda que o empenho de seu companheiro azul em faze-lo desistir fosse nobre, não deveria ter tentado refreá-lo. Afinal os laços que compartilhava com seu irmãozinho eram muito fortes e nem o mal tempo, nem a distancia, nem Kisame, o impediria de ir até ele.

Foi até o homem tubarão, não se contendo quando chegou perto e se culpando pelo ato bárbaro contra o amigo. Agiu rapidamente porém, escondendo o corpo do azul do aguaceiro frio e intempestivo, colocando-o abaixo de uma arvore e escondido em um matagal alto. Mesmo que depois que o moreno se afastasse e deixasse o amigo à mercê, pensava que com aquela tempestade ninguém há de encontra-lo ali. Por abandona-lo momentaneamente sentia sua visão turva e seus olhos marejados oque deixava sua visão um pouco desfocada, apesar de tudo não havia mais lagrimas por sua face, segurou-as fortemente porque não era hora de comoção.

No fundo queria mesmo poder em algum momento futuro explicar suas razões e motivos, dizer que sentia muito, se ao menos o espadachim tivesse pego o Uchiha numa hora menos conflitante as coisas podiam ter sido diferentes. Sabia que Kisame só queria seu bem, mas mesmo o mais racional dos homens tomava, às vezes, decisões que satisfizessem seus corações: E o coração de Itachi mandava-o ir até ser irmão, ainda que fosse em vão.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Foi difícil e cansativo chegar ao destino, notou que os dois já batalhavam incansavelmente quando chegara até o local preciso da batalha. Ainda que tenha chego a tempo de se impor e intervir caso fosse necessário, não o fez: Apesar de tudo, Itachi não se atreveu a interferi e envergonhar a dignidade de seu irmãozinho.

Era verossímil que sua presença na batalha entre Deidara e Sasuke era completamente irrelevante: Aquele olhar feroz e impenetrável estampado na face de seu irmão provava-lhe que o garoto estava determinado a vencer, analisava tudo e era perspicaz para notar as falhas do loiro explosivo com maestria, claramente o Uchiha mais novo já não mais aquele garotinho raivoso de muitas palavras e poucos feitos que ele espancou quando foi a Konoha. Agora era alguém mais forte e compenetrado naquilo que se propunha a fazer, alguém mais letal. O ódio lhe fez forte.

Também era obvio que não havia muito sentido lógico em permanecer no perímetro da batalha porque alguém poderia notar seu chackra inconfundível nas redondezas e se ocorresse algo assim podia sem querer tirar a atenção de seu otouto da batalha, favorecer Deidara ou até mesmo atiçar Tobi indevidamente quanto a sua presença. Claramente o melhor a fazer seria dar lugar a razão e sair dali, torcendo para que seu irmãozinho não perdesse. Pensando nisso, até agora só havia uma pessoa que saiu perdendo naquela historia toda: Kisame.

Não queria pensar no quanto estava arrependido agora, afinal de contas seu camarada azul tinha razão quando lhe disse que devia confiar na força de seu otouto. Mas não acreditou nele e então com seu ato desprezível conseguiu dois resultados ruins com uma só ação: Envergonhara Sasuke com sua falta de fé nele, quanto também desprezara a amizade de Hoshigaki e seus conselhos.

Uchiha Itachi era sem duvida alguém que, na maioria das vezes, era comandado pela razão, pela prudência, pelo raciocínio lógico e pela inteligência. Entretanto havia apenas uma coisa que inquietava seu coração fazendo as emoções aflorarem e ganharem da razão; seu irmão menor. Seu erro foi não ter cogitado que justamente diante daquilo que lhe inquietava era que devia perseverar na razão, pois imprevisibilidade junto de emoções sempre daria como resultado algo catastrófico. Ao menos daquilo tudo tirou uma lição: Jamais permitiria que suas emoções fossem maiores que sua razão novamente, para que ele não mais quebrasse a cara.

Rapidamente tornou ao lugar onde deixou seu camarada espadachim, até porque, como dizia o ditado popular: Voltar atrás é melhor do que perder-se no caminho. Enquanto fazia sua jornada de volta torcendo para que o outro ainda estivesse lá, pensou mais profundamente a respeito de suas atitudes, refletindo sobre de que maneira mais eficaz poderia assumir seus erros e desculpar-se por seu deslize. 

Venturosamente, Kisame ainda estava escorado contra a mesma arvore que lhe deixara horas antes. O solo estava enlameado abaixo de seus pés, porém não mais chovia: Apesar deque o céu permanecia intempestivo e obscurecido igualmente seu interior, sombrio por temer a magoa que o tubarão provavelmente carregaria por conta de sua traição.

Certamente aquela antiga amizade entre eles carregaria ressentimentos. Carregar parecia ser a palavra do dia, alias, não só do dia: Era a palavra de Itachi. Carregar o fardo, carregar a desonra, carregar a tristeza, carregar o ódio dos outros, carregar o peso nas costas, carregar os ressentimentos por suas traições. E agora, carregar Kisame até um lugar seguro!

Chegou perto e analisou: Hoshigaki não ficou preso no jutsu por muito tempo, conseguira escapar dele de forma bizarra. E apesar de ter havia dito antes que apenas um Uchiha legitimo poderia deter o Tsukuyomi não era completamente verossímil porque mesmo a maior e melhor técnica tinha seu ponto fraco e com a sua não era diferente. Qualquer tipo de Genjutsu detinha uma grande chance de escape com interferência externa.

Porém oque acontecia era que uma simples anulação do próprio chackra não era suficiente para escapar de sua habilidade, bem com a ajuda de um camarada de fora era igualmente ineficaz já que Itachi precisava apenas de alguns poucos segundos para utilizar o Tsukuyomi e danificar a mente de seus oponentes. Antes que alguém sequer notasse, em um piscar de olhos, tudo já tinha acabado: Apesar deque dentro do jutsu ele manipulava tempo e espaço de modo que sua vitima acreditava que ficara muito mais tempo sendo torturado, oque não era verdade. A percepção do tempo era algo realmente incrível, pois aquele registrado pelo relógio era realmente muito diferente daquele registrado por nossa percepção particular.

Apesar de tudo isso, como sempre gostava de pensar; toda técnica tinha seu ponto fraco. E mesmo que só um Uchiha legitimo pudesse quebrar ou ver através de técnicas de genjutsus avançados, pra para aplicar uma técnica assim era necessário que o corpo físico da vitima estivesse lucido para efetua-lo corretamente, e seu camarada não permaneceu assim por muito tempo porque um fato inédito aconteceu: Algo afetou o corpo de Kisame tornando-o incapaz de permanecer lucido nos exatos segundos que Itachi precisava para utilizar o Jutsu, afinal de contas, não dava pra continuar a usar o Tsukuyomi quando a consciência da vitima estava comprometida e demonstrando nenhuma reação a estímulos sejam internos ou externos. O mais impressionante era que as chances de algo assim ocorrer eram raríssimas...

