3567: Uma nova era escrita por Just a Player


Capítulo 1
Um novo começo


Notas iniciais do capítulo

Bem, o primeiro capitulo dessa minha historia me animou muito e espero que gostem muito dela. Boa Leitura a todos!



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-Pare ai, meliante! – Dizia um policial que me seguia em sua moto flutuante, um modelo antigo usado somente por policias.

Mesmo ele estando pilotando tal veiculo eu tinha vantagem de conhecer todas as ruas e becos daquele distrito, só precisava despista-lo e sabia como fazer isso sem problema, cruzei um beco e comecei a subir uma escada que levou direto para um cano quebrado que era maior que eu, me escondi em seu lado escuro e esperei a luz da moto passar e estar distante. Quando percebi que era seguro sai tomando o caminho para casa, tomei o caminho mais escuro e menos patrulhado passando pelas ruas e ruelas mais mal frequentadas da cidade.

Iria matar o maldito do Tyler por fazer aquilo comigo, iria ter de me esconder da policia por uns cinco dias ou uma semana, parecia que o menor não conseguia entender que se a policia ficasse atrás de mim eu não poderia trabalhar na loja nem conseguir dinheiro para sustentar a casa. Após alguns minutos de caminhada estava de frente para minha casa que ficava em cima da loja em que eu trabalhava e era dono, na verdade era uma pequena garagem onde eu trabalhava já que não tinha carro para guardar ali.

Abri a porta e subi para o segundo andar, meu irmão parecia ainda estar na rua o que era um bom sinal, ate que ele chegasse eu poderia me acalmar para não fazer uma besteira e mata-lo! Tirei as minhas roupas indo tomar um banho, a água quente relaxou meus músculos aliviando o cansaço da corrida, afinal tive de ser em alguns momentos mais rápido que uma moto, em velocidade eu perderia, mas com a ajuda das curvas, escadas e tuneis me dei bem no fim.

Mesmo com o barulho das gotas batendo no piso eu consegui escutar a porta abrindo, no mesmo momento desliguei o chuveiro e coloquei as minhas roupas correndo, minha camisa verde fosca com minha calça jeans escura com um pequeno rasgado no joelho e minha jaqueta de couro preta, por fim calcei meu habitual tênis e abri a porta do banheiro fazendo com que o aglomerado de vapor saísse de uma vez do pequeno cômodo que não tinha mais que seis metros quadrados.

-E ai Holden, como que você se virou com o policial, maninho? –Disse rindo da minha cara.

Corri ate o mesmo e o prensei contra parede colocando meu braço contra seu pescoço enquanto o outro segurava suas mãos para baixo, estava com vontade de arrebentar aquele moleque, além de fazer aquilo tudo ainda tinha coragem de tirar uma com a minha cara, realmente não tinha como sermos irmãos. Ele se assustou com meu movimento, mas logo normalizou e começou a olhar para mim sorrindo.

-Seu inconsequente! - Apertei com mais força seu pescoço contra a parede.

-Calma maninho, ambos sabemos que você não vai me machucar. – Seu olhar cínico me dava nojo, ele infelizmente me conhecia muito bem.

-Você tem de parar de se meter nessas lutas Ty, e a quinta vez esse mês e a terceira que eu tive de me meter, só que dessa vez acabou resultando em uma perseguição policial. – Soltei-o e dei as costas para ele passando minha mão sobre meu rosto.

-Desculpa Den. Mas eu já descobri quem chamou os policiais, amanha mesmo dou uma lição neles.

-Você não tem de dar lição em ninguém! – Acabei me exaltando e gritando com ele. – Olha aqui Ty, você precisa arrumar um emprego e ajudar no sustento da casa. Eu sozinho na oficina não estou dando conta dos pedidos, que tal você começar me ajudando? – Coloquei minha mão direita em seu ombro e levantei a palma da mão esquerda para ele.

-Não quero ser um mecânico furreca. – Ele me empurrou indo para cozinha. – Não vou me matar de trabalhar como você e o papai, eu sei que sou destinado a algo bem melhor que isso!

-Volte para realidade Tyler, você não é um Top! – Vi que ele abria a geladeira e o impedi que fechasse. – E o papai não se matou de trabalhar, você era muito novo para se lembrar des....

