O ruim de fingir ser forte o tempo todo é que ninguém imagina que você tem momentos de fraquezas, jamais saberão que você precisa de colo de vez em guando e se esquecem de que você também tem sentimentos: Pensam que você é inabalável, ninguém pergunta se você precisa de algo. Então às vezes agente precisa ser fraco porque passamos muito tempo sendo fortes.

Itachi P.O.V (Point Off View)

Mais uma vez acordou completamente desconcertado, tremendo e com lagrimas nos olhos que corriam em rios pela sua face alva e leitosa. Aquilo tudo estava se tornando uma grande merda, o suor escorria pelo seu corpo e ele sentia-se tomado por terror e angustia. Sentou-se no futon onde estava dormindo fazia nem muito tempo, todas as luzes da simples hospedaria onde tinha decidido passar aquela noite estavam apagadas e seus ofegos de sofreguidão pareciam ser a única coisa que ecoava no lugar aparentemente pacifico e calmo naquela noite atormentada.

Comumente ninguém notaria sua dor, ninguém jamais notaria suas lágrimas. Porque ele era muito bom em esconder tudo em baixo de uma excelente fachada, tudo devidamente escondido atrás daquela sua mascara fria de indiferença e maldade: Aquela mentira que ele sabia encenar muito bem, como nenhum ator saberia fazer melhor. Mas agora ele estava sozinho naquele quarto escuro, não havia ninguém para vê-lo tão vulnerável.

Olhou para a direita, onde sabia ter um relógio: Não passava de quatro da matina e ele mal sequer tinha pregado os olhos direito, seu corpo estava cansado e sua mente tumultuada. Sabia muito bem porque estava assim, havia ficado naquela hospedaria por apenas aquele dia para escapar da noite do lado de fora, sabia que faria uma incrível lua cheia aquele dia e tudo oque não queria era estar do lado de fora para vê-la e lembra-se daquele dia aterrador que assassinara sua linhagem. Suspirou irritado, pois de qualquer forma de nada adiantara já que seu subconsciente fez questão de não deixa-lo esquecer, fazendo-o reviver aquela noite incessantemente em seus pesadelos.

Ainda estava tomado por aquele forte sentimento de terror noturno e sabia que não adiantaria nada tentar voltara dormir e ser pego novamente aquela sensação opressiva e de grande tormento que era reviver aquele dia fatídico em suas tentativas de sono. Seu corpo, porém, estava exausto e exaurido de tentas noites em claro e isso o deixava irritado e com concentração diminuída nas suas tarefas diurnas. Ele queria tanto conseguir pregar os olhos sem ser assombrado pelo sangue de seus familiares em suas mãos, era tão ruim não conseguir dormir uma boa noite de sono. Ele estava se sentindo tão esgotado por dentro e por fora.

Era o pior sentimento do mundo; Perder a si próprio naquela longa jornada que chama de vida, não tinha mais sonhos belos para realizar porque tudo estava perdido e enterrado junto com seus familiares sepultados. E tudo oque ele era agora não passava de uma grande mentira. Sentia-se tão insultado, tão depreciado e marginalizado que imaginava dever pedir desculpas por ser quem ele era, que devia pedir desculpas por sequer existir. Ele não era um idiota: Sabia muito bem que estava depressivo excessivamente e que precisava de ajuda, mas não sabia que medidas tomar quanto a isso, não sabia como sair daquilo.

De repente um pensamento que, no fundo, ele sabia que não era uma boa ideia tomou seus pensamentos. Olhou para sua esquerda, mesmo naquela escuridão completa e mesmo sem seus temíveis olhos vermelhos ele podia distinguir a sombra de uma mesinha baixa no canto com algumas gavetas de madeira. Não meditou muito, logo se levantou moribundo e foi até ela ainda ouvindo aquela voz irritante da razão lhe dizer que era uma péssima ideia. Uma ideia realmente horrível.

O Uchiha tinha vinte anos agora, sabia que estava prejudicando sua saúde e que aquilo que estava fazendo era grave, mas não conseguia mais parar. Ele sabia que não deveria, mas um pouco antes daquela vez em que quase morreu por overdose e foi parar naquela caverna da velha curandeira foi quando começou com aquele habito horrível: Era pra tomar direito, era pra ajudar com os sintomas doloridos de sua doença, mas ele estava extrapolando. Sabia que já era dependente químico da medicação analgésica prescrita para a dor.

Os analgésicos simplesmente mascavam suas dores, mas na realidade eles não melhoravam os seus problemas em nada, agora ele sabia disso perfeitamente; mas quando aquilo começou estava tentando acalmar seus anseios e dores, foi tomando doses cada vez mais altas e só depois descobriu que já não conseguia mais passar o dia sem aquela maldita droga de remédio.