O moreno também estava incrivelmente aliviado por seu amigo ter acidentalmente saído do seu Jutsu, do contrario teria danos colaterais mais extensos. Entretanto manteve o jutsu por 26 horas em percepção interna (Oque na realidade eram apenas milésimos de segundos): Foi então que por algum motivo ainda desconhecido e milagroso o azul colapsou fisicamente fazendo-o escapar...

Mesmo assim, 26 horas torturado no genjutsu, ainda que na realidade fossem só milissegundos, já era o suficiente para alguém ter danos psicológicos por tempo indeterminado porque o dano causado dentro da técnica permaneceria em forma de dano mental massivo...

Tinha que achar abrigo antes que voltasse a chover, e tinha que achar ajuda pra Kisame também. Itachi olhou atentamente sem saber o que fazer, sem saber para onde ir: Queria uma estratégia logo para que então pudesse agir, mas o horizonte era negro e turvo cheio de incertezas.

Um chuvisco ralo começou e estava ventando. Estava cansado, com fome, frio e sentindo dor. Queria buscar abrigo, porém sabia que não podia deixar seu camarada ali sozinho, não em quanto ele não podia se defender: Tinha que fazer algo por ele. A culpa de seu parceiro estar debilitado era inteiramente de Itachi e isso o corroía por dentro, lembrava-se de todas as vezes em que o outro cuidou dele, todos aqueles pequenos momentos de zelo e dedicação que agora estavam gravados na mente do Uchiha como memorias que jamais seriam esquecidas. Certamente o moreno não teve a vida que sonhou, mas dentre as trevas achou Kisame e tinha que ser grato por isso porque mesmo sem que ele merecesse, o azul sempre esteve ao seu lado.

Mesmo fraco, fez um Clone das Sombras e um de cada lado pegaram os braços do espadachim pra carrega-lo, ou melhor; Arrasta-lo (Dado que o peso do homem e ainda da espada nas costas era mais que o triplo de seu próprio peso).

Ele podia não ter mais a amizade de Hoshigaki Kisame agora, mas podia se refugiar nas memorias e se fortalecer através delas. E se houve alguma verdade naquela relação que tinham, com o tempo Itachi conquistaria a confiança de seu camarada novamente.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Estava agora numa conhecida caverna, o local improvisado era uma replica malfadada de uma casa, e ele estava sentado num sofá velho no que deveria ser uma sala de estar: O lugarzinho era confortável, ao menos. Apesar disso, nada aplacava suas dores, fossem da alma ou fossem do corpo.

Ainda culpava-se pelo que fez ao camarada, e talvez até estivesse pagando por isso: A noite era tomada por tormento, sentia-se muito cansado e queria descansar, porém a cada vez que tentava deitar e fechar os olhos uma tosse persistente o impedia, isso estava esgotando-o cada vez mais. Mesmo que o lugar estivesse escuro dava para ver a silhueta de uma bandeja com biscoitos e uma jarra de suco a sua frente, comeu e bebeu um bocado e o efeito foi o contrario; a medida em que sua garganta ficava mais irritada.

Suspirou cansadamente, aquela chuvarada provavelmente não lhe fez bem, ainda mais porque estava ainda em recuperação do transplante. Não sabia ao certo de onde tirou forçar para carregar Kisame até ali, arrastou-o de baixo de chuva até ali em cima, onde o ar era mais rarefeito e complicado de respirar, era frio e escuro também, com névoa pra todo lado; mas conseguira chegar até a caverna da velha curandeira: A mesma que deu o diagnostico de sua doença anos atrás. Teve que subir por um caminho montanhoso arrastando o espadachim, mas não teve muita escolha afinal não conhecia e nem se lembrava de ninguém que pudesse ajuda-los além dela. Agora sentia seu corpo dolorido, com alguns espasmos musculares dolorosos de vez em quando.

Pegou alguns analgésicos deixados pela velha e tomou-os rapidamente, esperando que os comprimidos fizessem efeito logo. Ao menos a curandeira foi prestativa, ajudou-os de imediato assim que os viu (Aliás, assim que viu o dinheiro. Mas o importante era que estavam seguros, sendo tratados e abrigados agora).

Tirou a capa da Akatsuki e pendurou-a no braço do sofá, depois tentou ajeitar-se nas almofadas confortavelmente e fechar os olhos. Estava muito tarde e precisava dormir para repor suas energias. Um bom ninja sempre dorme quando há tempo para isso, pois nunca se sabe quando vai haver novas missões e quantos dias ficará sem dormir ou comer descentemente...

Abriu os olhos ainda sonolento, bocejou e agarrou-se mais as cobertas como se o frio estivesse entranhado em seus ossos. Ele não dormiu, ele apagou: Uma noite sem sonhos e de sono pesado, oque era raro, porém deve ter ocorrido devido ao cansaço mental e exaustão física. Quando olhou ao redor percebeu que já estava claro, apesar de ainda estar nublado e ventando frio.

Foi quando levantou-se num pulo olhando ao redor e tentando entender onde estava. Demorou um bocado até lembrar-se e quando recordou assustou-se pela ligeira confusão mental que teve, aquele tipo de coisa nunca aconteceu com o Uchiha e era bizarro.  E depois, onde estava a velha? Onde estaria Kisame? Quando deu alguns passos tentando procura-los tudo começou a rodar, sentiu-se pior que no dia anterior: Aquela dificuldade de respirar voltou, seu coração batia fortemente e sentia calafrios repentinos por todo o corpo.

‘’Ei’’ Disse alguém atrás de si ‘’Continue sentado, você esta com uma febre altíssima!’’ Disse alguém que identificou como a velha curandeira, quando ele voltou a sentar sentindo que estava soando frio e seu cabelo estava colado na testa a moça voltou a falar: ‘’Você apagou noite passada. Notei que tem uma cicatriz com pontos horrendos no seu torço e está tudo inflamado e parece infeccionado...’’

‘’Eu tive algumas complicações com a doença...’’ Disse rouco, a voz ainda meio entorpecida com o sono.

‘’Como assim? Você só precisava tomar os remédios corretamente!’’ Reclamou

‘’Mas eu não fiz isso... A coisa piorou e evoluiu... Precisei de um transplante renal, era isso ou ficar ligado numa maquina e sendo eu Nukenin, completamente inviável. Claro que a cirurgia foi clandestina também... ’’ Informou-a.

