Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 124
Capítulo 124. O príncipe mestiço


Notas iniciais do capítulo

Hello, ma'pipou!

Capítulo novo com o mistério de Castelobruxo sendo apresentado, porque aqui as histórias se misturam, inclusive se vc quiser saber as datas de HOH, é só ver quais acontecimentos estão rolando em AdC.



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Capítulo 124. O príncipe mestiço

Havia usado a ex-pena de Enrique para informa-lo que eu tinha internet ilimitada e poderia falar com quem eu quisesse cara a cara pelo celular, contei sobre a conversa rápida com Aidan e até com os meus pais e no dia seguinte eu estava recebendo, no fim da tarde, uma chamada dele e de Jweek na Londres trouxa, muito felizes e satisfeitos porque haviam comprado um novíssimo celular mais cheio de aplicativos do que o céu tem estrelas, só para falarem comigo.

Eu só imagino os dois escolhendo os aparelhos, fingindo que estavam entendendo tudo que o vendedor estava falando e no final escolhendo o mais caro de todos, e depois, eu não sei como, conseguiram o meu número para me fazer essa surpresa, que não tenham dúvidas, foi surpreendente!

Tudo isso, claro, é uma mera especulação. Embora a nossa querida batedora titular do Vratsa Vulture seja cheia de boa vontade com a tecnologia trouxa desde sempre, ela ainda era uma puro-sangue, então ambos me segredaram somente que passaram quase duas horas tentando entender como usar o número que meus pais forneceram a eles para me ligar e para entender como a internet fazia isso tudo acontecer.

Em um dado momento Heitor Dussel apareceu na chamada com sua gigantesca arrogância Corvinal só para dizer que os trouxas eram muito engenhosos em criar códigos rastreáveis que: mostravam a localização do cliente em tempo real, 24 horas por dia; espionavam suas conversas através das tais “operadoras de telefonia”; e ainda cobravam por isso!

Eu fiquei meio assustado, porque nunca tinha parado para pensar como a internet é invasiva, obrigado pelo novo medo, Heitor, seu sociopata funcional!

Apesar da surpresa da ligação ter sido agradável, pedi a Enrique que me ligasse mais tarde, sozinho, porque tinha um assunto sério para tratar com ele. Jweek deve ter dito alguma baixaria sobre as vantagens de se conversar por chamada de vídeo a sós, porque Enrique ficou bastante animadinho com a ideia.

O balde de água fria veio quando mostrei a ele que estava acompanhado de Louise e Fred, num canto cercado por um feitiço anti-som da sala de estudos do nosso dormitório compartilhado. Contei a ele tudo que os italianos me disseram pela manhã e o veredito do meu namorado foi categórico:

O Ocaso não vai cobrir essa notícia. – Agora veja que petulância a desse Dussel, ele é tipo um membro honorário dos Iconoclastas, e por isso mesmo não bate martelo em nada aqui, ainda mais cruzando os braços e me olhando com toda essa marra!

— Não é você que decide isso! Obrigado pela opinião, mas não, obrigado. – Respondi de pronto e ele me ignorou sumariamente.

O que acha disso, Weasley?— Fred estava calado a conversa toda, mas não se acanhou quando teve a opinião solicitada, acho que ele estava aguardando o momento esse tempo todo.

— Temos um só lado da história e... Calma, eu não estou dizendo que não é verdade, mas pode ser perigoso contar a história só com o ponto de vista dos jogadores. – Ele pausou o discurso, deixando de me olhar, para encarar Enrique. — Fora o fato de que estaríamos nos expondo para todas as escolas sem nem ao menos saber se eles são capazes de nos rastrear ou não, quero dizer, cada escola precisará ter um iconoclasta escrevendo a notícia em seu idioma oficial, simultaneamente, aumentando o risco das penas serem rastreadas individualmente.

— Esse é um problema seríssimo e eu nem sequer tinha pensado nisso, sendo mais um motivo para não mexermos nesse projeto “mundi” por agora.— Enrique falou como o adulto que ele não é e Louise o questionou com seriedade.