-Eu lembro muito bem! –Tyler se exaltou e apertou o litro de leite com tanta força que chegou há derramar um pouco. – Eu me lembro do papai trabalhando e te ensinando a consertar as coisas, ele trabalhava todas as madrugadas e raramente conseguia ter mais de três horas de sono.

-Não fale do papai! Se não lembra ele morreu te salvando do incêndio! – Quando percebi eu e meu irmão chorávamos, como uma discussão sobre briga foi chegar ate nossos pais mortos?

Virei e limpei as lágrimas na manga da minha blusa, não vi, mas Tyler devia estar fazendo o mesmo. Odiava quando enfiávamos nossos pais nas conversas, mas ultimamente tinha se tornado mais frequente isso, estava tentando compreender meu irmão, mas não conseguia mesmo tentando ao máximo, o que levava uma pessoa a se meter em tanta briga? Já tinha completado seus estudos e parecia não querer trabalhar, só ficar vagabundeando, ele tinha de amadurecer um pouco deixando aquela fase para trás.

-Pelo menos tente arranjar um emprego Ty, você tem de amadurecer. –Andei em volta da mesa indo para cozinha e atrás dele continuei. – Não estou reclamando de viver com você aqui, afinal você é minha única família, mas você não sente vontade de ser mais independente e não precisar ficar pegando meu dinheiro para tudo?

-Se queria que eu saísse da sua casa e parasse de pegar seu dinheiro podia ter falado antes. – Ele abaixou sua cabeça ficando com aquela postura desanimada, mesmo que não gostasse de admitir ele sabia como me manipular direitinho.

-Não, não quis dizer isso, quero que você fique. –Odiava não resistir às palavras dele, pelo menos uma coisa ele tinha puxado do papa, essa lábia marota. – Faz o seguinte, provavelmente eu não vou trabalhar ate domingo já que os policiais estão na minha cola, você tem ate lá para arranjar emprego. Se não tiver conseguido vai ser meu entregador, serviço fácil em que você vai poder usar a moto e não tem muito esforço físico.

-Você vai me deixar usar a moto? –Ele se voltou surpreso para mim, realmente não confiava nele, mas as circunstâncias me faziam ter de confiar. –Te amo mano, finalmente vai parar de me tratar feito criança.

Abraçamo-nos e ele foi para o seu quarto, esperava mesmo que Ty tomasse jeito na vida e começasse a ter uma postura conforme a sua idade, já tinha dezenove anos e tinha de agir como tal e não como um adolescente qualquer que sai hackeando quase tudo para se mostrar melhor para os amigos. Com o problema inicial já resolvido eu sai de casa, afinal não tinha me arrumado para me sentar e ver televisão, enquanto descia as escadas coloquei a minha lente e o meu fone de comunicação e fui andando.

Tinha combinado de encontrar Thomas e Aysha para irmos comer algo e descontrair na rua principal, o lugar mais próximo que nos commons conseguimos chegar dos Tops, também era a rua com maior numero de lanchonetes e boates, mas por eu não gostar de ir a boates íamos só comer algo e conversar em uma das lanchonetes que lá havia conhecida como ‘Mr. Lanches’’. Quando estava me aproximando da rua recebi uma chamada de áudio pelo meu comunicador e então atendi.

-Que foi Aysha? –Usei um tom de voz de desanimo para fazer parecer que eu tinha esquecido e estava em casa.

-Você já esta chegando Den? –Ela parecia preocupada, ou pelo menos a entonação da sua voz.

-Chegando onde? – Tive de me controlar para não rir pondo a mão na boca.

-Não acredito que esqueceu. Nossa cara, muito legal da sua parte dar o bolo na gente assim. – Estava morrendo de rir por dentro com as palavras dela.

–Estamos no Mr. Lanches como combinado, vê se arruma rápido ai e vem para cá.

-Buu! –Cheguei por trás dela e coloquei as mãos em seus ombros, ela se assustou de leve enquanto eu e Tom riamos muito dela.

-Vou te matar Den! Odeio levar susto! – Sua cara de aflita passou para nervosa.

-Desculpa Aysha, só uma brincadeirinha. – Segui cumprimentando Tom com um aperto de mãos. – E ai cara.