‘’Isso é mal! E desde quando vem sentindo essas coisas?’’ Grunhiu, como uma vó rabugenta.

‘’Um pouco depois do transplante, por quê? Não parece sinais da minha doença, mas também não parece rejeição do órgão. Sabe oque pode ser?’’.

‘’Tenho uma hipótese. Mas antes vou fazer um exame de sangue’’ Respondeu-lhe simplesmente.

E o Uchiha nem precisou esperar muito, depois de passar do dia comendo, descansando nos momentos vagos e vigiando Kisame dormindo recuperando-se; naquele mesmo dia a noitinha já tinha os resultados em mãos. A velha se aproximou e tocou-o levemente no ombro: ‘’Eu sei oque está acontecendo com você!’’ Sentou-se ao lado dele no sofá. ‘’Septicemia’’

‘’Oque?’’ Murmurou balançando a cabeça em negação, aquela maldita febre tinha voltado e estava deixando-o confuso mentalmente. ‘’Como peguei isso?’’

‘’Sepse é uma infecção grave’’ Ela tentou lhe explicar ‘’Devia saber oque é, você estava no grupo de risco já que tem um sistema imunológico debilitado devido a doença autoimune que tem’’.

‘’Hn’’ Murmurou por conveniência.

‘’E ainda passou por uma cirurgia recente!’’ Ela grunhiu como uma rabugenta. ‘’Suponho que a infecção teve início nos rins por causa dessa cirurgia fajuta. E sem o devido tratamento, essas bactérias multiplicaram-se e começaram a migrar e invadir outros locais pela corrente sanguínea’’.

‘’E agora?’’

‘’Agora é como se tivesse ocorrendo uma guerra dentro do seu corpo. Os dois lados batalhando furiosamente e há mortes de ambos os lados com muita destruição das estruturas ao redor. Possivelmente já se espalhou para outros órgãos, oque significa que não e uma Sepse comum. Está no estágio de Sepse grave! Vou administrar a medicação e vamos torcer para não piorar’’.

 ‘’Tem como piorar?’’ Murmurou não muito escandalizado, sabia que o local da cirurgia estava infeccionado afinal de contas estava inchado, vermelho e doía. Sabia que coisas assim eram perigosas e se espalhasse podia ser fatal, por outro lado nunca se deu ao trabalho de ir mais a fundo nos seus estudos sobre infecções adquiridas em ambientes de cirurgia, não era tão comum que ninjas precisassem de algo assim e a probabilidade de pegarem uma infecção hospitalar era ainda menor. Ninjas comumente morriam em nos campos de batalha, afinal.

‘’Vou aplicar antibióticos na veia e vamos esperar pra ver se melhora, do contrário você descobrirá da pior maneira que, sim, tem como piorar!’’

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Kisame P.O.V (Point Off View)

Acordou com a visão embaçada, que logo clareou rapidamente. Olhou ao redor sem saber onde estava notando apenas que era uma caverna. Uma caverna muito familiar. Imediatamente percebeu que estava em um quarto improvisado pequeno e colocou-se de pé, abriu rapidamente a porta de madeira esculpida na pedra saindo do cômodo minúsculo: Havia um lampião acesso ao seu lado pendurado nas paredes.

O espadachim estava um tanto raivoso e grunhiu levemente, flashes do ocorrido passavam em sua mente: Estava estupefato com o fato de Itachi tê-lo realmente atacado e torturado no Tsukuyomi. Não conseguia se recordar de tudo e não sabia por que, entretanto estava perplexo com o fato de seu amigo ter tido coragem de machuca-lo. ‘‘Como aquele merdinha teve coragem?’’ Grunhiu baixo. ‘’Quando eu por as mãos nele... Ah, ele vai ver!’’ Pensava, ainda andando pelo lugar parcialmente escuro, tateando e sem ter a certeza exata de onde estava indo.

Na fúria vermelha da raiva tentou procurar o garoto; Estava zangado demais, apesar de supor que se estava ali era porque fora seu camarada que lhe levara e também era um fato louvável e estar em um estado mental muito bom para alguém que havia saído do Tsukuyomi recentemente. Ainda sim, o Uchiha teria que saber de sua revolta. Queria satisfações, ao menos.

A caverna da velha médica, não era grande: Não conseguia se lembrar do nome dela, mas isso não fazia diferença. O lugar estava pouco iluminado, havia lampiões e tochas pelos corredores da caverna que eram a única coisa que guiava-o pelos corredores íngremes. Foi em direção à porta imaginando que talvez o Uchiha tivesse deixado-o lá e ido embora, mas não precisou andar muito para achar o mais novo deitado em um sofá velho, no que parecia ser uma sala...

Por um instante ficou estático no mesmo lugar, só observando a respiração suave de seu camarada em seu descanso. Não pensou muito na sua reação, nem se deu conta quando se moveu, mas quando viu já estava enforcando-o com uma chave de braço pelo pescoço: O garoto acordou rapidamente tentando se soltar do aperto, porém estava falhando miseravelmente.  No ímpeto do ataque não raciocinava direito, só sabia que aquilo nem era nada se comparado ao que o outro vez com ele dentro daquele jutsu maldito.

Observou que o jovem se debatia para todos os cantos, não conseguia falar ou argumentar e logo ficaria sem ar: O Uchiha levantou-se e ambos cambaleavam pelo entorno, o garoto continuou tentando se soltar e ele continuou prendendo-o com certo fervor.

Não percebeu muita coisa ao redor, entretanto sabia que derrubou varias coisas no chão. Estavam fazendo um grande barulho, derrubaram uma mesa com varias coisas em cima no chão, alguns quadros da parede também caíram, uma prateleira com vidro se estilhaçou no chão e cacos bateram neles, mas Kisame não parava: ‘’Seu desgraçado!’’ Rosnou.  ‘‘Eu te doei meus rins, porra! E é assim que você me agradece? Com traição?’’

Itachi estava sem ar, porem como ainda continuava se debatendo acabou atingindo o lampião que estava no canto da sala, e era a única coisa que iluminava o local. Tudo ficou escuro, por sorte nada pegava fogo. Entretanto ainda se ouvia murmúrios e grunhidos, além de continuarem a derrubar as coisas ao seu redor.

Não sabia oque aconteceu, agarrou o pescoço do outro sem nem pensar no que fazia, mas era a lei certo? Para toda ação existiria uma reação. E apesar doque parecia, na realidade não queria matar o garoto Uchiha: Mas lhe vinha cada plano de vingança na hora da raiva, que até o capeta ficaria com inveja de sua imaginação.

