Regina respirou fundo, olhava para seu irmão e só queria que ele não estivesse ali naquele momento. Não queria conversar com Killian, não queria ouvir nada que ele poderia querer falar, queria ignorar o fato que se encontrava na mesma situação em que tinha colocado o irmão.

— Não é um bom momento agora, Killian. – Regina negou com a cabeça.

— Eu discordo. – Killian se aproximou e coçou a barba. – E acredito ser uma hora excelente para a conversa que temos que ter.

— Não temos que ter coisa nenhuma. – Regina bufou. – Se esqueceu que até algumas semanas atrás, você não queria ter nenhum tipo de conversa comigo?

— Água debaixo da ponte. – Killian suspirou. – Para falar a verdade, até há duas semanas atrás, eu realmente não tinha a mínima vontade de ter algum tipo de diálogo com você.

— Duas semanas? – Regina debochou. – Mas é claro que é esse o motivo de você resolver querer conversar repentinamente, você soube do meu rompimento com Emma. – A morena suspirou. - Killian, eu realmente não preciso ouvir você se vangloriar. Pelo amor que um dia você sentiu por mim, não faça isso agora.

— O amor que um dia eu senti por você? – Killian negou com a cabeça. – Você não entende, não é? Eu nunca deixei de amar você, Regina. Você é a minha irmã, sempre vai ser. É exatamente por amar você que foi tão doloroso.

— Killian...

— Me ouça primeiro está bem? – Killian questionou e ao ver a irmã concordar com a cabeça continuou. – Nossa mãe sempre falou que sangue é mais grosso do que água, e isso é verdade. Você me machucou profundamente, eu não soube lidar com o fato que minha heroína tinha feito algo contra mim. Você é a minha irmã mais velha, que sempre me protegeu e defendeu de tudo e todos e então você me traiu. Isso não é algo simples, Regina. Eu fiquei ferido e queria te ferir de volta, eu queria que você sofresse, pois não achava justo sofrer sozinho, quando você tinha sido o principal motivo desse sofrimento. – Killian respirou fundo. – E depois você voltou para a cidade e junto de Emma, eu achava que era passageiro, eu acreditava que vocês não iriam durar, que era apenas um capricho. Então você pediu ela em casamento e isso foi mais do que eu poderia suportar. Eu não conseguia entender como a minha irmã, que nunca tinha amado e planejado um futuro ao lado de uma mulher, tinha mudado tanto. Mudado a ponto de querer passar o resto da vida ao lado da minha ex-namorada. Eu achei melhor me afastar da cidade, respirar novos ares e tentar ficar em paz de espírito com toda essa situação. Eu queria poder superar toda a mágoa entre nós, para um dia podermos voltar a ter uma relação civilizada.

— E você conseguiu? – Regina perguntou com os olhos cheios de lágrimas, não imaginava que seu irmão iria abrir seu coração dessa forma.

— Eu não tenho certeza. – Killian admitiu. – Eu não faço ideia de quanto tempo vai demorar para conseguirmos isso.

— Eu entendo. – Regina concordou.

— Regina... – Killian foi interrompido pela porta do escritório que foi aberta.

— Killian? – Cora se surpreendeu e foi direto abraçar seu filho. – Eu não sabia que você estava de volta, porque não me avisou?

— Eu achei que seria melhor conversar pessoalmente. – Killian respondeu.

— Como assim? – Regina não entendeu o que o irmão quis dizer.

— Você conseguiu? – Cora questionou ao filho, que concordou com a cabeça, então se virou para encarar sua filha. – Regina, tem algo que preciso te contar.

— Eu posso perceber isso. – Regina falou desconfiada, não gostando nenhum um pouco de estar por fora do assunto.

— Vamos nos sentar primeiro. – Cora sentou e esperou que Killian fizesse o mesmo, ambos sentaram em um sofá de dois lugares e Regina foi até a poltrona que ficava na frente. A matriarca do Mills respirou fundo e continuou. - Minha querida, no dia que você voltou de viagem e me contou sobre o que tinha acontecido, eu passei a noite pensando sobre tudo e cheguei à conclusão que havia algo muito errado naquela história. Aquilo não fazia sentido, e principalmente o fato de ser justamente o Jefferson envolvido novamente em um ato de traição. No outro dia eu liguei para o seu irmão e relatei o que tinha acontecido, a primeira reação dele como você pode imaginar foi mesquinha. Mas depois de uma longa conversa, ele concordou comigo que era coincidência demais o Jefferson ser pego com Milah e Emma na cama. Killian concordou em investigar essa história.

— Você concordou? – Regina olhou para o irmão. – Por que?

— Nossa mãe sabe ser bem persuasiva e ela tinha um bom ponto. – Killian deu de ombros. – Eu fiquei curioso para descobrir se tinha outra história por trás de tudo.

