E se Eu Te Deixar Ir? escrita por Anita


Capítulo 3
Capítulo 2 - Que Não Seja Imortal




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E Se Eu Te Deixar Ir? § cap.2 Que Não Seja Imortal

Notas Iniciais:

Esta fic não está seguindo um linha temporal muito boa e boa parte da história não é a original. Zubo, Liana, Kei, Mistai e Zenks são de minha propriedade, assim como seus nomes malucos. Os dois sonetos aqui contidos são de Vinícius de Moraes, nosso gênio da bossa nova. O resto deve ser de propriedade do grupo Clamp e cia.

 

Capítulo 2- Que Não Seja Imortal

 

  Clef acordou cedo naquela manhã e ficou lembrando Liana. Ele queria esquecê-la, mas não conseguia. Não, talvez ele não quisesse esquecê-la, talvez fosse mais doloroso lembrá-la, mas tinha tanta coisa que ele tinha passado com ela, todas as suas alegrias talvez tivessem sido com ela e somente ela.

 

  Uma lágrima solitária escorreu no seu rosto. Na época ele usava seu porte de adulto e chegou a atrair muitas garotas, mas ele só tinha olhos para ela. Suas tristezas também eram causadas por ela.

 

*-*-*-*-*-*-*

 

Passado

 

-E então nós nos beijamos, foi maravilhoso, Clef! E como foi com Liana?-perguntava Kei, no primeiro dia de aula depois do baile. Tinha acabado de voltar de viagem para seu planeta, mas não parecia estar cansado.

-Nós dançamos...

-Só isso!? Clef, pode contar estas coisas para mim, vamos! Não pode ter sido só isso! Ela não largava de você, eu notei...

-Mas é a verdade e foi perfeito, Kei!

-Bom Dia!!!-Liana tinha acabado de chegar e pôs seu material em sua carteira perto dos dois amigos.

-Bom dia! Pronta para mais um semestre de competição?-dizia Kei olhando diretamente nos olhos de Liana.

-De segundo para primeiro é fácil, Kei.-disse ela colocando uma mão no ombro de Clef, que ficou vermelho ao sentir aquele calor após duas semanas sem vê-la. Mas Liana não percebeu, ela olhava desafiadoramente para Kei.

-Hahahaha! Não quando eu sou o primeiro! Liana... Liana, você está me ouvindo, Liana!-A garota estava conversando com Clef, ignorando-o.

-E como foi em Zefir, Clef?

-Nada mal... Mas... Tudo está muito esquisito, há rumores de garotas estranhas andando pela região e tem um bebê no palácio...

Kei:-Um bebê!? Por que um bebê é estranho?

Liana:-Porque ninguém gosta do palácio como um local para criar crianças.

Clef:- É um ambiente muito frio e ninguém daria a atenção devida... Sem contar que eu nem consegui vê-la, quanto mais descobrir quem eram os pais. É esquisito. Mais esquisito ainda está o príncipe... Os guardas que trabalham com ele, dizem que agora ele passa todas as suas horas do dia rezando e que está muito magro e pálido.

Liana:- Eu não o conheço pessoalmente, mas dizem que sua marca registrada é seu sorriso e vivacidade.

Kei:- Então ele deve estar doente.

Clef:- Não... O pilar não fica doente, é impossível.

Kei:- Vai ver é a idade.

Liana:- O pilar não envelhece, Kei.

Kei:- Então é o tédio!

Liana:- Hahahaha! Pode até ser!

Kei:- E se ele enjoar de governar? Ele nem morre!

Clef:- Existe uma lenda... Ele deve ser morto, neste caso. Assim um novo pilar chega para Zefir.

Kei:- Mor-Morrer!? Zefir é um planeta muito... morrer... Só porque enjoou de fazer o que faz... Que horrível!

Liana:- Por isso eu digo que não gosto do sistema de lá. Zefir só é a terra bonita que é por causa das orações constantes do pilar.

Clef:- Ele deve dedicar tempo integral às orações... E só amar Zefir.

Kei:- Ele não tem tempo nem para sair num encontro?

Liana:- Este seria o crime maior de um pilar, pensar em uma pessoa diferente de como ele pensa nos outros.

