Edmundo ainda olhava para o topo do Monte, onde agora Skye se encontrava sã e salva, quando Pedro gritou seu nome. O garoto balançou a cabeça levemente, tentando manter o foco.

– Nós precisamos ir, Edmundo. Agora! – exclamou Pedro.

Edmundo apenas concordou, pois sabia que era o certo a fazer. Mesmo que estivesse lutando arduamente, ele cuidaria de Skye.

– Preparem-se! – gritou Pedro.

Ao longe, uma movimentação ao redor das catapultas podia ser notada. Segundos depois, várias pedras enormes voavam na direção do Monte. Com sorte, nenhuma atingiu os narnianos.

A chuva de pedras não cessava por nenhum segundo sequer. Após algum tempo, o exército telmarino começou a seguir em direção ao Monte. A luta finalmente iria começar.

Skye estava quase arrancando seus cabelos. Ela só conseguia odiar Edmundo naquele momento. A garota estava um atrás do pequeno grupo de arqueiros que estavam no topo do Monte. Susana comandava o grupo, então Skye não tinha ninguém para incomodar.

A garota havia se tornado completamente inútil naquele maldito lugar. Skye sentia uma imensa vontade de gritar, mas Susana e os arqueiros precisavam se concentrar em seus alvos.

Passaram-se apenas dez segundos, e no momento em que os arqueiros atiraram na direção dos telmarinos, Skye gritou:

– Susana!

O gritou assustou não só a Rainha, mas todos os que estavam ali.

– Mas que droga Skye! – reclamou Susana – Aquele poderia ter sido um dos meus melhores tiros.

– Você tem alguma besta sobrando? – perguntou Skye, abrindo caminho pelos arqueiros e chegando até Susana.

– Tenho, mas... para que você quer uma besta?

– Isso não importa, apenas me dê uma. – gritou Skye, balançando Susana pelos ombros.

Susana tinha coisas mais importantes para se preocupar, então para economizar tempo, não negou o pedido da garota.

Após conseguir o que desejava, Skye prometeu que não gritaria nem falaria nada que não fosse de extrema importância, pelo menos enquanto estivesse ali.

Fazia alguns anos, mas antes de dar aulas de esgrima, o Professor havia ensinado Skye a usar as bestas. A garota sabia manusear bem o objeto, mas a espada continuava sendo o seu verdadeiro forte.

Skye se posicionou ao lado de Susana, e sempre que a Rainha ordenava, uma infinidade de flechas voavam na direção do exército telmarino. Para Skye, não importava se ela acertava em algum soldado ou não. A garota apenas queria ser útil em algo.

Sempre que tinha uma oportunidade, Susana olhava em direção da floresta.

– Onde está Lúcia? – perguntou Skye.

– Eu não faço a menor ideia. – respondeu a Rainha aflita.

Parecia que Pedro estava tão aflito quanto Susana, pois alguns segundos depois a voz do Grande Rei pode ser escutada.

– Para o Monte!

Todos os narnianos, que antes lutavam com afinco contra o exército telmarino, simplesmente pararam de lutar e correram para a entrada do Monte como se nada mais importasse.

– Preparem-se – gritou Susana, erguendo seu arco.

Skye conseguiu ver Edmundo a poucos metros da entrada do Monte, e isso deixou a garota mais tranquila. Ela também ergueu sua besta, e apenas esperava a ordem de Susana para que pudesse atirar. Porém essa ordem nunca chegou.

Duas pedras enormes foram arremessadas pelas catapultas e atingiram precisamente a entrada do Monte, causando um deslizamento de pedras que ocupou todo o espaço por onde os narnianos iriam passar. Não havia nenhuma forma de passar por ali.

Mas o deslizamento não havia acabado, e atingiu até o topo do Monte, onde os arqueiros se encontravam. Uma enorme árvore que antes se erguia ao lado de onde o grupo estava, agora caia na direção de Skye e Susana.

A Rainha puxou Skye antes que a árvore pudesse atingi-las, mas as duas acabaram se desequilibrando. Antes que pudessem realmente cair, Trumpkin segurou as mãos das duas. Era óbvio e evidente que o anão não conseguiria segurar duas garotas que tem o triplo do seu peso.

Skye olhou para baixo num movimento involuntário, mas o que viu, não lhe deixou nenhum pouco assustada.

– Solte! – ela gritou.

– Você ficou maluca? – gemeu Trumpkin.

– Ela tem razão, Trumpkin! Solte! – gritou Susana, também olhando para baixo.

O anão parecia extremamente assustado. As duas queriam se matar? Ele estava decidido a não soltar, mas elas eram muito pesadas para ele e quando estava no seu limite, Trumpkin soltou as mãos das duas garotas.

Skye foi a primeira a cair. No momento em que o anão soltou sua mão, ela fechou os olhos, mesmo sabendo que nada de mal lhe aconteceria.

Uma enorme pedra fora arrastada no deslizamento, e ficou a poucos metros do lugar onde a pouco Skye e Susana estavam. Por isso, no momento em que Trumpkin soltou as duas, elas pousaram confortavelmente na pedra.

– Está tudo bem? – perguntou Skye a Susana.

– Sim.

Só então, as garotas lembraram que a guerra ainda estava acontecendo. Cada vez mais soldados chegavam armados até os dentes. A vontade de lutar que Skye estava sentindo aumentava cada vez mais.

– Vamos. – disse Skye puxando Susana.

As duas pularam da pedra, que não estava muito longe do chão, e correram até onde Caspian, Pedro e Edmundo estavam.

– Seus esforços para me manter longe da luta fracassaram. – falou Skye ao pé do ouvido de Edmundo, que estava distraído, observando o exército que se aproximava cada vez mais.

– Eu sabia que uma hora ou outra isso aconteceria.

Os cinco continuaram parados, até Skye fazer o que tanto almejava: desembainhar sua espada. Pedro fez o mesmo e começou a correr na direção do exército, sendo seguido por Caspian e Susana.

– Juntos? – perguntou Edmundo.

– Juntos.

Skye segurou a mão do garoto que se encontrava ao seu lado, o garoto que fazia tudo ter sentido, que fazia ela se sentir completa, e os dois começaram a correr. Correr para a guerra.