Olhou para o frasco com os remédios em suas mãos, seu lado racional gritando para ele ser o homem inteligente que ele sabia que era e parar com aquela loucura de uma vez: Aquilo tinha que acabar.

Ele ainda estava tentando ser forte para simplesmente colocar o frasco na gaveta novamente e acabar com sua dependência que podia leva-lo a uma overdose novamente, quando ouviu um zunido estranhamente familiar atrás de si. Virou-se um tanto lento demais, ainda cansado: Mas paralisou-se ao ver o homem mascarado ali parado a poucos metros.

A figura estava ali parada toda vestida de preto dos pés a cabeça e sem o manto padrão da Akatsuki e só sua mascara era colorida, aquela porcaria laranja brilhante que naquele angulo parecia medonha naquela escuridão do quarto: Com o furo de um olho só, onde dava para ver o Sharigan brilhando na noite pavorosa. Se Itachi não fosse quem fosse, teria se assustado com a presença repentina.

Ambos se olharam, o mais novo tentando entender oque o outro estava fazendo ali aquela hora feito assombração enquanto Tobi analisava-o minuciosamente com os braços cruzados numa posição rígida e endurecida, como se estivesse bravo com ele. Entretanto, assim como apareceu repentinamente foi também assim que ele sumiu com seu jutsu de espaço-tempo tão misteriosamente quanto surgiu. Não dando nem espaço para o jovem lhe questionar.

‘’Merda’’ Murmurou ao perceber sua posição: O mascarado lhe viu num momento de fragilidade. Não sabia como, mas aquilo mudou algo dentro dele porque afinal de contas ele não queria jamais que isso ocorresse novamente, era para ele estar investigando sobre aquele Uchiha misterioso que dizia ser Madara e não sendo monitorado por ele como uma presa fácil.

Olhou o frasco de remédio ainda em sua mão e imediatamente soltou-o na cabeceira novamente, achando a força que precisava para fazer isso e para pedir ajuda: Não sentia-se inteiramente bem em admitir fraqueza para outrem, mas a situação que estava não podia mais perdurar. Estava um tanto desesperado, no fim das contas ele era só um cara com problemas como qualquer outro, ele tinha seus maus dias e começara a pensar que talvez não fosse tão ruim assim mostrar tais sentimentos porque era parte da vida aprender a maneja-los e não apenas ficar escondendo-os como ele sempre fazia.

Sabia que estava isolado, fizera isso propositalmente: Criando muros ao redor de si mesmo e se tornando recluso e seguindo aquela jornada solitário, mas apesar disso, reconhecia que não estava inteiramente sozinho, como gostaria. Ele sempre premeditou viver uma vida amarga desde que saiu de Konoha, mas o destino era algo engraçado: agora ele detinha bastante confiança no Hoshigaki, e como não poderia depois de tudo oque passaram?

Kisame era o único que não desistiu dele, até então. Mesmo que o azul nem sempre estivesse lá, sabia que podia contar com ele porque era como se ele existisse para lhe auxiliar como um parceiro mesmo. Esta mera condição encorajava o moreno a seguir em frente pela vida, porque nem tudo estava tão perdido quanto ele amargamente acreditava. Naquele mundo era difícil confiar em alguém, vários enganosos e falsos. Mas ele preferiu confiar na própria intuição desta vez: Já fazia alguns anos desde que permitiu-se ser amigo de alguém novamente, embora não declarasse e procurasse essa pessoa sempre e embora jamais fosse admitir isso abertamente. Se por um lado sentia-se mal por permitir-se abrir para alguém e revelar suas piores angustias, por outro, era uma das melhores coisas que descobriu era ter a certeza de que podia confiar em alguém depois de tudo de ruim que passou.

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Kisame P.O.V (Point Off View)

Eram cerca de nove da manhã e ele estava de pé fazendo uma rotina de exercícios irritante, lembrava-se de alguns anos atrás quando achava estranho quando o jovem Uchiha levantava-se cedo para exercitar-se como um velho enquanto ele só ficava na cama até quando achava necessário. Naquela época o Hoshigaki tinha só vinte e quatro anos e aquilo tudo era hilário e motivo para zombaria afinal ele estava no auge de seu físico, agora ele tinha trinta e um e sentia-se o velho que costumava achar que Itachi era (Ou fazia-se parecer com aquela coisa ridícula de acordar cedo quando devia tá dormindo até tarde como um bom adolescente resmungão).

