Perdida no tempo escrita por DreamUp


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Eae, pessoal ^^

Mais um capítulo aí!
Enjoy it!



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Por um momento, achei que meus olhos me traíram. Só quando fui até Alan, e peguei em suas mãos, braços, ombros e rosto, acreditei que ele estava mesmo ali. O abracei forte e disse em seu ouvido:

— Nunca estive tão feliz em te ver, Alan! – E aquilo era verdade, como era. 

— Meu Deus, achei que ia demorar a te encontrar, mas veja só. – Ele se afastou de mim, pegando em meus braços, me analisando. – Que roupas são essas? 

— Sobrevivência, meu irmão. – O observei também, vestido com roupas do século 18. - E você? 

— Imaginei que precisaria... – O olhei mais uma vez e percebi meu alívio em vê-lo se esvair. Pus minhas mãos em riste e comecei a acertá-lo. 

— Filho da mãe! Como não percebeu antes? Aliás, quando você percebeu? – Alan se escolheu, enquanto pronunciava: 

— Desculpa, desculpa! Percebi só depois de algumas horas que você se foi. Dá para parar com isso? – Me olhou por cima dos óculos, focando em minhas mãos que ainda acertavam seu peito. Parei por um segundo, estreitei meus olhos e dei-lhe um último soco. – Obrigado. – Disse alisando as roupas. – Como você tem passado? Como conseguiu essas roupas? 

— Quando cheguei, dei por mim aqui nessa clareira. Imaginei estar numa área rural e distante e comecei a caminhar. Andei até meus pés doerem, foi quando vi um casarão. Fui bater lá para pedir informações. Julia me atendeu, tivemos um diálogo estranho, no qual ela me deu a seguinte informação: “Estamos em 1768”. – Olhei de rabo de olho para Alan, fuzilando-o. – Acontece que ela me confundiu com uma tal de Ana d'Franklin, noiva do Jeremy, aguardada por todos. Essa Ana ainda não apareceu, de acordo com a carta dos pais dela, ela fugiu com um soldado.

— Caramba. Eu diria que você teve sorte! – Tive mesmo... – Ninguém desconfia de você?

— Está duvidando das capacidades cênicas da sua irmã? – Perguntei cinicamente. – Claro que não! – Parei por um segundo, ponderando a manhã de hoje. – Bom, tem uma pessoa que não vai muito com a minha cara. O nome dele é Henry McAdams, amigo do Sr. Declair. Eu sinto que ele desconfia de mim.

— Henry McAdams? – Vi os olhos de Alan confusos. – O Henry McAdams?

Assenti levemente, não sabendo onde Alan queria chegar.

— Mere, esse cara foi um dos maiores golpistas da história da indústria inglesa. Pelo que eu lembro de ter lido, ele passou a perna no amigo, Rob... Robert... Ri... Richard.... Isso! Richard! Parece que ele o roubou e depois fugiu. Faz tempo que vi isso, não me recordo direito. – Arregalei meus olhos com suas palavras. Não pela surpresa, era a cara do McAdams fazer algo assim, mas por ser uma possibilidade real e escancarada na minha cara. Afinal, Henry era um homem entendido do mundo, por que aconselhar Dick a não investir em algo lucrativo como a indústria?

— Richard é o pai de Jeremy. O McAdams é um porco, se quer saber. – Alan tinha o olhar longe, perdido em pensamentos. Tive que chamar sua atenção para mim. – Alan, quando vamos embora? – Não queria pensar nessa possibilidade ainda, pois gostava de ficar com os Declair.

— Bom... – Ele me sorriu amarelo. – Vai demorar um pouco. – Suspirei mentalmente aliviada. – Preciso de energia elétrica e isso não é algo que se tem para dar e vender em 1768. Sua sorte é ter um irmão muito esperto que pode fazer isso dentro de alguns dias ou semanas.

— Entendo. – Me inclinei por cima do ombro de Alan, avistando toda a aparelhagem da Máquina do Tempo. – Pretende deixar tudo isso aqui? É seguro? E se alguém te roubar?

— Tenho tudo planejado: vou arrumar alguém para construir em volta da máquina do tempo um casebre o mais rápido possível, espero que esse terreno não seja de ninguém. Depois vou me dedicar a gerar energia e podemos ir. Demorará cerca de três semanas.

— Ótimo! Excelente! – Quase dei pulinhos de alegria. Gostava dos Declair, como já disse, mas precisava voltar para casa. Alan me deu tempo suficiente para terminar as coisas por aqui. Eu só esperava que a Ana não aparecesse nesse meio tempo.

