O Instituto De Mutantes - Interativa escrita por Annie


Capítulo 5
O Instituto protege os Mutantes... Ou a si mesmo


Notas iniciais do capítulo

PELO AMOR DE DEUS ME DESCULPEM!!!!!!
EU JURO QUE EU QUERIA TER POSTADO HÁ 3 SEMANAS! Mas sabe como é, vou ser sincera, foi meio difícil escrever esse capítulo, e eu simplesmente não conseguia... Sabe? Eu sentava para escrever... Mas não saia. E não vou mentir(De novo) eu só enchi linguiça para preparar bem o final. E para melhorar, acho que ficou uma droga...
E EU JURO QUE VOU TENTAR NÃO COMETER MAIS ATRASOS ASSIM!!!
Para compensar vocês, fiz esse capítulo um pouco maior!
Espero que gostem.
Como já sabem... Qualquer coisa, é só falar (Reclamações, sugestões, etc...)
Beijos, lágrimas e desculpas da Alex!!!



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– Hey, Cigano!!! – Diz Len, correndo até o garoto. Seus cabelos estavam pingando e molhando a blusa de manga comprida preta que estava usando com um jeans azul escuro rasgado. Ela tinha um casaco jeans em uma mão, a toalha pendurada no braço e um par de tênis e uma garrafa de Whisky na outra.

– Oi Len, quer que eu te ajude com isso?

– Hm... Sim, claro. – Diz ela entregando a garrafa e o casaco para ele. – É a primeira noite dos novatos aqui e uns caras sugeriram fazer uma “Festa de boas vindas”!!! – Disse animada, se apoiando em Aurélio enquanto calçava os tênis.

– Len, nós nos conhecemos muito bem, e sabemos que isso não vai ser uma boa ideia! – Disse ele. – Além do mais, se o Ficher descobrir, estamos mortos.

– Por favooor Cigano!!! Eu prometo que vai ficar tudo bem, juro que não ponho fogo em nada... E que não deixo a Leah por fogo em nada também!

– Argh! Ok. Não tem como dizer não para você! – Disse jogando os braços para o alto.

– YAAY! Vamos! Vamos! – Disse ela o puxando para longe.

– Mas... – Disse a interrompendo. – Não hoje! Deixe-os se adaptarem por uma semana pelo menos! E no sábado que vem fazemos essa loucura que você quer. Fechado? – O sorriso de Len desbotou levemente, mas assentiu de qualquer jeito.

– Ok, agora venha! Amanhã é domingo e ainda não escolhemos o filme que vamos baixar! – Disse o arrastando para longe novamente.

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– Para quieto garoto! – Diz Bethany, irritada com Lex se mexendo enquanto ela tentava limpar a ferida causada na luta. – Você é um idiota, sabia disso? Era óbvio que tinha sido um acidente, e mesmo assim você decidiu começar uma briga séria!

– Entenda Beth! Garotos são assim! Precisamos extravasar às vezes! AI! – Disse enquanto ela passava um algodão com antisséptico em um dos quatro furos perto do ombro de Lex. – Ok, é sério! Deu! Meu ombro está bem agora, obrigado pelo curativo. – Disse se levantando e indo até a porta do quarto.

– Aonde você vai? – Perguntou desconfiada.

– Cozinha. – Disse dando de ombros, e saiu.

Bethany ficou alguns minutos pensando se ele ia apenas pegar algo para comer na cozinha. Sentou-se em sua cadeira e puxou uma cartela de cigarros e um isqueiro da gaveta da escrivaninha. Acendeu um, e não apagou o isqueiro, apenas ficou encarando a chama por algum tempo.

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Lex foi até o refeitório, tinha algum tempo até o jantar e ele não sabia exatamente o que queria fazer naquele momento. Sua atenção foi prendida por duas garotas que estavam na mesa perto da cozinha. Uma morena e a outra loura.

Se aproximou como quem não quer nada até elas o notarem.

– Com licença. Sou Lex, um dos novatos, e eu adoraria me sentar com duas garotas lindas se estas me permitirem. – Disse com seu melhor sorriso sedutor.

A Morena deu uma risadinha, e a loura apenas deu de ombros.

– Eu sou a Drika, e essa é a Phoebe. – Disse a morena. Ela era bonita, tinha olhos azuis, um nariz fino e algumas sardas. Lex poderia viver com isso. Ele soltou alguns comentários indecentes, e logo a Loura se retirava dizendo que iria estudar. Lex não prestou muita atenção. Esta estava voltada para Drika no momento.