Uma luz fraca surgiu do corredor: ‘’O que esta acontecendo aqui?’’ Falou uma voz cansada, mas alarmada. Era a velha, logo iluminou o pequeno local e percebeu o que estava acontecendo. ‘’Parem com isso. Querem brigar? Briguem lá fora. Aqui não!’’ Falou severamente, mas a foz da mulher era tipicamente cansada.

Kisame não obedeceu a velha e Itachi continuava  estrebuchando-se ferozmente. ‘’Isso é pra você aprender a não me passar a perna... Vamos deixar umas marquinhas pra você não se esquecer!’’ Rosnou, e o jovem mais uma vez se debateu. No processo algo pesado foi derrubado.

‘’Parem já com isso... Parem... Parem... ’’ Dizia a mulher em desespero.

Por fim o espadachim deixou Itachi ‘escapulir’ dos seus braços. O garoto puxava o ar profundamente para seus pulmões parecendo cansado, logo ficou de joelhos no chão tentando repor as forças. Mas ambos se encaravam mortalmente.

O Uchiha ainda estava puxando ar para si fortemente, suas mãos seguravam o pescoço levemente, onde havia marcas vermelhas que eventualmente se tornariam roxas mais tarde.

‘’Te matar eu não vou. Mas escute uma coisa!’’ Murmurou. ‘’Prefiro um amigo me chamando de filho da puta, doque um filha da puta como amigo’’ Rosnou. ‘’Eu te doei meus rins, eu cuidei de você esses anos todos. E você ainda tem coragem de fazer oque fez?!’’.

Era para o outro ficar calado, mas não conteve-se e rebateu mesmo assim: ‘’Eu disse pra não me fazer escolher entre você ou meu irmão!’’ Resmungou. ‘’Não se faça de desentendido agora. Você sempre soube que não importa a situação, não importa oque você fizesse por mim; sempre seria ele... Sasuke!’’

Nenhum dos dois se moveram ou continuaram a discutir, ficaram se encarando por minutos até o azul um pouco mais calmo questionar: ‘’E valeu a pena ter escolhido ele?’’

‘’Dessa vez, não!’’ Confessou-lhe amargamente.

Apesar da confissão sincera do outro, o tubarão ainda estava chateado: ‘’Eu fui mesmo um babaca em confiar em você! Em acreditar que eu tinha algum grau de importância na sua vida’’ Reclamou. ‘’Como eu fui idiota!’’ Disse em frustração.

Itachi baixou os olhos claramente envergonhado, baixou também sua guarda: ‘’Você tem grande importância na minha vida. Mas dai querer competir com Sasuke...’’.

‘’Ah, não me enche!’’ Grunhiu. ‘’Essa sua feição por esse garoto de merda é doentia’’.

‘’Você só fala isso porque está irritado. Mas escute Kisame, eu não tentar explicar-lhe meus motivos e nem as circunstancias que me levaram a fazer oque fiz porque por mais que eu tente isso não vai reparar o meu erro’’.

‘’E não vai mesmo!’’ Retrucou com rancor.

‘’Eu sei que agi mal. E sei que tenho que arcar com as consequências...’’.

‘’Para de falar! Eu não quero te ouvir, não quero ouvir sua voz!’’ Grunhiu. ‘’Eu não quero te ouvir, tá legal!?’’ Disse com raiva.

O silencio tomaria a sala se não fosse pela velha senhora lamuriando sobre seus pertences quebrados e parecendo não se importar com os dois por um instante, estava mexendo nas coisas que quebraram reclamando sobre algo, tocando em umas xicaras de louça antigas e logo cogitou que devia ser algo de importância para ela. ‘’Eu quero vocês fora da minha casa!’’ Agora! Saiam seus malditos!’’ Olhou-os com chateação. ‘’Eu aceito vocês aqui, cuido de vocês para fazerem isso? Fora, já!’’

Ambos apenas a ignoraram por um tempo e se encararam, um clima que não sabiam explicar e que era pesado caia entre todos eles. Não se dignando a continuar com aquilo, Kisame voltou-se a mulher: ‘’Senhora... ’’ Chamou levemente. A velha olhou para ele meio descrente: ‘’Pago pelos danos’’ A velha olhou por alguns segundos parecendo desconfiada...

O Uchiha entrou em ação primeiro e mexeu nos bolsos, tirando um punhado de varias notas de dinheiro amaradas juntas com um elástico e a velha arregalou os olhos descrente. Podia entender a surpresa; era muito dinheiro: No fim a mulher idosa era ambiciosa ou algo do tipo, pegou o dinheiro e saiu do local sem mais nenhuma palavra. Quando ela se foi deixando apenas a luz fraca do lampião para eles, ambos ficaram parados no mesmo lugar se olhando: O garoto parecia retraído e encabulado, enquanto o azul estava carrancudo.

Desviou o olhar e viu o entorno: Haviam feito uma bagunça, tinha uma mesa virada com varias coisas que estavam em cima [Como lápis, folhas, pilhas de pergaminhos e livros, Etc...], Tinha uma estante caída também e varias coisas quebradas no chão, a maioria eram pratos, xicaras, e artefatos de louça. O piso estava sujo com algo liquido que não conseguia identificar, talvez suco ou chá, mas não tinha como ter certeza: Provavelmente eram coisas que estavam nas jarras de louça que eles derrubaram.

O chão era coberto por vários tapetes, provavelmente para impedir que fosse tão frio e úmido ali dentro, mas agora alguém precisaria limpar tudo metodicamente para que não ficasse nada sujo ou quebrado...

‘’Kisame...’’ Uma voz pequena chamou, parecendo incerta em tocar no assunto novamente e com medo de sua reação. ‘’Eu sei que errei, não me desculpe se não sentir que que realmente deve. Mas eu só queria que soubesse que eu me arrependo!’’ Disse com franqueza, sendo claramente verdadeiro naquilo que queria expressar.

Porém ainda estava um tanto irado e ferido com todo o ocorrido passado, então só observou-o por um tempo com um tanto de amargura. E por fim virou-se e deixou-o lá envolto de culpa e sujeira, voltou ao quarto que estava antes.

Talvez, e só talvez, pudesse aceitar as desculpas. Mas não aquela noite, aquela noite seus níveis de irritação e aversão estavam ao máximo: Se arriscasse abrir a boca não sabia oque sairia além de muita merda e outras coisas que se arrependeria de dizer quando a fúria vermelha passasse e pudesse raciocinar direito novamente. Por isso se ausentou, para refletir (E pra deixar o Uchiha sofrer um pouquinho também...).