Irônico como a vida era, agora sentia que precisava exercitar-se diariamente para manter seu corpo musculoso em forma e continuar sendo um ninja forte. Era uma verdade inerente da vida: Ele estava ficando velho e por incrível que parecesse estava até feliz por isso, afinal de contas naquele mundo cruel os Shinobis não costumavam ter uma vida muito longa, a expectativa de vida era realmente mais inferior ainda para Nukenins. Ele estava irritado por ter que treinar diariamente, mas orgulhoso por ter durado tanto tempo apesar de tantos empecilhos e dificuldades.

Logo balançou a cabeça, deixando aqueles pensamentos bobos se esvaírem e voltou a treinar pesado para manter sua forma muscular. Curiosamente foi quando um corvo apareceu em seu campo de visão: Um lindo corvo que parecia lhe chamar. E ele realmente notou que havia um papel no bico da coisinha preta. Pegou-o sem mais delongas já imaginado de quem era, suspirando antes mesmo de ler a maldito bilhete porque sabia que nada de bom poderia vir de uma coisa assim aquela hora da manha e ainda por cima vindo de seu parceiro depressivo.

E ele acertou na primeira tentativa sem nem fazer algum esforço:

║Eu preciso de você. Sozinho não consigo mais.║

Era tudo oque estava escrito, não havia assinatura nem nada e ainda sim ele sabia perfeitamente de quem era aquele bilhete. Durante um tempo leu e releu aquele pequeno pedaço de papel ainda sem acreditar no que estava escrito, estava completamente estupefato e pasmo com a revelação assim tão aberta. Algo estava acontecendo de muito errado com Itachi, certeza. Para ele mandar algo assim tinha que estar no mínimo desesperado.

Estalou a língua imaginando em que merda de vida ele encontraria seu parceiro dessa vez, já imaginando o pior cenário possível. Por outro lado, estava realmente satisfeito com o fato deque o Uchiha confiava nele para lhe pedir ajuda, estava lisonjeado e realmente queria e sentia a vontade de orientar o mais jovem naquela jornada porque já tinha experiência suficiente para compartilhar (Mais uma vez, pensava que aqueles pensamentos ridículos que estava tendo eram fruto de sua idade. Bem coisa de mais velhos querer dar conselhos pros jovens: Cara, envelhecer era uma coisa estranha).

Não era tão ruim assim: Apesar de sempre ter cogitado que ficar mais velho era algo péssimo, percebeu que não era bem assim e que dava para apreciar os anos chegando, ele era realmente mais velho, mais maduro doque antes, com uma vida Shinobi muito bem vivida, com histórias e experiência de sobra. Porque chegou numa fase da vida que ele pode entender que, apesar das dificuldades, agora olhava para trás compreendendo que foi preciso enfrentar tudo aquilo. Fosse para bom ou para ruim.

Ele podia ver isso agora e sabia o quanto era importante envelhecer e notar aquelas coisas que quando era jovem não pensava direito. Queria muito que o garoto Uchiha pudesse ver oque ele via agora, que tudo aquilo de ruim que agente vive passa, que tudo sempre passa: Mas tinha coisas na vida que não adianta falar, agente só percebe quando vivemos nós mesmos (E aquela sensação era uma delas).

Estranhamente relembrava constantemente a ultima vez que teve uma conversa profunda com seu parceiro. Foi há quase dois anos atrás, quando estavam naquela missão em Kirigakure no Sato, quando ele relembrou seu passado para conta-lo ao Uchiha. Desde então se viram em missões, mas nada que compartilharam foi tão revelador, Itachi se fechava cada dia mais em suas perturbações e o espadachim da névoa a cada vez que o encontrava sentia que estava perdendo-o para aqueles problemas indecifráveis.

Logo colocou seus pensamentos de lado, parando de ficar matutando a vida e seguiu o maldito pássaro que o levaria até Uchiha Itachi, seu camarada incomum. Depois de muito tempo, o menino estava abrindo-se para ele novamente e não perderia essa oportunidade que parecia surgir apenas de anos em anos.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Encontrou-o numa hotelaria muito simples e modesta de camponeses alheios a vida ninja, seu estado era deplorável: Tudo oque ele conseguia ver era um garoto problemático que, após uma série de acontecimentos pesados em sua vida, estava desmoronando. Pigarreou notando que o outro sequer reagiu a sua chegada, como se não notasse oque se passava ao redor. ‘’Itachi-San?’’ Chamou-o duvidado por um momento que o outro tinha lhe visto ali.