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Depois do jantar, Aurélio foi direto para o quarto de Len, como faziam quase todos os sábados do ano. Escolhiam um filme e assistiam, em geral dormiam lá mesmo. E então ele tinha sempre que aguentar as duas falando sobre como o ator principal era “Gato” e reclamando dos efeitos, ou Leah contestando o enredo ou algo assim.

E Aurélio aprendera a amar tudo isso, as reclamações, a conversa que se seguia até dormirem, a pipoca meio queimada, o cheiro dos cigarros de Len, o quarto quente demais por causa de Leah, e até os chinelos que Len ficava jogando neles. Ele simplesmente se acostumara com isso, o quarto escuro de Len, as cobertas roxas, o papel de parede cinza escuro com alguns desenhos abstratos de flores, os pôsteres debandas e filmes e os móveis pintados de preto.

– Ela vai demorar um pouco a chegar! – Disse Len, entrando no quarto com um pote de pipoca na mão.

– Oh... Ok, a gente vai arrumando tudo. – Diz Aurélio. Pega um lençol branco para estender no colchão de casal no chão.

– Nem coloque cobertas! Só eu sei como é dormir com a Leah! – Diz Len, rindo.

– Ok, “Lady”, eu durmo no mar roxo! – Ele iria fazer algum comentário sobre o filme, que foi interrompido por um grito abafado quando bateu seu pé na quina da cama.

– Ah meu deus! Cigano, você está bem? – Pergunta ao ver o sangue em seu pé.

– Não! – Disse sentando-se na cama. Ele não parecia estar com tanta dor, mas ficou ali, segurando o pé mesmo assim.

– Espere! Eu te ajudo! – Disse e correu para sua cômoda, de onde voltou com uma garrafa de soro fisiológico, micropore e gaze.

– WTF? Por que diabos você tem isso? – Perguntou.

– Caladinho! – Disse e começou a limpar o sangue delicada e pacientemente com o soro, colocou algumas gazes e tapou com micropore. – Prontinho, vai ficar melhor! – Disse e levou as coisas de volta para seus lugares.

– Obrigado... – Disse meio sem graça. Len tinha mãos leves e hábeis, Aurélio se repreendeu mentalmente por nunca reparar nisso.

Leah não demorou tanto a chegar. Estava com seus “Pijamas”, que na verdade se tratavam de uma camiseta preta, e calças xadrex preto e vermelho.

O filme escolhido foi “O Juiz”. Foi um filme triste, as duas quase choraram, mas logo começaram a tagarelar sobre ele. Aurélio começou a brilhar enquanto guardava o laptop e o Data Show.

Depois conversaram até Len mandar ele “Apagar a luz” e irem dormir.

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O sono ia e vinha, mas não foi o suficiente para manter Mika acordada, mesmo sendo 5:50 da manhã. Ela não dormira direito, de qualquer modo. Passara a noite com frio, percebeu o motivo ao ver uma fina camada de neve sobre os móveis, como que em um congelador precisando de um degelo.

Foi para o banheiro, escovou os dentes, e colocou um vestido de inverno cinza claro, um casaco felpudo de um cinza mais escuro, botas pretas e uma meia calça cor da pele (digo... Branca).

Desceu para o refeitório, e encheu sua térmica com chá de maçã.

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Jonas acordou cedo, talvez por ter dormido bastante no dia anterior... O que sempre fazia.

Fez sua higiene matinal, vestiu um casaco xadrez e calçou um all star. Não tinha nada de importante para fazer em pleno domingo, mas sabia que a biblioteca pública ficava aberta nesse dia, e precisava de mais livros.

Correu para o refeitório para comer uma pilha grande de panquecas com mel, mas no caminho, enquanto corria, não prestou atenção à sua frente. Deu um bom encontrão em Mika, que por sorte, havia acabado de fechar sua garrafa.

– Veja por onde anda! – Grita Mika, aproveitando que o refeitório está vazio. – Ah, é o garotinho inteligente de novo. – Disse suspirando.

– Não é da sua conta! Agora com licença! Preciso comer e ir até a biblioteca! – Disse começando a desviar dela.

– Ei! Espera! – Disse pegando seu ombro! – Sabe onde é a biblioteca?