— E qual foi o motivo que você pensou? – Ela falou com paciência e Enrique trouxe a câmera para um ângulo melhor, que dava para ver seu rosto com mais clareza.

— Pelo que eu entendi da história, o que aconteceu é algo extremamente natural no mundo dos esportes: o patrocinador escolheu uma equipe e investiu o dinheiro onde achou que seria mais rentável! Não há injustiças e motivo para birra se o dono do dinheiro decidiu que a equipe A era um melhor investimento que a B. Não há uma causa séria por trás disso.

O tipo de raciocínio que se espera de um corporativista, papai deve estar orgulhoso agora.

— Acontece que isso aqui não é um time profissional, Enrique, trata-se de uma escola, que, teoricamente deveria democratizar o espaço para todos os estudantes. Todo mundo deveria ser tratado igual! – Louise falou sensata e eu fiquei com um orgulho enorme da minha irmã, ela conseguia resumir as coisas de um jeito prático, sem perder a classe. — Se jogadores de Quadribol e esgrimistas precisam usar os equipamentos de malhação, por exemplo, ambos têm que ter o direito de usar, porque as duas equipes representam a escola e os equipamentos são bens da Academia de Beauxbatons, não do patrocinador.

— Não sabemos nem qual foi o arranjo de patrocínio, quem são os caras? O conglomerado FerrZ? Acho que Durmstrang é dos FerrZ também...— Enrique falou em dúvida, depois retomou aquele seu tom de quem estava irredutível. — Se for esse pessoal aí, não existe essa coisa bonitinha de igualdade, eles colocam o dinheiro na sua empresa e passa a ser seu dono, mais um motivo e esse talvez seja o principal de todos para largar isso de lado: não se metam com conglomerados!

— Ah pelo amor de Morgana, nem todas as empresas são mafiosas que nem a da sua família! – Falei irritado e Enrique me olhou com aquela nota de desprezo dele.

— Nós somos anjos do lado dos corporativistas da FerrZ, os donos abriram o capital para acionistas há 10 anos e desde então viraram devoradores de empresas!— Ele falou cínico e eu parei para dar um pouquinho de ouvidos a ele, essa coisa de devoradores é sempre preocupante. — Nem mesmo nós conseguimos fazer frente a eles, os caras acabaram comprando a nossa divisão de poções esportivas depois de simplesmente sufocar todo o nosso potencial mercado comprador!

Esse papo de empresário era muito esquisito para mim, mesmo meu pai sendo advogado do ramo. Fred parecia estar entendendo e concordando com tudo, olhei para ele em busca de uma segunda opinião.

— Eles dominam o mercado de poções em quase todos os esportes: do Quadribol ao xadrez bruxo, de poções regenerativas à poções para melhorar reflexos motores e mágicos, eles vendem tudo! – Fred foi categórico. — Tirando o fato de que nós não temos cacife para cutucar algo que poderia voltar a atenção deles para gente, Enrique está muito certo em uma coisa: não dá para querer que os patrocinadores ajam de acordo com princípios morais, eles investem onde dá lucro, até meu pai faz isso!

— Vou resumir as coisas para vocês: cada país tem seu esporte favorito, seu nicho de mercado. Aqui na Grã-Bretanha, a gente mantém os atletas no modo amador até sair da escola, depois disso a gente investe pesado neles, eles ficam deslumbrados, leais aos times e aos patrocinadores.— Enrique apoiou o celular provavelmente na máquina de escrever que eu dei a ele, se o “tec” familiar era indicativo de alguma coisa, agora ele estava com as duas mãos livres.

“ Na Escandinávia eles deixam o capital privado seduzir com presentinhos e mimos até crianças de colo, se eles acharem que tem algum potencial em qualquer um dos muitos esportes que fazem sucesso por lá, mas os investidores são proibidos de fazer pagamentos, propriamente ditos. A França segue no mesmo caminho e não tem jeito, por mais que haja um público recente no país que acompanha o Quadribol, os franceses são loucos por esgrima!