Kei:- Mas estas coisas são inevitáveis!

Clef:- Para isso tem a lenda que mencionei. É um crime qualquer um de Zefir matar o pilar, mesmo assim esta pessoa não seria mais forte que o pilar. O pilar não pode se suicidar... Então para isso existe a lenda das Guerreiras Mágicas.

Kei:- Guerreiras Mágicas? Elas matam o pilar?

Liana:- Sim. São três mulheres convocadas de um outro mundo, o Mundo Místico ou a Terra. Elas devem se transformar em Guerreiras, acordarem os Gênios e matarem o pilar. É uma lenda muito triste.

Kei:- Então acham que estas garotas esquisitas das quais Clef falou são as... As Guerreiras Mágicas?

Liana:- Podem ser.

Kei:- Por que isso?

Clef:- Se um pilar governa sem vontade, cedo ou tarde Zefir se destrói. Elas são salvadoras e não assassinas.

Liana:- O assassino é a própria Zefir e este sistema estúpido!

Clef:- Mas é assim, Liana e assim tem sido por milênios.

Liana:- O que seja! Eu não concordo...

Kei:- Nem eu... Mas são os costumes de vocês, não é?

Liana:-Você sabe ao menos o nome do bebê, ele pode ser o pilar.

Clef:- É Esmeralda...

 

*-*-*-*-*-*-*

 

Presente

 

Clef lembrou-se de como Liana tinha ficado abalada com a conversa sobre o pilar, aquele Príncipe estava em Zefir fazia algum tempo, por isso era comum todos terem ficado surpresos com a troca do pilar.

 

  Mas foi o que aconteceu e a notícia da morte do Príncipe chegou bem de repente. Mas Liana simplesmente tinha murmurado algo sobre isso não atrapalhar nos planos dela de ser a Comandante da Guarda.

 

-Clef...-ele virou para ver seu único discípulo vivo, Lantis.

-Olá, Lantis, está tudo bem?

-Eu sou quem devia te perguntar isto. Parece muito pálido.

-Já estou velho, Lantis, é algo normal.

-Estamos em Zefir Clef, velhice é o que menos conta, me parece preocupado, o que está havendo?

-É Liana...-Clef o olhou e seu rosto estava pálido, permitiu-se um pequeno sorriso, Lantis não era de se afetar assim por causa de Liana. Ele simplesmente a ignorava.-Mas é só que...

-É difícil deixar ir, não é?-ele tinha recuperado sua postura e Clef sabia que Lantis estava certo. Gostava de Marine, mas Liana ainda lhe era muito preciosa.

-Exato...

-Marine é uma boa pessoa.-agora era a vez de Clef ficar pálido.

É tão óbvio assim?

-Nem tanto, mas eu te conheço, Clef.-o olhar de Lantis era carinhoso e no fundo ainda tinha aquele Lantis travesso de anos atrás.

-Não quero me machucar de novo...

-Bem, então não posso fazer nada, mas acha que ficar pensando nela não machuca muito também?

-Mas é uma dor conhecida, com a qual me acostumei.

-Pelo ao menos você ainda tem chance com a Marine.

-Eu sei, são poucas as possibilidades, mas eu sei que são maiores que com Liana.

-Clef... Liana está morta, não há mais nada que você possa fazer e mesmo se estivesse viva... Ela nunca te amaria.

-Está enganado, Lantis. Ela está viva, por este palácio e pelo universo há traços deixados por ela. Quantas vezes eu visitei um país e vi um quadro com ou somente dela? Todos a amavam muito.

-Mas ela não existe mais.

-Eu a matei, foi por minha causa.

-Não é assim Clef.

-Não tente negar, Lantis, Lia está morta por minha causa! Eu a matei! Eu a matei!!! Fui um burro! Inocente! Eu a matei!-e ele correu deixando um rastro de lágrimas. Lantis ficou ali, lembrando de sua infância, quando descobriu sobre a paixão de Clef. Até hoje ainda sentia pena dele.

 

*-*-*-*-*-*-*

 

Clef parou quando chegou perto de seu quarto e lembrou de algumas palavras de Liana, daquelas que ficam na sua cabeça e acabam virando a marca da pessoa em sua vida.

