Perdida no tempo escrita por DreamUp


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa, pessoal!!!

Desculpe a demora, tive uns problemas com meu computador! Maaas é com muita alegria que lhes apresento o ÚLTIMO CAPÍTULO da estória!!

Espero que estejam tão ansiosos quanto eu...

Boa leitura ;)



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Novamente estavámos naquele casebre prestes a partir, só que dessa vez Rosa, Ana e Julia nos acompanhavam de perto. Quando as mulheres pediram mais cedo para nos acompanhar até o "ponto de partida", como Alan chamava o celeiro, explicamos que elas veriam coisas que não entenderiam e que nós não poderíamos explicar. Pelo visto, Rosa, Ana e Julia não se incomodaram em não saber o que eram todos aqueles objetos estranhos nem para quê serviam, pois não questionaram nada.

Alan já havia acertado todas as coordenadas em seu computador e agora nós cinco nos encarávamos.

— Ah, queridos! Vamos sentir tantas saudades! – Rosa pronunciou calorosa como habitual. – Venham nos visitar, será um prazer recebê-los.

— Com toda certeza, será. – Julia concordou. Ela segurava uma trouxa com biscoitos que ela havia preparado mais cedo para nossa viagem. Tão fofa.

— Mesmo os tendo conhecido por pouco tempo, gostei muito da companhia. Certamente farão falta. – Ana disse baixinho, olhando Alan o tempo todo. Era palpável sua tristeza.

Não direi como foi dizer tchau para aquelas mulheres. Cada qual era muito especial de diferentes formas tanto para mim quanto para Alan. Houveram abraços, lágrimas e muitas recomendações de boa viagem.

Subi no tele transportador, ladeada pelo meu irmão. Ele segurava minha mão firmemente. Ana estava a postos para pressionar o enter no teclado, como Alan havia pedido, quando senti o aperto em minha mão se estreitar e ouvi:

— Desculpe... – O Snigler mais velho disse, se virando para mim e me encarando com aqueles enormes olhos castanhos debaixo da armação grossa. – Eu não vou conseguir. – Ele suspirou levemente, como se o que estava prestes dizer fosse realmente difícil...

— Não vai conseguir o quê, Alan? – O ajudei.

— Ir. – Enunciou simplesmente.

Ouvir aquilo fez meu coração falhar uma batida e ficar mais pesado.

— Meredith, eu sinto muito. Pode parecer loucura para você, mas... – Seus olhos pararam em Ana. – Eu a amo. Não posso ir.

Assenti com a cabeça e puxei meu irmão para um abraço silencioso, dizendo-lhe que estava tudo bem. Ele tinha tanta coragem. Eu sabia que essa não era uma decisão fácil.

Alan desceu do tele transportador e caminhou até a d'Franklin, depositando um leve beijo no peito de sua mão. Ele me encarou, se sentindo culpado.

— Por que não fica comigo? – Pediu suave.

— Alguém precisa estar em casa, caso você queira voltar... – Declarei. Seguir a decisão que eu havia tomado era mais importante do que qualquer sentimento ou confusão que estivesse dentro de mim. Por isso ditei: – Aperte a tecla, Alan.

— Meredith... – Murmurou meu irmão.

— Por favor.

Resignado, meu irmão fez o que eu pedi. Senti a familiar sensação do meu corpo se despedaçar e só pude pensar em como meu dia tinha sido até eu chegar ali...

 

Acordei no meio da madrugada. Jeremy dormia profundamente ao meu lado. Seu peito branco com uns poucos fiozinhos loiros era iluminado pela luz do luar que vinha da janela. Ele não era malhado, mas também não era magrelo. Tinha os ombros largos e fortes e as coxas grossas. Toquei seu rosto levemente, a barba começando a apontar. Tão lindo...

Jere acordou, levantando as pálpebras lentamente e me encarando.

— Oi... – Ele disse com a voz rouca. Seus olhos passaram lentamente pelo meu tronco despido, sorrindo maliciosamente para mim.

— Oi. – Sorri para Jeremy, nem um pouco preocupada em cobrir minha nudez.

Ele se virou de lado, ficando de frente para mim, ainda sorrindo feito bobo.

— Dormiu bem? – Assenti com a cabeça, aproximando meu corpo do dele. Seus lábios alcançaram os meus e desceram pelo meu pescoço. Tão macios. – Poderia ser assim todos os dias.

Estaquei com suas palavras. A pequena bolha que coloquei no quarto na noite anterior, a bolha que isolou todos as preocupações de mim, se estourou. Jeremy parou de me beijar assim que percebeu que fiquei imóvel, me encarando curioso.

— As coisas não mudaram, Jeremy. Vou embora hoje. – Ditei séria e dizendo a verdade.

— Por que? – Ele se sentou frustrado, olhando para mim. – O que tem lá de tão especial? Há alguém?

— Não, não tenho ninguém. É só... – que eu tenho medo de ficar – que minha vida toda está lá, meus amigos, minha casa, meu dinheiro, minha família... – Meu vaso sanitário, mas esse eu não diria em voz alta. Sentei também.

— Você tem amigos e casa aqui também. Não entendo sua decisão. Isso tem a ver com seus pais?

— Eu não tenho pais. – Ele arregalou os olhos, surpreso pela informação e, ao mesmo tempo, mais confuso, afinal eu havia dado menos um motivo para ir. – Olha, Jere, eu sei que isso pode não fazer sentido para você, mas eu não sou o tipo de pessoa capaz de deixar tudo para trás só por que me apaixonei.

— Então você vai me deixar pelo capricho da sua razão? – Jeremy me olhou estupefato.

Não pude respondê-lo. Era exatamente aquilo. Eu ia deixá-lo por capricho da minha razão.

— Jeremy. – Chamei baixinho. – Me desculpe. Eu amo você, mas não posso ficar. – Engatinhei até ele e deixei um beijo em sua testa. Seus olhos azuis me fitaram carregados de dor. Eu não conseguia lidar com isso, então sorri o mais sincero que consegui. – Por que não aproveitamos mais um pouquinho do tempo que temos?

Lentamente, o puxei pelo pescoço, entrando mais uma vez na minha bolha.

 

Depois do café, ainda naquela manhã, trombei, literalmente, com Ana e notei seu semblante preocupado. Ela era uma garota sensível, impulsiva e não conseguia esconder seus sentimentos. Muito parecida com Alan nesse aspecto.

— Está tudo bem? – Perguntei curiosa.

— Ah! Na verdade, não. – Não fiquei surpresa quando a garota pegou minha mão e me arrastou até um sofá próximo a nós. – É o seu irmão. Nunca pensei que vê-lo partir fosse me deixar tão chateada. Não tenho coragem de pedir para ele ficar, afinal, logo eu também irei. – Ela suspirou pesadamente e me olhou nos olhos. – Ele nunca me pediu para acompanhá-lo. Sabe como me sinto? Parece que arrancaram meu coração do peito, enfiaram uma faca e giraram. É horrível, Meredith!

Abracei Ana, não havia nada que eu pudesse fazer. Para esse tipo de sofrimento não há remédio. Ela realmente gostava de Alan. Imaginei que Jeremy passasse pela mesma angústia e, ao supor tal coisa, senti em mim.

Eu não podia ficar e não pediria a Jeremy que fosse. Era o impasse mais esmorecido pela qual já havia passado.

 

Momentos antes de partirmos em direção ao casebre, procurei por Jeremy. Ele estava em seu quarto. Quando entrei no recinto e o vi curvado sobre sua escrivaninha desenhando furiosamente num pedaço de papel percebi que realmente sentiria sua falta.

Sei que Alan disse que poderíamos os visitar, no entanto, a verdade é que estou indo para não voltar. Pode não fazer sentido, mas se não posso ficar com Jeremy, não vejo sentido em cutucar a ferida. Por isso, no momento em que eu colocar meus pés no tele transportador, deixarei o século XVIII apenas nas minhas memórias.

— Espero não estar atrapalhando. – Pronunciei num sussurro. Vi sua cabeça se erguer de súbito e seus olhos se arregalarem levemente surpresos.

— Não está. Nunca está. – Jeremy se levantou e segurou minhas mãos. Ele sabia porque eu estava ali.

— Então... – comecei – no que estava trabalhando tão ferozmente? – Me inclinei sobre seu ombro para dar uma espiada. No papel havia um monte de rabiscos que não consegui entender. Como os que Alan fazia quando estava “criando”.

— Ah, nada demais. – Disse, me puxou para sentar com ele na cama. Jeremy estava claramente nervoso, no aguarde do irrevogável adeus. Não podia mais adiar.

— Jeremy, eu...

— Não! – Fui interrompida. – Não faça isso. Não se despeça de mim. Sei que vai embora, já me conformei com isso, apesar de não entender. Mas, por favor, não se despeça. Finja que me verá daqui algumas horas ou alguns dias. Não faça isso ser mais doloroso do que já é para mim. – Jeremy implorou.

— Tudo bem. – Concordei com a cabeça. Era tão doloroso para mim quanto era para ele. Olhei as orbes azuis cintilantes e só então me dei conta de que nunca mais as veria novamente. Me levantei e suspirei pesadamente antes de continuar. – Então... Vejo você logo, Jeremy Declair.

— Vejo você logo, srta. Meredith. – Ele se levantou e num ato repentino me puxou para si, tomando meus lábios.

Sua boca era bruta e ávida sobre a minha e seu beijo já tinha sabor de saudade. Eu podia sentir toda sua tristeza e toda sua dor, ele estava tão entregue. Por um momento, decidi deixar de lado tudo o que eu era, tudo o que ele era, os quase três séculos que nos separavam e todas as minhas armaduras. Me deixei levar pelo gosto de Jeremy, pelo toque de suas mãos em mim e pelo nosso derradeiro beijo. Aquela era nossa despedida. Nosso último contato. Nosso adeus.

 

Abri os olhos e encarei o apartamento de Alan. O mesmo cheiro de madeira, os computadores, o sofá gasto. Tudo do mesmo jeito, mas nada igual. Eu estava assim também e ficaria assim por um bom tempo, quem sabe para sempre. Eu era Meredith Snigler.

 

Mas não era.


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Notas finais do capítulo

Eaee???

Ainda vou postar um epílogo, então segurem os forninhos. Mas, mesmo que sejam mensagens de ódio, gostaria de saber o que acharam ^^

Gostaria de saber se estão a fim de uma segunda temporada?? Estou com um enredo na cabeça, mas não adianta escrevê-lo se já estiverem enjoados da Mere e do Alan! kkkkk

DreamUp



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