‘’Já sei que está ai, Kisame!’’ O outro murmurou intensamente, como se pudesse ler sua mente. ‘’Eu sabia que estava chegando pelas vibrações do corvo que enviei’’.

Ele estava ótimo aquela manha, mas vendo seu parceiro tão mal daquela forma era como se seu dia tivesse ido para o ralo. Sentiu-se incerto ao continuar, mas tinha que perguntar: ‘’Porque me chamou aqui?’’.

O menino olhou para ele pela primeira vez antes de responder amargamente. ‘’As coisas ficaram insustentáveis’’ Explicou. ‘’Você se lembra quando estávamos naquela pousada, depois que descobrimos que eu estava com uma doença e você me contou aquela historia da menininha? Você sugeriu que viajássemos juntos novamente e eu recusei. Lembro-me que aceitou isso, mas pediu que se algum dia eu precisasse de você era para eu chama-lo, que você não queria a forma astral de Pain lhe ordenando para fazer isso’’.

‘’E agora você precisa de mim?’’

O Uchiha fez uma pequena careta ‘’Eu preferiria que não. Achava que podia me virar completamente sozinho, mas estava errado’’ Pondera.

‘’Estou aqui agora. Do que precisa?’’

‘’Preciso da sua companhia’’.

Por um instante ele pensou que tivesse ouvido errado porque não dava para simplesmente acreditar na veracidade daquelas palavras. ‘’Da minha companhia?’’ Ele olhou para o jovem incrédulo. ‘’Você precisa da minha companhia e está admitindo isso? Quem é você e oque fizeram com o meu parceiro?’’

‘’Pare de gracejo!’’ O moreno repreendeu-o veemente, com uma expressão rígida.

E ele resolveu levar aquilo com a seriedade que o momento exigia: ‘’Certo. É só que parece inacreditável, a principio.’’ Murmurou ‘’Mas podemos voltar a viajar juntos, se isso atender as suas exigências de querer minha companhia’’.

‘’Isso atende. Eu seria um tolo se não admitisse que preciso disso’’ Explicou-o. ‘’E acho que isso é a coisa mais sincera que eu já falei desde que lhe conheci’’.

Kisame teve que concordar: ‘’É, eu acho que sim!’’ Murmurou ainda chocado pela questão do moreno estar admitindo aquilo honestamente, tão surpreso que mal conseguia reagir. ‘’Sabe, para um mentiroso tão bom como você, estou realmente paralisado ao finalmente ver alguma verdade escapando da sua boca assim tão sinceramente! E pra ser mais realista, isso tá realmente muito estranho, MUITO estranho mesmo. Você está agindo muito fora do personagem. Oque deu em você? Tú tá chapado, garoto?’’

Mandou-o um olhar estranho que o azul não soube decifrar, mas respondeu: ‘’Dessa vez não’’.

Quando pensou que não dava para ficar mais surpreso, veio aquilo. Ele quase caiu para trás: ‘’Dessa vez, não?! Como assim? Andou se drogando com oque?’’

‘’Analgésicos narcóticos’’ Disse de uma vez. ‘’Era um remédio para ajudar a aliviar as dores que minha doença traz dentre outras coisas, mas acabei exagerando. Isso começou há alguns anos’’.

O azul suspirou, chocado demais para sequer estar bravo. ‘’Fala sério, achei que você fosse mais inteligente que isso!’’ Murmurou. ‘’Oque aconteceu com o menino gênio prodigioso de Konoha, aquele com quem me colocaram como dupla?’’

O outro olhou para o vazio de forma desfocada por um instante ‘’Eu não tenho sido esse menino faz tempo. Acho que ele morreu sem que ninguém notasse...’’ Falou. Logo estava lá novamente demonstrando suas fragilidades de uma forma que o azul nunca viu: ‘’É muita decepção, eu não saio dessa depressão, minha saúde está em péssimas condições e eu perdi bastante peso. Tenho insônia e ataques de pânico noturnos e agora estou viciado nessa porcaria. Eu não sinto vontade de viver, nem de levantar da cama, nem de comer e não faço nada. É o vazio, um peso que eu carrego nas costas. Não aquento mais isso’’.

Era uma enxurrada de informações ruins que o azul não conseguia mensurar direito, ele nunca pensou que veria Uchiha Itachi assim tão desamparado, era surreal. Piscou tentando achar oque dizer: ‘’Tá, tá... Pelo menos me chamou aqui, sinal que está finalmente criando vergonha na cara pra pedir ajuda. Isso já é um grande passo, acredite em mim’’. O garoto só deu de ombros para oque ele disse e o espadachim revirou os olhos e pôs-se a observar o rapaz a sua frente, absorto em pensamentos de repente.