 

  E a última dela, a que ele ouviu pelo comunicador antes de tudo se tornar estática.

 

“Não pode ser, não agora!”

 

  Liana, aquela garota alegre e sempre decidida... Naquela hora gritava com a voz repleta de terror.

 

“Não pode ser, não agora!”

 

  Medo de perder, medo de decepcionar a todos e medo de não terminar o que começou.

 

“Não pode ser, não agora!”

 

-Maldito Zubo!-Clef disse em voz alta, dando um soco na parede.

 

*-*-*-*-*-*-*

 

Passado

 

Soneto do amor total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante 
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude. 
(Vinicius de Moraes)

 

-O que achou, Clef?-perguntou Liana, depois de entregar uma folha e deixar Clef ler, rapidamente. Clef sorriu levemente, seria uma confissão?

-Muito bonito, mas não conheço esta pessoa.

-É porque ele vem da Terra, eu adoro aquele planeta, é uma pena o Conselho proibir as visitas.

-Tem razão, mas dizem que é um planeta esquisito...(NA:Eu sei que nessa época o Brasil nem devia ter sido descoberto, mas e daí?)

-Bem, só sei que isto prova o quanto o amor é algo idiota, você vê o sofrimento que este poema traz?-Clef a olhou incrédulo, ela ainda insistia com aquilo.

-Você não tem jeito!

-Mas é a verdade!

Kei:- E aí, gente! Liana, falta meio semestre e esta é a primeira prova, preparada?

Liana:- Pode contar!

Clef:- Vocês dois não vão parar com isso?

Kei:- Sinto muito, Clef. Mas eu quero ganhar isso!!!

Liana:- E eu também! E com certeza eu ganho!!!

Kei:- Olha o que tô avisando, é bom já ir procurando um bom cabeleireiro.

Liana:- E é bom preparar a sua caneta!

Clef:- Chega!!! Eu estou tentando estudar pra prova!

Liana:- Escuta, Clef, eu lembro de você falando que tinha feito duas promessas, foi pra mais quem, hein?

-Foi... Foi para a minha irmã. Ela nasceu muito doente e só está viva por causa de sua enorme força de vontade. Eu disse que me tornaria o Feiticeiro Chefe de Zefir e juntaria todos os Feiticeiros para curá-la.-disse ele num tom triste.

-Que droga... Se eu fosse mesmo feiticeira, eu te ajudaria!

-Mesmo com alguém para ajudar eu prometi me tornar o Feiticeiro Chefe, e assim vou.

-Entendo... Então nós três estamos com uma competição! Que vença o melhor, lindinho.-e ela deu aquele sorriso tão bonito.

 

  Já estavam no meio do segundo semestre... Ele já a conhecia há mais de seis meses e em tão pouco tempo aquela garota tinha mudado a sua vida.

 

  Naquela dança, Clef não foi. Teve que ir até Zefir quando ouviu sobre a morte do pilar. Logo se encontrou com o Feiticeiro Chefe.

 

-Clef... Foi terrível, mas assim deve ser para que Zefir viva! Esta garota será nosso novo pilar. Ela tem um irmão que deverá ser criado aqui até um certo período e depois nós apagaremos a sua memória. Esmeralda, melhor, a Princesa Esmeralda não deverá ter elo algum com ninguém.-dizia o idoso. Clef imaginou que seria muito terrível, mas logo percebeu que tudo aquilo era apenas o sacrifício de um para todos. Um planeta inteiro pelo custo de uma única pessoa.

-Entendo, posso vê-la?

-Claro!-e o Feiticeiro Chefe o guiou até o local onde estava uma garotinha de uns cinco anos, de longos cabelos loiros e encaracolados. Ela dormia tranqüila abraçada a algo de princípio Clef imaginou ser seu bichinho de pelúcia, mas logo notou que era um bebê de no máximo três meses que também dormia tranqüilo.

-O nome de é Ferio.

-E seus pais?

-Assim que descobrimos que a garota é o pilar, os pais deles foram submetidos a uma amnésia, assim como todos que conheciam sobre estes dois.

-Por que o garoto não está com eles?

-Ela foi teimosa e não conseguimos apagar sua memória. Esta garota é como a mãe dele. Mas quando ele tiver idade para pensar, será largado no mundo.