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

No silencio da manha tudo oque ocorreu na noite anterior pareciam cinzas e borralhos, seus pensamentos destrutivos e magoas definhando e agora tomando nova forma: Aquele furor do outro dia lhe abandonou e agora podia refletir melhor. Claramente ainda estava chateado e aquele ressentimento poderia perdurar por tempo indefinido, mas apesar de tudo não queria carregar a magoa e os prejuízos trazidos pelo ato de outra pessoa.

Por mais profundo que fosse seu desgosto, e por mais que não pudesse simplesmente fechar os olhos e fingir que não aconteceu; Aquela raiva, aquele sentimento ruim que lhe fazia ficar com uma expressão séria e carrancuda, a boca apertada numa linha fina: Aquilo não lhe faria bem.  Seu camarada agiu de forma condenável, mas para ser bem sincero consigo mesmo ele já espera algo assim, já imaginava oque Uchiha Itachi era capaz de fazer por seu irmão e foi tolice sequer ter cogitado que o outro hesitaria em nome do relacionamento que construíram.

E para ser ainda mais sincero consigo mesmo, não estava tão surpreso com a traição porque nunca esperou que aquela camaradagem com Itachi fosse sempre dar certo, como num conto de fadas. Ele sempre manteve expectativas bem realistas sobre sua amizade com o Uchiha: Eram ambos Nukenins, vivendo num mundo cruel e sem amor. Não podia simplesmente esperar a lealdade cega de seu camarada quando tudo oque aprenderam naquela vida era que ninguém era confiável.

Naquela noite ele não dormiu, meditou bastante e chegou a conclusão de que aceitar o pedido de desculpas não significava que ele tinha que diminuir o erro, só significava que queria seguir em frente remendando oque restou da confiança que tinha. E afinal de contas Kisame sempre soube que Itachi nunca foi o pilar da lealdade, dado que traiu a própria família.

Conhecia o garoto e sabia desde o inicio oque se aproximar dele poderia causar e mesmo assim prosseguiu: Desde o começo aceitou seguir aquela jornada junto ao outro mesmo sabendo que Uchiha Itachi tinha defeitos. E quem não tinha?

E por outros aspectos aquele companheirismo tinha dado certo na maior parte do tempo. Talvez, se não fosse Sasuke no caminho, provavelmente ainda seriam bons camaradas: Foi pura tolice se colocar entre os irmãos Uchiha porque em assuntos de família assim não deveria se meter.

Suspirou pesadamente, podia ver que o garoto estava realmente arrependido e se não tentasse ao menos desculpa-lo seria como jogar fora tudo oque construíram ao longo daqueles oito anos juntos. Tempo demais para ter desperdiçado atoa, palavras de zelo atoa, saliva atoa, preocupação atoa, e rins doados atoa também. Queria ter raiva do jovem, mas por outro lado não era como se ele próprio fosse o exemplo de bom camarada: Pra ser honesto consigo mesmo, jamais fora um bom parceiro pra um outro alguém antes de conhecer o Uchiha.

E Quem não fazia cagada às vezes? Ele mesmo havia matado diversos companheiros só para o melhor cumprimento da missão. Itachi apenas atacou-o pela preocupação com seu irmão mais novo. E se colocando no lugar do outro, seria muita hipocrisia e falsidade dizer que não faria algo do tipo se tivesse na situação contraria.

Ouviu batidas singelas na porta e tinha que ser o garoto já que a velha não se preocupava em bater. Antes de permitir a entrada já estava decidido: Aceitaria as desculpas, mas não sem notar certa docilidade por parte do outro...

O Uchiha entrou sem saber o que esperar da reação do tubarão ao vê-lo novamente, sua postura era serena e humilde. Rapidamente viu o azul deitado em uma cama que, só para constar, era menor que ele.

Os dois trocaram um olhar singelo e logo o garoto caminhou até perto da cama, escolhendo sentar-se numa poltrona próxima: Pelo oque podia analisar, o jovem andava feito um gato tentando não fazer movimentos bruscos que pudessem atiçar sua fúria novamente. Estava com o Sharingan desativado também e as orbes negras estavam vivas e emotivas como nunca vira antes.  

‘’Olha só Itachi... Espero que saiba que a minha confiança em você esta em frangalhos agora e por mais que você fale sobre o assunto, será em vão já que não pode modificar o passado. E só para avisar, um simples pedido de desculpas não é o suficiente pra mim, pode até estar arrependido, mas doque isso adianta?’’.

‘’Eu sei que meu arrependimento não vai mudar o passado. Mas ele é a prova de que eu verdadeiramente sinto muito e esse sentimento está acabando comigo...’’ Falou um tanto cabisbaixo. ‘’Olha só, eu lamento ter estragado nosso companheirismo dessa maneira, e se você não tiver estomago pra me perdoar, eu entendo e vou embora. Nem precisaremos viajar juntos, e nos veremos apenas o necessário para o cumprimento das missões que Pain ordenar’’.

O espadachim cruzou os braços, irritado pelo rumo da conversa: ‘’Ótimo!’’ Grunhiu de mal humor.

‘’Certo, se é assim que vai ser então... Só quero que saiba que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida nos últimos anos e eu lamento ter estragado isso’’.

O garoto começou a se levantar, e o azul olhou-o perplexo. ‘’Então é isso? Você simplesmente vai embora? Vai virar as costas e nem vai tentar mudar as coisas?’’.

‘’Mas você disse que não confia mais em mim e que um pedido de desculpas não serve!’’

‘’E se eu te desse uma nova chance mesmo assim?’’

O jovem tornou a sentar-se, olhando-o com mais atenção agora: ‘’Nesse caso, eu faria de tudo pra provar-lhe que tomou a decisão certa’’ Confidenciou-lhe. ‘’Mas eu não entendo! Por que você faria isso depois do meu ato desprezível?!’’

‘’Acredite, eu bem que queria poder te odiar e acabar com tudo. Vamos lá, nós dois fomos ensinados a sermos exímios assassinos. Desde muito jovem eu fui doutrinado a esmagar os adversários, fossem eles de vilas contrarias a névoa ou mesmo outros névoa-nins camaradas se fosse necessário, isso me rendeu o nome de monstro da névoa oculta, apesar de minha aparência contribuir um bocado nisso. De qualquer forma, nunca antes me foi apresentada uma outra opção além de trucidar e destruir meus concorrentes. Mas não dessa vez, dessa vez eu tenha a escolha nas mãos e eu posso me tornar seu inimigo... Ou posso tentar te ausentar de qualquer culpa e ver no que isso vai dar’’ Explicou. ‘’Você certamente não merece meu perdão assim tão fácil, mas  desde que te conheci tenho sido o melhor que posso ser. E por algum motivo não quero estragar isso...’’.

