E se Eu Te Deixar Ir? escrita por Anita


Capítulo 11
Capítulo 6- Incontáveis Encontros, Incontáveis Separações (parte 2 de 2)


Notas iniciais do capítulo

Última parte do fim da fic, espero que tenham se divertido



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Dia Seguinte

-Está tudo pronto, a nave os buscará amanhã.-falou um homem de rico cabelo laranja encaracolado até a cintura e olhos amarelos.

-Obrigado, Caroti.-Kei virou-se e saiu satisfeito para dar a notícia aos amigos, exaustos por causa da busca de ontem.

  Liana estava terminando de vestir Lantis quando Zubo lhe deu a notícia.

-Isso é ruim... Não queria deixar meu filho no seu aniversário.-falou a mãe, que agora perfumava o bebê, que sorria quando lhe fazia cócegas.

-Eu sei... E se nos pegam...

-É uma missão sem volta. Tomarei as providências para que nosso filho tenha um amparo caso algo aconteça.

-Tem certeza de que quer isto?-perguntou Zubo. Liana olhou Lantis por alguns segundos, o bebê ficou calmo neste tempo, então ela fechou os olhos e respirou fundo.

-Eles me desafiaram, Zubo.-ela se virou para olhar o marido nos olhos, abraçando-o e sorrindo ela disse:-E eu adoro desafios!

  Clef estava sentado, pensativo, tinha acabado de conversar com Zagar e ambos chegaram à conclusão de que não podiam convencê-la a desistir.

-Clef...-Liana fechou a porta e encarou seu amigo.

-Sim...-Clef não tirava da cabeça que se Zubo não tivesse levado Liana, ela nunca tentaria se matar daquela forma.

-Sabe que eu preciso da resposta, sobre a pergunta de ontem...

-Se eu posso educar Lantis como se fosse meu filho? Eu não gosto dele, Liana, não é segredo...

-Por mim...-ela não gostava de usar o fato de Clef gostar dela como arma, mas neste caso o que estava em jogo era a felicidade do filho.

-Eu não disse que recusava... Estava a ponto de dizer que só faço porque será por você. Se você não voltar eu o mandarei para os melhores cursos e ele será um ótimo diplomata.-ela sorriu, Lantis não iria concordar com aquilo.

-E quanto a Zagar?

-Eu já conversei com ele... Quer cuidar do irmão, então me prometeu que irá se comportar. Ele será meu discípulo, Liana.-o mago acabou de falar e a garota lhe deu um abraço apertado, repleto de alívio.

-Obrigada! Posso morrer em paz, agora.

-Liana!

-Estou sendo otimista!-e ela deu aquele sorriso gostoso e seus olhos brilhavam... Ainda era a Liana por quem aquele mago se apaixonou. Secretamente ele resolveu abandonar aquele lado moleque dele e decidiu que assim que Liana entrasse naquela nave para partir, ele adotaria uma forma parecida com a da Princesa. Como se tivesse 10 anos... Engraçado o porquê de raciocinar assim, mas a última coisa que ele queria era alguém se apaixonar por ele... Seria doloroso dá-la um fora e ter que sofrer como ele sofreu.

Aniversário de Lantis

-Adeus, filhinho.-Liana disse, muito triste.

  Ela sabia que ele entendia o que era um adeus... E que ele via sua fraqueza entre tanta coragem. Aproximou-se dele então.

-Você também sente? Mas eu volto, filhinho.-cochichou em seu ouvido e partiu deixando Lantis ali. O garoto tentou engatinhar ou caminhar lentamente, seguindo-a, mas logo desistiu, como se percebesse a imponência de todos diante da decisão.

-Uééééééééénnnnnnnn!!!-foi a sua última tentativa, junto com o choro todos no recinto sentiram uma energia muito forte.

-Lantis, fique quieto.-falou Zubo, assustado com aquele acontecimento, às vezes Lantis fazia algo parecido, o pai simplesmente não entendia como uma coisinha tão pequena podia ter tanta força. Mas Liana foi com calma até o bebê e voltou a sussurrar:

-Você também sente? Mas eu volto, filhinho.-e ela sorriu, aquele belo sorriso que já fez muitos lhe oferecer a vida como Clef e Zubo-Isto você vai dar para a garota que mais valorizar.-e lhe entregou um medalhão mágico, que um dia seu pai lhe dera, há muuuito tempo.

-Mas isto...-Zubo conhecia a história e entendia a importância de deixar uma lembrança para o filho.

-Fique com isto, Lantis. Para mostrar que você é um guerreiro.-e lhe deu algo que era como uma tiara, que Lantis ainda usaria muito.

