Mudando de vida escrita por Pollux


Capítulo 1
The A Team


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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"The worst things in life come free to us!"
(As piores coisas na vida vem de graça para nós)

- Cara, não tô conseguindo as cervejas!

Já era a terceira vez que Rafael me ligava no dia por causa da festa. Mike fazia uma droga de uma falta.

- Caralho Rafael, fala meu nome e eles vão vender. Festa sem cerveja não dá.

Era sábado e meus pais tinham anunciado uma saída pra eles dois no dia anterior. Seja lá o que o Sr. Muniz -vulgo meu pai- havia planejado para minha mãe havia feito a casa ficar o final de semana todo disponível para mim. Claro que eu iria dar uma festa. Eu era convidado para todas as festas da cidade, modéstia a parte, mas uma festa na minha casa era diferente. Já vi que dava muito trabalho, porque quem costumava arrumar as festas ocasionais era meu melhor amigo, o Mike. Só que ele estava passando um tempo no interior cuidando da avó que não estava muito bem.

O que me restou ficar com Rafael. Gente boa pra porra, mas muito músculo e pouco cérebro. Ele disse que iria arrumar tudo, mas já estava começando a me arrepender de fazer isso. Muito estresse.

- Nic? Tudo bem?

Olhei pro lado eu vi Ana Clara. Loira, família influente na cidade, corpão. E minha namorada. Devo assumir para você caro leitor, que não havia sentimento nenhum na nossa relação. A mãe dela me conhecia desde pequeno. Nossos pais se conheciam há anos e foi instintivo para todos ficarmos juntos.

Mas não havia nada, só uma troca de benefícios. A gente ficava junto e fazia bem pra nossa imagem na cidade.

No momento ela aproveitava a espreguiçadeira do meu lado em frente à piscina. Apesar do dinheiro, minha casa não era grande. Ficava no condomínio, claro, mas ainda assim era uma casa simples.

- Rafael. Problema com as cervejas dessa vez.

Ela deu a risada esganiçada típica dela. Coisa que eu já estava acostumado.

- Ele não tem jeito né? Dá uma chance à ele. Ele vai conseguir.

- Lá vem você defendendo ele de novo, -suspirei frustrado - e você sabe que já é a terceira vez só hoje que ele me liga. Sem contar das mancadas anteriores. E quando ele colocou meu nome errado no meu trabalho de história e entregou à professora?

Ela bufa. E é mais um assuar de nariz do que um bufo, porque ela não abre a boca.

- Seu nome é difícil de escrever Dominic. Dá um desconto.

- Não se eu queria que a Sra. Faria acreditasse que foi realmente eu que fiz o trabalho. Como diabos alguém erra o próprio nome?

A risada dela foi interrompida pelo toque do celular novamente.

- Aí ó. Deve ser o inútil de novo. Deve ter sido algum problema com a comuda dessa vez.

Peguei o celular sem nem olhar e já fui cuspindo:

- Rafael, difícil assim cara. Tô quase cancelando isso.

- Sr. Dominic Muniz? - disse uma voz muito grave para ser de Rafael.

Afastei o telefone do ouvido para ver a tela e constatei o que já tinha descoberto: não era Rafael, e sim um número desconhecido.

- O próprio. Quem é?

- Aqui quem fala é o delegado Garcia. Eu não tenho uma noticia muito boa para te dar. Poderia vir aqui para a Dicity para a gente conversar?

- No momento não. Tô ocupado. Deixa para segunda.

E já ia desligando o telefone quando ele disse:

- Sr. Muniz. É sobre a sua família. Seus pais sofreram um acidente.

E assim minha vida despencou subitamente do paraíso pro inferno com apenas poucas frases.

- Chego aí em 01 hora.

Devo dizer pra você que no momento eu só pensei na minha mãe. Nem que me ameaçassem eu assumia que amava meu pai. Mas Dona Claudia era outra história. Enquanto meu pai era ausente, cuidando da empresa, participando de eventos da cidade ao lado do prefeito, minha mãe cuidava de mim. Ela me ensinou tudo de bom. Sou todo estragado porque cresci como a porra de um moleque mimado, não por falta de tentativa da minha mãe. Aquela mulher era meu mundo. E no momento tudo que eu tinha ouvido era que o meu mundo havia sofrido um acidente.

- Ana. Liga pro Rafael e cancela a festa. - disse levantando e colocando a camiseta na mesinha. - Algo surgiu e preciso correr.

Dei um rápido beijo nela que só assentiu. Conhecia-me bem e sabia que não devia perguntar.

Entrei no meu Jeep e corri. Como se eu tivesse sendo perseguido.

Chegando à delegacia, o delegado Garcia já esperava por mim. Dicity era uma cidade vizinha à minha cidade e era conhecida por ser bem pequena. Enquanto andávamos apressados para o hospital, ele me deu as informações.

Eles estavam indo pra praia quando tudo indicava que um animal passou na frente do carro e meu pai desviou, o carro passou num buraco e caiu na valeta do lado da estrada de cabeça para baixo.

Chegamos ao hospital e o Sr. Garcia foi ao balcão e conversou com a atendente e ela mandou alguém chamar o enfermeiro.

- Senhor Muniz?

Virei-me e dei de cara com o enfermeiro velhinho que meu deu a noticia que mudaria meu mundo.

- Sim. E então? Como eles estão?

- Posso te chamar de Dominic? Então Dominic, apesar de não ter ocorrido colisão frontal, a velocidade do carro de seus pais era grande. A sua mãe, a Sr.ª Claudia chegou aqui desacordada e com várias fraturas expostas e diversos ossos quebrados. A colocamos em um coma induzido para observar o estado dela. Esperamos que depois de algum tempo já se dê para ver como ela vai ficar. Mas de qualquer forma ela está estável, e respondendo bem.

Suspirei aliviado em parte. Minha mãe estava bem.

- E o meu pai?

Ele hesitou um pouco.

- Seu pai estava sem cinto na hora do acidente. E foi uma freada muito brusca. Ele bateu a cabeça no para-brisa e sofreu um traumatismo craniano. Tentamos de tudo, mas seu pai não resistiu aos ferimentos e faleceu. Sinto muito Dominic.

Claro que sentia. Não era a porra da família dele que estava sendo estraçalhada. Sentia-me anestesiado. Joguei meu corpo na cadeira de espera e eles me deram certo espaço.

Meu pai havia morrido. Morto. A palavra se repetia em minha mente. Mesmo com a ausência ele nunca deixou faltar nada pra mim e minha mãe. Ele não parecia gostar muito de mim, mas assim como eu, ele venerava Dona Claudia. E o que ia ser da minha vida a partir daquele momento? Eu pensava.

"O que nós faremos agora, mãe?"


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Notas finais do capítulo

Esse foi o primeiro capítulo. Sugestões? Críticas?



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