– Sei, eu memorizei um mapa. – Diz, revirando os olhos.

– Ah meu deus! Me leve junto! Não conheço a cidade, e preciso urgentemente de um livro!

– E por que eu faria isso? – Pergunta, desconfiado.

– Porque não temos amigos aqui, você só tem 13 anos e ninguém fala muito comigo.

– Hm... É justo.

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À tarde, surpreenderam-se por não precisar de nenhum tipo de autorização para sair. As ruas de Nova York naquela época, especialmente naquele dia, estavam cobertas de neve, era tudo branco, com árvores sem folhas e com os troncos e galhos quase pretos em contraste, e algumas poucas pessoas que se arriscaram o suficiente para sair de casa. Jonas havia se “encapotado” mais com roupas e Mika, se vestira como se estivesse no polo Norte.

– Sua cor favorita, não? – Perguntou o garoto, chutando a neve no chão.

– Han?

– Branco. Não é sua cor favorita? Considerando tudo.

– Na verdade não.

– Hm... Faz sentido. Em geral as pessoas gostam do que é diferente. Como você “irradia” branco e frio, procura por cores quentes e calor. Não?

– Sim! Mas eu não gosto de calor em si por isso. Por procurar algo diferente. E sim por causa do meu sangue.

– Interessante. Então você busca por calor por seu sangue ser frio. Como o de um réptil. – Disse Jonas, refletindo.

– Odeio essas comparações! – Diz a garota, irritada. – Vamos, fale-me algo de você, Sr. Sabe Tudo. Família?

– Abandonado. Meus pais eram religiosos, me achavam uma aberração. E você?

– Entendo. Eu nunca tive uma família na verdade... Longa história.

O clima pareceu ficar tenso, Mika tentou contar uma piada para descontrair, o que não deu certo, depois ele tentou, uma piada que só estudantes de física quântica entenderiam. Logo Mika começou a rir, mais pela situação engraçada do que pelas piadas sem graça e que ela não entendeu.

Jonas olhava a paisagem em volta. Lembrando-se do mapa memorizado. Observava a beleza das árvores em contraste com a neve e algumas crianças e casais patinando no lago congelado. Ele conseguia ver as coisas bonitas, mas não senti-las... Algo estalou em sua cabeça. Essa noção. Ele não se sentiu triste por isso. Apenas compreendeu que não conseguia sentir algumas coisas, coisas que as pessoas normais sentiam facilmente. Para ele era como ouvir que uma criança morreu em outro país num noticiário. Ele sabia que era triste. Mas não sentia essa tristeza.

Logo eles chegaram á biblioteca. Era grande, quente e aconchegante. Mika pegou algum livro dramático e se sentou em um sofá de veludo vermelho para ler.

Em duas horas, Jonas havia lido quatro livros. Três sobre ciências e inteligência, para entender um pouco do que o instrutor havia dito dois dias antes, e um do Stephen King, para descontrair. Passou mais meia hora tagarelando com a bibliotecária sobre o livro do Stephen King , e pegou outros dois para levar ao Instituto.

Mika ainda não chegara na metade de seu livro, mas concordara em leva-lo para ler depois.

– Sabe, você não é uma companhia desagradável... Pelo contrário, é aprazente e fagueira! Não fala sobejamente. Não julga...

– E eu juro que entendo metade do que você fala! – Diz olhando para o alto.

– Quis dizer que é agradável... – Diz ele, revirando os olhos.

– Ah... – Um olhar de entendimento passou por sua face.

– Você é legal também! Só meio fechado, fala coisas complicadas, mas enfim...

Ele parecia não estar prestando atenção. Tinha um olhar perdido à frente...

...

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Quase passavam de 7 da manhã. Derek levantou-se como um zumbi com dor de cabeça e tonto por ter ficado bebendo e tocando sozinho no quarto na noite anterior.

Olhou para a mesa de cabeceira. Havia uma garrafa de whisky pela metade ali. Ele tomou um gole, sacudindo a cabeça e foi se vestir. Jeans pretos, uma blusa cinza de mangas compridas lisa, um casaco preto por cima e all stars. Tentou ajeitar o cabelo no espelho, mas só o deixou mais bagunçado, jogou um pouco de água nele ao lavar o rosto, mas nem isso adiantou. Escovou os dentes, estalou o pescoço e saiu do quarto.

