Perdida no tempo escrita por DreamUp


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oie, gentee ! *--*

Novamente desculpem pela demora. Agora percebi que esse vai ter que ser o novo ritmo de postagem: uma vez por semana.
Antes eu estava tranquila, sem nada para fazer, portanto com muito tempo para escrever. A rotina está voltando a se agitar e, na correria, meu tempo para escrever diminui bastante.
Então, a partir de agora, é uma vez por semana que tem capítulo.

Nesse capítulo temos mais um pouquinho de Mere e Jere. ^^

Enjoy it!



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Os últimos 10 dias foram um tanto quanto divertidos para mim. Irritar Jeremy tem sido cada vez mais prazeroso, ainda mais agora que ele aprendeu a provocar de volta. Ele não se exaltava como fez na primeira noite e levava na esportiva. Porém ainda discutíamos muito, uma vez que Jeremy insistia em reprimir o que pensava.      

Também consegui convencer a Sra. Declair de que não precisava de uma dama de companhia. 

Entretanto a cada dia que se passava minha preocupação aumentava. Eu sabia que cedo ou tarde Ana chegaria e, quando isso acontecesse, as coisas ficariam feias para o meu lado. Até lá eu aproveitaria a companhia dessas pessoas tão gentis.

Nunca fui muito religiosa, mas comecei a pedir a quem quer que fosse que Alan percebesse seu erro. Assim que Ana chegasse eu estaria arruinada, sem lugar para ir. Seria bem difícil achar outra casa esperando uma noiva que fugiu com um soldado.

 

Com o passar do tempo, meu estoque de coisas do século XXI começou a se esvair. O primeiro foi o desodorante. Eu detestava feder, portanto quando percebi o fim se aproximando, tentei resgatar um dos meus momentos "nada para fazer" que passei no WikiHow. Consegui me lembrar especialmente de como fazer desodorante pois achei escassos os ingredientes: bicarbonato de sódio, amido de milho e óleo de coco. Vamos ver se funciona!

Pela manhã, fui até Julia que havia me dito no dia anterior que iria em Chipping Campden e que eu poderia ir com ela. Lá eu acharia o que precisava. 

— Bom dia, Julia! – A cozinheira estava totalmente imersa numa tarefa. - Já está pronta para irmos?          

— Ai, meu senhor! – Julia deu um leve pulo e colocou a mão no peito, se virando para mim. – Quer me matar de susto? 

— Hoje não. – Sorri travessa. – Que horas vamos? 

— Ai, querida, eu sinto muito, mas não poderei ir. – Não consegui evitar soltar um grunhido. Eu não quero feder, Julia. – Acalme-se, Ana. Podemos ir outro dia. 

— Quando? – Perguntei, derrotada, suspirando. 

— Semana que vem, talvez? – Quase engasguei com minha própria saliva. Eu não quero feder, Julia. 

— Não pode ser tipo... amanhã? – Fiz a cara mais fofa que tinha e esperei pelo sim. 

— Não, Ana, não pode. Mas, se quer tanto assim, pode acompanhar Jeremy. Ele irá para aquela área. 

— Sabe onde posso encontrá-lo? 

— Talvez em seu quarto. Apresse-se, a Sra. Declair avisou que ele iria logo cedo.

Segui o conselho de Julia e, para não ficar correndo pela casa como uma louca a procura de Jeremy, me dirigi a entrada da casa, onde constatei ter acertado meu palpite: havia uma carruagem esperando. 

Cumprimentei o cocheiro chamado Mark e entrei na pequena porta. Me acomodei no banco e observei a minúscula bolsinha que carregava. Era púrpura, assim como meu vestido – sim, combinando – e do tamanho de uma bolsa de moedas. A abri e havia um pouco de dinheiro que eu havia pegado com a Sra. Declair. Apanhei uma das moedas bronze na mão. Nela havia a imagem do rei George III de um lado e um brasão do outro, com a seguinte frase “In memory of the good old days”*. Comecei a imaginar o que fez o rei G. III querer colocar tal frase nas moedas, quando fui interrompida pela porta sendo aberta por Jeremy.

Ele estava de preto e fechava as abotoaduras do pulso esquerdo. Quando levantou a cabeça, seus olhos se arregalaram um pouco.

— Bom dia, Jeremy. Se não se importar irei com você a Chipping Campden. Há algumas coisas que preciso comprar. – Sorri, o encarando. Ele só estreitou os olhos, provavelmente imaginando as segundas e terceiras intenções por trás dos meus atos – não o culpo, pois com base nos últimos dias ele tinha muito do que desconfiar –, e se acomodou no banco a minha frente.

— Bom dia, Ana. O que precisa comprar lá? Eu mesmo posso pegar para você.

— Eu mesma quero escolher meus produtos, obrigado pela consideração.

A carruagem começou a se mover. A meia hora até C. Campden foi feita em silêncio. Quando estávamos chegando – reconheci da 1ª vez que vim com a Sra. Declair –, Jeremy se pronunciou.           

