Acasos escrita por Renata Guimarães


Capítulo 5
Capítulo 5




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Enquanto Gabriel e Vicky resolviam questões financeiras dentro do estúdio, sobre pagamento. Eu estava do lado de fora fumando um cigarro com o Lewis, na verdade fumando o cigarro dele, porque eu não sou o tipo fumante.  Aproveitei para responder a ruiva do aplicativo, ela está novamente cagando regra. Dessa vez é sobre produções francesas. Ela está basicamente dizendo que acha uma merda filmes e séries francesas e comparado as produções americanas e adivinha quem gosta de filme e series francesas? Pois é, eu gosto. E isso tudo veio só porque eu comentei “nossa ultimamente to assistindo muito filme francês e to viciada em uma serie de lá, tão bonitinho eles falando, mesmo eu não entendo nada” e se a resposta fosse do tipo “eu não gosto de produções da frança” eu acharia normal. Ninguém é obrigado a gostar né, mas ela falou literalmente assim “acho uma merda filmes franceses, prefiro os americanos, não existe nada francês que preste sem ser vinho e comida”. Da vontade de mandar uma mensagem “me poupe, se poupe, nos poupe dessa sua grosseria”, mas a minha educação não permite. Saio dos meus devaneios com um cutuque no ombro.

— Só queria agradecer pela arte em forma de tatuagem, você é um amor de pessoa e é linda sim.

Nem deu tempo de responde-la, ela já veio dando um meio abraço para não encostar no lado que eu tinha acabado de tatuar ela e me deu um beijo no rosto demoradinho. Eu fiquei bem sem graça, mas bem feliz. Me deu aquela sensação boa na barriga sabe? Foi um beijo inesperado. Não tenho costume de receber beijo no rosto de pessoas que acabei de conhecer é aperto de mão normalmente, as vezes é só um aceno com a mão ou a cabeça. Também não estou acostumada a ser elogiada por uma mulher tão bonita, é claro que ela é hétero, obviamente é hétero, mas mesmo assim acho que fiquei meio corada

— Tchau – ela disse.

Fiquei sem reação, não disse nada, reagi feito uma estupida e apenas acenei. Caralho como eu sou idiota, que atitude de criança, nem me despedi direito. Fiquei observando ela ir embora. Meu Deus! Que mulher linda! Quando ela ia virou a esquina eu fui entrando no estúdio. Estou bem feliz com um beijo no rosto, é estupido. Só que não consigo evitar em me sentir especial. Vou em direção ao balcão onde o Gabriel está com intenção de contar tudo a ele e quando olho pro rosto dele tem uma marca de batom vermelho na bochecha dele e me vejo no espelho na parede atrás dele do estúdio. Nós dois temos exatamente a mesma marca de batom na bochecha. Ela deve despedir de todo mundo assim. Meu Deus como eu sou burra. O sorriso no meu rosto se desfaz imediatamente.

— Simpática ela né, Alana?

— Oh! Muito simpática...

— Que foi, mina? O que deu em você, parça?

— Como assim o que deu em mim? Não deu nada em mim, to normal, parça. – falei parça de maneira irônica.

— Oxi... Eu que sou atropelado e você que fica sequelada?

— Migo, você pode ser atropelado por um trator que você vai continuar do mesmo jeito, você é sequelado de nascença.

— Mana, fala pra mim o que foi, você não ta normal não. – Gabriel colocou a mão no meu ombro como um gesto pra eu desabafar.

— Não é nada não, é essa ruiva chata pra caralho que eu to conversando no aplicativo, ta me tirando do sério já. Nunca conheci uma pessoa tão chata. Se eu virar e falar “o céu ta lindo hoje” ela já vem com uma critica, ninguém merece.

— E porque você ainda fala com ela?

— Boa pergunta...