-Ela concordará?

-Será criada para isso, Clef.

-Entendo...

-Se você se tornar o Feiticeiro Chefe, a terá como sua tarefa. Terá que treiná-la e ensiná-la sobre tudo, entende?

-Eu!? Treinar o pilar...? Será uma tarefa importante.

-Está disposto?

-Claro! Será uma honra!

-Ótimo, vamos antes que eles acordem. Não a verá até regressar de seus estudos, e somente se for bem sucedido. Soube que tirou terceiro lugar no primeiro bimestre.

-Sim, tem uma garota lá que é um crânio e Kei... Ele também é muito inteligente.

-Isto não será desculpa, escutou?

-Sim, senhor.-e ele se foi, no período em que ficou lá não tornou a ver Esmeralda e raramente pôde falar com o Feiticeiro Chefe. Também tirou um tempo para visitar a sua irmã, que se encontrava no mesmo estado no qual a deixou.

 

As provas finais, aquelas que decidiriam seu destino já tinham passado, Clef sentia que tinha ido muito bem, mas isso não era sua única necessidade.Tinha que ser o melhor! Mas Liana já o era e depois dela, Kei.

 

  Os resultados sairiam hoje e os três estavam nervosos, principalmente Clef e Liana, que de fato tinham um motivo. Cada um pegou um envelope e o abriu.

 

  Kei desmaiou, Liana ficou sem expressão e Clef ficou pálido.

 

  Depois de uns minutos assim, eles foram contar suas notas. Liana tinha tirado o primeiro lugar e balançava uma caneta simulando uma assinatura, Kei baixou a cabeça, sabia que agora estava sujeito a ela e por isso tinha um mau pressentimento. Mas também estava feliz porque tirara terceiro lugar, só significando uma coisa: Clef era o segundo.

 

Liana:- Sério!?

Clef:-Sim! Fui o segundo!

Kei:- Não é demais! Eu não precisava tanto assim. Foi só uma aposta idiota.

Liana:- Mas você vai ter que pagar a prenda.

 

  No dia seguinte, enquanto Clef se arrumava para o baile de despedida, Liana estava assinando um contrato com Kei. De repente ouve-se uma batida em sua porta.

 

-Entra!-diz ele saindo do banheiro, já todo arrumado. Dando de cara com uma Liana mau penteada, com roupas simples, mas linda, e com o seu sorriso característico.

-Vamos?

-Sim, me deixa só fechar a minha mala... Vou embora amanhã...

-Eu também...

-O que foi?

-É que eu conhecia o príncipe... Vai ser triste...

-Bem, encare deste modo, vamos trabalha juntos!

-Sim...-o rosto dela ficou meio pensativo e depois abriu um sorriso bonito. Mais Clef pode ver uma pequena lágrima escorrendo.

-Então vamos para o baile!

 

  No dia seguinte foi a despedida, todos estavam muito cansados do baile, Mistai e Kei estavam de mãos dadas na plataforma de aeronaves e Liana se despedia de uma outra garota. Clef falava com o piloto sobre o tempo de viagem. Ambos voltaram juntos. Liana tinha lágrimas no rosto.

 

Kei:- Chora não, gatinha. A gente ainda se vê!

Clef:- Ele te razão.

Liana:- É difícil...

Piloto:- Quem são os dois que vão para Zefir?

Kei:- Até!

Mistai:- Vamos nos falar, hein?

Liana:- Certo!

 

E partiram. Lá se tornaram Comandante e Feiticeiro Chefe. Clef começou a treinar Esmeralda, dedicando toda a sua alma. Era uma menina calma, mas sempre queria estar perto do irmão. Mesmo assim ela passou a amar muito Zefir. E passava a dedicar menos tempo a Ferio que até agora se criava entre Liana e os soldados. Ele aprendeu o dom da espada e até que para um moleque não era nada mau. Quando Clef brincava dizendo ser o mestre do pilar, Liana dizia que tinha um discípulo também.

 

  O próprio Ferio, agora com seus três anos de idade se sentia muito orgulhoso de ter Liana como Mestra. Ele dizia que ela era a melhor! E sempre comentava que ela era melhor que Clef.