-Eu estou beleza, e você? – Fazia uns dois dias ou mais que não o via e quando isso acontecia com certeza tinha algo de errado.

-Vamos nos sentar rapazes, depois falamos da vida. – Como ela falou entramos no estabelecimento e pegamos uma mesa para quatro sobrando então um lugar.

Aysha tinha seus cabelos negros presos em um rabo de cavalo muito volumoso, sua pele morena realçava o seu olhar e as suas atitudes de fera indomável, seus olhos negros eram inacreditavelmente bonitos reluzindo sempre que era possível, ela trajava uma blusa cropped branca e sua calça marrom escura presa por um cinto negro com detalhes de metal. Usava também dois brincos circulares e varias pulseiras em seus braços sendo umas de tecido e outras de metais. Pena que éramos amigos porque ela era muito bonita, mas mesmo que eu quisesse não daria certo, era melhor então manter essa boa amizade.

Thomas também continuava o mesmo, com seus cabelos loiros atrapalhados e meio sujos e seus olhos azuis encantando todas as garotas que o cercavam, ele também tinha um corpo bem musculoso devido à academia que fazia. Ele usava uma calça jeans quase preta, uma blusa vermelha simples e uma jaqueta preta, ele também tinha consigo visivelmente o seu colar que segundo ele fora um presente de sua mãe, fazia sentindo então ele nunca tirar aquilo do pescoço.
-Vai me contar as novidades Tom?- Enquanto falava eu olhava o cardápio eletrônico que ficava dentro da tela da mesa.

-Não sei como você consegue perceber que estou escondendo as coisas, você deve ter o poder de ler mentes. –Ele parecia surpreso, mas sua expressão denunciava-o para qualquer um que conhecesse ele por mais de três dias.

-Fala Tom, eu também fiquei curiosa para saber o que você esta aprontando. Finalmente arranjou uma namorada? – Aysha tirava sarro da cara dele pelo mesmo nunca ter tido um relacionamento serio.

-Não enche Aysha, e eu não estou namorando não. – Ele ficou meio bravo e começou a mandar os pedidos.

-Fala ai cara, não da bola para ela, você já sabe que ela sempre quer te irritar. – Ele virou o olhar para ela e depois para mim parecendo que finalmente iria falar algo.

-Consegui uma promoção no meu emprego! – Eu e Aysha ficamos surpresos com aquilo, Thomas sempre trabalhou como carregador de uma empresa que pagava bem, arranjar um emprego assim do nada era algo inesperado dele.

-Parabéns, uma chance de melhorar sua vida. – Eu sorri para ele e anunciei. – Essa noite é por minha conta, pode pedir o que quiser que eu pago, vamos comemorar essa nova etapa na sua vida.

-Vai trabalhar com o que agora? – Aysha estava seria, mas por que se a noticia tinha sido tão boa?

-De carregador há supervisor, o salário aumenta consideravelmente, quase triplica além dos bônus de férias e o resto. – Ele sorriu e no momento os nossos lanches chegaram, três hambúrgueres com um copo de suco de uva, um copo de vodca e um de refrigerante para mim.

-Então a noticia é realmente boa. – Aysha que estava do lado dele deu um tapinha nas suas costas sorrindo, mesmo com a implicância entre os dois eram bons amigos.

Enquanto saboreávamos os nossos respectivos lanches escutamos o barulho de uma explosão é muitas pessoas correndo e gritando, eu não sabia o que era, mas no mesmo momento larguei o meu lanche e fui correndo ver do que se tratava. Quando cheguei na rua vi que um dos trens da terceira linha superior tinha caído e causado um grande acidente colidindo com diversos carros e motos flutuantes além de interrompendo o transito de cinco linhas inteiras (contando duas inferiores). Há alguns metros a minha frente havia um homem caído sangrando com a sua moto um pouco quebrada ao seu lado, uma queda daquela altura podia causar grande ferimentos nele, eu imediatamente corri ate ele e vi que estava consciente ou pelo menos quase, a dor devia estar sendo muita para ele.