Mesmo esse não sendo o real motivo, é um bom questionamento... Porque eu ainda falo com ela? A garota é desagradável, tem uma arrogância e um ar de superioridade. Tudo que eu falo ela vem com uma critica. A gente não tem nada em comum não sei porque estou perdendo tempo com ela. Ou sei? Acho que sei. Perco meu tempo com ela pois mesmo eu não gostando dela, pelo menos a conversa passa do “oi, tudo bem?” da maioria das conversas. É comodismo mesmo. Como não tem ninguém que mantenha uma conversa. Então eu continuo falando com a única pessoa que mantem a conversa, mesmo a conversa sendo desagradável.

— É porque mesmo ela sendo desagradável pelo menos eu tenho alguém pra conversar.

— Nossa, parça. Sua vida ta nesse nível?

— Não, minha vida não ta nesse nível, só a vida amorosa... – Esse “sua vida ta nesse nível” ecoou dentro de mim, deu até um vazio. – Meu Deus, me senti um lixo agora.

— Toma uma atitude pra mudar isso, Alana. Eu que sou loucão da vida to melhor que você.

— Que atitude?

— Você quer conselho meu?

— Quero né... Realmente, olha o nível que eu cheguei, pedindo conselho pra você! – nós rimos juntos.

— Sabe tudo que você pensa dessa garota? – fiz que sim com a cabeça – você vai ter 30 minutos de honestidade na sua vida, agora mesmo, você vai pegar o que você acha e falar pra ela, nada de tentar ser politicamente correta ou falar de maneira gentil, fala na lata o que você acha.

— Tá e depois?

— Primeiro pensa no agora, foca no agora, o depois já ta dito... O depois você pensa depois!

Olho pro Gabriel com uma cara de duvida.

— Bota fé ni mim garota. – Ele enfia a mão no bolso da minha calça pega o meu celular e sacode na minha cara. – Toma.

Pego o celular, seguro e fico olhando pra ele com a tela bloqueada e ainda apagada por algum tempo.

— O que você tem a perder? Para de pensar e bora agir. Não esquece que é pra falar o que você pensa na lata.

Desbloqueio o celular e vou até o aplicativo e começo a digitar uma resposta pra garota “Você é arrogante, tenho nojo de falar com você, parece que tem prazer em diminuir as coisas, você é vazia, por isso que tudo é você considera ruim ou uma merda, ou superestimado! Tudo você critica, detona, joga no lixo, deve ser pra sentir que no interior você tem algum conteúdo, deve sentir que sua critica vale alguma coisa, mas não. Você não passa de uma ignorante cuspindo ignorância por ai pra achar que é bem resolvida, bem entendida e inteligente, mas você não é! Detonando tudo você pode se sentir como valendo alguma merda, mas você não vale nada. Esse tempo conversando com você percebi que você é a pessoa mais desagradável que eu já conheci... Não... Desagradável não, isso é leve pra você, você é n-o-j-e-n-t-a. Só tem uma visão limitada do seu próprio mundinho. Estou nadando para longe das suas merdas. Nem Ghandi te aguentaria. Certamente você não foi parida, foi achada no lixão”. Mostrei pro Gabriel.

— Ta pesado, Gabri. Melhor não mandar.

Ele arrancou o celular da minha mão e apertou o botão de enviar.

— Pronto, ta feito! – ele continuou cutucando o celular. – Vou aproveitar pra bloquear ela, você nunca mais vai falar com essa criatura e pronto, mal humor resolvido.

Na verdade ele tem razão, não vai fazer diferença na minha vida. Só vai fazer uma diferença positiva. Não vou ter mais que aturar uma pessoa chata na minha vida. Até porque sinceramente né, imagina namorar essa garota e ter que ouvir ela reclamando de tudo por exemplo você fala “nossa que bom esse sorvete de baunilha” e ela respondendo “baunilha é horrível, prefiro chocolate, você tem um péssimo gosto pra sorvete” cruz credo um peso desse na minha vida. Quero uma pessoa que me faça sorrir, que eu possa compartilhar coisas e deitar na cama pra assistir Netflix. Ou que eu possa comentar sobre qualquer coisa e mesmo que a gente tenha opiniões que divergem a gente consiga gostar uma da outra e se entender mesmo assim.