‘’Porque está me olhando com essa cara?’’ Itachi perguntou aborrecido.

‘’Esses tipos de remédio eliminam a sensibilidade à dor e induz sonolência, geralmente é usado como anestésico. Mas em todas as missões que fizemos nesse tempo você nunca me pareceu estar fazendo uso de algo assim, muito menos viciado. Como é possível?’’

‘’Eu fazia uso de estimulantes nesses casos, tipo anfetaminas, só para evitar o desfalecimento físico e mental gerado pelo outro remédio e assim melhorar minha performance e desempenho. Mas não estou dependente desses, só que apesar de tudo, naquela vez que eu quase morri e você me levou até a velha foi por que tive uma overdose de medicações’’.

‘’Quando eu penso que não dá mais pra piorar... Você nunca ouviu falar que combinação de remédios assim é perigosa?’’ Antes que o outro pudesse rebater foram interrompidos quando sentiram um chakra muito familiar perto do quarto onde estavam. Havia mais alguém conhecido no lugar. ‘’Esta esperando mais alguém?’’

Batidas apressadas na porta revelaram que realmente tinha alguém conhecido aguardando-os. ‘’Não esperava mais ninguém, além de você’’ Disse indo até a porta do quarto, abrindo-a e vendo um certo ruivo. (Kisame não viu a expressão no rosto de Itachi, mas sabia que ele estava deveras em choque) ‘’Sasori, oque faz aqui?’’ E ainda que ele tentasse ser neutro, deu para ouvir a surpresa em sua entonação.

Daquele ângulo podia ver que o outro estava sem suas armaduras de fantoches, mantendo sua aparência normal de um adolescente. Foi completamente profissional quando falou, de forma sucinta e breve: ‘’Pain me mandou. Disse que você precisava de meus serviços ou algo assim’’ Foi direto ao ponto. ‘’Posso entrar? Não gostaria de perder mais tempo esperando’’ Grunhiu.

Por um instante o Uchiha não se moveu, parecendo calcular rapidamente em sua mente a ida do outra Akatsuki aquele lugar e suas consequências. O moreno ainda parecia tenso ao ver o outro ali e também ao saber o motivo, mas ainda sim recuperou-se e deixou o outro passar. O espadachim olhou para o moreno boquiaberto também: ‘’Pain esteve aqui?’’

‘’Não. Mas Tobi esteve.’’ Murmurou com pesar. ‘’Ele deve ter contado...’’.

‘’Que você precisa ser desintoxicado de uma medicação. Sou especialista em venenos e antídotos, de modo que foi por isso que me solicitou’’ Completou o ruivo monotonamente. ‘’De qualquer forma, Pain sempre foi preocupado sobre a saúde de seus subordinados, ele precisa de nós para completar missões afinal’’.

O moreno só encarava Sasori sem pestanejar, claramente deixado o outro desconfortável com aqueles olhares intrigados girando com o Sharingan, Kisame que o conhecia tão bem logo murmurou ao ruivo: ‘’Ele só esta surpreso por você está aqui, não é rotineiro uma coisa assim’’ Explicou. ‘’Mas pode começar com esse negocio de desintoxicação ou sei lá oque...’’.

‘’Não se preocupe, Uchiha. Isso é apenas a cumplicidade de um criminoso ao outro, porque se não nos apoiarmos, quem irá? Além disso, essas ações compartilhadas ficam só entre nós da Akatsuki, ninguém saberá dessa camaradagem’’ Murmurou com sua voz intensa. ‘’Funciona assim; Faço-lhe um favor e quando eu precisar, você retribui’’.

O espadachim sorriu de orelha a orelha, entendia a marionete, afinal de contas apesar de parecer bem jovem não detinha realmente aquela idade, já era velho o suficiente para saber que naquele mundo era preciso criar filiações para se manter vivo, ainda mais sendo eles nukenins, sabia que o ruivo tinha vários subordinados ao redor do mundo. Por kami, aquele ruivo era mais velho que ele, tinha 35 anos.

Notou que seu parceiro ainda não parecia inteiramente convencido ainda, como se a chegado do rapaz tivesse abalado seu senso de autopreservação. Entendia que devia era realmente difícil ser pego desprevenido num momento de fraqueza por alguém que nem confiava, mas também não era o fim do mundo. Suspirou: ‘’Vamos lá, Sasori está sendo um cara sensato, dei-lhe algum credito Itachi-San!’’

Ainda parecia desconfortável, mas... ‘’Certo!’’ Murmurou o garoto. ‘’Desculpe-me por isso Sasori, só não estava esperando sua vinda, porém é bem-vindo aqui se seu desejo é ajudar’’. Murmurou desligando o Mangekyou.

‘’Excelente, não quero que isso demore mais que o necessário e contar com sua aprovação vai ser o melhor caminho’’ Disse-lhe se abstendo de mais confusão. ‘’Todavia, eu ficaria mais satisfeito se permitisse que Deidara subisse e ficasse aqui conosco. Temo que ele possa se entediar lá em baixo e acabar explodindo o lugar’’ Murmurou versado.

O de olhos Sharingan bufou, claramente não queria o loiro ali, porém parecendo apavorado com a ideia do lugar calmo ser alvo de problemas porque seu orgulho permitiu: ‘’Ele pode subir, desde que possa controla-lo.’’ Murmurou por fim.

O Hoshigaki ficou surpreso, mas com outra coisa: ‘’Você e Deidara viajam juntos?’’

O outro fez uma pequena careta. ‘’Mais é claro, alguém precisa botar aquele idiota na linha. Às vezes eu penso que, sem mim, ele poderia explodir a si mesmo por pura inconsequência’’ Explicou, pela primeira vez abandonando a seriedade e expondo alguma opinião emotiva. 

De qualquer maneira, quando subiu Deidara não fez estardalhaço, assim como o Akasuna prometeu. Felizmente o loiro não arrumou confusão: Itachi e ele trocaram um ameaçador olhar, mas não passou disso. ‘’Então você está mal, un?’’ Questionou. ‘’É melhor ficar bom rápido, não desafio moribundos. Quero lutar com você de igual pra igual e provar-lhe que minha explosão é a verdadeira arte!’’

Não foi necessário que o Uchiha rebatesse, Sasori deu cabo disso: ‘’Cala a boca Deidara, eu tenho um trabalho pra fazer. E não quero sua voz me desconcentrando, ainda mais sobre essa porcaria de explosão ser algum tipo de arte’’.

‘’Credo, Danna...’’

Kisame riu. ‘’Vocês sempre brigam assim?’’

‘’Nós não estamos brigando, nós nunca brigamos. Apenas debatemos calorosamente sobre nossos pontos de vista destoantes, un!’’ O loiro argumentou, jogando-se em uma pantufa, e Kisame riu mais enquanto Itachi realmente não sabia onde estava com a cabeça quando aceitou aquilo tudo...

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Itachi P.O.V (Point Off View)

Não estava confortável com aquilo, mas tudo saiu melhor que o esperado: O Hoshigaki continuava o mesmo de sempre, Sasori era estritamente profissional em sua tarefa e apesar do bombardeiro lhe aborrecer algumas vezes, no final até Deidara tinha sua honra e não planejou ou atacou-o pretensiosamente em nenhum momento, aguardando que ele ficasse melhor para então pedir-lhe revanche. Depois de algumas horas, o loiro e o tubarão entediaram-se e saíram para treinaram suas habilidades lutando um contra o outro, parecendo divertirem-se no processo mais doque qualquer outra coisa. Restou-lhe bastante tempo a sós com Sasori, então ele teve muito tempo para analisar aquele cara.

Apesar de ser deveras poderoso e aclamado como um gênio prodigioso não costumava esbanjar-se de seu poder com arrogância, Itachi sabia quando devia ser humilde e, além disso, parte de sua sabedoria era entender quando apreciar a presença de outros gênios. Sasori era um desses casos, o moreno sabia que ele se formou aos sete anos na academia ninja, assim como ele. E aos oito o ruivo era Chunnin.

Enquanto o outro trabalhava ele pensava profundamente sobre isso. Todos ouviram falar de dele em tempos passados, registrado como Sasori da Areia Vermelha, o prodígio artesão que jogou fora seu corpo humano para se tornar um boneco incapaz de sentir dor, ou ter qualquer outras necessidades humanas. Era um tanto inusitado estar no mesmo cômodo que outro aclamado gênio.

E muitos conheciam aquela historia em Konoha, que a família daquele ruivo foi assassinada por Sakumo Hatake e desde então a velha avó de Sasori jurou-lhe vingança, mas não pode vencer devido ao suicídio do grisalho Hatake, anos antes. Porém oque todos sabiam era que foi após a morte de seus pais que o ruivo de Suna se tornou o melhor manipulador de marionetes já existente, com elas materializando sua real força e ambição até o ponto de se tornar uma delas. A beleza daquilo que nunca se desfaz, a visão de arte suprema do ruivo a sua frente: Um boneco vazio de emoções que o Uchiha não pode sentir nada enquanto observava. Apesar de tudo, gênios não surgem de um dia para o outro, são as nuances da vida que os fazem evoluir e fora exatamente isso oque ocorrera com Akasuna no Sasori.