Haviam várias pessoas no refeitório. Uma mesa só com crianças, outra só com garotos “Gigantes”, um deles era literalmente azul, enfim.

O garoto com o qual havia brigado outro dia estava com as duas outras novatas e o garotinho inteligente.

Por fim, Pegou uma pilha de panquecas e um suco de laranja que estavam dispostos em uma mesa com pratos, e diversos tipos de comidas, como mingau, ovos mexidos, cereal, panquecas, waffles, sanduíches, café, enfim... Deu um aceno de cabeça para a agente que estava na mesa ajudando as pessoas a se servirem e se sentou sozinho numa mesa no canto. Apenas observava as pessoas o garoto invisível saíra da mesa, e agora estava num canto, beijando uma garota morena, não se importando com as pessoas em volta, os outros novatos conversavam normalmente, em outra mesa, enxergou a garota ruiva que lhe ensinaria a atirar. Ele ainda não sabia seu nome, mas começariam a treinar naquela tarde. Ela estava sentada com Aurélio e Len. Eles conversavam como se se conhecessem desde sempre, como irmãos. Apesar de que Aurélio não parecia olhar para a ruiva como um irmão...

As 07:30, as aulas normais da semana começavam. Derek tinha Álgebra na primeira aula. Junto com o garotinho superdotado, a garota de gelo, Len e o garoto com o qual brigara. Pela chamada, anotara mentalmente os nomes deles. Jonas DiAfar, Mikaela Schnee, Eleonor Blacksoul e Lex Blood.

Depois eles tiveram Inglês e Física. As aulas passaram se arrastando até a tarde finalmente chegar.

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Jonas passou o almoço com Mika. Ela ainda não havia terminado de ler o livro da Biblioteca, e ele já queria devolver os dois que pegara.

Mika começava a entender um pouco do que ele falava, apesar de naquele momento, sua atenção estar mais voltada para seu sanduíche. Ela esfregou as mãos por conta do frio e esperou que algum dia, o garotinho parasse de falar.

Isso aconteceu quando ele começou a encarar as crianças com os outros três. Estavam juntos em uma mesa como no outro dia. Mika tinha raiva de olhar para a garota ruiva, mas deixando esta de lado por alguns segundos, notava o porquê de Jonas parecer tão interessado neles. Eram como uma família. Aurélio parecia perguntar como tinha sido a aula deles, Len brincava com a comida, e a outra, Leah, parecia repreende-la, outras vezes faziam alguma brincadeira que fazia as crianças rirem.

Logo, Mika notou, começando a se irritar levemente, que aquilo não estava fazendo bem para Jonas. Enfiou seu sanduíche na boca e se levantou.

– Venha! Vamos para a sala de treinamento para a aula da tarde! – Disse tentando parecer animada. – Que tal? Você tem que aprender a atirar, não tem?

– Eu chego lá mais tarde... Primeiro queria fazer umas pesquisas. Pode me esperar lá se quiser. Não pretendo demorar. – Disse sem emoção. Ajeitou o cabelo grisalho peculiar que tinha, se levantou e saiu, logo sumindo pelo corredor.

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– Vai começar com luta de novo? – Perguntou Beth, quando ela e Lex chegaram à sala de treino.

– Não sei... Pode ser. – Disse dando de ombros. Os dois se dirigiram aos armários onde se encontravam os uniformes de treino.

– E o que você ficou fazendo ontem? – Perguntou mais a título de curiosidade do que qualquer coisa, mas sentia algo estranho no estômago ao esperar pela resposta. Olhou para o armário e guardou uma cartela de cigarros e um isqueiro que estiveram em seu bolso, lá.

– Sabe a Drika? Aula de biologia, cabelo preto, controla as plantas... – Diz sem olhar para ela. - É da outra equipe de treinamento. Da outra sala, com o instrutor estranho.

– Oh... – Disse ela, pensando por um segundo. – Sim, sei quem é. Namorada nova?

– O que?! – Disse parecendo surpreso. – Não! Estamos ficando, apenas!

– Calma! Não precisa ficar assim... Tem tanto medo de algo sério?

– Sim, tenho. – Disse sarcasticamente. – Venha, vou te ensinar como se luta direito. – Diz, parecendo ansioso para mudar de assunto.

Depois de colocarem os uniformes, e de o instrutor anotar suas presenças, foram para o ringue.