  E todos partiram.

  Clef, após botar Lantis para dormir foi até o local onde podiam ver e ouvir o que se passava dentro da nave. Sentou-se em uma cadeira entre Zagar e Rafaga, já numa forma bem menor. Deixando-o aparecer mais frágil, mas também mais sábio.

  Chegou a tempo de ouvir as últimas palavras conhecidas do Grupo dos Cinco, proferidas repletas de horror da boca de sua amada Liana.

“Não pode ser, não agora!”

-Nããããããããããããoooooooooo!!!-gritou Zagar, provocando eco, no palácio, ainda em construção, e vazio. Duas lágrimas escaparam pelo rosto de Clef, que entrou em choque.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Presente

-Eles já assinaram, aqui está.-disse Lantis, entregando um documento a um dos oficiais de Justiça do Conselho. O julgamento seria amanhã e poderia acabar ali mesmo, tamanha a pressa do Conselho de se livrar do caso, antes que os escondidos do MRU aparecessem e voltassem à ativa. Liana era um ídolo para eles. E Lantis era sua luz de esperança.

-Lantis... Será que dá para fazer algo?-perguntou Marine, eles de fato não tinham um caso.

-Não podemos fazer mais nada... Esta é a verdade. Caroti pode tentar evocar no júri alguma pena, simpatia ou o que seja.

-Não vamos vencer, sabia?-Marine falou, vendo um último papel. Lantis suspirou, ele sabia.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Dia Seguinte

Tribunal Principal do Conselho

Almoço

-Lantis...-Lucy falou calmamente, estava relaxada nos braços do noivo e ambos esperavam que o Tribunal saísse do recesso.

-Já são três horas de julgamento e por enquanto ainda não vencemos.-Lantis relatou.-Ainda temos uma esperança, sabia?

-Só porque é a última que morre...-Lucy suspirou e virou-se, encarando o amado.

-Talvez...-Lantis falou e a olhou. Acariciou seus lábios nos dela e então deu o horário para que todos regressassem.

  Caroti já tinha sido jurado e aguardava Lantis se aproximar dele. O plano era acabar com tudo por ali e deixar com que os outros acrescentem detalhes, eventualmente.

-Qual é seu nome?-Lantis perguntou, rotineiro.

-Caroti, eu era o homem de confiança do falecido rei Kei.

-E qual era a sua relação com a volta do MRU?

-Eu arranjei uma nave para que eles pudessem chegar até lugar de onde atacariam o Conselho, presumidamente de surpresa.

-Mas não foi?

-Não, o Conselho me ofereceu uma quantia alta e imunidade, logo que houve a chamada “Paz” para que eu avisasse de tudo o que eu soubesse em relação ao MRU.

-E você o fez?

-Sim... O Conselho tinha outros espiões, mas eu era o principal, eles sabiam de tudo.

-Você soube o que ocorreu naquele dia?

-A nave chegou e todos embarcaram. O Conselho sabia da rota e a nave, eu cuidei para isso, ela era tão rápida que era quase impossível fazer uma curva com ela.

-Um especialista me disse que ela foi sabotada antes, você tem a ver com isso?-Lantis observou que Caroti mantinha-se calmo.

-O Conselho pediu para que alguém que ignoro o fizesse.-Clef, que assistia a tudo da platéia, ao lado de Marine e outros zefirianos, se espantou com a nova informação, Lantis tinha, de fato, chances de vence o caso.

“Liana, meu amor...”-pensou Clef.

-Sabe do que consistiu a sabotagem?-perguntou Lantis.

-Sim... Ela removeu o escudo que o senhor Kei pediu que eu colocasse.

-A nave então...

-Tornou-se frágil aos ataques.

-Tem alguma informação quanto a como os atacaram, Caroti?

-Mais ou menos... Sei que bombardearam a nave. Muitos amigos meus morreram, pouquíssimos sobreviveram...

-E você? O que fazia em B-1, uma prisão pior que uma de Segurança Máxima? Devia estar morto, segundo consta, morto como um membro do MRU.

-Eles me prenderam logo depois que prenderam os mais importantes e mataram os insignificantes do MRU. Também nos dividiram em várias prisões, não sei mais nada...

-Está arrependido?

-Sim... Arrependi-me logo que vi todos os mortos, enquanto era levado até B-1...

-Certo... Eu terminei...-o promotor levantou com um sorriso de vitória e foi até a frente de Caroti.

-Senhor Caroti... Está informado que estamos em Julgamento quanto à inocência dos membros do MRU do ataque de um ano depois do que se chama de “Paz”, não é?