 Oque lhe lembrava de que as maiorias das pessoas precisavam de uma vida organizada. Mas apenas gênios sabiam conviver com o caos, transformando a adversidade ao seu favor.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Incomodou-se ao extremo com a repentina movimentação próximo a si. Estava tão compenetrado e recluso que havia esquecido como era ficar ao redor de outras pessoas. Não era realmente muito bom, aquela agitação e vozes lhe perturbavam, entretanto havia algo que lhe fazia mais calmo em observar aqueles no seu entorno: Enquanto vigiava-os atentamente não conseguia ficar preso dentro de si mesmo imerso em suas angustias, e isso era um tanto reconfortante.

No final a outra dupla da Akatsuki ficara naquela hospedaria por duas semanas seguidas, até que o Uchiha estivesse desintoxicado e pronto para se recuperar. Finalmente vendo os dois se distanciando no horizonte acima das nuvens, num dos pássaros de argila de Deidara, o moreno suspirou: Não fora uma experiência de todo ruim e era bom receber ajuda de vez em quando.

‘’Que foi, Itachi-san?’’

‘’Nada!’’ Murmurou. ‘’Vamos embora, Kisame’’

‘’Ah, espera! Estava esperando que eles fossem embora para lhe dar isso’’ Curvou-se educadamente e entregou um envelope com as duas mãos, com as palmas da mão viradas para cima. O Uchiha não entendeu, mas aceitou mesmo assim.

‘’Oque é isso?’’

‘’Não sabe que dia é hoje? Bem, meus cumprimentos, você acaba de completar oficialmente o vigésimo aniversário. Agora é oficialmente um adulto’’.

‘’Que dia é hoje?’’

‘’14 de janeiro, é a 2° Segunda-feira de janeiro, oficialmente hoje se faz a cerimonia Seijin no Hi, o Dia da Maioridade’’.

‘’Hn’’ Murmurou ‘’Não pensei que fosse se lembrar disso’’ Disse-lhe desconcertado pelo azul ter lhe dado um presente: símbolo de proximidade e afeto, além de uma maneira de criar boas relações entre as pessoas.

Agora o Uchiha estava com alguns pequenos problemas em sua mente, muito diferente dos problemas que tinha antes de encontrar com Kisame e Sasori: Se via na obrigação de retribuir às pessoas que lhe deram alguma coisa ou lhe prestaram algum favor, afinal de contas era uma obrigação japonesa devolver favores aos outros como forma de manter a harmonia e a cordialidade em suas relações sociais. A gratidão era levada muito a sério fazendo parte da conduta de cada um.

Agora estava pensando em como devia retribuir aquele favor a Sasori e como agradeceria a Kisame, como forma de se desculpar pelo transtorno que possa ter causado a ambos. Mas que merda, a vida era cheia de dilemas...

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Pain convocou a todos com o jutsu Gentoshin porque eles finalmente conseguiram pegar a primeira Biju de uma calda: Shukaku, que tinha como Jinchuuriki um garoto chamado Gaara. O Uchiha não sabia o que dizer desse selamento, afinal esse seria o primeiro, mas ele não estava gostando nada...

Agora eles estavam todos juntos em suas formas astrais esperando Deidara e Sasori chegar, afinal foi eles que conseguiram a primeira captura.

Seu parceiro ainda não estava contente, ele queria ser o primeiro a capturar um dos Jinchuurikis. O tubarão estava aborrecido e bufou levemente.

Quando Deidara e Sasori tinham chegada o líder grunhiu: ‘’Estão atrasados’’ Falou rigidamente, ele não parecia nada contente e parecia estar com raiva também. ‘’Preparem-se agora’’ Falou apressadamente. Seu olhar era sinistro agora.

‘’O jinchuuriki era mais forte do que eu pensava... ’’ Falou Deidara rapidamente.

Itachi olhou para o menino ruivo, Gaara, com certa pena. Chateado com a morte de alguém que ele nem conhecia. Estava desconfortável novamente com a situação.

Não era para coisa boa, as pessoas no passado tentavam usar as bestas como armas de guerra, mas era inútil, elas eram muito poderosas para serem controladas, por isso as vilas que detinham a posse de uma das bestas passaram a sela-las em pessoas. Mas agora parecia que Pain quer usa-las para uma guerra novamente.

