Estávamos na manhã de véspera de Natal, e como não podia deixar de ser, (assim como em todos os outros anos) estava a arranjar as decorações para essa data tão festiva.

Mas antes de começar a contar esta minha história natalícia vou apresentar-me:

Chamo-me Emily, tenho 15 anos e vivo em Londres.

Ando no Liceu, no décimo ano, sou morena e o meu cabelo é comprido, costumo andar com um rabo-de-cavalo bem grande porque embora não seja, adoro parecer uma “nerd”, uso uns óculos pretos que até me favorecem e os meus olhos são verdes.

Faço parte da equipa de Basketball do Liceu e neste momento estou a gozar as minhas férias de Natal que só terminam depois do ano novo.

Bem, como estava a dizer, estávamos na manhã de véspera de Natal, e eu, estava a decorar a árvore, e a casa toda, com os enfeites do ano anterior.

Naquele momento, estava sozinha em casa com a lareira acesa e com tudo pronto para começar a trabalhar nas sobremesas e jantar de Natal.

Os meus pais, (como já é costume), tinham ido atempadamente ao supermercado comprar o que faltava para as sobremesas, e enquanto esperava por eles, fui á cozinha ver se havia alguma coisa que eu pudesse fazer enquanto esperava que eles decidissem aparecer.

Nevava imenso, e estava muito frio nesse dia em particular, mas estávamos no inverno, portanto não se admirem se mais de metade desta história for para falar do quão branca é a neve e blá blá blá.

A lenha tinha acabado, e como não me apetecia morrer ali de frio, pelo menos naquele dia, decidi ir lá fora buscar mais madeira para colocar na lareira.

Peguei no casaco, no gorro, nas luvas e nas botas e lá fui eu a correr o mais que pude para não congelar de vez lá fora, mas assim que sai de casa toca o telefone.

Decidi ignorar, afinal é véspera de Natal, não podem ligar dia 26?

Peguei na lenha, coloquei-a no saco e corri para dentro antes que não me conseguisse mexer mais.

Assim que entrei o telefone volta a tocar, mas desta vez decidi atender.

— Sim?

— Emily!

— Quem fala?

— É o James…

— James! Aconteceu alguma coisa?

— Não… mas… os meus pais estão a organizar uma grande ceia de Natal e… queria saber se tu e os teus pais gostavam de vir…

Sempre adorei as ceias dos pais do James, lembro-me de quando eramos miúdos e o quanto brincávamos naquelas ceias…

— Bem, eu adorava ir! Mas neste momento os meus pais não estão aqui para lhes perguntar…

— Posso ligar mais tarde?

— Não, eu ligo a avisar…

— Okay, então… até logo.

— Até logo!

Devem estar a perguntar quem é o James… bem, os pais dele são muito amigos dos meus, conhece-mo-nos desde sempre, mas já não nos vemos pelo menos há 1 ano.

O James é muito giro, tem cabelo castanho, olhos super verdes e é um ano mais velho que eu, quando éramos miúdos brincávamos muito juntos e admito que tive um fraquinho por ele…

Ele nunca soube disso, e assim vai continuar.

Voltei a pegar na lenha e levei-a para ao pé da lareira. A casa já estava a arrefecer, por isso apressei-me a acende-la novamente.

Despi o casaco, descalcei as botas, tirei o gorro e as luvas e fui até á cozinha fazer um chocolate quente.

Enquanto bebia não conseguia parar de pensar no convite do James, sim éramos amigos á vários anos e sim eu tive um fraquinho por ele mas… já não nos víamos á 1 ano! Nunca pensei que ainda se lembrasse de mim…

De repente oiço a porta bater.

— Josh, eu tinha-te dito para não trazeres essa estrela horrível!

— Mas Mary… era o que havia em promoção!

— Tu e a mania das poupanças… nem no Natal podes ser menos forreta?

Senhoras e Senhores apresento-vos os meus pais, Josh e Mary. O meu pai ultimamente andava obcecado com poupanças, e embora a minha mãe também quisesse poupar, já estava um pouco farta do comportamento obsessivo dele.

— Eu não sou forreta Mary, simplesmente preocupo-me com os gastos.

— Sim, pois, como queiras. Eu vou arrumar isto á cozinha.

Estava para perguntar se podíamos ir á ceia dos pais do James, mas não achei aquele momento propriamente adequado para lhes perguntar, por isso decidi esperar um pouco mais.

— Então mãe… o que trouxeste?

— Trouxe ingredientes para fazer 2 bolos, arroz doce, mousse e uma torta!

— Queres tanta comida para quê?

— FOI EXATAMENTE O QUE EU LHE PERGUNTEI NA LOJA! – disse o meu pai aos gritos (porque estava na sala).

— OH CALA-TE JOSH! – respondeu a minha mãe.

— Sabem, quero perguntar-vos uma coisa…

— Diz querida…

— Bem, os pais do James estão a organizar uma grande ceia e ele convidou-nos para ir… podemos?

A minha mãe sorriu, sobe exatamente o que aquele sorriso significou, ela sabia que eu, quando era criança, tinha um fraquinho pelo James e dizia que ele também tinha um por mim, mas eu nunca achei isso.

— Ah, o JAMES convidou-nos…

Percebi que ela gritou o nome dele para o meu pai aparecer, e foi o q ele fez.

— Pois Mary, o JAMES convidou-nos…

— Okay, Okay, já todos, até os vizinhos, percebemos que o JAMES nos convidou, agora já me podem responder?!

— Bem querida, eu adorava ir a esse encontro, quer dizer… ceia… mas eu e o teu pai temos de tratar de umas coisas… não é querido?

— Sim, sim, sem dúvida que temos querida…

— Mas autorizamos-te a ir a essa “ceia” se quiseres.

— Ai autorizamos?!

— Autorizamos! – disse a minha mãe ao mesmo tempo que batia no braço do meu pai.

— Ah sim, autorizamos…

Percebi exatamente o que eles estavam a tentar fazer, mas eu realmente queria ir aquela ceia, por isso aceitei.

Fui até ao meu quarto e mandei uma mensagem ao James:

“Olá! É a Emily… os meus pais não podem ir á ceia mas… deixam-me ir… ainda queres que vá?”

Ele respondeu quase instantaneamente:

“Claro que quero! Mal posso esperar! A ceia é ás 20.00… fico á tua espera. Beijo.”

Eu também mal podia esperar… aquela ceia ia trazer-me muitas recordações!

Agora só faltava escolher a roupa e esperar que chegasse a hora de ir…