Collonys escrita por Coriolanus Grimes


Capítulo 5
Transmissão


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, td ok?
Vocês devem ter percebido que domingo passado não teve capítulo. Isto aconteceu porque eu perdi qualquer contato com a internet, e um dia seguinte meu computador pifou (quase levou com ele 2 capítulos ao ser formatado). Sendo assim, peço mil desculpas e se Deus quiser isso não voltará a se repetir e.e
Boa leitura!!!



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Estou mais uma vez sentado em uma das apertadas cadeiras do grande Salão Central. Estou em choque. À minha volta as pessoas estão em silêncio. Todo o Salao está, embora quase duas mil pessoas preencham o lugar. Eu nunca pensei ver nada parecido com isso. Eu não tenho certeza se é medo, surpresa, ou apenas luto. Eu não tive tempo pra chorar, e não acho que isso seja preciso. Embora eu sinta algo muito pesado em meu coração — mais pesado do que tudo que já senti — não consigo produzir uma lágrima sequer. Os tripulantes ao medor redor devem estar sentindo o mesmo.

O telão a minha frente está apagado, como permanece na maior parte do tempo. No entanto, não demora tanto para que o símbolo conhecido por todos nós apareça: Um círculo tingido de azul no centro, com formas ovais à sua volta da cor vermelha, formando o desenho básico de um átomo. Três letras tão conhecidas por nós aparecem de branco na frente do desenho, formando a logo completa: SLP¹.

A logotipo permanece na tela, indicando que logo haverá uma transmissão. Nesse meio tempo, tento bloquear qualquer lembrança ruim, mas parece impossível. Logo, flashbacks da noite anterior invadem minha cabeça fazendo com que eu odeie a mim mesmo por não poder controlar meus pensamentos.

[...]

A explosão assustou a todos de imediato. A Nave-mãe, também sem energia, começou a se afastar com a força das explosões contra o seu duro casco. Barras de ferro apareceram no lugar onde os foguetes haviam acertado, mostrando o esqueleto da nave.

— Eles vão morrer! — gritavam. Eu não respondi, pois esta mesma afirmaçao me perturbava. A explosão dos foguetes poderia ter acertado alguma parte crucial da nave, o que resultaria na morte dos que a habitavam. Algo que parecia água também saía da água em formas estranhas arredondadas, mas eram congeladas quase imediatamente. Meu maior medo, porém, já havia sido concretizado. A nave em que Winnie estava tinha explodido e ela estava morta. Não seria uma mudança tão grande assim pra mim se os humanos na Nave-mãe morressem. Ou seria? Eu estava deixando o desespero me levar. Eu só percebi que estava gritando o nome de Winnie e socando a janela à minha frente quando meu instinto humano me fez recuar no momento em que o primeiro pedaço dos foguetes bateu na nossa nave. Todos no compartimento recuaram com o susto, soltando gritos. E isso foi só o início. Em poucos instantes, a chuva de destroços começou. Nós os víamos se aproximar como balas e, a partir do momento em que batiam na parede externa da nave, tudo estremecia. O barulho rimbombava pelo lugar fazendo os pelos de nossos braços se arrepiarem.

Foi então que a Everd13 começou a se mover, se afastando das outras naves. No início, pensamos que apenas a nossa nave havia sido acertada pelos destroços, mas mais uma vez estávamos errados. Todas as naves que estavam próximas da Nave-mãe foram acertadas. Todas, sem excessão. Embora o nosso movimento fosse quase imperceptível para nós aqui dentro, tínhamos certeza que das outras naves os outros nos viam como realmente estávamos nos mexendo, nos afastando muito rapidamente. O nosso sistema parecia uma bagunça e, algumas das naves pareciam estar girando, o que aumentava ainda mais o perigo.

— As.. janelas... — comentou Marx entre um sussuro e um choramingo. — Estão... estão...

Não era preciso terminar a frase, pois era avidente que elas estavam quebrando. Rachaduras serpenteavam pelo forte e grosso vidro especial que formava as janelas da nossa nave. A cada novo pedaço dos destroços, mais as rachaduras aumentavam. Não iríamos aguentar por muito tempo.

E como se as rachaduras não fossem problema suficiente, o frio no aposento aumentava aidna mais. Os dois cobertores que eu usava já não faziam a mínima diferença. Meus dentes batiam e minhas pernas tremiam. Alguns garotos ao meu lado estavam assim, exatamente como eu. Do lado de fora das janelas, o gelo começava a se acumular nas bordas, se espelhando pelo resto do vidro.