Tudo estava preparado e o ritual de selamento parecia nunca acabar. Era meio tedioso e cansativo, além de sinistro. Porém, ocorreu uma mudança: Zetsu avisou que inimigos se aproximavam da base.

‘’Os inimigos estão chegando perto, parecem ser fortes. Um deles se chama ‘Time Maito Guy’. O outro é o ‘Time Kakashi’ e eles estão com o jinchuuriki das Nove Caldas com eles... ’’

‘’A nove caldas esta aqui. Alguém sabe quem são os outros?’’ Perguntou o lider duramente.

‘’Um experiente Jounin de Konoha que usa Taijutsu e o outro é um Jounin que tem um dos olhos Sharingan, Kakashi o ninja que copia. Lutamos com eles quando estivemos em Konoha’’ Respondeu Itachi.

‘’Ótimo, então eu vou para-los, essa merda aqui esta um saco... ’’ Começou Hidan.

‘’Não mesmo, eu irei’’ Falou Kisame de repente. ‘’Tenho algo para acertar com o idiota Guy, eu vou acabar com ele dessa vez... ’’

‘’Kisame, não subestime o adversário’’  Avisou Itachi monotonamente.

‘’Tem mais de um time vindo. Kisame vai ficar com um dos times, o time Guy... Mas e o outro que está vindo?’’ Falou Zetsu.

‘’Eu já disse que quero lutar, porra’’ Falou Hidan aborrecidamente.

‘’Isso esta se saindo mal. São muitos ninjas e ainda tem a nove caldas...’’ Meditou Pain em voz alta.

‘’Não é difícil de imaginar. O jinchuuriki que capturamos era o Kazekage da vila da Areia, e atualmente Konoha e Sunagakure tem uma aliança... ’’ Falou o Uchiha rapidamente.

‘’Eu disse que esse cara foi difícil de capturar’’ Falou Deidara.

‘’Eu tentei dizer, as técnicas de Deidara não são boas com missões secretas... As explosões chamam muito a atenção... ’’ Falou Sasori mal humorado.

‘’Como se as suas técnicas fossem tão discretas assim... ’’ Devolveu o loiro.

‘’Quietos, vocês dois’’ Ordenou Pain.

‘’Eu vou lutar com esse outro time, Caralho!’’

‘’Não Hidan, eu vou!’’ Murmurou Itachi e Pain olhou-o desconfiado. ‘’Já que Kisame é meu parceir e se habilitou a lutar, eu também me habilito. Além disso, tenho mais conhecimento sobre as técnicas de meus adversários, eu serei mais útil’’ Disse rapidamente.

‘’Da ultima vez, seu conhecimento prévio sobre os adversários não nos trouxe a Kuyubi, Itachi’’ esconfiou. ‘’Espero não haver falhas dessa vez... Concentrem-se em atrasa-los apenas, se partirem para um ataque podem perde o foco da missão’’ Falou Pain, já fazendo um selo de mão.

Itachi não conseguia estar bravo com Kisame, afinal se fosse ele a lutar com o time Kakashi seria melhor, assim não teriam mortos e de certa forma não faria um mal muito grande a sua antiga vila e seus antigos amigos, podia lidar com as desconfianças de seu líder outra hora.

(O alaranjado fez um clone com trinta por cento de suas forças, de Kisame e dele, para lutarem)

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Ambos viram o nascer do sol quietamente, a manhã trazia um ar gélido.

Itachi tremeu de repente, os eventos que sucederam o selamento de Shukaku foram um grande problema, todos saíram do lugar sem maiores complicações com exceção de Deidara e Sasori que entraram numa briga para abandonar o lugar de selamento.

‘’O que foi?’’ Perguntou o espadachim quebrando o silencio finalmente.

‘’Não sei... Eu só... Tive um pressentimento ruim... ’’

‘’Em relação ao que?’’

‘’Eu não sei ao certo.’’

‘’Pare de besteiras, garoto. Tudo saiu bem, o selamento do Shukaku foi um sucesso e todos nós escapamos com vida... Agora é só pegar o próximo Jinchuuriki. Eu mal posso esperar... ’’ Falou animadamente.

Itachi assentiu, se perguntando por que aquela afirmação de Kisame não soava correta. Ele olhou para o sol e mesmo que os raios tivessem batendo nele e esquentando-lhe, ele estremeceu novamente, mas não de frio.

Podia não saber ao que seus pressentimentos se referiam, mas eles nunca estavam errados: Algo ruim tinha acontecido para a Akatsuki. E não sabia ao certo porque, mas no fundo no fundo sentia que jamais poderia retribuir aquele favor a Akasuna no Sasori.