 

  Mas a própria Liana que sabia que não era assim. Se não fosse pelo nervosismo de Clef, naquela prova, ela nunca conseguiria primeiro lugar. A diferença entre ambos era mínima.

 

  Mas quando Ferio completou cinco anos, o dia que todos temiam chegou. Clef foi obrigado pela promessa ao Feiticeiro Chefe a apagar a sua memória e entregá-lo a alguma família distante.

 

  Esmeralda era dedicada ao seu dever e tanta era a sua dedicação que mal sentiu falta de seu irmão, ela sabia que a vida no palácio também não era melhor para ele e mesmo com apenas dez anos de idade ela entendia que era para o bem de todos em Zefir.

 

  Liana foi a que chorou muito com a perda daquele garoto. Mas logo superou uma nova tragédia chegava.

 

  Clef precisava de alguém para ajudá-la nos deveres no exterior, Liana normalmente se encarregaria daquilo, mas ela precisaria de algum acompanhante por segurança.

 

  No início ela ia somente com alguns soldados e muitas vezes ia com Clef. Porém Esmeralda sentia muita falta de seu Mestre e não conseguia se concentrar direito.

 

-Vamos, Clef! Eu posso fazê-lo sozinha!-dizia Liana, novamente.

-Por que você não quer ninguém?-até hoje ainda sentia muito amor por Liana e por isso via facilmente o perigo dela ir só.

-Porque eu não gosto de desconhecidos!

-Logo você!?

-Está bem... É este Zubo o problema.

-O que é que tem “este Zubo”?

-Eu sei como ele é... É pior que você! Todo certinho! E cheio de morais e ao mesmo tempo um crianção! Eu não quero ter que viajar com ele, Clef, entenda isso.

-Mas ele é o melhor em matéria de feitiçaria.

-Se fosse só ele, tudo bem... Mas tem o irmão dele.-ela já estava com um rosado nas bochechas, Clef estranhou aquilo.

-E o que é que tem o Zenks?

-Ele é um mulherengo! Conheci-o faz algum tempo...

-E a grande Liana coração de gelo não quer se apaixonar, não é?

-Claro que não é isso!!! Eu nunca me apaixonaria por aquele Zenks! O problema é que ele vive me perturbando!-agora o vermelho era de raiva.

-E o Zubo? Qual é o problema dele? Também o conhece, não é?

-Não, não o conheço, mas o imagino que nem o irmão. Como todos falam.

-Vamos, Liana! Encare isto como um desafio. Se se der por vencida depois de um bom tempo... Então eu não posso fazer mais nada... E te deixarei viajar sozinha.

-Sério!?

-Sim, sabe que falo a verdade.

-Ótimo! Se estiver mentindo vou dar ordens ao Guru Conselheiro para te demitir.

-Não pode mandar nele!

-E daí? Vou dizer que faltou com a sua palavra!

-Liana... Eu não vou fazer isso.

-Certo, lindinho, confio em você.

-Está bem... Agora eu vou pedir que Zubo e Zenks venham.

 

  Antes ele a tivesse escutado... Talvez ela ainda estivesse aqui, talvez ele até a tivesse consigo. Mas não. Ele foi tolo, foi bobo! E hoje se arrependia amargamente.

 

*-*-*-*-*-*-*-*

 

Presente

 

-Lucy!-gritou Lantis alcançando-a. Só a lembrança da noite passada a fez corar. Lantis também estava de cabeça baixa, envergonhado. Mas logo deixou pra lá e a deu um beijo rápido nos lábios.

-O que quer?-disse ela corando mais ainda.

-Estou preocupado com Clef... Ele está muito pálido.-logo o vermelho se tornou branco no rosto de Lucy.-O quê foi?

-Eu... Eu tive um rápido sonho sobre Liana novamente. Eram as mesmas palavras. Sobre não poder ser naquela hora... Eu me senti tão triste.

-Lucy...-ele a abraçou... Na sua mente, um pouco de hesitação surgia e dominava todo o seu corpo tornando-o tenso, o que não passou desapercebido por sua amada.

-O quê foi Lantis?