Itachi deixou sua postura elegante para trás e ficou mole na poltrona: Parecendo confortável de repente e tremendamente perdido em pensamentos. ‘’É, foram longos oito anos de uma boa parceria...’’ Concordou. ‘’Então você está mesmo disposto a me dar uma nova chance?’’ Olhou-o com expectativa.

‘’Certamente’’ Afirmou. E depois fez uma carranca: ‘’Mas é melhor você não tentar mais nenhuma gracinha como aquela’’ Grunhiu, se irritando só de lembrar.

‘’Não, claro que não! Eu não farei nada assim de novo!’’ Exasperou-se, seu corpo ficando tensionado só de pensar em tal hipótese. ‘’Se eu não estivesse disposto a consertar meu erro e ganhar sua confiança novamente, não estaria aqui ainda!’’.

Kisame relaxou: ‘’Certo então, vamos dizer que tudo são aguas passadas agora...’’ Murmurou. ‘’Você me machucou, eu machuquei você. Estamos quites agora. Fim da historia’’ Disse-lhe olhando para as marcas roxas hediondas e proeminentes no pescoço do Uchiha.

O garoto notou para onde ele estava olhando e tocou levemente o pescoço com a mão esquerda. ‘’Tem razão, estamos quites!’’

Logo os dois estavam mais confortáveis um com o outro e o mais novo ajeitou-se na poltrona e colocou os pés em cima da cama do azul.

‘’Depois que você me colocou no Genjutsu, oque fez em seguida?’’ O outro questionou curioso alguns minutos depois.

‘’Bem’’ Começou Itachi  ‘’Fui até Deidara e Sasuke, como você supôs eu não cheguei a tempo para interceptar o loiro antes da luta começar. E quando cheguei meu irmão parecia estar indo muito em sem minha interferência, então preferi não me impor e envergonha-lo’’ Respondeu desconfortavelmente. Fez uma careta e se agitou na poltrona.

‘’O que aconteceu quando você me colocou no jutsu?’’ Voltou a perguntar.

O outro olhou-o apreensivo, mas falou de uma vez: ‘’A minha técnica permite alterar a percepção do tempo com facilidade dentro do Genjutsu, fazendo alguns segundos parecerem muitos dias. Quando eu torturo alguém dentro do jutsu isto resulta na vítima sofrendo trauma psicológico que os incapacita por um período de tempo considerável. O Tsukuyomi é  um jutsu muito nocivo à mente por faze-la entrar em colapso depois de simular dor no cérebro de maneira muito intensa. E é praticamente impossível escapar, a percepção interna que temos de tempo é diferente do tempo marcado no relógio, eu só preciso de segundos para fazer tudo isso: Um piscar de olhos. Mas a vitima sempre tem a percepção de que ficou varias horas sendo torturada...’’.

‘’Explique de forma sucinta, homem...’’ Grunhiu. ‘’Voce sempre tão econômico nas palavras e agora vem com assa falação...’’

‘’Bem, para resumir. O tempo que eu levo pra aplicar o jutsu é muito curto pra alguém impedir o fluxo de chakra ou receber ajuda eterna de um amigo, mas você? Você conseguiu escapar! Você meio que apagou com o cansaço físico e por isso conseguiu sair do Genjutsu, é praticamente impossível de ocorrer. Sabe quais são as chances? Eu estava fazendo as contas e...’’

‘’Ah, você é impossível’’ Bufou e escorou-se na cama.

‘’...É quase impossível alguém desmaiar entre o período de míseros segundos que eu precisava para efetuar a técnica completamente. A chance de ocorrência é de 00,1%...’’ Continuou o moreno.

‘’Não foi só acaso!’’

‘’Como assim?’’ Olhou-o em duvida.

‘’Assim que Deidara seguiu para lutar com seu irmão e você saiu depois todo desvairado, eu sabia que teria que intervir para protege-lo de suas próprias ideias ridículas, mas não antes de me precaver: Sabia que me colocar entre você e seu irmão poderia me por em apuros. E muito antes disso tudo acontecer eu já tinha premeditado uma maneira de escapar de suas habilidade caso alguma traição ocorresse’’.

‘’Como assim?’’

‘’Lembra quando nos conhecemos, quando eu te segui na floresta e tivemos um pequeno confronto?’’

‘’Sim, mas oque isso tem haver?’’

‘’Naquela época você me enganou com seus genjutsus, depois disso então desenvolvi uma técnica associada à uma queda da pressão sanguínea repentina que alterasse minha atividade do sistema nervoso central, interrompendo o fluxo de chackra e me causando um colapso físico, fazendo com que eu pudesse me safar de genjutsus de forma quase automática assim que meu corpo notasse um fluxo de chakra distinto tentando me enganar’’ Disse com certo orgulho, mas depois lembrou-se que não deu totalmente certo. ‘’Mas pelo visto os míseros segundos que você precisa pra executar a técnica ainda estão mais rápidos que meu plano, já que você conseguiu me torturar por 26 horas. Terei que ver uma maneira mais rápida de desmaio instantâneo e também uma maneira mais rápida de acordar depois. Porque afinal de contas fiquei desmaiado por muito tempo a mercê de inimigos...’’ Retrucou Kisame apressadamente.

‘’Mesmo que não tenha dado totalmente certo, você foi inteligente... ’’ Murmurou o mais jovem ‘’Isso te salvou afinal’’.

‘’Ahhh. Agora eu entendo’’.

‘’O quê? O que você entende?’’

‘’Você está tão cheio de remorso porque poderia ter me ferido gravemente se tivesse conseguido ir até o fim’’ Murmurou. ‘’Então’’ tornou a falar de forma presunçosa: ‘’O quão culpado você está se sentindo?’’.

‘’Eu não estou me sentindo culpado. Nem um pouco’’.

‘’Sério?’’

‘’Sim’’

‘’Então você saiu do seu caminho para me arranjar ajuda só porque você é uma boa pessoa?’’ Sacaneou.

‘’Não, eu busquei ajuda pra você porque eu sentia muito mais doque culpa. Eu me sentia realmente um merda, merecedor de desprezo total por trair sua confiança’’. 

Um silencio constrangedor tomou o quarto por segundos. Mas logo foi quebrado: ‘’Por isso me trouxe para cá?’’.

‘’Você precisava de ajuda medica e eu não conseguia pensar em um lugar além desse’’ Murmurou distraidamente, parecendo não querer lembrar dos momentos ruins que passou até chegar ali.