O resto do dia foi pacato eu atendi dois clientes agendados, um se chama Roberto. O cara ta fechando o braço com uma tatuagem, a gente já ta na terceira sessão colorindo é um processo lento e doloroso, por ser muito detalhado e muito colorido. Durante a sessão, por todo o processo ele falou sobre a luta que ele viu no dia anterior. O engraçado do Roberto é que ele conta cada detalhezinho, então é como se eu tivesse assistido a luta. Na sessão passada ele estava contando da partida de pelada que ele jogou com os amigos, e ele ficava todo empolgadão falando “Ai eu toquei pro negão ele é alto e bem parrudo, mas corre pra caralho... O negão pedalou assim ó – ele mostra como o negão pedalou – e mandou entre as pernas do defensor – ele finge que ta tocando a bola entre as pernas de alguém – o cara ficou desarmado, meio congelado sabe? Tipo assim – e ele mostra como é que o cara ficou congelado – Sem reação ai eu matei no peito tipo assim – ele faz o movimento de matada no peito – e pow no gol, maior golaço ai eu sai correndo pra galera, correndo pro abraço veio aquele bando de macho correndo pra cima de mim, desviei deles, sai empurrando e fui lá pras gatas né... Po, Alana, eu nunca entendi qual é desses caras que querem comemorar dando beijo no seu rosto, te agarrando... É muito estranho” deu pra entender mais ou menos como é né? Eu toda hora tenho que parar o trabalho pra deixar ele fazer o movimento que aconteceu na luta, ou no futebol, ou em qualquer outra coisa que ele tenha feito. A minha profissão as vezes é igual de taxista, você ouve várias historias da vida da pessoa, do dia da pessoa. Também tem aqueles que não aguentam falar por causa da dor e ficam em silencio a sessão toda. Com os dentes travados, eu sempre tento puxar um assunto com esses que eu sinto que são do tipo que não falam por causa da dor, só pra ver eles tentando falar entre dentes é engraçado. Parece aqueles dentista que fazem perguntas e puxam assunto sendo que eles tão com a mão dentro da sua boca e você não consegue responder. Deve ser a diversão dos dentistas. Eu já acostumei a responder dentista com “aham” pra positivo e “ãhãm” pra negativo.

 

— ALANA! – Gabriel tava estalando os dedos na minha cara e eu fui saindo dos meus devaneios lentamente. – Ta surda, filha?

— Não... Só tava pensando.

— Você pensa? – Soco o braço dele e ele ri. – Não bata em um acidentado! Agora, falando sério... Responde minha pergunta, vai fazer alguma coisa hoje?

— Claro que vou fazer. – Ele estranhou, vi na cara dele.

— O que?

— Vou fazer vários nadas e você?

— Vou te levar pra dar uma volta.

— Vai é? To sabendo disso não.

— A senhorita está sendo informada no momento exato que a decisão foi tomada por mim. – Ele me olhou com uma cara de sério. – Netflix vai continuar funcionando amanhã, amanhã ainda vai ter tela no seu apartamento pra você pintar, mas a rua todo dia muda, parça.

— Netflix também muda todo dia, eles colocam um filmes novos e tiram outros.

— Ta bom então, vai pra casa ver Netflix e transar com a sua mão para-o-resto-de-sua-vida. – Gabriel falou pausadamente cada palavra dando ênfase de forma engraçada. – E amanhã aproveita você já passa nesses lares de adoção de bicho saca? Saca, eu sei que tu saca! E adota uns 10 gatos que você vai ser a lésbica dos gatos.

— Cruzes! Falei brincando, não precisa me esculachar.

— Então bora beber.

