No dia 23 de dezembro, soube a triste notícia que Maya tinha sofrido um acidente de carro, muito sério. Recebi a ligação da mãe dela, mas não foi nada mais do que dar a notícia e dizer um "Sinto muito!". Eu queria vê-la, mas parece que esse não era o mesmo desejo dos pais.
Já tinha passado 2 dias, era natal mas não estava nem um pouco animado, pois não parava de pensar na Maya, não tinha noticias dela, resolvi mandar uma mensagem para a mãe dela, mas nada foi respondido.
No terceiro dia após o acidente, recebi uma ligação enquanto estava preparando meu café da manhã. Quando o telefone tocava, eu logo soltei a espátula em que mexia o ovo, e sai correndo para atender. De alguma forma, eu já sabia que era sobre Maya.
–Oi Jake! -falava Elaine (mãe de Maya), do outro lado da linha.
–Oi Sra. Elaine! -me espantei quando soube que era ela.
–Então... Eu queria que você aparecesse aqui no hospital Esperança. Preciso muito falar contigo. - a voz dela estava roca de choro
–Ok, estou indo logo ai! -escutei um ruído, e desta vez tive certeza que ela chorava. -Está tudo bem, Elaine?
Ela parou de falar por um tempo, e depois disse tentando disfarçar o choro:
–Bom... Venha aqui, que você verá!
Em seguida a ligação caiu. Eu logo botei uma jaqueta, e peguei o primeiro táxi que vi para ir para o hospital.
Ao chegar, fui logo perguntar a uma assistente, que estava atrás a bancada.
–Onde é a sala que Maya Sttivet está internada?
A moça analisava bem lentamente o enorme caderno de anotações, e depois ela disse:
–Só pode entrar gente da família! -afirmava a moça com total frieza
–Sou o namorado. Vale?
–Infelizmente não! -respondeu ela fechando o caderno com força.
Na mesma hora, Elaine apareceu salvando a Pátria. Eu logo corri na direção dela.
–Oi dona Elaine –disse animado
–Jack , vamos conversar ?- fiz um olhar meio desconfiado
–Claro – ela me levou para as bancadas, sentei em uma das cadeiras e ela ficou em pé. Ela parecia nervosa, pois não parava de andar de um lado pro outro.
–Bom eu queria primeiro agradecer!
–Pelo que ?
–Por fazer a Maya feliz. -disse ela, enquanto já estava achando aquilo dramático demais pro meu gosto.
–Isso foi o maior prazer que eu tive , mas poderia ir direto...
–Sim, bom ... você sabe que a Maya sofreu um acidente – fiz que sim – Então, quando estávamos hoje no hospital – os olhos dela estavam começando a lacrimejar – O médico disse que ela ... isso é difícil de dizer.
–O que o medico disse sobre ela ?
–Que a Maya perdeu a memória, ela não lembra mas de nada que aconteceu, não lembra das amigas e não lembra de você. -Dizia ela enquanto já estava chorando.
Não consegui acreditar, como ela não lembrava de tudo que passamos juntos ? Todas nossos amassos e loucuras, todos nossos abraços e travessuras.... Se perderam??! Ficaram no passado!? Levantei e fiquei andando pro lado e pro outro pensativo.
–Jack ? –disse Elaine preocupada
–Fala pra moça me deixar eu entrar para vê-la.
–Não, eu não acho que essa é uma boa idéia!
Eu fingi que concordei e ela se despediu e saiu.
–Se cuida! -foi a última coisa que ela disse.
Fui proibido de entrar na UTI pelas enfermeiras. Então, planejei um plano todo na minha mente pra entrar escondido.
Quando finalmente consegui cumprir meu plano, e consegui vê Maya pela primeira vez, eu quase desmontei. Sua pele parecia de papel. Seus olhos estavam cobertos com fitas. Tubos passavam por todo o seu corpo, bombeando líquidos e sangue e tirando umas coisas bem assustadoras. Tenho vergonha de dizer, mas quando a vi, queria sair correndo.
Ela dormia feito um anjo, nada daquilo parecia a incomodá-la. Por mais medo que sentia, me sentei e fiquei a observando, como fazia quando ela me ligava no meio da noite, dizendo que não conseguia dormir, e pedia para eu ir até a casa dela, e assim eu fazia. Quando chegava, cantava uma música baixinho, e ficava a observando até ela cair no sono de novo.
Depois de um tempo de eu a observando e pensando, ela despertou, e tomou um susto comigo.
– Quem é você ? O que quer comigo ? -ela me interrogava
–Maya , sou eu Jack, você lembra de mim, né ? -falei calmo
–Não , nunca te vi na vida ! - aquilo me deu um aperto no coração, não acreditei que ouvi aquilo depois de tudo o que passamos.
Mas eu desisti, ela não ia se lembrar de mim.
–Sou seu professor de música. -menti e ela pareceu se tranquilizar
Na mesma hora, Elaine entrou, e ignorou ter me visto. Ela não parecia surpresa, ela me conhece. Ela sabe que eu não sou dessas pessoas que desisti fácil. Ela entrou e falou naturalmente:
–Jake, é melhor você sair agora...
Mas Maya a interrompeu:
–Mas ele não veio me ensinar música, mãe?
Pisquei para Elaine e ela logo entendeu.
–Sim, ele é seu professor. -ela piscou discretamente de volta. -Mas hoje ele não vai te ensinar, filha!
Ela balançou a cabeça, e Elaine me levou para fora.
–Eu falei que ela não ia te reconhecer! -disse Elaine, com os olhos vermelhos de tanto chorar
–Eu vi. Você estava certa. -falei enquanto abaixava a cabeça
–Ela te amava, Jake. Te amava muito!
–Isso eu queria a ouvir falar. -disse e esse foi o final da conversa
Eu fui pra casa. Quando cheguei apenas tomei um banho quente e fui dormir. Mas eu não consegui dormir. Não depois desse dia. Eu estou disposto a fazer tudo para ter Maya de volta. Talvez não como namorado, mas tê-la junto de mim vale. A partir de hoje sou o professor dela. E não vou dormir, e sim treinar para "ensiná-la".