Se a escola fosse em qualquer lugar do Mediterrâneo, a história seria completamente diferente, mas Beauxbatons arrecada fundos em território francês e vai vender o que os franceses gostam, de comida a entretenimento!

Pode ser estranho para vocês que só conhecem o modelo de Hogwarts, mas essa escola que vocês estão é muito cara: a manutenção, os insumos, até o pagamento dos professores, é tudo uma fortuna!

Então eles abrem as portas para o dinheiro de estrangeiros e os FerrZ, os patrocinadores da esgrima, são da América Latina bruxa, onde as divisões de base dos mais diferentes esportes são cruéis e o dinheiro rola solto, pergunte a Tony depois, ele logo, logo vai estar recebendo propostas indecentes e salários exorbitantes para alguém de 15 anos.

Os FerrZ provavelmente sabem que seu maior público consumidor de poções aí são os fanáticos por esgrima, até porque a França tem uma das políticas mais severas nos esportes de alto contato: várias das poções dos caras são proibidas no Quadribol!

Então de uma coisa eu sei, o time daí não vai conseguir muita coisa chorando para esse povo e o Ocaso só vai conseguir ser caçado e destruído os ajudando!”

Enrique terminou seu discurso não parecendo tão satisfeito quanto alguém que acabou de defender seu argumento principal brilhantemente deveria estar, tenho que ser otimista e pensar que isso talvez se deva ao fato de que ele não está feliz em me ver frustrado.

— Talvez a gente consiga abordar o problema numa perspectiva que não envolva esse conglomerado aí. – Louise ainda tentou, mas Fred fez que não com a cabeça.

— Não vamos mexer nesse ninho de vespas, essa história morre aqui, ainda mais que nós não temos nenhum mecanismo de defesa contra uma ação direta de gente realmente preparada. – Ele olhou para mim e depois para Louise com seriedade. — Seria suicídio.

— Suicídio é criar uma ferramenta para pôr luz nos problemas das escolas e depois recuar com medo de sermos pegos. – Falei irritado, não com Fred e Enrique, mas com o mundo em geral. — O Ocaso não foi criado para isso, mas se tornou um espaço onde a gente discute os nossos próprios problemas, porque sabemos que os tais caras que estão lá no topo estão satisfeitos com o jeito como as coisas são!

— Cesc tem razão, a gente deve simplesmente ignorar essa injustiça com os jogadores de Quadribol? Poderia ser vocês, se Hogwarts tivesse vocação para outros esportes e poucos escrúpulos na hora de aceitar dinheiro! – Louise falou enfática e nem Fred, muito menos Enrique apresentaram argumentos contra isso. — Eu não gosto de esportes, mas qualquer um que vê o jeito como qualquer esportista vibra, se esforça e sonha, sabe que não é o tipo de coisa que você pode simplesmente por uma etiqueta de preço e deixar por isso mesmo!

— Não estou dizendo para não se importarem, só acho... Não, tenho certeza, que vocês não devem envolver o Ocaso nisso.— Enrique falou com calma, depois se aproximou bastante da câmera, tanto que ficou bem nítido a cor escura da sua íris azul. — Cesc, você já resolveu problemas assim antes, expôs Bradbury e Haardy sem usar o Ocaso, apenas esclarecendo as coisas e expondo tudo para os principais envolvidos! Se eu tivesse falado, se Streck ou até mesmo Romeo tivessem aberto a boca antes, aquela situação toda não tinha tomado a proporção que tomou!

— O que está sugerindo exatamente? – Perguntei com paciência, porque ele só estava tentando ajudar a resolver um problema que não era dele e nem meu, para ser honesto.

— Procure respostas, fale com os jogadores de Quadribol de novo, fale com os esgrimistas. Eles perderam três jogos de lavada e tiveram que se dedicar a algo que nem sequer era o foco deles, eu não consigo ver nenhum deles muito satisfeitos com isso, não há gloria alguma na derrota!— Enrique falou essa parte final com um toque de humor na voz. Sorri para ele.