O silencio constrangedor voltou. Mas ele, ao menos, não perdurava por muito tempo graças ao azul: ‘’Eu estou bem agora, mas e você? Parece mal desde a cirurgia com o Kakuzu. E se bem me lembro estava chovendo pra caralho quando você surtou e decidiu ir atrás do Deidara. Falou com a velha sobre isso? Há alguma possibilidade de você ter piorado?’’.

Itachi estreitou os olhos parecendo desconfiado com a genuína preocupação do outro, mas ao que tudo indicava a briga dos dois era mesmo aguas passadas. ‘’Você devia estar mais preocupado com a própria saúde. Eu te torturei por 26 horas no Tsukuyomi, Kisame’’.

‘’Por que eu teria que me importa? Estou bem agora, ao que parece aquela velha faz um bom trabalho’’ Murmurou. ‘’Falando nisso, como me trouxe para cá?’’.

‘’Acredite, não foi fácil’’ O garoto revirou os olhos, parecendo lembrar da situação cansativa.

‘’Você me carregou até aqui em baixo de chuva, não foi?’’ Questionou e quando obteve um aceno de cabeça por parte do outro, ele sorriu descaradamente pelos cantos da boca: ‘’Bem feito pra você! Isso é pra aprender a não passar a perna no seu camarada de novo, que sirva de lição...’’

 Itachi quase riu da honestidade de Kisame, mas parecia que lembrou de algo mais sério e mudou a conversa de rumo: ‘’É, vai servir de lição mesmo. Mais ao que parece não só isso vai servir de lição, há outras coisas também. Por exemplo, como não confiar em avarentos para fazer uma cirurgia...’’

‘’Então sua saúde piorou mesmo?!’’

‘’Pois é. Parece que desenvolvi uma infecção durante a cirurgia. Você deve estar bem só porque tem um sistema imunológico melhor que o meu’’ Elucidou ‘’Pode até ser que eu não consiga sair dessa...’’.

‘’Pare de asneiras, menos hipérbole e mais precisão seria útil. Como eu posso te ajudar se não me da os detalhes sórdidos? Eu nem ao menos sei que doença é essa’’.

‘’Não se preocupe. Não é contagiosa ou algo do tipo...’’

‘’Não é com isso que estou preocupado’’ Rebateu. ‘’Olha, não era você que queria ganhar minha confiança novamente? Então vamos lá, oque você tem? Qual o nome? Oque isso faz com você?’’.

‘’Quer mesmo saber dessa chatice médica?’’ Disse desconfortável.

‘’Você quer começar a ganhar a minha confiança ou não?’’ Ameaçou-o e logo o outro tratou de contar-lhe.

‘’Se chama Poliangiite Microscópica. É uma doença autoimune, que como a velha me explicou anos atrás são uma divisão disfuncional do sistema imunológico onde as células passam por alguma espécie de mutação e passam a atacar o organismo ao invés de protege-lo. No caso da doença que eu tenho, causam inflamações impedindo que os capilares sanguíneos, que são pequeníssimos vasos que fazem parte do sistema circulatório, não fação seu trabalho de levar oxigênio e nutrientes para os tecidos e órgãos, assim esses tecidos e órgãos começam a necrosar e suas funções falham causando os sintomas que você já sabe com são...’’

‘’Cuspir sangue e essas coisas...’’ Ele completou: ‘’Kakuzu disse que afeta principalmente os pulmões e rins, disse algo como... Síndrome pulmão-rim ou algo assim...’’

‘’Isso’’ Suspirou. ‘’Apesar de tudo, mesmo que não tivesse cura tinha tratamento, mas eu não tomei os remédios corretamente por um bom tempo acarretando na piora dos sintomas’’.

‘’Você é mesmo um vacilão! É por isso que seus rins começaram a falhar, pirralho suicida da porra! Porque não tomou os remédios corretamente, caralho?!’’

Itachi mexeu-se desconfortavelmente na cadeira: ‘’Olha... É justamente por isso que eu tenho que dar uma saída e falar com a velha... ’’ Murmurou parecendo se lembrar de algo sério.

‘’O que aconteceu com a culpa? Eu gostei da culpa! E da coisa de se sentir um merda desprezível também...’’ Brincou maldosamente.

‘’Pare de tirar sarro de mim, eu estou falando sério aqui!’’ Murmurou de repente: ‘’Com aquele transplante de rins mal feito eu peguei uma infecção. A velha me passou antibióticos e deve me dizer agora se está tudo bem’’ Tocou a maçaneta da porta e saiu parecendo tenso e sem deixa-lo fazer mais perguntas, quase como se quisesse escapar dos questionamentos que o azul provavelmente faria.

Mas não ficaria por isso mesmo, o garoto não escaparia tão fácil. O espadachim fez uma carranca e logo saiu também, devagar e silenciosamente para que o seu camarada não o notasse seguindo-o: De qualquer forma o Uchiha estava cansado e com a guarda baixa depois daquela conversa e não percebeu-o lá se esgueirando pelos corredores.

Viu que Itachi se dirigiu até a sala onde provavelmente estava a velha agora, e sentou-se no sofá desconfortavelmente e esperando pelo veredicto dela.  

O silencio que perdurou foi longo e aflitivo. Pareceu que se passarm minutos até que o moreno tivesse coragem de perguntar, enfim:

‘’Voltei...’’ Afirmou o obvio pra mulher e enrolou mais um pouco. ‘’Então, antes de eu ir lá falar com meu parceiro... Você disse que já tinha os resultados...’’.

Diferente da enrolação de Itachi causada pelo temor em querer saber, a mulher foi bem direta e ríspida que até Kisame ficou assustado com tamanha franqueza: ‘’Você continua com febre e parece cansado também, além de abatido. Já deve saber a resposta’’ Disse com voz cansada, mas firme. ‘’A coisa do antibiótico não funcionou’’.

‘’Por que não?’’ A pergunta foi feita pelo Uchiha, mas na garganta de Kisame estava o mesmo questionamento. O moreno perguntou pelos dois, sem nem se dar conta disso.

‘’Infelizmente, existem cada vez mais agentes infecciosos resistentes a antibióticos’’.

‘’E oque vai acontecer comigo? Quão pior isso vai ficar?’’ Novamente era como se o Uchiha tivesse lendo a mente do azul e fazendo as perguntas que estavam lá.

A velha olhou-lhe sombriamente: ‘’Isso ai vai virar uma Infecção Generalizada e posteriormente causará falência de múltiplos órgãos’’.

‘’Eu vou... Morrer então’’ Ambos chegaram a mesma conclusão em conjunto. Kisame podia sentir seu peito afundar igualmente oque acontecia com o garoto, como se os dois tivessem  em simbiose.