-Sim, senhor.

-E o senhor acredita que de fato sejam inocentes?

-Sim, senhor.

-Mas poderia nos provar com alguma teoria?

-Disseram-me, senhor.

-Disseram? Mas o senhor não sabe?

-Não, senhor, eu tenho certeza disso. Eles são inocentes.

-Mas o senhor disse que eles entraram naquela nave, com a intenção de atacar o Conselho, e como já informamos, muitos outros guerreiros poderosos os aguardavam no ponto marcado... Não disse?

-Disse sim, senhor. Mas...

-É tudo, Meritíssimo.-e o promotor voltou ao seu acento, sem deixar que Caroti se completasse.

-Lantis e agora?-Lucy perguntou, sabendo ela mesma que o caso se desmoronou.

-Vamos interrogar os sete amigos dele...-Lantis observou o primeiro homem chegar. Lucy lhe fez uma pequena carícia na mão, estavam os dois sozinhos naquele banco e pareciam estar contra o mundo todo.

  O homem estava mais limpo, com os cabelos azuis escuros curtos e com barba aparada. O rosto cheio de cicatrizes e curativos. Dava muita pena, pensava Lantis.

-Qual o seu envolvimento com o MRU?

-Eu retirei o escudo da nave.-Lantis o olhou nos olhos, surpreso com a revelação.

-Que Liana e os outros usaram por último?

-Exato.

-É experiente nisso?

-Sim, senhor. Fui chamado pelo Conselho e me ofereceram uma bela quantia para que o fizesse.

-Fazia parte do MRU?

-Sim, senhor.

-Tirando o escudo, quão frágil a nave ficaria?

-Como um balão de ar é frágil a uma agulha pontuda, senhor.

-É tudo.-Lantis sentou-se, respirando fundo.

-De onde o senhor veio?-perguntou o promotor.

-De B-1, senhor. É uma prisão, legalmente eu estou morto.

-Por que estava preso?

-Por fazer parte do MRU, o Conselho me traiu.

-Do que sabe sobre a “inocência” de Liana, Zubo, Zenks, Mistai e Kei?

-Como assim, senhor?

-Que fatos te levam a concluir que são inocentes?

-Disseram-me, senhor.

-Mas você não sabe sob quais circunstâncias?

-Não, senhor.

-É tudo.-e o promotor sentou-se.

-Se ele continuar assim... Eu perco, Lucy.-e assim foram as testemunhas, dos sete que eram a esperança de Lantis, o primeiro foi este técnico, os três outros eram gente que esperaria as ordens de Liana para lançarem fogo no Conselho, outra era uma que estava encarregada de falar quando ouvisse as palavras de Liana ou algum outro, caso ordenassem que o ataque começasse antes. Os cinco comprovaram que nunca houve tal ordem.

  Agora entrava o famoso “Careca” para testemunhar, Lantis arregalou os olhos ao notar que ele estava totalmente ferido, nada comparado a quando o viu nas duas vezes que foi à prisão. O moreno levantou-se e foi até ele, cansado de fazer perguntas e ser destruído pelo promotor.

-O senhor pode me informar um procedimento do Conselho, ou não teve tal formação?-perguntou Lantis, esperando a negativa e querendo dispensá-lo, tinha perdido o caso e tudo o que queria era ir ao palácio dormir e marcar a data do casamento com Lucy.

-Creio que eu tenha a formação, mas não tenho certeza...-o homem o olhava, bem fixo.

-Pode nos informar o que teria que acontecer para que o MRU se inocente?

-Bem, creio que estejam espalhando que o motivo da guerra foi o fato deles terem chegado ao local e saído da nave. Se caso nunca tivessem saído, então tudo não deixaria de ser intenção e já que temos liberdade de expressão e pensamento... O MRU seria inocente.

-É tudo.-Lantis virou-se e quando sentou viu a cara pasma do “Careca”, só então se lembrou que esqueceu de perguntar seu nome... Teria que morrer com a curiosidade.

-Não tenho desejo de fazer perguntas, Meritíssimo.-ouviu o promotor dizer. Logo entrou a última, a mulher do lenço, se ela não fosse testemunha dele, e quem convenceu o Careca a deixar Caroti testemunhar, Lantis a teria dispensado, mas resolveu fazer perguntas quaisquer e ir para Zefir e esquecer o caso todo. Clef parecia-lhe muito bem com Marine.