— Você não conheceu Antonella Lo Presti, não faz ideia de como aquela garota é! Acho que ela arrancaria minha cabeça se eu dissesse “hey, que tal conversarmos com a galera que você chamou de câncer no outro dia”? – Falei com uma falsa animação e todo mundo me olhou com uma certa dose de diversão.

— Legal mesmo vai ser ver você falando com Sebastian Leiris “oi, cara, que tal dividirmos seus privilégios na esgrima com os furiosos jogadores de Quadribol?”. – Agora todos rimos da imitação que Fred fez de mim, e eu quase pude ver o vampiro de cabelos brancos me dando um gelo ártico e seguindo sua vida de ser das trevas.

— Não é impossível, nada é impossível. E quanto ao problema de segurança do Ocaso que Fred falou no início? Como vamos resolvê-lo? O Ocaso mundi tem que acontecer! – Louise foi categórica e todos nós nos entreolhamos, não havia resposta para isso ainda.

— Nem olhem para mim, não sei como eu poderia ajuda-los daqui de fora, além de presentear vocês com meus conselhos incríveis. – Enrique deu de ombros e todos nós o encaramos céticos, mas Segundo logo deu um sorrisinho enigmático.

— Na verdade, eu acho que você tem muito a oferecer estando aí fora... – Ele falou daquele jeito malicioso dele, que me lembrou de seus velhos tempos como muambeiro. — Acha que poderia isolar a assinatura mágica das penas para a gente?

No leitor de assinaturas mágicas? Claro, só precisaria registrar um evento com um pico bem alto, eu estive observando os leitores durante o verão, como havíamos combinado e não dá para ler nada só com essas conversas paralelas nossas... Mas eu acho que a publicação de longo alcance é uma outra história. – Enrique falou com segurança e eu olhei para Fred confuso.

— Acha que podem nos pegar através das assinaturas mágicas? – Perguntei intrigado, porque não era algo simples de se conseguir, tinha que ter o equipamento certo, os profissionais capacitados e estar registrando as assinaturas no exato momento do evento. — Achei que só os Dussel detinham a tecnologia.

— Aqui na Europa e com essa tecnologia de leitura em específico sim, mas sabe-se lá que outras formas de identificar assinaturas existem! De uma coisa eu tenho certeza: toda magia deixa um rastro, então essa é a forma básica de se rastrear um rato de varinha! Ou filhotes de ratos, no nosso caso. – Fred falou divertido e eu sorri para a analogia.

O que está pensando em fazer com esse registro da assinatura? Posso conseguir gravar o evento no leitor, mas eu não sei decodificar a matriz do encantamento para chegar até a assinatura, isso só Heitor sabe fazer.— Enrique falou com uma humildade pouco usual.

— Eu sei uma ou duas coisas sobre decodificar matrizes, mas o meu ponto crítico aqui é: será que eu consigo replicar isso? – Ele perguntou para todos nós e Louise, que parecia meio distraída com a mão no queixo, o olhou de cenho franzido.

— Replicar? Está falando em replicar as assinaturas das penas do Ocaso? – Ela perguntou e Fred fez que sim com a cabeça, não parecendo muito convencido de que sua ideia fazia sentido.

Mas o pior é que faz, é exatamente o modo como os hackers de todo mundo disfarçam seus sinais!

— Por acaso está falando em criar réplicas das assinaturas das penas para confundir qualquer que seja a tecnologia que tente nos rastrear por aí? – Falei animado, porque isso parecia coisa de filme de ficção científica!

— Teríamos que criar tantas, mas tantas réplicas, que o sinal do Ocaso se perderia no meio delas, fazendo com que qualquer possível ameaça desistisse de nos rastrear magicamente. – Fred falou animado, como o gênio maluco que era. Louise se empertigou alarmada.

— Gente, vocês não acham que esse seria um sistema de segurança complicado demais para o Ocaso? A gente já decidiu que não vai mexer com os FerrZ! Vocês acham que os alunos, sei lá, de Ilvermorny ou do Japão tem um leitor de assinaturas mágicas na classe de Feitiços dando bobeira? – Minha gêmea perguntou sarcástica e eu tive que dar crédito a ela, porque isso era segurança para algo muito maior do que o que estávamos nos propondo a ser e fazer agora.