– Primeira regra... – Disse Lex, ao perceber que Bethany olhava para o outro lado. Chegou seu pé esquerdo para a frente e o girou, dando uma rasteira que teria feito Bethany se estatelar no chão, se ele não a tivesse segurado antes. – Nunca perca o foco!

– Por que fez isso? – Disse irritada, se levantando. Cruzou os braços e o encarou feio.

– Para te manter acordada! Vamos. – Disse, segurando o riso.

Lex começou com golpes leves e simples bem devagar, de modo a serem fáceis de bloquear ou desviar, mas eram socos e chutes que seguiam um certo padrão, eram variados e inusitados, obrigando-a a usar diferentes tipos de movimentos para bloqueá-los ou desviar, alguns repentinos, outros calculados.

Bethany estava ficando irritada, era como se ele estivesse a tratando como uma criança que quer deixar ganhar, ou subestimando-a. Foi só quando ela notou que era a quinta vez que abaixava apenas a coluna e girava para o mesmo lado depois de uma série de movimentos que percebeu sua intenção. Ele não queria realmente treinar golpes, nem a força dela.

Lex a estava fazendo decorar os movimentos, não, ele estava fazendo seu corpo decorá-los, queria transformá-los em um vício mecânico. Beth lera sobre vícios mecânicos em algum lugar. Eram terríveis e quase incuráveis, mas para certos propósitos, perfeitamente eficientes.

Na nona vez que ele usou o mesmo golpe, ela não precisou pensar no que fazer.

– Vai me viciar apenas em movimentos de defesa? Ou vou aprender a socar alguém de verdade? – Perguntou em meio a um bloqueio.

– Não se preocupe! Os golpes são mais demorados de se aprender...

Em não muito tempo, os dois estavam ofegando e suados, nem notaram quando os outros chegaram vários minutos antes, a camiseta preta do uniforme que Lex usava estava grudada em seu corpo de modo que os músculos de seu abdome estivessem levemente aparentes.

– Ok, é oficial! Cansei! – Disse Bethany, sentando-se no chão. Lex riu e desceu do ringue.

– Vou buscar água para você. Tente sobreviver até que eu volte! – Disse se virando.

– Uma gentileza de Lex Blood! Essa é nova. – Disse sem saber se ele ouvira.

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Derek sabia que de atrasaria para o treino, e ele tinha a leve impressão de que Hans não gostaria nada disso, mas ele simplesmente não conseguiria sair daquele quarto até que a música ficasse perfeita. Ele raramente compunha algo, mas quando o fazia, se dedicava ao máximo. Isso e mais o fato de que não se importava muito com pontualidade nem era acostumado com horários fixos.

Finalmente aceitou o fato de que não terminaria a composição em um dia, e tudo o que ganharia era um instrutor bravo. Bagunçou o cabelo, vestiu um casaco preto e correu para o treino.

Chegou, mal tendo tempo de colocar o uniforme antes de ser abordado pelo instrutor.

– Algum motivo importante para o atraso? – Perguntou Hans como quem não se importa, mas seus olhos gelados diziam o contrário.

– Ham... Não, eu estava... Resolvendo algumas coisas. – Mentiu.

– Sim, claro, e eu presumo que vá compensar o atraso ficando até mais tarde hoje... Já tem em mente algum treino específico? Ou precisa que eu te indique algum? – Disse ele no mesmo tom desinteressado de antes.

– Sim, claro! Eu... eu acho que...

– Está atrasado Backler! – Disse uma voz atrás de Hans. – Ele vai aprender a atirar, e vai compensar o atraso, não se preocupe! – Era a violinista ruiva. Falou com uma voz suave mas confiante, que convenceria qualquer um.

– Então é bom não perderem mais tempo. Vão logo. – Disse, e os observou enquanto se dirigiam até a sala com os alvos. Ele tinha um olhar estranho, calculista e analítico.

– É bom que você tenha um bom motivo para o atraso! – Disse ela irritada enquanto pegava um outro arco e mais flechas. – Nunca se atrase para os treinos se não quiser se dar mal com Hans. E acredite, você vai querer ficar de boa com ele!

– Bom, meus motivos são da minha conta, e me desculpe se eu não tenho a pontualidade britânica! – Disse em um tom levemente sarcástico.

– Argh! Por que eu concordei com isso? – Disse, mais para si mesma do que para ele.

