Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 2
Capítulo 1. Aniversário de casamento


Notas iniciais do capítulo

Bom, como o prólogo foi apenas uma pequena amostra, resolvi já deixar um capítulo postado pra vocês, espero que gostem.
Ah, não esqueçam de comentar, a opinião de vocês é muito importante pra mim.
Ótima leitura.



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– Mais vinho senhor?
Carlos olha para a esposa que faz um leve sinal de negação com a cabeça.
– No momento não, obrigado.
O garçom lhe dá um sorriso amistoso e se afasta com a garrafa enrolada em um pano branco.
– Não gostou desse?
– Gostei até demais, por isso mesmo achei que era hora de parar. - diz sorrindo.
Carlos segura na mão da linda mulher a sua frente e deposita um beijo.
– Você me lembra o vinho sabia?
– Ah é? E por quê?
– A cada ano que passa você fica mais linda.
A mulher sorri.
– Ainda bem que suspendemos o vinho. Acho que não fui a única a beber demais aqui.
O homem ri. Suzana sempre fazia isso com ele, lhe arrancava sorrisos com a maior facilidade desde os tempos de escola, quando se conheceram.
– Tenho um presente pra você. Bom, dois na verdade.
– Oba, adoro presentes!
Ele tira de dentro do paletó uma caixinha em veludo azul marinho e um saquinho no mesmo tecido e cor.
– Esse - diz lhe entregando o saquinho - é pra você colocar no seu ateliê, junto com as suas esculturas e seus quadros.
Com um sorriso meigo Suzana abre o saquinho e de lá tira uma réplica perfeita da torre Eiffel feita em cristal.
– Voltei no tempo agora, na nossa lua de mel em Paris... Meu Deus Carlos, é linda. - disse enquanto girava o objeto nas mãos vendo cada detalhe.
– É mesmo, mas acho que você vai gostar ainda mais desse aqui.
Ele lhe entrega a caixinha em veludo e a observa. Suzana a abre e em seguida leva uma das mãos a boca em um sinal claro de surpresa. Com cuidado retira de dentro da caixa uma corrente prateada. Nela havia um lindo pingente em formato de coração e ao olhar atentamente em seu centro Suzana pode perceber que havia uma foto onde ela e Carlos se beijavam no dia de seu casamento.
– Meu Deus Carlos, eu nunca vi algo tão lindo em toda a minha vida.
– Quinze anos de casados, bodas de cristal. Quis te dar algo ligado a isso. Gostou mesmo?
Suzana olhava o pingente encantada, mal conseguia falar.
– Amor, eu nem sei como agradecer.
Carlos sorriu e levantou de sua cadeira, se colocando atrás dela.
– Pra começar, usando o presente.
Suzana sorriu e entregou o colar a ele. Ela tinha os cabelos escuros em um corte estilo chanel de bico. Não precisou afastar os cabelos do pescoço, apenas abaixou um pouco a cabeça. Carlos colocou o colar na esposa e deu um beijo em seu pescoço.
– Pronto, já concluímos a primeira etapa.
– Primeira?
Carlos ainda estava atrás de Suzana que permanecia sentada à mesa. Ele pousou as mãos sobre os ombros dela e aproximou os lábios de sua orelha, fazendo com que ela fechasse os olhos.
– Sim. Você disse que não sabia como me agradecer certo? A primeira etapa foi usar o presente.
– E a segunda...? - pergunta ela com um suspiro contido.
Suzana pôde sentir o sorriso de Carlos.
– A segunda é lá em casa... Você vai continuar usando o presente... Mais nada além dele.