— Segurança nunca é demais e, como eu disse, não faço ideia se isso é possível ou não, exigiria recursos que eu não tenho e talvez... – Enrique interrompeu Fred na hora.

Você não tem os recursos, mas eu tenho.— Meu namorado falou animado e Fred levantou uma sobrancelha em questionamento. — A partir de outubro, depois dos primeiros testes, vocês vão começar a poder a sair da escola. No seu caso, Fred, vai ser ainda mais fácil, porque você já é maior de idade, não precisa de permissão dos pais para vir fazer um estágio inocente de fim de semana nas Empresas Dussel!

— Empresas? Achei que vocês fossem um conglomerado que nem a FerrZ... – Fred disse em dúvida, como sempre pensado em algo que não importa para ninguém!

— Não somos um conglomerado, porque nós não temos várias empresas com um só cérebro, as nossas áreas são todas frutos das diversificações dos nossos serviços e produtos, então estamos mais para uma corporação.— Enrique falou isso simpaticamente, mas depois olhou meio em dúvida. — Eu acho até que Corporação Dussel soa melhor do que Empresas ou Indústrias Dussel, quando se trata das fábricas de...

— Enrique e Fred, pelo amor de Merlin, foco! Então você vai lá para os Dussel tentar cuidar dessa parte da segurança? – Perguntei exasperado, porque chegava sempre o momento em que todo mundo perdia a linha de raciocínio, menos eu!

— Claro, vai ficar ótimo no currículo e eu vou adorar pôr as mãos em um decodificador de matriz de encantamento de escala industrial! – Ele falou empolgado e Enrique o olhou com seriedade.

Não vai pôr as suas patinhas Weasley em um decodificador antes de tirar o NIEM de Feitiços!— Fred olhou para Enrique como se ele tivesse acabado de destruir os seus sonhos mais secretos e profundos. Eu ri dessa expressão. — Você vai estar sob a minha supervisão, vai ser meu estagiário e vai se comportar direito!

— Ah, vá se foder, Dussel! Eu não sou criança! – Fred estava possesso e eu e Louise estávamos nos divertindo muito com isso. — Preciso ter acesso aos equipamentos para fazer a tecnologia de segurança!

Não sem antes assistir ao treinamento padrão da empresa e passar por uma entrevista no setor de Gestão de Pessoal. – Enrique fez um biquinho profissional, juntando as duas mãos de um jeito corporativista. Não dava para saber se ele estava falando sério ou não.

— Para mim essa reunião já acabou, tchau. – Fred se levantou e acabou desfazendo o feitiço que mantinha os ruídos de fora longe e o sigilo de nossa conversa dentro.

— E eu vou aproveitar a deixa para ir escrever um resumo do que falamos aqui para os outros, vamos manter o texto original para daqui a dois dias, certo? – Louise perguntou e eu fiz que sim com a cabeça. A próxima edição do Ocaso ainda seria só para os alunos de Hogwarts e seria finalizada por Sev. — Tchau, Enrique.

Tchau, cunhada.— Ainda conversei com Enrique por mais alguns minutos e prometi ligar para ele mais tarde, porque tinha que terminar de resolver umas coisas por aqui. Ele olhou meio desconfiado, mas desligou mesmo assim, até porque ele não tinha dado a carga inicial no celular novo e a bateria estava acabando.

Não faço ideia de onde ele vai encontrar eletricidade para carrega-lo... A Mansão Dussel tinha luz elétrica? Fiquei na dúvida, porque mesmo tendo lâmpadas, podiam ser movidas a magia elétrica, como na casa de Tony.

Falando em Tony, peguei um pergaminho da mochila, minha pena negra do Ocaso e comecei a escrever uma mensagem para o meu amigo.

Tony, o que sabe sobre o conglomerado FerrZ?