Ele saiu me empurrando porta afora, nem deu tempo de me despedir dos outros tatuadores, mas esse é o Gabriel parece mais um cavalo de tão educado. Fomos andando para uma rua que tinha a pouca distancia do estúdio que era o point de encontro das tribos. Todo tipo de gente você encontra nessa maravilhosa rua, desde os riquinhos aos metaleiros. Obviamente que cada tribo tem uma parte da rua que é o ponto de encontro. Como eu não faço a mínima ideia de com qual grupo o Gabriel vai me enfiar eu vou seguindo ele, mas seguindo já pensando todas as merdas que podem dar pra ver se eu consigo sair viva. Ou pelo menos sair com minha dignidade intacta. Aqui é a rua mais falada da cidade e eu nunca tinha vindo nela. Não sei o que eu to fazendo da minha vida, as vezes eu acho que mudei muito que eu já sai totalmente da minha caixinha, mas é muito mais difícil do que imaginamos perder velhos hábitos. Cresci habituada a ser uma garota caseira, que era de casa pra escola, da escola pra casa, da casa pra igreja a vida toda. Será que virei uma chata sem conserto? Vai ver o defeito nem tava na Elizabeth, a ruivinha, vai ver o defeito ta em mim. Por isso que eu sou esse repelente de mulheres.

Gabriel foi entrando pra um boteco de esquina cheio de cachaceiro, já olhei pra cara dele assustada, isso é o que ele considera diversão?

— Que foi, garota? Que cara é essa?

— Que cara é essa? Você ainda pergunta? – Ele me escutava, mas ao mesmo tempo tava conversando com o cara do boteco e pediu uma coisa pra ele que eu nem entendi o que era. – Hã? Que isso que você ta pedindo, Gabriel? Gabriel! Gabriel... Porra, Gabriel se quer me fuder, me beija e paga um jantar antes.

— Como você reclama eim, pelo amor... – Ele entregou um copinho de plástico descartável furreco na minha mão. – Bebe e fica quieta.

Dei de ombros e levei o copo até a boca lentamente. Realmente, vai ver ele tem razão, eu reclamo demais...

— Gabriel! – Falei em um tom mais alto. – Olha o cheiro dessa coisa! Parece gasolina pura.

Ele começou a rir incontrolavelmente da minha cara, ele tinha virado o copinho dele... Nem o copo prestava é aqueles copinhos de plástico de cafezinho.

— E o gosto, Gabriel! – Fiz uma puta careta involuntariamente. – Você quer me matar? Isso é veneno. – Ele continuava rindo da minha cara e já tava pedindo outra dose pro botequeiro, é botequeiro que chama? Não faço ideia.

— Engole de uma vez e não respira que desce fácil, parece que é forte, mas não é forte não, fica de boa.

Fiz o que ele aconselhou, fechei o nariz e virei na boca e engoli. Quando bateu na língua eu já fiz uma careta como se eu tivesse chupado um caminhão de limão e quando bateu na garganta eu me senti um dragão queimava tudo. Parece que se eu assoprar vou por fogo no boteco todo. Ta subindo uma quentura no corpo.

— Ficou calor aqui do nada? Puta que pariu. – Comecei a me abanar.

— É a cachaça, assim que é bom. Daqui a pouco você vai ta no grau.

— Oohh! Vou mesmo estar no grau... Grau 40 de febre, só se for. – Ele ficava rindo, sendo que eu estava realmente não curtindo.

— Toma mais essa. – Ele me entregou mais um copinho.

— Você ta tentando me embebedar? Olha que você não faz meu tipo Gabriel, apesar desse seu cabelo comprido, você não é uma garota.

— Relaxa que você não faz meu tipo, você é muito careta.

— Você tirou o dia pra jogar verdades na minha cara é isso?

— Foi o atropelamento, eu vi a luz e eu tava quase indo pra ela. – Comecei a rir ele fez toma uma interpretação dramática dele indo para a luz. – E quando eu vi que ainda estava vivo eu decidi que ia ser mais honesto.