-Eu sei o que é o problema dele, Lucy... Mas eu fui tão egoísta! Tão egoísta!!! Eu ignorei, Lucy! Se eu não tivesse assim sido... Eu poderia ajudar, eu saberia como!-lágrimas agora saíam pelos olhos dele. Lucy sentia-se impotente, mas sabia que ouvir àquele desabafo era o máximo que ela poderia fazer.

-Lantis...-e ela ardentemente beijava os lábios do rapaz, ele sentia como se borboletas fizessem cócegas ali. Lentamente as lágrimas pararam.

 

  O casal foi se guiando até a fonte e lá sentaram, um abraçado ao outro. Lucy não conseguia entender porque Lantis tinha chorado, mas sabia que ele ainda não estava pronto para falar. Então não ousou romper aquele silêncio.

 

-Lucy... O que eu faço? Clef está muito mau.

-Eu não sei... Talvez Marine possa ajudá-lo.

-Não, ainda não. Não creio que ele esteja pronto.

-Então eu não sei mesmo.-e o silêncio novamente caiu entre os dois amantes.

 

*-*-*-*-*-*-*

 

Clef ainda andava pelo palácio quando entrou numa antiga biblioteca. Só Lantis ainda a freqüentava, mas muito pouco, visto seus muitos trabalhos atuais.

 

  Fazia tempo que não vinha aqui e o velho mago ainda podia ouvir os risos de Liana ecoarem por aquelas paredes. E ouvir a si mesmo aplicar-lhe um sermão por não ser silenciosa.

 

  Ela não a tinha freqüentado muito. O palácio ainda estava sendo construído quando aquela terrível tragédia tinha acontecido, mas Liana havia morado ali naquela biblioteca. Nunca tinha sido muito usada, mas era aqui aonde ela vinha com ele para pesquisarem sobre o conselho. Era aqui que aquelas reuniões rebeldes aconteciam.

 

  No silêncio e solidão do lugar, Clef caminhava por entre os livros e abriu um em especial, lá se encontrava uma poesia de Vinicius de Moraes, a primeira que ela o tinha dado, ainda no curso de Feitiçaria. Junto com aquele pergaminho amassado estavam outras, inclusive um rascunho de uma que não era destinada a ele. Mas que na época ele interpretou como sendo assim. Aquela tinha sido a última poesia que tinha sido guardada com a ilusão de um grande amor.

 

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 


Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento. 

E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 

Eu possa (me) dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure.

 

  Lágrimas rolaram no rosto dele e de repente ele tomou a decisão de sua vida. Ele não a iria deixar ir, não ainda. Mas... Ele iria tentar passar por cima. Sobrescrevê-la.

 

  Ao sair da biblioteca ele logo encontrou a quem procurava: Marine.

 

*-*-*-*-*-*-*-*

 

Passado

 

-Clef!!! Olhe aqui! Olhe este poema! É tão lindo! Este é um rascunho só para você. Guarde com carinho...

 

*-*-*-*-*-*-*-*

 

-Um poema? Para mim?-perguntou a garota de longos cabelos azuis.

-Sim... É de seu mundo, eu o copiei. Leia.-ela passou os olhos no poema em suas mãos, mas não entendeu o jeito Zefiriano de escrever, porém, ela abriu um enorme sorriso.

-É lindo!!! Obrigada!-Clef também sorriu. Estava feliz que ela tivesse gostado, pois este seria seu primeiro passo para tenta deixar Liana ir.

 

  Mas no fundo de sua alma, um pedacinho bem pequeno de si, seu coração, gritava e sangrava. As palavras que saíam eram simplesmente uma só, mas em repetidas vezes:

 

“Liana, Liana, Liana...”-tudo começou a rodar, de repente ele via várias imagens de Marine a sua frente. As palavras que saíam de seua lábios não mais fazia sentido. Sua cabeça doía muito, muitíssimo.

 

  Seu coração batia forte, e gritava:

 

“Liana, Liana, Liana...”

 

  De repente tudo ficou em silêncio, a dor se desfez, a imagem de Marine se tornou negrura. E no fundo de sua mente ele pode finalmente ouvir algo. Uma voz bem distante e metálica, seria homem ou mulher?

 

“Você me traiu! Como pôde!?”

 

  E então tudo voltou ao silêncio.