Não esperava que ele respondesse tão cedo, porque ele está fazendo especialização em esportes e pergaminhos eram a última coisa que ele veria em sua frente por um bom tempo, mas para a minha sorte ele estava online ou melhor “onpergaminho”.

Coloque um “A” aí e você vai ter o sobrenome dos irmãos malditos que simplesmente acabaram com a nossa reputação aqui em Castelobruxo! Essa é a empresa da família de Castiel e Capitolina Ferraz. E sim, o nome de Iara é Capitolina, eu também fiquei chocado!

Não tive tempo para processar o nome feio da garota argentina de cílios gigantes e caráter duvidoso, porque estava aqui tentando fazer uma conexão meio bizarra na minha mente:

Tony, quantos jogadores da seleção de Castelobruxo eram patrocinados por eles?

Sim, eu sei que prometi que não iria me meter com o “Conglomerado foderoso das poções ressuscitadoras”, mas eu não estou realmente jogando uma luva na cara deles e os desafiando para um duelo, eu só estou, inocentemente, pesquisando sobre suas ações enquanto cliente.

Uns quatro ou cinco, fora o próprio Castiel, por quê? Praticamente todos os jogadores daqui tem, em maior ou menor escala, patrocínio de alguém. Sofia, minha colega de turma, acha que até o fim da semana eu devo receber alguma proposta.

Olhei para uma aluna francesa que tinha uma óbvia ascendência trouxa, já que estava digitando furiosamente em um notebook com adesivos de gatos pretos colado por toda parte e ela me encarou de volta, com suspeita.

Peguei minha pena e voltei a fingir que estava relendo alguma resposta de algum exercício que eu havia escrito longamente no pergaminho ou talvez alguma carta, já que eu não tinha nenhum livro aqui comigo.

Não é por nada em especial, você vai receber o resumo do nosso núcleo aqui de Beauxbatons, mas basicamente eles estão patrocinando um pessoal da esgrima, deixando o Quadribol daqui morto e abandonado. Sabia que eles têm equipamentos que servem para os dois esportes, mas não deixam os jogadores de Quadribol usarem? Fora o fato absurdo de que metade da seleção de Beauxbatons no campeonato nem eram jogadores de verdade, eram esgrimistas!

Porra, que absurdo! A gente vai publicar isso no Ocaso, né? Porque mexeu com um jogador de Quadribol, mexeu com todos, isso não se faz!

A indignação de Tony era um bálsamo para mim, porque era bom ver que ele pensava igual. Mas infelizmente tinha que relembrá-lo do que ele acabou de dizer.

O patrocinador aqui é o FerrZ, Enrique e Fred acham uma péssima ideia mexer com eles, então estamos de mãos atadas.

Por que?

Como “por que”, Tony? Você mesmo viu aí como eles são poderosos, eles poderiam contratar espiões super secretos para investigar a gente e descobrir quem é que está se metendo nos assuntos deles! Eles não são como os alunos de Hogwarts que ficam tentando adivinhar quem somos, com o dinheiro deles, não tenho dúvidas de que eles iriam conseguir nos achar!

Fiquei aguardando Tony responder, dando voltas no pulso, para fazê-lo relaxar. Acho que nunca me acostumarei a escrever tão rápido, sempre fico com dor depois de usar a pena do Ocaso, Tony precisa de um celular urgentemente!

Não acho que eles se dariam ao trabalho, não é como se quiséssemos acabar com a venda deles de poções, só queremos que haja uma distribuição justa dos recursos da escola. Aqui em Castelobruxo, por exemplo, eles acabaram de instalar um túnel de ar para a equipe de paragliding treinar, o esporte tem crescido na América e ganhou seu primeiro grande investimento. O túnel foi pensado para eles, mas o nosso diretor da Expertise de Esportes já decretou que também será de uso do pessoal de Quadribol e de quem mais achar que precisa. Foi dado por um patrocinador, mas é da escola.

Terminei de ler tudo e parei para refletir um pouco, antes de responder. Então é realmente aquilo que Louise disse: um problema da administração dos recursos da escola e não algo a ver com a política de patrocínio.