– Não sei esquentadinha, começo a me perguntar a mesma coisa! – Disse irritado.

Ela revirou os olhos e lhe entregou o arco, demonstrando com o seu como puxar a corda.

–Preste atenção. Sempre três dedos. A flecha fica segura entre o indicador e o do meio. Nunca solte a corda sem a flecha! Isso acaba com o arco. – Disse, usando uma flecha como uma varinha, tocando-a no cotovelo de Derek para que ele o levantasse. – Puxe até sua orelha. E fique de lado. Com o pé esquerdo na frente já que é destro...

– Eu tenho que fechar um olho? – Perguntou.

– Sim, é óbvio! De preferência o que não for seu olho dominante. – Disse com um tom irônico.

– Como assim “Olho dominante”?

– Ok, quer saber? Solta o arco, já vi que vou ter mais trabalho do que pensava.

E ela de fato teve um certo trabalho explicando algumas coisas para Derek, mas se manteve paciente, ele por sua vez, aprendia relativamente rápido. Seus primeiros tiros foram ridiculamente longe do alvo, mas logo começaram a sair mais retos.

– Ei esquentadinha, podemos fazer uma pausa?

– Você vai parar de me chamar assim? – Perguntou soltando o arco.

– Olha, eu não sei se você notou, mas eu nem sei o seu nome, você só me chama de “Backler” em um tom irritado, e eu já pedi desculpas por aquilo. É sério! Precisamos pelo menos nos aturar! – Falou, irritado.

Ela não respondeu, apenas o encarou levemente desconfiada quando o mesmo estendeu a mão.

– Muito prazer, sou Derek Backler, e eu estou disposto a propor uma trégua! – Disse com uma expressão e um tom sérios, que bem no fundo, Leah suspeitou que não fossem verdadeiros.

Por fim estendeu a mão timidamente.

– Leah Rengel. Trégua aceita. – Disse ela. E ele hesitou por um momento com uma expressão estranha, que logo se fora

– Até que enfim! – E a expressão séria se fora. Tão rápido quanto tinha surgido. – Bom, senhorita Leah, vou pegar umas garrafas d’água, tente não querer me matar nesse meio tempo. – Disse abrindo os braços para o nada, teatralmente, e se afastou. Ela lutou contra um sorriso de canto quase sem emoção.

Depois que eles recomeçaram, o treino realmente pareceu render mais. Ele parecia evoluir mais rapidamente e com menos estresse.

– Amanhã, você vai aprender a lutar com adagas! – Disse animado ao final.

– Ok. – Respondeu sem emoção. Ela o ignorou andando em volta aparentemente sem ter que fazer, apesar de que ele deveria estar indo embora, sendo que o treino acabara. Começou a brincar com algumas flechas como fazia as vezes. Incendiava a ponta e atirava, só para ver a marca preta no alvo. Puxava a corda, com uma postura perfeita, de uma atiradora que treinara por oito anos, e soltava a flecha que ia direto para a cabeça do boneco-alvo.

Ela mal reparou em Derek um pouco atrás observando-a enquanto fazia isso. Apenas continuou incendiando sua mão e envolvendo a flecha com os dedos até que o fogo ganhasse vida nela. Ele não conseguia deixar de olhar admirado, para as chamas, para o jeito que ela incendiava as flechas, ou para quando suspirava irritada porque o fogo estava demorando para pegar na flecha ou porque seu cabelo a estava atrapalhando... Ele finalmente sacudiu a cabeça e se lembrou do treino ter acabado.

– Hm... Vamos? – Perguntou Derek.

– Para onde? – Leah ergueu uma sobrancelha, sem desviar o olhar da mira.

– O treino acabou. – Disse em tom de pergunta, como se fosse óbvio.

– Nem pensar mocinho! – Disse soltando outra flecha flamejante, que deixou uma marca preta à sua volta no centro do alvo. – Você não ia ficar até mais tarde?

– O instrutor nem está aqui! – Protestou.

– Mas as câmeras estão! E acredite, ele vai verificar!

Ela foi pegar as flechas sem pressa. As guardou e foi em direção à porta.

– Ei! Espera! – Ele disse, e ela se virou. – Você já vai?

– Sim. – Respondeu indiferente.

– E vai me deixar aqui? Sozinho?

– Sim – Disse o mesmo tom. – Vá dando uns tiros por uns vinte minutos. Deve compensar o atraso. E não esqueça de guardar as coisas depois! – Ele a encarou, indignação estava estampada em seu olhar. – Ah, vamos! Não vai doer. - Se virou e continuou andando.

– Não?! – Quase gritou. – Meus dedos vão cair no próximo tiro!

– Crie calos! Vai parar de doer. – Disse pouco antes de sumir atrás da porta.

– Você é má! – Gritou.

– Me alegra ouvir isso. – Gritou de volta, sorrindo de lado. No fundo ela gostara do treino. Ele aprendia rápido, apesar de ser chato e fazer piadas idiotas o tempo todo.

“Droga, Leah!” Pensou Derek, tentando se concentrar no alvo e não nos dedos doendo... Ou no nome misterioso recém descoberto. “Leah”

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Jonas entrou no laboratório de computadores... Ele não sabia se tinha permissão para isso àquela hora, mas a porta estava destrancada, e não se importou muito, caso fosse pego, teria uma história perfeita para disfarçar.

Em poucos minutos, conseguiu descobrir a senha, e hackear o sistema de dados do instituto, foi algo bem mais fácil do que ele esperava. Jonas tinha uma suspeita peculiar, e estava disposto a verificar a fundo, custe o que custasse. Abriu os arquivos, com as fichas de cada um no instituto. Verificou os nomes rapidamente, alguns deles estavam com acesso proibido.

Jonas estranhou, foi para os arquivos confidenciais, deu um jeito de achar a senha para entrar, e o fez. Haviam algumas fichas ali, entre elas, a de Mika, e a dele. Seu cérebro estava à mil, clicou, com as mãos tremendo.

Havia tudo sobre ele ali dentro, ficha médica, algumas anotações sobre seus poderes, e seu histórico. Ele sabia de tudo o que estava ali. A única coisa que chamava atenção eram alguns trechos em vermelho no histórico. Coisas sobre o PEM.

Sua intuição podia estar certa. Abriu a ficha de Mika, não prestou atenção em nada nela a não ser as partes em vermelho, a mesma coisa. Todas relacionadas ao PEM. Não pôde deixar de ler algumas coisas sobre o pai dela. Sobre ele ser do PEM e ela não saber de sua existência. Isso não poderia sair dali. Ela não podia saber a não ser que o PEM se mostrasse mais vantajoso à ele no final. Abriu a próxima ficha. “Leah” partes em vermelho.

Afirmavam que seu pai havia sido morto por agentes do PEM. Em baixo havia uma observação em vermelho. “Interna deve permanecer acreditando que causou a morte do pai até segunda ordem”

Verificou mais algumas fichas. Todas as fichas da pasta “Confidencial” eram de pessoas que tinham alguma coisa com o PEM, a maioria sem saber.

Pela primeira vez, Jonas não sabia o que pensar disso.

Abriu os arquivos recebidos. Investigações sobre o PEM. Elas haviam criado alguns mutantes, Parecia que foram contra o próprio propósito para igualarem sias forças às do instituto. Era como se planejassem uma guerra...

Isso não poderia dar certo.

Abriu outro arquivo. Dizia que eles haviam deixado alguns mutantes escaparem, ou mesmo deixaram outros para que o instituto encontrasse, eles seriam como infiltrados.

Ele entendeu. As pessoas das fichas foram descobertas pelo PEM antes, e ao invés de exterminá-las, decidiram usá-las para benefício próprio, fazendo coisas para que o instituto as descobrisse. Mas antes, causando nelas algum tipo de trauma em segredo.

O que se descoberto do jeito certo, poderia coloca-las contra o instituto.

Eles eram espiões sem nem mesmo saber que eram. E o instituto queria protege-los disso... Ou proteger a si mesmo.

Se o PEM contasse com infiltrados, teria forças iguais ou superiores às do IPTCM, e uma “Guerra” seria algo relativamente eminente.

“Mas o que o PEM poderia querer com uma guerra? Simplesmente exterminar a todos?” Pensou enquanto fechava as coisas que abrira.

“Não me parece um motivo muito bom. Eles poderiam fazer isso de diversas maneiras mais acessíveis e rápidas. Eles querem os mutantes! E para outra coisa! Certamente!

Jonas ouviu um barulho na porta.


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Notas finais do capítulo

Bom... espero que tenham gostado... Espero mesmo! No próximo a história vai começar a fluir melhor!!! Sério!!!