  Da platéia Clef observava a moça entrar e se assustou mais uma vez com a aparência daqueles. Ela tinha os olhos miúdos, cansados e sem vida, usava um lenço manchado de sangue na cabeça e andava meio que se arrastando... Estes eram os sobreviventes torturados do MRU, aqueles oito... Tão familiares, até Caroti a quem Clef tinha sido apresentado, só foi possível reconhecer graças ao nome que deram. Diferente dos outros, porém Clef tinha certeza de que eram familiares...

“Liana estaria assim se tivesse de fato sobrevivido, como Lantis comentou hoje mais cedo?”-então lembrou-se da pequena conversa que teve com o aluno, minutos antes do Julgamento.

*-*-*-*-*Flashback*-*-*-*-*

-Lantis, não faça isso, não vale a pena...

-Vale sim...

-Por que?

-Ela pode estar viva, Clef...-havia vida nos olhos violeta do garoto, a esperança que ele viu em Liana, antes de tudo aquilo.-Se ela estiver, vai ouvir que foi inocentada e poderá finalmente voltar para nós!

*-*-*-*FIM*-*-*-*

  O brilho de esperança nos olhos de Lantis desapareceu para ser substituído por cansaço, já era tarde da noite, mas o Julgamento já se acabava, por isso o juiz persistia.

-Clef, Lantis vai conseguir, você vai ver...-disse Marine, sorrindo, apertando a mão de seu namorado. Eles tinham se acertado antes do julgamento, mas ela sabia que se Liana voltasse, não teria chances.

  Lantis caminhou até a mulher e tentou formular uma pergunta qualquer na cabeça.

-Você acredita na inocência do MRU?-ela, de cabeça baixa, como se decepcionada com tal pergunta, respondeu.

-Sim...-Lantis sabia que devia continuar, mas como?

-E em que você se baseia para acreditar em tal coisa?-perguntou o jovem, tentando ajudar o promotor, para poupar o tempo de todos.

-Eu sei.-ela mantinha a cabeça baixa e cansada, Lantis pensou em desistir e ir dormir. Mas era como se aquilo que a mulher fazia fosse um desafio a ele, para testar se ele conseguia dar vida àqueles olhos entediados.

-Qual a sua ligação com o MRU?

-Eu fiz parte.

-O que fazia lá?

-Planos...-ótimo, todos ali eram idealizadores, Lantis sabia, ainda não tinha atingido o ponto que queria.

-Depois da Paz você batalhou novamente contra o Conselho, em outras palavras, você ou alguém do MRU começou alguma batalha no dia em questão?

-Não... Íamos desistir.

-Então se alguém da bendita nave lhe mandasse atacar o Conselho a sua divisão não faria nada?

-Isto não se aplicaria a mim... Eu fazia os planos. Os planos já estavam feitos, mas não houve ataques.-ela disse num tom baixo, monótono. Mas Lantis já começava a sentir uma chama na voz da mulher, ele estava começando a vencer o desafio.

-Por que não houve ataques?

-Por que íamos desistir quando o Conselho atacou. Caroti nos entregou...

-Só está repetindo a tese que tentamos provar...-Lantis murmurou baixo, a última coisa que ele queria era entediar mais o júri. Ele desistiu e decidiu apelar para a sua última arma.-Na prisão a senhora me disse que só se identificaria mediante um tribunal, o mesmo disse o seu amigo. Qual era mesmo o nome dele?

-O Careca?-ela perguntou, levantando a cabeça.

“Vitória!”-Lantis disse ao ver o primeiro movimento dela.-Sim, este a quem chama de Careca.

-É o Zenks, você de fato não perguntou a ele, não é?-Lantis abriu os olhos violeta e curvou-se para a mulher, como se não tivesse ouvido o nome direito, no meio de tantas palavras.

-Como é o nome dele?

-Zenks...

-Zenks está morto, isto é impossível!-Clef gritou do auditório. A mulher o olhou com um sorriso travesso e notando que o juiz estava surpreso demais para lhe conter ela esfregou rapidamente os olhos violeta e gritou de volta.

-Assim como legalmente estamos todos nós, Lindinho.-Lantis vendo a ordem ali perturbada, e como Clef calou-se subitamente, olhou a mulher ameaçadoramente e continuou.

-Então aquele homem é Zenks, um dos cinco grandes?-ele mal acreditava em sua burrice, podia tê-lo perguntado por si próprio!

-Sim. Você o deixou escapar querido.-ela disse, não num tom sarcástico, mas com afeto.-Tem sorte de eu ter te desafiado...

-Como? E qual o seu nome?-ele no fundo sabia, tentou conter o sorriso, tentou se conter, e por pouco não conseguiu.

-Liana. Mas acho que agora já sabe...-ela disse calma, mas escondendo o sorriso que delatava o fato de ela estar se divertindo com a confusão do filho. Lantis tentou não deixar a informação chegar ao cérebro e foi rápido.