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Carlos brincava com o colar no pescoço de Suzana, que se encontrava suada e ofegante.
– Está brilhando mais agora não acha?
Ela estava sentada de frente para ele, as pernas enlaçadas em sua cintura. Riu com o comentário.
– Vou ter que concordar.
Carlos continuou mexendo no colar, segurando o pingente entre os dedos.
– Quinze anos Suzana. Como tem conseguido me aguentar durante esse tempo?
– Não aguento você há quinze anos e sim a vinte e um. Começamos a namorar quando eu tinha quatorze anos lembra?
– É mesmo. Só agora me dei conta. Poderia ter sido morto pelo seu pai.
– Não seja exagerado. Nossa diferença de idade nem chega a cinco anos.
– Você diz isso agora, mas seu pai não ficaria nem um pouco feliz em saber o que um marmanjo de dezoito anos sonhava depois de te deixar em casa quando voltávamos dos nossos passeios inocentes. É feio admitir, mas eu tinha pensamentos nada castos com a princesinha dele.
Os dois dão risada e Suzana sai do colo de Carlos, deitando de lado na cama. Ele faz o mesmo, ficando atrás dela.
Suzana fica calada por algum tempo, o que faz Carlos acreditar que ela havia caído no sono, mas ela quebra o silencio pouco depois.
– Você não acha que quinze anos é tempo demais?
– Ué, não era vinte e um? - diz rindo.
– Não é disso que estou falando Carlos. Não digo sobre o tempo que estamos juntos, mas sim do tempo que estamos esperando.
Ele ficou calado. Sabia a que a esposa se referia.
Notando que ele não disse nada sobre o assunto Suzana resolve se virar, ficando de frente para ele, o encarando.
– Não vai falar nada?
– O que você quer que eu fale?
– Não faz diferença pra você? Não sente um vazio, como se estivesse faltando alguma coisa?
Mais silencio. Ele vira, ficando deitado olhando fixamente para o teto. Suzana curva o corpo sobre ele para não perder o contato visual.
– Carlos, fala alguma coisa. Não é possível que só eu me sinta assim.
Ele a olha. Os olhos de Suzana que até poucas horas atrás brilhavam alegremente agora estavam aflitos.
– Nossa noite estava tão agradável amor, porque tocar nesse assunto agora?
– Como imaginei. Realmente você não se importa.
Suzana senta na cama e tateia o chão com os pés procurando algum calçado. Carlos senta rapidamente e segura seu braço, impedindo-a de levantar.
– Suzana, para com isso. Você sabe que eu me importo sim, tanto quanto você.
– Não Carlos, é bem claro que as prioridades nesse assunto são bem diferentes pra nós. Pra você tanto faz como tanto fez.
– Não é assim.
– Ah não? Como é então?
Ele respira fundo e solta o braço dela.
– Já tivemos essa conversa várias vezes e eu já disse o que acho, mas você não aceita a minha opinião.
– Como você quer que eu aceite que você não quer ter filhos comigo?
– Não Suzana, esse é o problema. Nunca disse que não quero ter filhos com você, você que interpreta assim.
– Como devo interpretar então?
A voz dela já estava começando a embargar. Carlos fica ao lado dela, segurando suas mãos.
– O que quero que você entenda é que me sinto completo e realizado com você. O fato de não termos conseguido ter filhos até hoje não vai mudar isso Suzana. Eu te amo.
– Eu sei também amo você, mas...
Ela não consegue segurar mais. Começa a chorar. Carlos era um homem firme, algo que a profissão de advogado exigia, mas ver a mulher daquela forma o fez ficar abatido. Sem dizer uma única palavra ele a abraça, talvez usando até um pouco de força além do necessário.
– Não gosto de te ver assim. Me faz sentir um inútil.
– Não - diz levantando a cabeça e olhando em seu rosto -, você não tem que se sentir assim. Você é o melhor homem do mundo.
– Mas te fiz chorar. E nosso aniversário de casamento.
Suzana seca os olhos com as costas da mão.
– Eu que comecei tudo, desculpa. Vou fazer o possível pra não tocar mais nesse assunto.
Carlos tira os fios de cabelo que ficaram grudados no rosto dela devido às lágrimas. Ela parecia mais calma, mas ainda estava visivelmente triste.
– Você tem razão. Eu fui omisso e acomodado, mas vamos mudar essa situação.
– O que quer dizer?
– Um dos meus clientes é médico, clinico geral, e tem contato com muitos outros em diversas especializações. Amanhã bem cedo vou ligar pra ele e pedir pra me indicar algum especialista em reprodução humana. Vou agendar uma consulta pra gente.
Ouvir essas palavras fez o rosto de Suzana se iluminar e seu coração se encher de esperança.
– Está falando sério?
– Claro que sim. Não quero te ver chorando de novo.
Agora era a vez de Suzana o abraçar com uma força desnecessária.
– Obrigada meu amor, muito obrigada. Você não faz ideia do quanto isso é importante pra mim.
– Faço sim. Do mesmo jeito que você é importante pra mim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Comentem com suas opiniões, é muito importante pra mim.
Beijos e até o próximo.



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