Permanecemos assim: desesperados, indefesos e sem saber o que fazer durante algumas horas. Pareceram anos. Pensei que perderia meus dedos, de tão gelados que estavam. Muitos nos aposentos desmaiaram. Alguns veteranos do lugar, os que tinham entre 17 ou 18 anos, doavam seus cobertores para os que aparentavam mais sofrimento.

Quando a energia finalmente voltou, ninguém teve forças para comemorar. Todos apenas voltaram para suas camas, enquanto o compartimento esquentava devagarinho, devolvendo o calor que os nossos corpos precisavam. Ninguém queria entender porque a energia havia sumido e depois voltado, e muito menos do que aconteceria no dia seguinte. Todos queriam apenas descansar num quarto quente.

[...]

— Senhoras e Senhores, tripulantes das Naves SLP. — Uma mulher de cabelos pretos uniformemente curtos e olhos puxados fala conosco. Sua expressão exige respeito, embora ela apresente uma voz bastante amigável. Todos nós sabemos quem ela é: a líder e representante de todas as naves. Algum dia teria sido reconhecida como presidente. — Sabemos que os acontecimentos ocorridos hoje, no exterior das naves, foi algo inesperado. Nenhum de nós, principalmente aqui na nave mãe, esperávamos algo assim. Perdemos o contato com o foguete, assim que ele entrou em solo Collonyano e, por isso, não pudemos fazer nada pra impedir que... para impedir... — Seus olhos se abaixam fitando seu colo, e seus pulmões se enchem num longo suspiro. Seus lábios tremem por um breve instante. Porém, como líder, Noom sabe que não deve mostrar fraqueza, embora eu faça ideia do porquê dela estar nervosa. — Não pudemos fazer nada para impedir que esta tragédia acontecesse. — Ela disse de uma vez. — Sei que todos nós perdemos pessoas importantes... ou pelo menos achamos que perdemos... — Olho para os lados, e vejo que a maioria dos ali presentes têm no rosto a mesma expressão que eu: surpresa. Como assim “achamos que perdemos”? Volto a prestar atenção total em Noom, quando ela volta a falar. — Hoje, logo após o desastre ocorrido, mandamos pequenas naves guiadas para avaliar a situação no exterior da Nave-mãe e em seus arredores. De uma forma resumida... percebemos que possivelmente não perdemos todos os que foram enviados à Collonys. — Sua expressão, assim com a minha, é de extremo alívio, embora eu ainda alimente uma certa desconfiança. “Possivelmente”. “Não perdemos todos”. — Com a patrulha das naves guiadas, notamos que o número de ossadas encontradas não são compatíveis com o número de pessoas que nós mandamos. Ainda que alguns ossos pudessem ser carbonizados, o número encontrado ainda seria muito inferior a 200 esqueletos completos. — Alguns na sala fazem cara de nojo. Eu, porém, fico ainda mais feliz. Sinto a esperança crescendo.

Winnie pode estar viva, e apenas este pensamento faz meu dia ficar mais feliz.

— É por isso que, amanhã à noite, cada nave deverá enviar vinte jovens com idade mínima de dezoito anos e máxima de 25 anos. — Noom volta a falar. — Estes jovens deverão e irão ser voluntários para a causa. Enquanto isso, aos que não se encaixam na faixa etária permitida, só podemos dizer uma coisa... — Seus olhos se fecham por um instante em mais um suspiro. — Torçam para que seus entes queridos estejam vivos.

— *** —

Ao mesmo tempo em que sinto a felicidade tomar conta de mim por um lado, por outro sinto o desespero. Sei que Winnie pode estar viva. Acredito com todas as mionhas forças que está. Mas será que isto é um bom sinal? Se os tripulantes dos foguetes resolveram retornar para a Nave-mãe — embora não tenha sido um sucesso — provavelmente algo de ruim acontecera no planeta. Sem contar que para tal feito, eles abandonaram muitas pessoas no planeta. Isto seria um bom sinal? Não, com toda a certeza. Me pergunto se agora Winnie está sendo torturada por longas garras e dentes afiados, como em meu pesadelo.

Se é isto que está ocorrendo, torço imensamente para que ela esteja morta.


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Notas finais do capítulo

1- Space Life Project (Projeto de Vida Espacial).
***
Espero que tenham gostado e.e Será que a Winnie tá viva gente? (perguntinha boba!).
Qualquer erro encontrado, favor contatar ;3
´té a próxima, povo!