Fazendo uma analise mais profunda ele tinha um ferimento no braço e um na região direita do seu peito na altura dos pulmões, ele sangrava muito e se não fizéssemos nada ele provavelmente morreria de hemorragia. Todos pareciam assustados de mais para ajuda, tive então de ir socorre-lo sozinho, eu tirei a sua blusa e a usei para estancar o sangramento do seu braço enquanto peguei a minha jaqueta para estancar o ferimento que ele tinha no seu tórax, mesmo assim ele ainda parecia estar sofrendo muito pela dor, tanto que acabou desmaiando. Ele precisava de tratamento logo, mas as ambulâncias não conseguiriam chegar no local por causa do transito impedido pelo trem.

-Aysha! – Tom e ela estavam olhando o que eu fazia como todos os outros, de boca aberta como dois idiotas. Quando chamei ela veio rapidamente ate mim. – Pega a moto dele para mim, tenho de levar ele para o hospital e sei de um atalho pelos tuneis que dá para usar desviando do transito.

-Mas a moto esta quebrada Den, não vai ter como. – Ela parecia assustada com aquilo, havia me esqueci que ela tinha um certo temor de sangue e aquela poça pequena que cercava o homem parecia estar deixando ela aflita.

-Eu mandei pegar! – De i um grito para ver se ela acordava, ela balançou a cabeça e pegou a moto para mim. – Vejamos o que tem de errado com essa belezinha.

Abri o compartimento do motor da moto e dei uma boa olhada revisando tudo, o problema parecia ser só um no momento, um dos fios e uma das engrenagens magnéticas tinham soltado. Se tivesse com os equipamentos da oficina conseguiria consertar aquilo rápido e sem muitos problemas, mas da forma como estava só podia fazer um concerto provisória improvisando os equipamentos que tinha ali no meio da rua.

-Aysha me da o seu brinco. – Disse esticando uma mão enquanto continuava olhando para moto.

-Eles custaram muito cara Den. – Não sabia se ela estava brincando com a minha cara ou não, mas de toda forma tive vontade de esgoela-la.

-Custou mais que a vida de uma pessoa? – Ela no mesmo momento tirou seu brinco e deu para mim.

Eu tirei o meu comunicador de áudio e abri ele tirando assim três pequenas peças minúsculas e de difícil manuseio, qualquer erro ali e não conseguiria consertar a moto, com cuidado eu coloquei os três filetes de metal dentro do brinco e coloquei ele no lugar da engrenagem magnética, retirei um fio do meu comunicador que já estava destruído e coloquei no lugar do outro.

-Vamos ver se funciona.- Liguei a moto e o motor funcionou, mas a luz da roda traseira não foi acionada o que significava uma falha em seu flutuador. – Porra!
Eu coloquei a moto de volta no chão e ui olhar na roda de trás da moto, percorri toda ela ate achar um trincado na superfície da roda, com aquele buraco mesmo que pequeno a moto não ligaria, e eu não conseguiria um material daqueles naquele lugar para arrumar. Eu olhei em volta e vi todos ainda parados ali com Aysha desviando o olhar do homem enquanto Tom parecia sem saber o que fazer, tinha de salva-lo. Havia uma forma de fazer a moto funcionar, mas era perigoso e eu não podia garantir, mas entre o duvidoso e a vida do cara eu preferi a vida dele.

-Alguém tem ai uma lente convergente? –Gritei alto para as pessoas que olharam para mim e demoraram alguns minutos para entender, para meu azar ninguém ali tinha, mas Tom sai correndo a procura de uma. Eu olhei para o homem e segurei a sua mão com força tentando inspira-lo ao resistir. –Aguente firme cara, você vai ser salvo.

Thomas chegou correndo com a pequena lente em suas mãos, eu coloquei a moto de pé e liguei o motor, coloquei a lente na casca vazia do meu comunicador e coloquei perto do motor que alcançava temperaturas altíssimas. Com a lente derretida eu despejei ela sobre o pequeno trincado e esperei alguns segundos para que esfriasse, sem muito tempo eu liguei o motor e a roda brilhou, porém não duraria muito tempo.

-Me ajude aqui Thomas a colocar ele na moto. –Thomas era bem mais forte que eu e conseguiu pegar o cara com facilidade colocando ele na moto e prendendo ele nela, eu subi nela e liguei. – Se segurai ai.