-Descreva o que aconteceu depois que a nave partiu.

-Eu desisti da batalha e estávamos fazendo a curva quando fomos atacados... Zubo decidiu fazer um feitiço para nos salvar...-lágrimas saíam de repente dos olhos violeta dela, agora bem abertos e vivos.-mas estávamos muito fracos quando chegamos ao planeta mais próximo. O Conselho logo nos achou e nos bombardeou. Zenks me puxou para um lado e Zubo, Kei e Mistai foram para o outro... Zenks e eu fomos presos e mandados para B-1, no caminho eu vi três corpos... Um de meu amado marido e outros dois de meus queridos amigos.-lágrimas corriam livre pelo rosto da garota, e ao tentar limpá-las o lenço caiu da cabeça, revelando seus longos cabelos negros, tão belos quanto Lantis vira nas fotos e ouvira falar de Zagar e Clef.

-O Conselho atacou antes de você atacarem então?

-Nem íamos atacar, não valia a pena, Lantis.-Liana falou, pronunciando o nome de seu filho, quando agora queria abraçá-lo.

-Não tenho mais perguntas...

-Esse caso está anulado.-falou o juiz, surpreendendo a todos.-Todos do MRU estão livres de qualquer acusação ligada ao movimento.

  Lantis virou-se para Lucy e lágrimas saía de seus olhos violeta, era impossível acreditar naquilo, ele não só tinha a sua mãe de volta, mas ele a tinha inocentado. O garoto correu até a sua amada e a levantou, fazendo-a pular a mesa e a abraçou bem forte.

-Lantis, não me faça isso!-disse a garota, brincando, extasiada.

-Ah! Minha amada noiva, agora tudo vai ficar bem!

*-*-*-*-*-*-*-*

Zefir

  A primeira nave já havia chegado, mas os envolvidos com o caso ainda tinham umas coisas legais a resolverem, então ficaram de voltar depois.

  Agora Clef aguardava a nave chegar ao lado Marine, não sabendo o que escolher quando Liana chegasse.

-Vai ser esquisito depois de tanto tempo...-disse o mago, tomando sua forma adulta.

-Seja forte.-Marine disse olhando-o com um sorriso triste. Clef virou o rosto para o céu, onde agora avistava uma nave.

  Lantis desceu com a mãe nos braços, ele estava feliz em finalmente conhecê-la, ainda não tiveram tempo de conversar, já que ela foi a viagem toda dormindo no ombro do cunhado e Lantis havia se sentado com a noiva, agora saíam juntos e era impossível que alguém não notasse o quanto eram parecidos.

  Liana tinha tomado um banho e se maquiado de leve, agora usava um vestido até o joelho, que realçava a sua cintura. Ele era branco, fazendo um contraste com seu cabelo, repleto de cachos. Seus olhos, ainda miúdos, denunciavam que há pouco se encontrava em sono pesado, porém eles logo reclamaram do Sol forte de sua terra natal. Ela sorriu, com a cabeça deitada no peito forte de seu filho mais novo, como sentia saudades dali.

-Mãe, como se sente voltando ao seu planeta?-Liana levantou a cabeça e encarou os olhos de seu filho, era estranho, ele tinha a mesma voz de Zagar, mas era tão mais carinhoso. Ela estendeu sua mão e acariciou o rosto do filho. Também era bem mais jovem que ele.

-Melhor por estar com você... Apesar disso, estou ansiosa para falar com o seu irmão! Ele está com trinta e sete anos agora, não é? Já se casou? Tem filhos!?-perguntou ela com um largo sorriso, estava com um mal-pressentimento e na sua mente e ela dizia que não era em relação a Zagar, não podia ser... A expressão de Lantis de repente mudou... Era Zagar.

-Mãe... Zagar violou as regras de Zefir e... Teve que ser morto.

-Regras?

-Sim... Ele se apaixonou pelo pilar e foi retribuído. Seqüestrou-a tentando impedir o inevitável e... Não conseguiu.

-Droga... Bem que a Princesa Esmeralda comentou... Ela também morreu, não é?-Lantis assentiu, agora estavam rodeados pelos guerreiros de Zefir que olhavam curiosos os desconhecidos. Rafaga conversa alegremente com seu tio no fundo.-E quem é o novo pilar?

-Ninguém... Não há mais necessidade disso, mãe.-disse Lantis, abrindo um belo sorriso, ele sentia que a mãe compartilhava da idéia de que aquilo era uma ótima notícia.