‘’Sim. Muito em breve!’’ a velha respondeu duramente.

‘’Tem como eu saber quando piorará? Quais os sintomas?’’ Eles definitivamente estavam conectados mentalmente, porque o Uchiha tirou as palavras da boca do espadachim mais uma vez.

‘’Tem certeza que quer saber?’’

‘’Eu tenho o direito de saber oque me aguarda, não é? Até para que eu possa me planejar!’’

O azul escutou com atenção e a velha disse azeda: ‘’Você vai saber quando estiver acontecendo quando houver diminuição da pressão arterial. Quando começar a piorar seu coração vai enfraquecer e vai bombear menos sangue para outros órgãos vitais como rins, pulmões e cérebro. O sangue ficará mais ácido e cheio de coágulos oque causará sangramento excessivo por todos os cantos, pode ser que danifique muito os pulmões e você tussa sangue em grandes quantidades, por exemplo’’.

O moreno encarava-a perplexo e Kisame estava paralisado ali escondido no corredor, queria invadir a sala e fazer algumas outras perguntas. Mas sua boca permaneceu fechada numa linha fina, engoliu em seco. Agora era fato: Os dias de seu parceiro estavam contados.

Perdeu-se dentro de sua mente. Logo refletiu novamente sobre como foi possível ter perdoado o garoto tão rápido já que isso não era de seu feitio e rapidamente entendeu: Era destino. ‘’Itachi... Você pode ter entrado na minha vida sem nenhuma pretensão, um completo acaso. Mas parece que não é por acaso que devemos permanecer lado a lado...’’ Sussurrou.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Ambos estavam do lado de fora, indo embora do lugar que de mais nada lhes serviria. O silencio perdurou por muito tempo, até que estivessem quase longe do topo da montanha, na superfície. O Uchiha não lhe contou sobre oque a velha disse, sem saber que o azul escutara tudo.

O silencio que tomava os dois era excruciante, e também era causado pelo mesmo motivo dado que os dois sabiam o destino cruel que aguardava Itachi. Mas não por muito tempo aquilo perdurou, o garoto piou: ‘’Você não fala nada desde que saímos...’’

‘’É...’’ Foi só oque saiu de sua garanta seca e ainda entalada com a noticia da piora do garoto.

 ‘’Não vai me falar por quê?’’.

Sua resposta foi ficar mudo. Estava amargo com a noticia e não queria que o jovem soubesse que ele escutou tudo.

Tinha que aproveitar o tempo ao lado do companheiro, por isso lá estava ele seguindo as ordens e os passos do Uchiha novamente depois de tudo que o garoto fez, porque uns bebiam, outros fumavam, mas não ele: O espadachim insistia em ficar ao lado de Itachi, mesmo sabendo que em breve ele poderia não estar mais ao seu lado. Cada um tem seu próprio jeito de destruir a si próprio. E Kisame certamente se destruiria de tristeza quando perdesse o amigo.

Depois de meditar sobre o assunto chegou a conclusão que a convivência com o jovem estava tornando-o 'suicida' também: ‘’Talvez eu devesse ficar longe... Isso deve ser contagioso...’’ Sussurrou.

‘’Disse alguma coisa?’’ O outro questionou-o, esgueirando os olhos desconfiado.

O espadachim colocou o seu melhor sorriso no rosto, tentando afastar a tristeza que a noticia da velha lhe trouxe. E prosseguiu: ‘’Sim, eu disse!’’ Falou. ‘’Sabe por que te perdoei tão fácil?’’

‘’Por quê?’’

‘’Uma vez, um velho monge me contou uma historia. Na época eu não dei bola, mas agora entendo...’’

‘’Que história?’’

‘’Ele contou-me que dois amigos viajavam juntos pelo deserto, sempre foram inseparáveis.  Mas em um determinado ponto da viagem discutiram por causa da localização de um oásis, um insistia que era para o lado direito que deveriam ir e o outro insistia que era para o lado esquerdo. A briga ficou sem sentido e tomou proporções alarmantes quando um deles socou o outro num ato impensável de raiva’’.

‘’E oque ele fez?’’

‘’O amigo ofendido, sem nada dizer, escreveu na areia: Hoje, meu melhor amigo me bateu no rosto. Ele só fez isso, sem nada a mais pra dizer. Chegou até a acatar a decisão do amigo em ir pela direita’’.

‘’E depois?’’

‘’Seu camarada estava certo em irem pela direita afinal de contas, chegaram ao oásis onde resolveram banhar-se. Foi quando o homem que havia sido esbofeteado começou a afogar-se sendo salvo pelo amigo. Ao recuperar-se pegou um estilete e escreveu numa pedra: hoje, meu melhor amigo salvou-me a vida’’.

‘’Por que  quando ele foi agredido escreveu na areia e agora que foi salvo, escreveu na pedra?’’ O Uchiha questionou curioso.

‘’Ah, o homem fez essa mesma pergunta ao amigo. E é ai que vem a moral da historia: Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever na areia onde o vento do esquecimento e do perdão se encarregam de apagar. Porém quando nos faz algo grandioso, devemos gravar na pedra em memória e no coração, onde vento nenhum do mundo poderá apagar’’.

‘’É uma bela historia...’’

‘’Sim. Quando o monge me contou eu não ligava pra esse lance da amizade porque eu não tinha nenhum amigo verdadeiro. Mas agora que eu tenho você entendo: O destino se encarregou de nos colocar lado a lado, e mesmo que venhamos a magoar um ao outro sempre deverá haver perdão pras burradas que por ventura venhamos a cometer. Será assim até que um de nós morra’’.

E apesar dos ânimos ruins que rondava a mente do garoto, mesmo com a noticia ruim que recebera mais cedo, ele pode sorrir. Mexeu no bolso da capa e tirou uma kunai afiada...

‘’Pra que isso?’’

‘’Você verá!’’ Disse se aproximando da base da montanha, esculpindo algo:

*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*

Amigo agente não procura, o coração é que encontra. E eu tenho muita sorte em encontrar você, Kisame.

Ass: U.I

*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*…*

E mesmo que Itachi morresse, mesmo que Kisame também se fosse. Mesmo que o tempo passasse e décadas transcorressem, aquela montanha sempre estaria lá para lembrar a quem passasse por ali que amizades verdadeiras eram a prova de qualquer obstáculo e nada poderia apagar isso.

 


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Notas finais do capítulo

Oque acharam?
Os rumos estão meio tristinhos, mas sempre ponho uma boa dose de AMIZADE para aplacar o angust.
—---/---
Beijos meus queridos, até o proximo cap♥ !!!!!



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