Eu acelerei e segui pela rua principal ate uns dois quilômetros a frente e depois virei em um beco pegando assim um atalho, que se consistia em cortar por beco e depois descer no túnel do escoamento de água desviando do transito, o problema seria se a moto não conseguisse subir o paredão ate a rua normal saindo do buraco. Sem demora já estava entrando no túnel de escoamento que um pouco escuro então tive de redobrar o cuidado sem reduzir a velocidade, uns minutos depois cheguei a parte iluminada me permitindo ver o paredão. Acelerei o máximo para que a moto subisse aquilo, no inicio estava tudo bem, mas depois da metade a moto começou a tremer e a perder velocidade, faltava só um pouco para o hospital.

-Eu não vou deixar você morrer não! – Virei o acelerador ao máximo ate ele quebrar e travar no mesmo, a moto deu uma acelerada e quase que o outro homem cai, sorte que seu pé prendeu no banco.
Passando o paredão não demorou para chegarmos no hospital, larguei a moto lá e entrei carregando o homem em meus braços, o hospital era branco tanto por fora quanto por dentro para chamar a atenção, com mais cinquenta andares ele cabia muita gente. A recepção estava quase vazia, fui ate a atendente no balcão e falei:

-Moça, preciso de ajuda para esse homem. – Minha voz estava falhando enquanto meu coração acelerava.

-Qual o nome dele? Qual a sua relação com ele? – Ela parecia super normal vendo um homem escorrendo sangue em sua frente.

-Eu não sei o nome ele, ele sofreu um acidente na rua principal e ele estava muito ferido. Ela precisa de ajuda agora!!! – Gritei naquele lugar de tal forma a fazer eco, a moça se assustou e tratou de providenciar uma maca e um médico para cuidar dele.

Com o cara já sendo atendido eu me joguei em uma das cadeiras de espera existentes ali, acho que estive sobe tanta pressão nesses últimos minutos que podia ficar relaxando de boas sem me preocupar com nada, infelizmente eu tinha de ir embora e ver como Aysha e Thomas estavam, sem contar o meu irmão que iria começar a aprontar se demorasse muito há chegar em casa.

Levantei após meia hora de descanso e fui dentro do hospital ver como andava aquele cara, ele já tinha saído da sala de cirurgia e estava descansando tranquilamente em uma das camas, parecia que ele ia ficar bem no fim de tudo, eu desci e peguei na recepção um papel e escrevi um bilhete nele comunicando que a moto dele estava estragada e que era melhor ele não tentar pilota-la de volta para sua casa, iria colocar esse papel na moto quando ao sair do hospital bati de frente com uma garota derrubando ela e o papel no chão, estendi a mão para ajuda-la a se levantar e a mesma recusou dando um tapa na minha mão.

-Olhe por onde anda! – Ela já estava de pé e consegui então ver a sua aparência, era uma garota de pele clara e cabelos vermelhos bem fortes, tinha olhos azuis tão claros que parecia ser feitos de vidro, ela usava uma jaqueta preta é uma calça jeans com um pedaço rasgado.

-Você que veio andando e olhando para o seu Hand Pad, não tenho culpa se é desatenciosa – Ela tentou disfarçar puxando a manga da jaqueta para cobrir o Hand Pad, depois olhou para mim nervosa.

-Eu sou filha do dono desse hospital e de muitos outros para seu interesse! –Ela apontou o dedo para mim e quase enfiou na minha cara.

-Primeiro que não é do meu interesse saber de quem você é filha, se não tem personalidade própria não use a do seu pai.- Enquanto falava eu tirava o dedo dela de dentro da minha cara. – Segundo, tinha de ser uma Top.

-Seu commom, você não tem o direito de falar assim comigo! – Ela bateu o pé no chão como se fosse dar em algo, já tenha me estressado muito por um dia e não tinha de aturar essa dai .

-Se não sabe eu tenho o direito sim, se não foi a escola e não aprendeu isso não precisa ficar com vergonha. Tanto Tops como commons tem os mesmos direitos, a única diferença é o dinheiro, no caso eu tenho direito sim de falar assim com você.- Ela ficou mais brava e me enfureceu também. – E agora me dá licença que tenho coisa melhor para fazer do que discutir com uma garota insipiente, e senão sabe o que significa vai pesquisar.