-Que bom!-confirmou ela e virou-se para procurar por conhecidos.-Rafaga!-e ela correu até o espadachim, abraçando-o alegremente.

-Lantis...-Lucy chamou sua atenção com a expressão séria. O garoto voltou-se para onde sua noiva olhava e lá estava Clef, observando a amada, e Marine olhava o nada, a seu lado, sem saber o que fazer.

-Agora é com eles.-Lantis disse.-Nossos problemas primeiro, Lucy.

-Problemas?

-Pretende mesmo ficar aqui?-a ruiva assentiu.-Mas somos muito jovens para nos casarmos... E seria precipitado.-Lantis revirou um pouco o bolso da calça e puxou uma caixinha vermelha em forma de coração, dando-a a Lucy.

-O que é isso?-a garota pegou a mimosa caixinha.

-É para você.-e ela a abriu, olhando assustada para seu conteúdo.

-Lantis...-foi tudo o que disse. O moreno pegou o belo anel dourado com um coração coroado, feito de predas preciosas que brilhavam intensamente, e colocou no fino dedo de sua, agora, noiva oficial.

-Quando eu completar vinte e um anos, Clef se aposentará, sendo o único em Zefir formado em diplomacia, feitiçaria e um monte de coisas que agora eu achava inútil, ele disse que serei o rei de Zefir. Isso será daqui a cinco anos, o que te torna uma mulher de dezenove. No dia da minha coroação, quero que a sua seja junto, seria a minha rainha, mulher e dona, minha amada Lucy?-os olhos vermelhos da garota olharam o jovem, repletos de lágrimas, sem ação alguma ela disse um sim bem baixinho e depois pulou para abraçá-lo, gritando sim e dando-o milhões de beijos.

-Só se você for meu senhor, protetor e companheiro.-ela sussurrou no ouvido dele, Lantis a pegou nos braços, meio tentando conter a excitação da jovem, meio porque se não o fizesse talvez ele mesmo caísse, tão tonto de alegria estava. E lhe deu um beijo com os de fim de filme, mas este era o que simbolizava o começo de uma nova vida.

-Pessoal...-Lantis falou, assim que afastou um pouco Lucy, enlaçando seu braço na pequena cintura da garota. Todos já os estavam olhando, Liana sorria imaginando o que vinha a seguir.-Quero anunciar que em cinco anos, Lucy e eu nos casaremos.

*-*-*-*-*-*-*-*

  Liana estava vagando pelo palácio, ele estava tão bonito, agora pronto. Ela se sentia feliz por ter seu filho a seu lado, mas tinha perdido tanto por sua decisão imatura. Nenhum de seus amigos estavam ali hoje.

  Passou por uma porta aberta, lá se encontravam Zenks e Clef, pareciam conversar alegremente. Ela ainda não tinha falado com seu melhor amigo. Tinha que agradecê-lo por tudo. Zenks usava um boné virado para trás e ele disse que só o tirará quando seu cabelo crescer. Clef estava como ela se lembrava, alto e forte.

-Muito bem, agora eu vou dormir...-falou Zenks.-E amanhã... É a caça! Percebi que se eu não agir rápido, ficarei solteiro para o resto de minha vida. Será que Liana está disponível?-ele deu uma piscada e Clef gargalhou leve.

-Zenks!-ela disse brava entrando na sala, Clef se assustou, era a primeira vez que Liana e ele estavam no mesmo grupo de conversa.

-Ei, cunhadinha, eu sabia que estava ouvindo! Nossa, a Lua está linda, tão romântica, não é?-e ele se aproximou colocando uma das mão sobre o ombro da garota.

-Sai daqui! Clef, me defende!!! Tarado!-gritou Liana, correndo e rindo, enquanto Zenks a perseguia.

-Vamos, meu amor! Nesses dezesseis anos você ficou me recusando, pelo ao menos hoje, casa comigo!!!-ele gritava, correndo e rindo atrás dela, também jogando beijos.

-Aiiiii!!! Solta!-ela gritou quando ele a alcançou. Teve uma idéia repentina e puxou o boné do rapaz.-Ou eu o jogo num poço sem fundo, Careca.

-Tá certo...-disse ele submisso, resgatando seu precioso boné...-Boa noite para todos!-e saiu, mandando um beijinho para Liana e tendo como resposta uma careta.

  A garota deu um suspiro de alívio, como se não merecesse aquilo e virou para Clef, apontando para o lugar onde há pouco estava Zenks e fazendo um sinal para o cunhado que a censura não permite que se descreva.

-Ai ai, Liana. Vocês dois não mudam! Eternas crianças...-comentou Clef, mas de repente percebeu que na verdade muita coisa tinha mudado, sua Liana, por quem tanto sofrera estava ali, a sua frente e sem Zubo.