 

Voltamos para casa dos Declair devagar, colocando a conversa em dia. Contei para Alan meus últimos passatempos. Ele riu muito quando eu disse que estava aprendendo a tricotar e pediu uma blusa de aniversário. Ele comunicou Mary, Jack e Cameron, governanta, cozinheiro e jardineiro, respectivamente, que eu havia ido para uma viagem não prevista e longa. Eles não compraram, é claro. Mas Alan pediu que eles confiassem nele.

 

Assim que viu Alan, os olhos de Rosa arregalaram-se.

— Esse é meu primo, Alan Snigler, filho dos meus tios de Londres. – Soltei a isca e esperei que Rosana pegasse.

— Não sabia que seus tios tinham um filho... – Ela não tirava os olhos de Alan por um segundo.

— Eu viajo muito, senhora, por isso poucas pessoas sabem da minha existência. Estava de passagem pela região, quando lembrei que minha priminha estava por aqui. Se não se importar, gostaria de ficar por uns dias... – Alan lhe deu seu melhor sorriso para Rosa. Sua expressão séria se suavizou. A sedução era a arma da família.

— Pode ficar, sim. Vou pedir para Jane arrumar um quarto. Sente-se um pouco... – Estávamos na sala particular de Rosa, onde tivemos nosso primeiro diálogo. – Por que viaja tanto, Sr. Snigler?

— Negócios... – Alan respondeu simplesmente.

— Compreendo. – Rosa começou um pequeno interrogatório, que seria completamente desconcertante para qualquer um, mas não para Alan. Ele sabia lidar com esse tipo de coisa, era tão cara-de-pau quanto eu. O que nos diferenciava era o cinismo. Alan não era cínico. Pelo contrário era muito honesto. Honesto demais.

 

Jane apareceu depois de um tempo, levando Alan consigo. À sós com Rosana, uma coisa não parava de martelar em minha cabeça. 

— Onde está Jeremy, Rosa? – Perguntei casualmente. 

— Ele saiu faz um tempo. Logo voltará. – Ela pôs-se de pé num pulo e ditou. – Levante-se, querida. Vamos almoçar.

 

Mais tarde, no jantar, o Sr. Declair estranhou a presença de Alan, mas logo tornaram-se amigos, conversando animadamente sobre tudo. Até Jeremy, costumeiramente calado, entrou na onda. Ele ainda estava chateado comigo. Não me olhou nos olhos e, basicamente, fingiu não me ver.

Fora o clima tenso entre mim e Jeremy, que não passou despercebido por Rosana, que provavelmente me faria uma enxurrada de perguntas mais tarde, tudo correu muito bem e todos adoraram Alan. Ele sempre causou esse tipo de simpatia nas pessoas, sem o mínimo de esforço. 

Seguindo nossa rotina, fomos a sala, onde, diferente das outras vezes, Alan estava lá para tocar comigo. Ele estava um pouco enferrujado, mas ainda mandava bem. Tocamos por horas.

A caminho de nossos quartos, Alan revelou: 

— Eles são adoráveis, muito gentis. É uma pena que estejamos os enganando, eles não merecem. – Alan era bom por natureza, era normal que se sentisse culpado por mentir. Mas eu, não. Por isso quando um calafrio gelado subiu minha coluna, parou em meu coração e apertou-o, estranhei. 

— Não pense nisso. Sabe que dentro de pouco tempo não os veremos nunca mais. – Afugentei o que senti o máximo que pude e esperei que Alan fizesse o mesmo. 

— Isso não muda o sentimento. – Meu irmão carregava um sorriso maroto e um olhar satisfeito na face. Fazia muito tempo que não o via assim tão tranquilo. – Eu sinto falta de ter uma família, passar um tempo divertido, como fizemos hoje. Você não? – Só às vezes. 

— Nunca parei para pensar nisso. 

— É bom ficar com eles. Sentir que tem alguém ali por você. É um pouco triste que sejamos só eu e você, sabe? – Alan apoiou o braço em meus ombros e voltou a fala em tom de riso. – Talvez você devesse se casar, ter uns filhos, encher a casa.... Assim o tio Alan teria uma coisa a mais para fazer da vida. – Quase não acreditei no que eu ouvi. Sério mesmo, Alan? Mandei-o para um lugar bonito e girei a maçaneta do meu quarto, entrando após escutar um boa noite distante do meu irmão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até o próximo ;)

DreamUp



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