Sai dali e fui andando para casa, pouco me importava para aquela garota, isso era na verdade o que mais me irritava nos Tops, por serem mais ricos e morarem nos luxuosos prédios achavam que eram superiores a nos commons. Estava tão bravo que nem reparei no tempo gasto para chegar em casa, infelizmente minha jaqueta tinha ficado no hospital além da minha camisa que era verde ter ficado de um preto gosmento e molhado, fui direto para o banho sem nem ir ver se Tyler estava em casa, depois que todo o sangue tinha saído do meu corpo eu fui para o meu quarto, me troquei e deitei.

-Finalmente chegou em casa Holden, estava fazendo o que ate essa hora? –Ele apareceu na porta do meu quarto jogando o meu rosto uma luz irritante que vinha do seu Hand Pad. – Aysha e Thomas ligaram a sua procura o que quer dizer que não estava com eles, finalmente virou homem e arranjou uma namorada?

-Para de encher Tyler! – Taquei a primeira coisa ao meu alcance nele, que no caso era o meu travesseiro.

-Agora falando serio, tudo bem com você? –Ty fez aquela cara de preocupado dele que era extremamente irritante por ser tão infantil e fofa me fazendo querer apertar as bochechas dele como fazia quando ele era mais novo. – Eles contaram sobre o acidente e que você levou um cara para o hospital.

-O cara esta bem, eu só estou irritando porque trombei com uma Top irritante no hospital e você sabe que eu não suporto os Tops...

-...porque eles são muito arrogantes e se acham donos do mundo e de tudo nele’’. Você repete tanto essa frase que já decorei, mas quando formos ricos e Tops também seremos diferentes. - Ele disse sorrindo e voltando para seu quarto.

Nem peguei uma coberta, dormi da forma como estava e não queria saber de acordar de maneira nenhuma, não precisava me preocupar com Tyler me acordar, pois eu sempre o acordava e se não o fizesse ele continuaria dormir ate depois de meio dia, também não tinha de abrir a oficina então tudo estaria ótimo. Quando me levantei no outro dia já eram duas da tarde e como esperado Tyler ainda estava dormindo, eu fui ate a sua cama e chamei o mesmo, se ele demorasse muito iria perder seu horário diário na academia o que ele odiava quando acontecia.

Fiz um café rápido só para ele não sair de barriga vazia, quando ele saiu eu fiquei sozinho em casa sem saber o que fazer, Aysha estava trabalhando e Tom estaria recebendo instruções do seu novo serviço na empresa, sem poder abrir a oficina não tinha o que fazer em casa e odiava ficar parado, decidi então ir ate a academia onde meu irmão malhava fazer uma aula de Taekwondo, geralmente fazia só três aulas por semanas, mas como já era faixa preta e amigo do mestre ele não se importaria de me deixar praticar uma vez a mais sem pagar.

Lá eu cumprimentei ele e pedi permissão para o mestre para que eu fizesse a aula e ele consentiu, o Taekwondo era uma das poucas lutas que haviam sobrevivido do século XXI ate hoje em dia, ele era uma das principais mesmo que pouco conhecida já que poucos faziam aulas de luta ou defesa pessoal devido ao grande número de equipamentos de segurança e a grande fama do MMA que se tornara nos dias atuais uma selvageria só onde na maioria das lutas um acabava morrendo, tudo isso para que os Tops se entreterem.

Quando acabou a aula eu resolvi ir ao hospital ver como aquele cara estava indo, voltei em casa e peguei a moto já que era bastante distante aquele hospital, cerca de uma hora e meia a pé. Minha moto não era tão boa quanto a daquele cara, na verdade a moto dele era muito boa mesmo para um commom, agora pensando bem era uma das motos mais caras e velozes do mercado, a minha era de um modelo mais antigo do que as dos policiais, porém eu dera uma turbinada nela deixando mais rápida caso fosse preciso fugir.

Chegando no local eu fui direto para o quarto em que o cara se encontrava e vi o corredor repleto de pessoas sendo elas principalmente jornalistas, realmente eu tinha razão na minha ultima decisão, o cara que eu havia salvado era um Top! Isso não mudava em nada para mim quanto a ter salvado ele, sendo ele Top ou Commom eu o salvaria, tinha um coração meio mole e não gostava de ver os outros sofrerem. Eu entrei ate a parede de vidro do quarto, mas vi que o local estava muito cheio e seria melhor voltar depois.

