Allium... esse era o nome do lugar para onde Brandan estava me levando. Então Astrid era... a princesa de Allium?

Tentei me sentar na cama, mas senti uma forte tontura e fraqueza nos braços.

– Se acalme. – Astrid segurou meus ombros para que eu permanecesse deitada – Você está bem, apenas fraca. Pode descansar. É uma honra tê-la aqui.

Espere aí.

A princesa de todo um reino, país, sei lá como se chamava nesse universo medieval, estava dizendo que era uma honra ME ter como... hóspede?

Ela está sendo amigável porque ainda não viu o quanto introspectiva e centrada em si mesma você pode ser.

Franzi os lábios e olhei novamente para a princesa.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Ao que me pareceu, você estava em uma espécie de transe. – Astrid se sentou novamente na cadeira de mármore que havia ao lado da cama. Parecia pensativa – Você não estava dormindo... meu palpite é que estivesse tendo uma visão...

Uma visão.

– Uma visão? – franzi o cenho.

– Sim... – Astrid ainda estava pensativa – O que você viu, se posso perguntar?

As imagens de meu sonhovisão passaram novamente por minha mente.

– Vi uma mulher de cabelos vermelhos e olhos violeta dançando em uma festa em um jardim, acho que seu nome era Aella; um homem, Lothar, a desafiou a cantar e ela cantou... – forcei a memória para me lembrar da música, mas apenas alguns fragmentos me vinham a mente.

Reconhecimento brilhou nos olhos da princesa Astrid, mas ela apenas assentiu.

– Entendo. – me olhou – Foi realmente uma visão, Alexandra. Mas precisa ter cuidado com isso. – me olhou seriamente – Visões podem ser manipuladas por outras pessoas que tenham o conhecimento necessário para isso.

Balancei a cabeça positivamente, enquanto ela me entregava uma taça com água.

– Descanse. – ela sorriu – Poderemos conversar quando estiver melhor. – parou em frente a grande porta e me encarou, dessa vez com um olhar divertido – Direi a Brandan que acordou; ele estava morrendo de preocupação. – e saiu.

Tombei minha cabeça novamente no travesseiro fofo; o que estava acontecendo com minha vida? Literalmente meu mundo virou 360 graus!

Eu quero meu pai...

Senti as lágrimas chegarem aos meus olhos com uma velocidade absurda, mas as afastei; não ia me adiantar de nada chorar... pelo menos as pessoas que encontrei até agora me tratam bem. Talvez esteja segura até achar um jeito de voltar para minha casa. Ou talvez isso não passe de um sonho maluco que estou tendo. Talvez eu ainda esteja dormindo.

Fechei meus olhos.

E logo me vi em outra visão.

Uma mulher de cabelos longos e escuros caminhou por um grande salão e acendeu uma tocha que ficava presa a parede. Ela tinha olhos maldosos e uma expressão astuciosa.

– Quer dizer que a maldita princesa realmente deu a luz a uma filha, e garota está aqui... – ela falou, com uma voz suave, para um homem todo vestido de preto parado em frente as grandes portas. Não conseguia ver seu rosto, já que estava oculto pelas sombras – Devo admitir que Aella foi realmente muito sábia ao esconder a cria com o pai em um lugar aonde eu não poderia entrar livremente. – ela olhou para o homem – Sabe aonde ela está? Em qual reino, palácio, castelo, vilarejo ou bordel a cria de Aella está?

– Não, senhora Elleiä, mas mandei meus melhores homens para investigar. – a voz dele me era familiar, mas eu não saberia dizer se já a tinha ouvido ou era apenas minha imaginação.

– Espero que me tragam a garota. – Elleiä disse rispidamente – Preciso mata-la. Aella me desafiou uma vez e escapou, mas mesmo assim minha maldição caiu sobre ela. A garota irá morrer... como a mãe. – ela sorriu.

Então a moça tão bonita de cabelos ruivos que vi em meu sonho morreu? E deixou uma filhinha... Sinto pena da garota... eu posso ter crescido sem mãe, mas pelo menos ninguém estava me caçando para me matar...

***

Elleiä: