Sabor de Sangue escrita por Angie


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Agora é a vez do Hyden!



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Esperar duas horas no aeroporto e passar mais de sete no avião não tinha sido nenhum pouco divertido. Essa sempre era a pior parte em se mudarem, na opinião de Erin. Usar os portais faire era uma coisa, mas ir de avião significava apenas horas de tédio. Pouco depois de chegarem, Elora conseguiu alugar um carro e Erin mais que alegremente se jogou no assento macio e confortável. Estava exausta.

Ela observava a noite das ruas de Londres com a cabeça encostada no vidro da janela e o som de uma das músicas de Linkin Park explodia em seus ouvidos. Incrivelmente aquilo lhe acalmava e a fazia se sentir mais leve. Mas estava consciente de que havia algo errado. Elora não havia falado uma palavra desde que começou a dirigir.

Erin a olhou de esguelha percebendo sua expressão evidentemente preocupada e aquilo a incomodou. Não gostava de vê-la assim. Tirou os fones de ouvido e guardou o iPod na bolsa, para só então virar-se para Elora.

Nota mental, pensou consigo mesma. O cinto de segurança e o trânsito atrapalham a beça na hora de uma conversa entre mãe e filha.

– Mãe, você está bem? – indagou com cautela, procurando ver um vestígio de algo que pudesse denunciá-la em sua expressão. Elora raramente mentia, mas quando o fazia, era de um modo irritantemente perfeito.

– Não é nada demais, querida. – falou e sorriu fracamente. – Apenas me sinto um pouco culpada. Queria tanto te dar uma vida normal e aqui estamos nós, mudando de país em país, sempre nos escondendo. Você tem apenas quinze anos, deveria estar em uma escola normal, rodeada de amigos…

Erin riu interrompendo-a.

Aquela conversa de novo não…

– Bobagem, eu posso fazer amigos onde quiser. – passou os dedos entre as mechas curtas e escuras do seu cabelo que haviam se soltado do rabo de cavalo. – Além disso, que outras garotas tem a chance de estar sempre se mudando para uma cidade mais incrível que a outra? Olhe só para nós, estamos em Londres! – sua voz parecia verdadeiramente animada, mas tudo que ela sentia no momento era vontade de se jogar em uma cama quentinha. Seu vestido curto não combinava muito bem com o clima de Londres. – O clima deixa a desejar, óbvio, mais as lojas compensam. Nunca vou ficar enjoada. Ser perseguida por um vampiro ou dois no processo, é apenas um pequeno preço a pagar.

– Nem mesmo mencione isso! – repreendeu-a o que a fez suspirar. – Erin Rosalya, eu sei que você possui muito poder, mas quero que tente se manter longe de encrencas o máximo possível, está certo?

– Entendido, oficial Elora. – ela prometeu solenemente fazendo sua mãe revirar os olhos.

Bem, Erin havia feito uma promessa e tentaria cumpri-la, mas o que podia fazer se os problemas a perseguiam onde quer que ela fosse e seu sangue sempre clamava por luta?

♥♥♥

A neve espessa encobriu o barulho dos passos acelerados, mas nada pode fazer pelo som do riso da garota, que ecoou. Ela parecia estar achando aquela perseguição extremamente divertida, o que sem surpresa alguma divergia completamente com a opinião de Hyden.

Mas não poderia ser diferente, pensou consigo mesmo. Ser a presa nunca é divertido.

Esse era um dos pontos em que os mundos animal, humano e sobrenatural colidiam. O outro era: Apenas os fortes sobrevivem. E ele era o mais forte nesse jogo de caça, onde podia facilmente inverter os papéis, mas sua honra o impedia. Não é que ele se importasse com a vida daquela garota, apenas sabia que ela não era uma ameaça real. Ao menos não para ele.

O céu estava escuro e encoberto por nuvens, não se via a lua em lugar nenhum. Todas as pessoas pareciam ter se trancado em casa naquela noite fria, se não fosse por eles e pelo barulho do trânsito ao longe, tudo seria silêncio. Aquela não era uma parte muito movimentada de Londres.

Hyden parou, virando-se na direção por onde a garota o seguia e assumiu uma postura relaxada, observando-a se aproximar. Seus cabelos castanhos e olhos de um verde opaco, conferiam-lhe uma beleza um tanto surreal, mas essa não era a característica mais marcante em Annielle Anderson e sim, sua expressão. Era claro pelo sorriso presunçoso em seus lábios que ela sentia prazer em caçar o inimigo – ele em especial. –, embora isso fosse algo recorrente em um membro da Aliança. Mas havia um brilho de ódio também, um ódio que Hyden sabia muito bem porque estava ali. O motivo era simples e um só: Ele era um Morgan.

– Hyden Morgan, você me diverte. – ela disse apontando uma arma para ele. – Mas sabe, nunca me disseram que o príncipe dos vampiros era um covarde. A única coisa que tem feito até agora é fugir.

Ele travou o maxilar contendo a raiva.

– Eu não sou um príncipe. – sua voz saiu seca, ele não queria estar ali.

Um bom dia para Hyden Morgan, era aquele em que ninguém tentava lhe matar. Infelizmente eles não ocorriam com tanta frequência quanto que ele gostaria.

– Oh, mesmo? – indagou sarcástica. – Então eu não tenho motivo nenhum para te matar, não é?

– Preciso mesmo ser óbvio?

A expressão dela se tornou séria.

– Você é o único filho de Henrique Morgan. A partir do momento em que ele assumiu o trono vampírico você se tornou príncipe. Isso significa que é um alvo em potencial…

– Para o mundo sobrenatural inteiro? – perguntou a interrompendo. – Porque não é apenas a Aliança que me persegue, garota. Todos que sentem ódio do meu pai me veem como um alvo e como se isso não fosse o suficiente, aquele sádico ainda tem que pôr seus homens atrás de mim ocasionalmente. Não sei o que ele quer com isso, nem sei porque vocês acham que sou tão bom como presa, considerando-se que já rompi há anos qualquer ligação que tinha com ele, mas saiba de algo: não há ninguém nesse mundo inteiro que o odeie mais do que eu.

– E por que deveríamos acreditar nisso, sangue de anjo? – outra voz se fez ouvir e Hyden olhou em sua direção, vendo-o sair das sombras. – Porque deveríamos confiar em você?

O garoto também lhe apontava uma arma. Ele já esperava por isso. Daniel Anderson aparentemente nunca deixava a irmã caçula caçar sozinha, então obviamente não deixaria de aparecer.

– Não me entenda mal, amigo. – seus lábios se curvaram em um meio sorriso. – Eu nunca disse que você deveriam confiar em mim, disse apenas que odiava Henrique. Não me importo com nenhum de vocês, mas quero minha cabeça no lugar até o momento em que possa matar meu pai e ficaria imensamente feliz se parassem de me perseguir, falo sério. – o deboche estava presente na maneira que falava.

Annielle bufou.

– Até onde sabemos você pode estar do lado dele.

– Pense o que quiser. Não preciso da crença de ninguém em mim e nem de sua aprovação. Tudo que quero é que saiam de meu caminho.

– Ha, vai sonhando. – disse Annielle estreitando os olhos. – Nós vamos te levar para a sede da Aliança, Morgan. Prove que tudo que você disse é verdade se tornando um de nós, ou escolha a morte. Não me importo. Sinceramente, acho que seria melhor te eliminar do que conviver com a dúvida, mas como não estou no comando, você vai viver por enquanto.

– Honestamente, isso é tedioso. – a voz soou melodiosa, no entanto, Hyden enrijeceu no mesmo instante.

– Mikaela. – o nome saiu por entre seus lábios de maneira quase inconsciente.

O som de um estalar de dedos ecoou e o mundo tomou uma coloração cinzenta. Mikaela caminhou até Annielle e acenou na frente do rosto dela.

– Você fica bem melhor calada, querida. – disse para garota que continuou imóvel.

O tempo tinha parado. Apenas dois tipos de seres sobrenaturais tinham essa habilidade: anjos e demônios potencialmente poderosos. Hyden nunca soube definir em que categoria Mikaela se encaixava de maneira correta, pois a mesma antes fora um anjo que não tinha escolhido nenhum dos dois lados, céu ou inferno. Ela apenas vagava entre as diversas dimensões e lutava por si mesma.

Então se virou para ele, piscando lentamente seus olhos dourados e abrindo um sorriso.

– Já faz um longo tempo, não?

Hyden tentou parecer despreocupado sem baixar a guarda. Quando se tratava de Mikaela nunca se sabia o que vinha a seguir.

– Posso voltar para minha conversa com eles? – perguntou indicando os irmãos Anderson. – Estava bem mais interessante.

– Mas eles estavam te ameaçando de morte! – Mikaela soava incrédula, mas ele sabia que tudo ali era apenas teatro.

– O que é infinitamente mais atrativo do que qualquer coisa que você queira me dizer.

O semblante dela se tornou triste.

– Você não deveria ser tão mal com a sua mãe, querido.

– Poupe-me do seu sarcasmo. – ele falou com raiva. – O que você quer?

– Muitas coisas interessantes tem acontecido, sabia? Mas, uma em especial irá te afetar bastante no futuro.

– Chegue ao ponto, Mikaela.

Ela sorriu.

– Sua noiva acabou de chegar em Londres.


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