-Senhor! Espere ai! – Uma das enfermeiras veio correndo trás de mim. – O senhor Glass quer ver você.

Segui ela de volta ate o quarto, pelo visto o homem se chamava Glass, isso era tudo que sabia dele, quando entrei no quarto os jornalistas e fotógrafos saíram e a parede de vidro foi alterada ficando assim negra para que ninguém visse ou conseguisse ver o que falávamos, ate mesmo a enfermeira me deixou ficando só eu e o Sr. Glass. Ele parecia ser um pouco mais velho que eu, talvez uns três anos ou menos, ele tinha cabelos negros lisos e curtos bem arrumados em seu rosto, com olhos negros que pareciam mostrar a sua alma ele me olhava fixamente sem dizer uma palavra. Tinha em seu braço esquerdo uma grande tatuagem em forma de sangue que ia dos seus dedos ate um pouco antes do seu cotovelo.

-Obrigado por ter me salvado noite passada. –Ele sorriu com a boca fechada e seu rosto pareceu mais tranquilo com a minha presença.

-Não foi nada Senhor Glass. – Queria que aquilo acabasse logo, me sentiria melhor se ele não estivesse sendo cercada pela mídia.

-Só Glass, Glass Kiutt. E qual é o nome do meu salvador? – Seus olhos eram cada vez mais assustadores, mesmo estando com a aparência mais alegre ainda sim sentia um certo temor.

-Me chamo Holden Comberm. –Disse sem fazer cerimônias enquanto me sentava em uma cadeira do seu lado direito.

-Mostraram para mim o vídeo de você me socorrendo e consertando a minha moto com peças encontradas na rua.

-Sobre isso, desculpa não ter feito um trabalho melhor, na verdade acho que ferrei a sua XVolts 360 com os reparos precários que fiz, se tivesse minhas ferramentas ela estaria novinhas, mas acho que acabei inutilizando ela. –Realmente estava um pouco chateado com aquilo, uma moto tão boa que eu consegui acabar.

-Você é mecânico? – Ele pareceu somente meio surpreso. – Digo, pessoas normais mesmo gostando de motos diriam que a minha moto é uma simples XYX 1020.

-Sou sim, tenho uma pequena oficina no distrito trinta e sete. –Olhei para ele achando um pouco familiar. – Bem, acho que vou indo.

-Calma, eu estava te esperando, mas não era só para te agradecer. – Ele virou e se levantou da cama, seus ferimentos pareciam estar ótimos de forma que ele já podia ter ido embora. –Tenho uma proposta para te fazer.

-Uma proposta? –Estranhei muito aquilo, o que esse tal Glass poderia querer comigo?

-Sim, já ouviu falar de Maytior? –Ele parou do meu lado e no mesmo momento me levantei.

-Claro, é o jogo mais cobiçado e assistido por todos, tanto Tops como Commos. –O que ele queria com aquela conversa...

-Parece que você ainda não percebeu quem eu sou ou só não me conhece. Sou Glass Kiutt mais conhecido como GT, um dos corredores oficiais do Maytior desse ano. – Eu sabia que reconhecia aquele nome de algum lugar, ele era um dos corredores de Maytior que tinha ganhado mais vezes seguidas e conseguido uma vaga no grande torneio. – Agora é onde você entra, meu mecânico acabou por trair a minha equipe e se juntar a outra e de ultima hora é muito difícil arranjar um mecânico bom, mas com as habilidades que você demonstrou percebi que você é qualificado para tal.

Ele fez uma pausa para que eu respirasse, ainda não estava acreditando no que estava ouvindo dele, a cada palavra dele meu cérebro piorava ficando cada vez mais lento e sem raciocínio, eu tinha salvo um corredor famoso de Maytior e não tinha percebido isso, não, isso era a menor das surpresas, ele elogiou o meu trabalho e me chamou de habilidoso e competente, essas palavras vindas de quem vinham eram um grande elogio mesmo vindas de um Top.

-E ai, aceita ser o mecânico da minha equipe no grande torneio de Maytior?


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Não deixem de comentar porque isso ajuda muito a mim, espero que acompanhem e favoritem além de indicar para os amigos, ate o próximo capitulo.



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