 

*-*-*-*-*-*-*-*

 

-Alguém me ajuda!-uma voz se fez ouvir, em ecos.

 

  Esta voz era de Marine e despertou Lucy e Lantis de seu conforto silencioso. Lantis levantou-se brusco e Lucy o seguiu. Ele começou a correr e logo ambos encontraram a Guerreira da Água. Seus Azuis estavam vermelhos, ela estava muito pálida e entre palavras que não faziam sentido ela os guiou até um corredor afastado.

 

  Lá Lantis não ficou muito surpreso ao se deparar com Clef sentado num canto, com a mão no peito, inconsciente. Mas Lucy logo foi em direção ao mago e o abraçou chorando. Marine chorava ainda mais e Lantis tentando manter a cabeça fria, aproximou-se hesitante do mago, seu mestre.

 

  Pegando seu pulso sentiu ondas de alívio ao sentir vida por ali, carregou-o até o seu quarto e deitou-o em sua cama. Enquanto isso, Lucy tinha ido chamar um médico que ao chegar deu um calmante a Marine. Logo ele foi examiná-lo e constatou que ele tinha tido um colapso emocional e que o melhor jeito de curá-lo seria um longo repouso.

 

  Marine foi a única a se sentir aliviada, Lantis e Lucy sabiam que aquela era uma das piores coisas que podiam acontecer. Aquilo queria dizer que Liana de fato estava afetado a Clef.

 

*-*-*-*-*-*

 

Passado

 

Um mês depois da promessa de Clef a Liana, uma nave aportava em Zefir e dois jovens colocavam seus pés naquela terra mágica. Eram irmãos, não eram gêmeos, mas eram mais colados do que seriam se o fossem.

 

-O que acha, Zubo? Não é nostálgica?

-Nostálgica? Esta terra inspira e expira alegria! Eu a amo desde sempre e a venero desde agora!-dizia o irmão mais velho.

-É você quem acha... Ali está. Deve ser o famoso Clef!

-Olá!-disse Clef, feliz por ver seus novos subordinados.-Sim sou o Feiticeiro Clef. E vocês devem ser Zubo e Zenks. Ouvi falar que são conhecidos como os Irmãos Revelação pelo universo afora.

-Sim... Acho que é isso!-falava Zenks dando o sorriso pelo qual ficou conhecido no mundo feminino.

-Espero que sejamos amigos, senhor Clef.-falou Zubo, que como o irmão parecia excitado com a idéia de morar em Zefir, novamente.

-Então comece por não me chamando de senhor!-e ali nasceria uma longa história entre Zubo e Clef. Que misturaria amizade e inimizade. Cumplicidades e traições.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

Presente

 

  Agora, o mago deitado em sua cama se fazia uma importante pergunta, que tão cedo não o abandonaria:

 

“E se eu te deixar ir?”

 

CONTINUARÁ

 

Anita, 23/03/2002

 

Notas da Autora:

 

E aí? O que estão achando!? Espero que estejam gostando... Vou dar todo o meu sangue para esta fic... Perdão por aqueles poemas, mas eu tive que colocar, são tão kawaii!

 

Ainda não dá para sentir Zubo e Zenks direito, mas já deu para desvendar um pouquinho mais sobre Liana, apesar de não ser muito. Aqui pudemos ver um pouco do dilema de Clef e entender direito o título desta fic.

 

Nos próximos capítulos, iremos conhecer mais sobre estes dois irmãos e principalmente sobre Zubo e o porquê deste enrolo entre ele e Clef. Lantis e Lucy continuarão a tentar ajudar Clef , mas será que Lucy descobrirá o porquê da hesitação de Lantis?

 

Não percam o próximo capítulo!!!

 

  E se quiserem falar qualquer coisa comigo, podem me encontrar no seguinte e-mail: anita_fiction@yahoo.com

 

Agradecimentos: Wlad e Fabíola por hospedarem a fic, ao fórum aonde sempre me encontrarão!!! E a todos que me mandaram algum e-mail me congratulando por minhas fanfics e me incentivando (ao fazê-lo) a escrever mais!

 

Sugestões: Visitem o meu site qd ele estive pronto e se fizer alguma fanfic me deixem colocá-la lá!!! Mais informações me perguntem por e-mail.


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