— Honestidade não é bom pra humanidade, a humanidade é construída sobre um alicerce de mentiras brancas que você conta pra não magoar as pessoas sabia? Já ouviu falar em sincericidio? A pessoa sincera demais comete suicídio social.

— Você nem é sincera demais e mesmo assim sua vida social esta morta.

— Ou! Mas não fui eu que matei. – Bati no peito dele. – Quer saber? É... Realmente... Minha vida social ta morta, porque olha com quem eu to saindo, de todas as pessoas no mundo... No mundo não! No universo! E eu to aqui com você, Gabriel.

— Parabéns! – Ele começou a aplaudir alto pra todo o bar cheio de uns bêbados aleatórios, teve uns que até bateram palma junto. – Ta começando a bater a bebida em você.

— Porque a gente não foi pra um lugar um pouco melhor?

— Aqui a bebida é barata, porque eu vou pagar 7 reais em uma bebida que aqui eu posso pagar mais barato? Não julgue um lugar pelos frequentadores, nem pelo cheiro de urina, e nem pela faixada velha. Anota essa lição ai na mente, julgue sempre pelo preço da bebida.

— Hm... Continua, to anotando aqui. – Peguei um bloquinho imaginário e finge anotar.

— Porque de que adianta você pagar 50 reais pra entrar em um lugar super badalado e bem frequentado se você vai ficar sóbria e com um monte de gente chata em volta porque também estão sóbrios porque gastaram todo dinheiro na entrada e a bebida dentro do lugar é 20 reais uma latinha de cerveja que em qualquer mercado é 2 reais.

— Anotado, mas alguma coisa?

— Sim, é mais barato você beber duas cachaças ou um copo de whisky e já ficar no grau do que você gastar todo seu dinheiro em cerveja e não ficar bêbada no final da noite.

— Entendi, você é o mão de vaca da bebida.

— Não sou mão de vaca, só não sou otário, eu pago o preço que é justo. – Ele falou alto porque o ambiente estava barulhento e logo em seguida ele congelou uns segundo no mesmo lugar e seus olhos ficaram acompanhando um movimento na rua. – Nossa, você ta vendo aquelas deusas passando na rua? Vam bora.

Ele saiu andando do bar e começou a ir andando atrás das garotas discretamente pra saber onde elas iam parar e eu fui andando do lado dele, zombando do jeito que ele falou.

— Vam bora... Vam... Bora...

— É linguagem da rua garota, se toca, você quer que eu fale o que? Vamos embora? O tempo é curto, até eu terminar essa frase a gente teria perdido elas de vista.

Comecei a cair na gargalhada e ele ficou andando sério do meu lado.

— Alana, você bebeu pinga não fumou maconha, para com isso.

Eu ri mais ainda.

— Você bebe e fica parecendo uma criança idiota.

— Já você parece uma criança idiota o tempo inteiro.

— Tá bom, te dou o credito por essa, essa foi boa! Bate aqui. – Demos um hi five. – Viu você já ta mais relaxada.

As garotas pararam ao lado de um carro estacionado que vendia bebida, era tipo um bar improvisado em um carro, tinha vários drinks e o preço do lado deles em uma tabela eu já não tava nem conseguindo ler direito. Realmente eu to ficando ruim. Não to acostumada a beber, no máximo um vinho em casa pra me inspirar, pra me soltar e desenhar com mais facilidade. Comecei a analisar as garotas, uma tinha um cabelo curto e preto e a outra tinha o cabelo longo e castanho. Elas estavam super bem maquiadas e arrumadas, a do cabelo curto tinha uma aparência mais “romântica” conclui isso pelo vestidinho que ela estava usando que era azul marinho com pequenos corações brancos. A outra estava bem diferente, de calça rasgada camisa de banda e completamente de preto.