Muito provavelmente eles nem se importariam se o pessoal do Quadribol daqui tivesse acesso as suas coisas, eles talvez até gostassem, levariam duas equipes pelo preço de uma ou algo assim. Quero dizer, os jogadores de Quadribol seriam gratos a eles e nem sequer estariam na folha de pagamento de verdade!

Claro que eu não podia afirmar nada disso com certeza.

Não dá para saber com certeza o que eles fariam sem conhecer o jeito deles de fazer negócios. Enrique chamou o conglomerado de “devoradores”, porque engolem empresas menores e falou algo sobre “sufocar mercados”, eles podem muito bem ser aqueles empresários cruéis, a gente sabe que os filhos do chefe não são anjinhos, né?

Bem, não há muito que eu possa fazer na atual situação, a menos que

Tony parou de digitar e eu fiquei preocupado.


A menos que o que, idiota? Por que parou de escrever?

Espera, tô pensando!

Bem, não era um evento que víamos todo dia, Tony pensando, então fiquei dando um tempo, passando a pena pela minha cara, até fazer cócegas, me fazendo dar risada e a menina do notebook de gatos me olhar com cara feia.

Okay, talvez eu possa conseguir essas informações aqui com o pessoal, tem muito aluno que é patrocinado, filho de acionista ou de empregado dessa empresa aqui na escola, mas a coisa toda é que para isso eu vou ter que me afastar da turma de Clara, para que eles possam confiar em mim e talvez nem assim eles confiem.

Talvez confiem se você estiver interessado em ser patrocinado

Parei de escrever, porque estava tendo uma ideia bem ruim, mas que eu iria expor mesmo assim:

Talvez confiem se você trair Clara em nome desse seu interesse por dinheiro, quero dizer, você não falou que tem uma guerrinha de popularidade por aí? Ache o líder herdeiro de Iara e fale que quer ganhar um patrocínio e que para isso está disposto a espionar a galera de Clara!

Falei culpado, porque não queria realmente prejudicar a baixinha, mas tenho certeza que seria coisa rápida, Tony só teria que ficar com a galera da FerrZ por tempo o suficiente para descobrir o modus operandis deles, não é como se quiséssemos mergulhar no sombrio mundo das tretas industriais!

Eu poderia ir lá dizer que vou espionar Clara para eles, dizendo que Clara pensa que eu estou espionando eles para ela, o que não seria completamente mentira, mas na verdade eu estarei espionando os dois para o Ocaso!

Usei a luvarinha para resgatar essa última frase de Tony, porque ele estava dizendo que seria... Um agente triplo? Que merda é essa?

Por que iriamos querer espionar Clara?

Bem, se a gente pretende implementar mesmo um núcleo do Ocaso em Castelobruxo, a gente precisa saber com quem estamos lidando realmente. Clara esteve infiltrada na turminha de Iara por cinco anos, mantendo as verdadeiras amizades dela em segredo e eu estou realmente inclinado a ajudá-la a ficar no comando da escola, seja lá o que isso signifique, mas antes preciso ter certeza que ela é confiável.

Devo admitir que aquele era um puta de um plano complexo, mas para ser sincero, eu já havia cogitado colocar Clara como líder do núcleo brasileiro do Ocaso, porém também não tenho 100% de confiança nela.

Você será tipo um Snape infiltrado em Castelobruxo?

Perguntei divertido e fiquei aguardando a resposta engraçadinha de Tony e claro, ele não me decepcionou:

Me chame de Príncipe Mestiço de agora em diante, muito obrigado.

Seu pai vai ter um infarto se ouvir você dizendo que é mestiço...

Ele não vai saber de nada disso, muito menos Rose, Grindelwald! Por falar nisso, como vai o seu Voldemort?

Vai a merda, Tony!


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Notas finais do capítulo

No caso de Castelobruxo o clichê não é específico de fics e sim de ficção em geral, enfim, vamos ver no que isso vai dar.

Bjuxxx