-Ele é o crianção daqui!-ela disse apontando para o lugar anteriormente mencionado.

-Como está tudo, Liana?

-Ah, Clef! Eu queria te agradecer por ter cuidado do meu filhinho, ele se tornou tão simpático e inteligente!-e ela abraçou o amigo, grata por tudo.

-Sobre Zagar...

-Lantis já me contou... Está tudo bem. Ainda tenho meu melhor amigo e meu filhinho!-ela disse com um sorriso.

-Amigo...-Clef repetiu silenciosamente as palavras da garota.

-Clef, mesmo que Zubo não esteja aqui...-ela parou um pouco para medir as palavras.-Nada vai mudar entre nós, nunca! Eu sempre vou te considerar o meu melhor amigo e nunca te vi mais ou menos que isso. Vou estar aqui para você, mas só desta forma. Afinal, o que é mais longo que uma amizade? Zubo está morto, mas estamos aqui, não é? É a prova! E bem que eu notei aquela de cabelos azuis... Ela bonitinha, tem algo entre você, não é? Gosta dela?-ela sorriu, tentando arrancar tal informação do amigo.

-Um pouco...

-Ótimo! Posso ser a madrinha do casamento!? Deixa, Lindinho!!!

-Casamento!? Você pensa muito à frente, Lia.

-Hehehehe, sou preparada... Então boa noite! Estou morta de sono, ah! E abre o olho pra loirinha!

-Como!?

-A loirinha que usa rabo-de-cavalo... Esqueci o nome dela, não é a namorada do Ferio não... E como ele cresceu... Tão tímido, porém, nem veio falar comigo, será que ele pensou que não o reconheci...?

-Espera, Liana! Assim você me atropela com palavras... Está falando da Priscilla?

-É! Ela mesma!

-Ah... Ela... Disse que gostava de mim, mas isto é passado...-Clef disse, com um rubor nas faces.

-Ótimo!!! Porque tenho uma bela idéia!

-O que vai aprontar agora?

-Sabe o Careca? Bem, eles ficarão perfeitos juntos! Ela vai poder reprimí-lo, mas parece ser uma moça muito bem prendada, o que acha da minha operação cupido?-Clef a olhou com sensação de deja vú.

-Acho que Marine vai gostar de ajudar...-ele disse com um sorriso, talvez tivesse confundido aquela sensação tão boa de estar com ela com amor... Talvez a amasse para sempre, mas nunca seria retribuído, então para quê perder aquele sorriso contagiante dela novamente? Um dia, quem sabe, ele irá amar Marine como a amou, ou até mais?

  Tudo o que Clef tinha a fazer para deixar. E se ele a deixar ir talvez a felicidade de amar e ser retribuído iluminasse o seu caminho como aquele belo sorriso daquela garota de olhos violetas e longos cabelos negros, agora repleto de cachos, um dia iluminou.

-Então no baile de comemoração a gente dá um jeito deles ficarem juntos!-ela disse e olhou o rosto de Clef, seu olhar era distante e um sorriso se estampava nos lábios.-O que há com esse sorriso?

-Lia, e se eu te deixar ir? Você vai ficar brava?-e ela sorriu.

-Só um pouquinho, Lindinho!

FIM

Anita, 18/05/2002


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Notas finais do capítulo

Notas da Autora:



Uau!!! Eu terminei, finalmente!!! Não achei que fosse conseguir... Foram três dias que eu fiquei em frente ao computador e me disse: “Anita, querida, se você não escrever isso logo, eles te matam!” E como eu ainda tenho uma pitada de amor próprio... Peguei quarta, sexta e hoje, sábado, sendo que quinta relaxei um pouco, já que passei mal de manhã, a tarde eu li Senhora e de noite eu escrevi um pouco de uma nova fic de Sailor Moon(da página 2 fui até a 14...)... Falando em SM, eu ainda não vou entregar a Várias Formas 3 devido a este bloqueio de semanas. E eu tinha que terminar esta, sendo meu projeto principal. Agora estou escrevendo três fics de SM, uma de MKR e com planos de continuar a Tatro das Verdades(finalmente) e começar uma segunda de MKR... Bem, você vão ver a fic nova de Sailor Moon assim que eu tiver idéia para o baile... Hahahaha, daqui a pouco...



O quê acharam? Puxa! Eu sou péssima com finais, mas tenho que confessar que amei este! A Lailla previu um pouco dele, mas resolvi não mudar o que tinha mente não, pra quê, não é? Mas caprichei legal e sempre que cansava de escrever, parava e continuava outra hora, por isso não ficou corrido. Exceto por pequenas partes que foram propositais, para que não se arrastassem demais, né?



