Perdida no tempo escrita por DreamUp


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Se você está lendo agora, em primeiro lugar obrigada pela escolha!
Em segundo lugar, gostaria de avisar que a história está sendo reescrita e estou repostando os capítulos com algumas mudanças. Não é nada majoritário, são pequenos detalhes. Caso você opte por continuar a ler os próximos capítulos, não vai perder muito em termos de enredo, mas notará uma mudança no estilo de escrita. Talvez você encontre algum "erro de continuidade", como alguma característica que você não viu antes, ou que você viu uma vez e não vê mais.
(Obs.: Eu não tenho previsão para postar os capítulos re-escritos.)
Espero que curta a leitura! :)


[notas originais] Olá, chuchuzinhos ^^
Desculpe a demora. Aqui vai o capítulo 2!

Divertam-se!



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A festa do Mark foi como todas as outras que ele dava: muitas gente, muita bebida e muita música ruim. Pelo menos uma vez a cada dois meses ele dava uma dessas festas gigantescas ー eu acho que Mark conseguia ganhar dinheiro com isso de alguma forma, mas não faço ideia como, porque eu nunca paguei nada em nenhuma delas. As festas eram uma ótima oportunidade para reencontrar algumas pessoas do ensino médio e da faculdade, mas, na altura dos meus 24 anos, eu já estava cansada de ver as mesmas caras e beijar as mesmas bocas todas as vezes. Por isso quando o Henry veio me encontrar naquela noite, esperando repetir as experiências passadas, tive que dispensá-lo: sempre as mesmas conversas, os mesmos flertes, só olhar para a cara bonita dele me deixou entediada! 

A noite passou feito um vulto. Bem como as semanas seguintes. 

Me alternei entre fazer nada, comprar alguma coisinha no shopping, ouvir as reclamações da Mary sobre a limpeza da casa e ocasionalmente sair com alguma amiga, até que em uma bela manhã de segunda feira fui acordada por incontáveis ligações do Alan. Dez. Eram dez ligações perdidas. E mais um monte de mensagens. 

 

Mere!!

 

Acorda logo!!

 

Aconteceu uma coisa maravilhosa. Vem aqui o mais rápido possível.

 

Funcionou!!!!!!

 

Alguns erros nos cálculos de distância, mas funcionou!! ;D;D;D;D;D

 

Vem logo! Quero te mostrar.

 

Se você não aparecer até as 10 horas, eu vou me transportar para o seu quarto e te assustar!!! rsrs

 

 

Não era possível. Minha cabeça começou a girar, não sei se pela falta de cafeína ou pela possibilidade do teletransporte existir. Olhei as horas. 8:45. Ufa, nada de Alan aparecendo aleatoriamente no meu quarto por um tempo ainda. Acho que ele estava brincando, mas com o Alan nunca dá para ter certeza. Me levantei rapidamente e fui direto para debaixo da água quente do chuveiro. Cerca de 30 minutos depois eu já estava estacionando o carro em frente ao apartamento do Alan e dei umas buzinadinhas. A barbearia estava fechada (às segundas Fahid não abria). Vi o vulto da cabeça de Alan lá em cima. Uau, ele nem deu uma paradinha para acenar, devia estar enlouquecendo de empolgação. Se é que aquilo funcionou mesmo. 

Subi as escadas e assim que pus os pés na sala de Alan, fui arrastada até a tela de computador gigante. Ele estava sem óculos e sem sapatos e usava um roupão verde musgo aberto. O cabelo estava realmente bagunçado e um pouco sujo, a camiseta cinza que ele vestia debaixo do roupão tinha umas duas manchas de café na altura do peito e mais umas três que não consegui identificar perto da barriga. Ele estava até fedendo um pouquinho, entretanto, o sorriso ia de orelha a orelha. 

ー Veja isso, Mere! Eu tele transportei um vaso de flor, um urso de pelúcia, um par de sapatos que você me deu e eu nunca usei, uma cadeira e agora vou tele transportar uma poltrona. ー Seus olhos brilhavam tanto, eu não me lembro de já ter visto ele assim, e olha que o Alan sempre se empolgava com as coisas. 

Olhei para a enorme tela a minha frente e como esperado não entendi nada. 

ー E para onde as coisas foram? ー Perguntei cautelosa, até que processei todos os itens que ele listou. ー Espera, o par da Gucci? Foi uma fortuna, Alan!

ー Sim, o par da Gucci. ー Ele acenou a mão em desdém para mim. Ah! Que absurdo! Quando eu dou um presente para uma pessoa, o mínimo que eu espero é que ela não saia teletransportando ele por aí, como se fosse qualquer coisa. ー Eu não sei para onde foram! Isso não é maravilhoso? ー Alan exclamou cheio de alegria na voz, estava quase quicando. 

ー Quando foi a última vez que você tomou banho? ー Não consegui evitar um leve olhar de asco. Sinceramente, ele estava um caco. ー E cadê seus óculos?

ー Eu… ー Alan me encarou extremamente confuso  ー não sei. Não sei. Que dia é hoje? Isso não importa. ー Ele balançou a cabeça, voltando ao seu foco. ー O que importa é que eu queria levar as coisas para o andar de cima, mas quando fui procurar, não as encontrei em lugar nenhum.

ー Olhou no sótão? Às vezes foi um pouco mais alto. ー Decidi ignorar o fato de que Alan provavelmente não tomou banho nos últimos dias e que trabalhou nisso tão intensamente que nem sabia que dia era hoje, e focar no que ele fez acontecer. 

ー Olhei, claro que olhei, não está lá. Fui à laje também e nada. Me ocorreu, então, que talvez eu não tenha calibrado com exatidão e tenha colocado uma medida extremamente grande e os objetos que enviei foram para longe. Você quer ver? ー Hell, yeah! Assenti com a cabeça. 

Alan foi até um aparelhos do laboratório, um que parecia uma mini pista de dança, mas com molduras de metal e muitos fios passando, e colocou uma poltrona estofada em caramelo. Horrível, que bom que estava se livrando dela! Ele prendeu um aparelhinho retangular de metal com cerca de 4 centímetros, parecido com um iPod, na poltrona, se afastou e apertou o Enter no computador.

A poltrona continuou parada onde estava, mas parecia estar se mexendo, era como uma imagem embaçada, e ia ficando cada vez mais embaçada, até que ela não existia mais ali onde foi colocada. Desapareceu!

ー Isso é incrível, Alan! ー Ainda parecia coisa de filme de ficção científica, entretanto. ー Como você sabe que eles chegaram? Quero dizer, como você sabe que não está só destruindo as coisas sem deixar vestígio? 

ー Elas chegaram e chegaram inteiras, tenho certeza. Você viu eu colocando o Claud na poltrona, ele é uma espécie de rastreador que me indica que os objetos chegaram no lugar de destino (sem, entretanto, me fornecer a localização). Só que o lugar de destino não é o andar de cima, como eu esperava. E as coisas não estão sendo destruídas porque se não o Claud ficaria para trás. 

ー Ele não seria destruído também?

ー Essa seria uma possibilidade, mas nesse caso eu perderia o sinal do dispositivo. O que me faz ter certeza, é que eu coloco as dimensões exatas do que está sendo transportado, peso, altura, forma, todas as dimensões físicas. O Claud não entra na conta, é um extra. Se as coisas fossem destruídas, ele ficaria porque as dimensões que eu indiquei foram somente as do objeto. 

ー E como funciona o transporte? ー Questionei, um pouco incerta se entenderia a explicação. Até agora, tudo que ele me disse ainda parecia um pouco de mentira. Pode me chamar de cética, mas, querida, isso era de abalar as estruturas de qualquer um. 

ー É assim: Toda matéria é constituída por átomos. Átomos são muito muito pequenos e podem ser divididos em partes menores ainda. O meu aparelho quebra toda a matéria, separa átomo por átomo. E reconstrói no lugar que eu quero. Isso acontece muito rápido pois eles são muito pequenos e passam por qualquer coisa, basicamente. É como a luz do Sol no vácuo, você não vê ou sente, mas está passando.

ー E existe a possibilidade de eles se reconstruírem de forma errada?

ー Não! Na verdade, isso aqui não passa de um acelerador de partículas compacto e, bem, com outros fins. Há uma força que rege as interações atômicas e não permite que eles se reagrupem erroneamente. Pelo menos não quando se trata de teletransporte. Eu chamo de força Snigler. ー Não consegui evitar o riso por ele ter nomeado a tal força com o nosso sobrenome e ganhei um olhar sério do meu irmão.

ー Parabéns, Alan! ー Disse sincera. ー Estou muito orgulhosa de você! ー Seu sorriso surgiu de novo. 

ー Obrigado, Mere. Eu também estou bem contente. E agora que você está aqui, eu vou me teletransportar. 

Dei uma gargalhada sonora e quando Alan não se juntou a mim, estaquei por um segundo. 

ー Você não está falando sério, né? 

ー Na verdade, estou, sim, Mere. 

ー É seguro uma pessoa passar? Você nem sabe para onde as coisas estão indo, Alan!

ー Justamente o motivo de eu precisar ir. Para ver onde as coisas estão.  

ー Mas você não pode ir! Quem vai tomar conta disso tudo? ー Apontei para os aparelhos a nossa volta. ー Eu não entendo nada disso, você sabe. Talvez você devesse contratar alguém para ir.

ー Não quero ninguém de fora envolvido nisso por enquanto! Eu tenho que ir para saber o quanto eu errei as medidas. Eu te ensino a mexer na aparelhagem, não é difícil, eu juro, você basicamente só vai ter que apertar um enter. ー Dei uma olhada no equipamento, incerta sobre a "facilidade" da coisa. Dei uma olhada no meu irmão,  bagunçado e descalço. 

ー Eu vou.

ー O quê?! Não. Não, Meredith. Eu nem sei se é seguro, você não pode passar. Se alguma coisa acontecer vai ser minha culpa. 

ー E como estaria tudo bem você ir, então? Me escuta. Primeiro, você está um caco, sério, sem condições de você ir em qualquer lugar desse jeito. Segundo, eu não quero ficar responsável por todos os seus brinquedinhos, é demais para mim. Eu vou para onde quer que isso leve, descubro onde é, e volto para cá. Sem crise.

ー Mas, e se....? ー Tratei de cortá-lo antes que falasse alguma besteira que me fizesse mudar de ideia. 

ー Alan, pare! Você inventou isso, e apesar de ainda parecer um pouco delirante para mim, eu vou confiar. Eu confio em você. ー  Peguei sua mão e dei um aperto firme,  para assegurar nós dois de que isso era uma boa ideia. 

ー Ok! Mas assim que chegar, me ligue, mande mensagem, sinal de fumaça, qualquer coisa, só me avise se está bem. E onde está, é claro. Aqui, pegue o Claud. 

ー Sim, sim! E você, assim que receber meu contato, vai direto para o chuveiro, tomar um banho, escovar esses dentes, lavar esse cabelo… Se quando eu chegar você ainda estiver nesse estado, eu juro que trago mais três lanternas de lava!

ー Então foi mesmo para me provocar! ー Disse estreitando os olhos e apontando o dedo indicador para mim de modo acusatório. Sorri de lado. 

ー Você não precisa das minhas dimensões físicas?

ー O teletransportador mede automaticamente, é só subir nele. 

Me posicionei na mini pista de dança. Alan me olhou com a expressão preocupada e pegou a bolsa preta que eu tinha deixado por ali. 

ー Você tem tudo aqui? Dinheiro, cartão de crédito, passaporte, carregador, celular…?

ー Sim, Alan, tem tudo que eu preciso.  

ー Ok, então. Guarde o Claud na bolsa e volte o mais rápido possível. ー Ele me deu um beijo na testa e um abraço apertado antes de se posicionar em frente ao computador. ー Você tem certeza mesmo? 

ー Sim, Alan, eu tenho certeza. Aperta o botão.  

Ele começou a fazer a contagem. Cinco. Um leve arrepio percorreu minha coluna. Quatro. Minhas mãos começaram a suar. Três. Isso foi uma tremulação? Dois. Apertei meus olhos com força. Um. Senti um baque, de repente meu corpo não era meu corpo. E então, eu estava caindo.

 

Abri os olhos e me encontrei num campo aberto. Eu estava inteira! Que alívio! Sendo honesta eu não tinha certeza de que ia dar certo. Olhei em volta e tudo que eu vi além da poltrona caramelo, de uma cadeira, do par de sapatos da Gucci, um vaso de flor e um urso de pelúcia, era mato e árvores. Senhor! Só me faltava não ter sinal por aqui. Peguei meu celular só para constar algo que eu já sentia ser verdade. To-tal-men-te sem rede! Droga! Como ia me falar com o Alan agora?

Apanhei os sapatos e os coloquei na minha bolsa. Ia jogá-los na cara do meu querido irmão assim que o visse de novo. 

Comecei a andar para o norte, quem sabe não encontrava alguém, ou uma pequena vila no meio do nada. 

Onde diabos eu estava?


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Notas finais do capítulo

Eae, gostaram? Odiaram? Não esqueça-se de me dizer ^^

Até o próximo!!



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