— É o seguinte. – Gabriel virou de frente pra mim e ficou de costa pras meninas. – Eu vou chegar nelas, qual das duas te interessou mais?

Hm... Que difícil as duas são lindas e provavelmente as duas são héteros.

— Você fica com a da camisa de banda e eu fico com a de vestidinho, – torci a boca. – mas to achando que as duas são héteros.

— Fica ai achando que eu vou lá tentar a sorte. – Ele deu dois tapinhas no meu ombro e foi lá falar com as garotas.

Não quero nem ver o fora que ele vai tomar vou até comprar uma bebida aqui que é o melhor que eu faço. Sou muito ansiosa pra ficar olhando o que eles conversando sem nem saber o que eles estão falando.

— Boa noite, moça. – Falei com a voz meio arrastada involuntariamente.

— Boa noite, então vai querer um drink?

— Vou... – Hesitei um segundo olhando a tabela de bebidas agora mais de perto. – Só não sei bem o que quero.

— Que tal uma Coca Whisky?

— Não sou muita chegada em Coca, muito menos em Whisky. – Parei pra pensar um segundo. – Não tem algo mais doce?

— Quer um copo de Gummy? É docinha, você nem vai sentir descer.

— Pode ser então.

Mal pisquei e ela já tinha enchido um copo com o gelo e a bebida e eu só fiz pagar e agradecer. Fiquei de boa bebendo a bebida pelo canudo e olhando o movimento das pessoas na rua. Na outra calçada tinha um bar com musica ao vivo, uma casa de show com uma fila de pessoas na porta esperando pra entrar e algumas nem esperaram já estavam se agarrando ali mesmo. Tinha um pub hipster. Uma baladinha que imagino que é gay por só ter homem na porta, ou pode ser um puteiro nunca se sabe.

Sinto uma mão encostar levemente no meu ombro, já me preparo mentalmente pra ouvir o que o Gabriel vai dizer algo como “realmente ela é héteros, mas não desiste, parça”. Respiro fundo e já me viro preparada para a resposta do Gabriel, mas acaba que quando me viro vejo que não é ele me chamando. Fiquei claramente surpresa e estranhei a situação por não ser uma pessoa que eu conheço, na verdade é um cara que eu nunca vi na vida.

— Oi, tudo bem? – Ele estendeu a mão pra mim. – Prazer, me chamo Rian. – Estendi a mão também.

— Tudo bem, meu nome é Alana. – Ele pegou a minha mão e levou até a boca como se fosse beijar.

Quando eu percebi que ele ia beijar minha mão eu tentei puxar a mão, mas o raciocínio foi lento. E eu comecei a rir sem reação. Enquanto ele beijava demoradamente e incomodamente a minha mão eu tentava olhar atrás dele pra ver o que o Gabriel estava fazendo. Consegui ver apenas um parte do cabelo do Gabriel e depois percebi que ele estava com o rosto bem próximo do da garota com o vestido de corações. Na hora eu parei de rir descontrolada e fiquei com uma cara de espanto. Não é legal ser rejeitada e muito menos ver seu amigo beijando a garota que te rejeitou. Nossa que bad. Pensa positivo, Alana! Ela é hétero, certamente, não é sua culpa, nem foi você que chegou nela então não foi um fora, Alana. Relaxa. Não... Não relaxa não, sai dessa situação atual que não ta na boa pra você.

— Com licença, vou ali falar com meu amigo ele ta me esperando.

Puxei minha mão e tentei sair andando em direção ao Gabriel, mas o cara colocou o corpo na minha frente me impedindo de passar. Comecei a rir e pedi licença, claramente ele ta me zoando. Do nada ele colocou a mão na minha nuca e eu gelei. Fiquei sem reação. Meu Deus! Tenho que sair disso! Ele ta tentando me beijar a força.


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Notas finais do capítulo

Não esqueça de comentar, isso realmente me motiva. Criticas, elogios, ideias, um pouco de conversa... Estou aberta para todos.



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