E dessa vez eu vou passar dos limites nos Comentários, já que estou realmente afim de falar! Pra você que está lendo, me manda um e-mail e digam o que achou, não sabe o quanto é importante para mim!!! Eu amo e-mail!!! Ando recebendo uns com vírus, mas não se preocupem, eu tenho um anti-vírus dos melhores, por isso, não se incomodem em me mandar vírus, mandem sugestões, ao invés disso!



Queria mandar um abraço para o criador de Evangelion que ontem me fez companhia através do manga, já que queria ler algo, cuspi pra longe o Senhora e comecei a ler o manga de Eva, puxa gente, sou fã do anime, mas a visão diferente no manga é demais!!!



Esse final eu fiquei em dúvida... Quem eu salvo? Ou todos devem morrer? O Conselho vai ficar bonzinho? Bem, ele não ficou, já que é difícil algo com tanto poder ser puro como água(só se for de Zefir ltda., não é?, hehe) Então pus em mente que o Conselho se manteria sujo. Logo pensei no Lantis encontrando com um informante num lugar obscuro e essa idéia de traidor já estava com ela há tempos; então para apressa um pouco a história, por que não eles se encontrarem numa prisão ignorada por todos? Então eu imaginei que Liana poderia sr mantida viva, já que ela tinha informações valiosas sobre quais eram os papéis. E fui formando o grupinho na prisão, então me veio a idéia, se Lia sobreviveu, alguém a acompanhou naquele sofrimento todo... Zenks! Era perfeito! Ele tava sem namorada/esposa e era alguém que tinha bom humor. E pensando depois, no meio da chegada... Cheguei a imaginar que Liana gostaria de Ascout e abandonaria Clef, mas não ficou legal, não fazia sentido... Então Ascout ficou sozinho mesmo, sinto muuuuito. Então passei a comentar sobre Ferio e Anne, só por terminar os dois, eles não tinham problema nenhum, né? E aí me bateu algo! Priscilla, falei dela no início e logo ficou esquecida, seria um encerramento perfeito! Como no início quando Lia e Clef combinaram com Kei e Mistai, mas desta vez Clef se animou, já que agora ele resolveu não só deixar Liana ir, mas todo o resto na sua cabeça também. Quanto a Lantis... Sempre penso nele como o mais capacitado para governar Zefir, com Clef já velhinho e cansado... E sem contar que ficou legal ele pedindo Lucy em casamento nas duas vezes, não é? E não eles nunca fizeram nada! Pensei em colocar algo como forma de amadurecimento, mas logo substituí pelo pedido, seria mais romântico e trataria mais de mostrar que desta vez ficariam juntos. Preferi ignorar o fato de que as três guerreiras têm uma família na Terra e dar a entender que elas notaram que amavam tanto seus parceiros que não poderiam mais ficar sem eles.



Ufa! Exagerei... Bem, alguma coisa a me dizer? anita_fiction@yahoo.com hehe



Agradecimentos: Eu não sei... Tenho pensado muito em Dom Casmurro, mas eu o li faz dois ou três anos, então eu não agradeço ao Machado de Assis, li um fic e queria agradecer a sua autora, cujo nome ignoro, o título é Dreamer Awakened e é de Blues, porém o estilo... Bem, eu lia o fic e dava vontade de escrever este aqui... Foi assim que tomei vergonha, superei meu bloqueio e terminei. Um beijo especial ara Fabíola e Wlad, meus hospedeiros de fic que me mandaram e-mails me inspirando a continuar este aqui, quando ninguém mais se importava. Um abração pra Lailla que, puxa, menina!!! Se não fossem seus e-mails eu acharia que ninguém tava lendo o E se eu... E como sempre beijos e abraços para a galera do meu querido fórum: NGA e Mestre (que foram os que sei que leram essa fic e perdão Mestre, mas Liana não virou má e lutou contra Zefir... Tinha que ter me dito isto no início, mas como você torcia o Clef ficou sem ela! E NGA, a Liana teve que ficar viva mesmo... E antes que um dos dois pergunte o porquê de Zenks estar curado dos ferimentos num dia e no outro todo ferido é porque ele não queria ser identificado no Tribunal, por isso não usou seus feitiços de cura, como da primeira vez) e também para o DS que eu amei a fic de Casa dos Artistas e quero a continuação já!



Sugestões: Visitem meu site!!! Lá tem meus fics e de outros!!! Mandem os seus!!! Olho Azul



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