— Ana... – Começou devagar, como se dirigir qualquer palavra a mim fosse perigoso. – O que precisa comprar? Preciso saber para pedir para Mark parar. 

— Preciso de amido de milho, bicarbonato de sódio e óleo de coco. – Jeremy fez cara de paisagem, não sei se imaginando para que eu precisaria daquilo, ou onde se comprava esse tipo de coisas, por isso acrescentei. – Pare em qualquer mercearia. – Dei de ombros. – E você o que veio fazer aqui? 

— Vim me encontrar com um conhecido do meu pai. Vamos comprar um terreno dele na capital. Meu pai parece ter se decido, finalmente.

— Ah, isso é bom. Vocês se mudarão para lá?

— Talvez nós nos mudemos, sim. – Ele enfatizou bastante a palavra ‘nós’. Durante os últimos dias, incontáveis vezes Jeremy mencionou o fato de que nos casaríamos. Era um lembrete constante. O que ele não sabia era que eu nunca me casaria com ele. Mas tudo bem, eu podia suportar suas indiretas.

— Interessante. Onde iremos primeiro?

— Falar com o amigo do meu pai. Tenho hora marcada.

Seguimos por mais uns minutos e paramos em frente a uma grande residência. Jeremy saiu primeiro e estendeu a mão para me ajudar a sair também. Seu toque era firme. Achei que quando eu descesse ele soltaria minha mão, mas simplesmente enlaçou nossos braços e guiou-nos até a porta.

Fomos recebidos por uma mulher baixinha que nos levou até uma saleta. Lá havia o tal amigo do Sr. Declair. Era um homem alto e magro, com cabelos ralos e nariz avantajado. Ele gostava de ostentar: usava várias joias e em seu escritório se encontravam várias obras de arte, aparentemente valiosas.

O homem – chamado Frank Miller – não apreciou que eu participasse da reunião – percebi pelo olhar fuzilante que me lançou –, mas não disse nada. Pelo que entendi ele devia alguns favores ao Sr. Declair e inclusive faria o terreno mais barato para ele. Depois de acertar alguns detalhes do contrato e assiná-lo, Jeremy e eu saímos. Os restantes das providências seriam tomados depois.

 

A mercearia que Mark nos levou era bem grande, daquelas que você pode andar e pegar as coisas você mesmo – quase um mercado, mas ainda uma mercearia.

Passando pelos corredores, seguida de perto por Jeremy, percebi-o analisar os produtos com as mãos atrás das costas, como se inspecionasse. 
Parei em frente a prateleira dos óleos e comecei a procurar pelo de coco.  

De rabo de olho, percebi Jeremy me analisando, como fizera com os produtos. Fitei-o também e, rapidamente, ele desviou o olhar para cima, de bochechas coradas, por ter sido pego no pulo. 

— Nossa, para que tantos tipos de óleos? – Questionou para disfarçar seu constrangimento, tocando as pequenas garrafas de vidro a sua frente. 

— Cada um tem sua própria serventia. Por exemplo, o de lavanda alivia o estresse e a ansiedade, o de melaleuca é bom para espinhas, o de laranja resolve assuntos digestórios e, é claro, o de baunilha, de rosas, de jasmim, que são afrodisíacos. – A cada óleo mencionado, eu dava um passo à frente, ficando mais e mais perto de Jeremy, que sustentava meu olhar. Parei quando vi-o engolir em seco e, quando pensei que recuaria, ele pronuncia: 

— Como você sabe tudo isso? 

— Diferente de você eu não me ocupo das vontades dos outros e procuro satisfazer minhas próprias curiosidades. - Jeremy soltou um suspiro pesado, como se já esperasse por essa fala, e tirou seus olhos dos meus. 

— Você não entende mesmo, né? A família é importante para mim.  

— É importante para mim também. Eu só não entendo essa sua devoção demasiada. – A verdade é que talvez eu nunca entendesse, afinal não tive mãe nem pai. Tudo que eu tinha era Alan, mas nem a ele eu dava a devida atenção e carinho. Jeremy deu as costas para mim e alguns passos para sair do corredor, quando estacou de repente e se voltou apressado para mim. 

— Não é devoção, é respeito. Não quero que tudo seja em vão, portanto, tento agradá-los. Você entenderia se saísse do seu pedestal e se atentasse às outras pessoas. 

— Não caçoarei de você quanto a isso. Posso até não concordar, mas entendo. 

Eu realmente entendia, não o porquê de ele agradar aos pais, mas o porquê de ele precisar fazer isso. Para algumas pessoas esse tipo de aprovação é necessário. 

Notei Jeremy um pouco surpreso com minha repentina concordância às suas palavras e decidi cessar minhas provocações contra ele. Deixaria o pobre moço em paz por um tempo. 

Dei-lhe uma piscadela e voltei minha atenção aos óleos, vendo de canto de olho Jeremy fazer o mesmo com as bochechas um pouco coradas.


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Notas finais do capítulo

*Em memória dos antigos dias bons.

Espero que tenham gostado ;)

Se quiserem um spoiler do próximo capítulo é só dar um toque nos reviews.

Beijos,
Dream Up!



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