Elandrik escrita por NM


Capítulo 9
Em algum lugar...


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora :(



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Após uma noite inteira de sono ruim, Haroldo contemplava aqueles visores curiosos e perguntava-se qual seria o próximo passo. Aquilo era divertido. Talvez, para outra pessoa não fosse nada útil para passar o tempo e sim para pará-lo, no entanto, o que acontece é que aquele homem não seria nada além de pura amargura se não encontrasse uma mínima fagulha de diversão em seu trabalho extensivo e monótono.

Sorveu sua xícara de café degustando-o e analisando quantidades de açúcar e temperatura. Estava mais que perfeito. Nem tão doce, nem era amargura.

Perfeito.

Anotou em sua mente os futuros elogios para quem concebera daquele café saboroso.

Voltando sua atenção para o telão, pôde observar atividade fora do comum na tela de número 477A. Olhando atentamente visualizou um pequeno adesivo colorido no canto daquele visor, algo que não deixava de ser relevante em nenhum aspecto, devido ao fato de que Haroldo marcava as experiências que mais lhe rendiam pequenos (por vezes, grandiosos) momento de diversão.

Aquele não era um protótipo qualquer.

Pegando um de seus diversos cadernos, procurou o espaço reservado para 477A, lendo suas diversas anotações deu um largo sorriso ao ter a noção de que não havia mais espaço para escritos ali. Encantador.

Pelos olhos da experiência, viu ruas estreitas e a complexidade que a mesma utilizada para movimentar as órbitas e observar um grande espaço em uma pequena quantidade de tempo. Essa era uma de suas melhores características. 477A era intenso e curioso, parecia devorar o mundo a sua volta e não deixar escapar um detalhe sequer.

Um pequeno incidente atrasou 477A, que logo tornou a caminhar pela bela praça com fonte no meio.

Foi aí que Haroldo viu o que mais temia.

Aquele era um bairro de imigrantes, um lugar cujo a fiscalização tinha um belo trabalho reforçado para evitar eletrônicos ilegais rendando pela cidade. Não que nas favelas não houvesse nada do tipo, na verdade, tudo o que não estava lá estavam nas feiras de pirataria dos subúrbios, por um preço bom e barato, desobrigando gente pobre a dar dinheiro suado em objetos caros e legais.

Um guarda e seu robô faziam a vistoria em plena luz do dia. Haroldo não pôde evitar seus dedos movendo-se com rapidez no teclado, programando ações com efeito para com aquela experiência.

Mas ela não respondeu.

Havia algo de errado.

477A parou, virando-se deu de cara com o robô visto anteriormente, o guarda iniciava uma conversa abobada com a mulher e Haroldo mal prestou atenção devido ao desespero. Seus dedos iam a uma velocidade improvável de uma tecla a outra, fechava e abria novos comandos, inseria novas linhas e voltava a ler a série de códigos buscando prováveis erros, até que, finalmente, obteve uma resposta.

Uma resposta negativa.

Ou talvez aquele velho programador estivesse com algum problema de visão.

As mãos em punho atravessaram o crânio sintético da máquina, e Haroldo contou nervoso os segundos até que 477A iniciou uma corrida.

Não podia ser.

NÃO PODIA SER!

Aqueles não eram seus comandos.

Amaldiçoou-se quando em sua tela surgiu o aviso de um erro seguido de seu código de reconhecimento. Aquela era a identificação para um erro de conexão, o laboratório já não mandava mais comandos para aquele protótipo, nem para 557A, 11D, 383A, 365C, 191D, 301A, 58B, 44C. Os avisos foram surgindo em cada visor, em cada um daqueles centenas de monitores ao redor da sala gigantesca.

O ambiente escureceu quando um batalhão de monitores refletiu em erro nos óculos fundo de garrafa. Os olhos atrás das lentes estavam cegados pelo pavor, assustados com a escuridão que era o mar matemático corrompido de caracteres indecifráveis.

Nenhum programador, jamais, em qualquer circunstância ajustaria aquele rio afluente de arquivos armazenados por anos e anos em poucas horas, aqueles eram exércitos de computadores superpotentes capazes de suportar os pesos incalculáveis de arquivos.

Haroldo rezou todos os seus dias em meio aquele projeto, tudo para nunca ter de carregar aquele peso nas costas.

Sentiu um peso no peito.

Levantando uma tampa discreta em meio a bancada, ele lamentou.

Medo do que aconteceria...

Erguendo o braço esquerdo, aquele homem obcecado tinha total noção do que aquela escolha acarretaria.

Se ele falhasse...

E resetou.

***

Perdendo as forças, Elene teve a sensação de levar um tiro certeiro no peito.

Puxou oxigênio.

Puxou tanto oxigênio que perdeu o ar.

E caiu no chão.

Como uma folha qualquer, que busca liberdade e encontra somente o chão.

Um chão gelado como a morte.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!
Que tal deixar aquele feedback delícia?(ou não tão delicioso assim)



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