—Eu não sei o que me surpreende mais, o fato de minha mãe ter uma ideia dessas ou meu irmão ir atrás dela. – Regina estava em choque e morrendo de medo de ouvir o resto da história. Uma ponta de esperança já tinha crescido dentro de si, no final das contas Emma poderia ter falado a verdade. Oh, céus. Emma poderia ter falado a verdade? Caso isso fosse real, teria que pedir perdão para a loira.

— Não se surpreenda, minha querida. – Cora sorriu. – Não é fácil conseguir me enganar. Mas agora, por favor Killian, conte o que descobriu.

— Eu fui atrás de Milah. – Killian soltou com o ar que havia prendido. – Não foi fácil encontrar ela e muito menos a convencer a conversar comigo. Depois de muita insistência de minha parte, ela acabou concordando. Milah me contou que nunca tinha tido nada com Jefferson, que ele tinha armado aquela cena e eu cai como um pato.

— Mas e sobre a falsa gravidez? – Regina estava de boca aberta.

— Ela havia feito teste de farmácia que tinha dado falso positivo, ela acreditava estar grávida, até descobrir que era um engano.

— Mas porque Jefferson faria isso conosco? – Regina não conseguia entender.

— Bom, Milah me contou sobre isso também. – Killian olhou para a sua mãe. – Por isso eu achei melhor contar tudo pessoalmente. Milah ficou com muita raiva dele e quis saber o motivo de ele ter armado aquilo. Ela contratou um detetive particular que descobriu que Jefferson queria vingança.

— Vingança? – Cora questionou. – E por qual motivo?

— O detetive descobriu que o pai de Jefferson era um homem chamado Leopoldo White. – Killian viu a realização no rosto de sua mãe. – Segundo a investigação dele, Leopoldo tinha sido seu noivo e depois foi trocado pelo seu sócio, no caso o nosso pai. Após romper o noivado com a senhora e a sociedade com Papai, ele mudou de cidade e acabou casando com a mãe de Jefferson. Ele nunca superou a traição e virou um alcoólatra que batia na esposa. Jefferson cresceu vendo o pai agredir a sua mãe, até terminar em desgraça. Um dia Leopoldo exagerou e a mãe dele teve traumatismo craniano, resultando em sua morte e na prisão do homem.

— Oh, meu Deus. – Cora levou a mão a boca, não podia acreditar que suas ações tinham influenciado aquela tragédia.

— Seu noivo? – Regina perguntou para a mãe.

— Sim. – Cora respirou fundo. – Foi antes de conhecer o pai de vocês, na realidade Leopoldo que nos apresentou. Eu estava noiva de Leopoldo quando me apaixonei por Henry, acabei tendo um caso com ele até o Leopoldo descobrir e acabar com tudo. Depois disso eu nunca mais ouvi falar dele, ele foi embora de Storybrooke e nunca mais voltou. Eu sei que ele tinha um temperamento forte, mas nunca imaginei que ele pudesse se transformar nesse monstro.   

— Só um minuto. – Regina franziu as sobrancelhas. – A senhora está me contando, que enquanto era noiva desse homem se envolveu com o meu pai? Como raios, teve coragem de repudiar Emma por ter feito o mesmo?

— Regina. – Cora falou firme. – São situações muito diferentes.

— Ah claro, a sua terminou em desgraça. – Regina cuspiu.

— Ei, Regina. – Killian interviu. – Não seja injusta com a nossa mãe.

— São situações diferentes porque você e Killian são irmãos, Leopoldo e Henry eram amigos e sócios apenas. E eu repudiei Emma porque eu sou mãe de vocês, nenhuma mãe iria aceitar que seu filho fosse traído. – Cora respondeu para a filha. – Eu não me arrependo de me apaixonar pelo pai de vocês, Henry foi o amor da minha vida. Ele me fez extremamente feliz e juntos tivemos vocês dois. Eu sinto muito que Leopoldo tenha feito da vida de Jefferson e sua mãe um inferno, mas eu não sou responsável pelas ações dos outros. E sinto muito que Jefferson tenha feito tudo isso por vingança. Eu realmente sinto muito. – Cora olhou para o filho e depois para a filha.

— Por que Milah não te procurou para contar a verdade? – Regina perguntou para o irmão.

— Ela ficou magoada. – Killian deu um sorriso triste. – Segundo ela eu deveria ter acreditado em sua inocência, por isso ela não quis me procurar.

— Oh Deus, Emma nunca vai me perdoar, não é? – Regina estava atordoada, tinha falado coisas horríveis para a loira e lhe expulsado de sua vida. Tinha que encontrar uma forma de solucionar as coisas, precisava pedir perdão e compensar Emma por tudo que havia feito.