E se Eu Te Deixar Ir? escrita por Anita


Capítulo 10
Capítulo 6- Incontáveis Encontros, Incontáveis Separações (parte 1 de 2)


Notas iniciais do capítulo

último capítulo dividido em duas partes



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Notas Iniciais:

Os personagens como Caroti e Liana são fictícios e pertencem exclusivamente a mim. Caso use-os, por favor me dêem o crédito, autores de fanfics são camaradas na fome por e-mails dos leitores, hehe. Quanto ao resto... Bem, eu tô lá em alguns leilões dando meu lance para comprar MKR, mas o Clamp ainda não aceitou, meu último foi tudo o que tenho menos o computador, ainda aguardo resposta, até lá ainda pertence a um grupo muito legal que não vai me processar. Caso queira falar comigo: anita_fiction@yahoo.com se tiverem um site e quiserem hospedar esta história, avisem, porque se eu pegar vou ficar muito brava. E agora, não riam do título do capítulo, porque estou pensando nele há quatro dias... Veio da música Beloved do grupo Glay(liiiiinda!!!)

A Olho Azul Production:

E Se Eu te Deixar Ir?

Capítulo 6- Incontáveis Encontros, Incontáveis Separações

-Clef, espera!-gritou a garota de longos cabelos, dourados como o Sol. O mago se virou ao ouvir sua discípula e com a expressão triste parou de andar.

-O quê quer, princesa?-ela chegou até ele, ela era tão nova e baixinha que Clef teve que olhar para baixo. Apesar de tudo, ele não se sentia pai dela e sim um bom amigo.

-Por quê fez aquilo? O bebê... É tão liiindo!-ela disse com um sorriso.-Devia estar feliz por Ia ter conseguido o que tanto queria, vocês são amigos, não é?

-Não seja ingênua, princesa... Eu ainda a amo e este bebê significa que eles se amam. Ela me esqueceu, ela me superou.-uma lágrima rolou por seu rosto.-Maldito Zubo!

-Não chore...-ela falou com os olhos tristes.-Ia te ama, mas só que de outra forma. E aquele bebê...

-O maldito bebê? O que tem ele?-Clef perguntou, encostando-se na parede. Os olhos da garota o olharam sérios e tristes. Ela sabia que Clef ainda se arrependeria daquelas palavras.

-Não diga isso, por favor.

-Por quê?

-Se o que sinto é verdade...-e ela não completou. Algo lhe dava um mau pressentimento. De que todos naquele palácio acabariam perecendo. Clef se salvaria, Lantis também.

-Princesa...?-Clef perguntou temendo o que via em sua expressão.-Há algo que eu deva saber?

-Sim...-e ela fechou os olhos, uma lágrima saiu.-Mas não pode...

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Presente

-Viva!?-perguntou Lucy.

  Lantis havia se recusado a explicar na frente de Marine e ambos voltaram a pesquisar sobre o MRU. Mas agora os dois estavam sozinhos no quarto, apesar de cansada, ainda tinha forças para arrancar de Lantis o que queria.

-Do que está falando?-ele a olhou, tinha acabado de tomar banho e foi ver Lucy em seu quarto. Ao abrir a porta, a ruiva simplesmente lhe faz aquela pergunta de uma única palavra. Com a mente lenta após o banho, não chegou a conclusão alguma.

-De sua mãe...-falou a garota. Tinha os cabelos soltos e úmidos, caindo até abaixo da cintura, frisado por causa da trança que sempre usava. Mal ela sabia o quão bonita ficava assim.

-Ah... Sobre o que eu disse hoje...

-Sua desculpa... Eu não acreditei nela.

-Está certo, é compreensível.-Ele sentou-se numa cadeira e observou sua amada sentar-se na cama e lhe olhar nos olhos.

-Explique-se, Lantis.-ela estava curiosa... Ele sorriu.-E não tem graça!

-Você fica tão bonita curiosa assim...-ela corou com o comentário.

-Não vá mudar de assunto.-ela voltou a lhe olhar, mas com um sorriso nos lábios desta vez.

-Está certo... Eu tive uma visão, melhor, eu lembrei de algo do passado... Algo que eu tinha esquecido ou ignorado por completo, na minha raiva.

-Raiva?

-Sim... Porque meus pais resolveram partir na tal missão suicida me deixando sozinho com um ano apenas. Raiva porque os dois nunca notaram que não eram mais adolescentes, muito pelo contrário, que tinham crescido e tido filhos, que precisavam da presença deles, constantemente.

-E sobre o que era a tal visão?-Lucy perguntou. Lantis, olhando distante contou tudo sobre a lembrança, sem esconder um detalhe sequer.

-E se isso for verdade...-ele completou, olhando-a bem dentro dos olhos.-Quer dizer que minha mãe... Ela notou que eu não poderia ficar sozinho, que eu era mais importante que aquele desejo adolescente de um lugar melhor. Ela me amava, Lucy, como deveria e como eu achava que não.

-Lantis...-ela estendeu uma mão e passou por seus cabelos negros, o rapaz lentamente fechou os olhos e sorriu, não apenas de orgulho de sua mãe, mas de paixão pela garota a sua frente. Um leve vermelho passou por suas faces, apesar dele mesmo.-Você é muito carente, sabia?-e ele abriu os olhos e viu a expressão brincalhona nos de sua amada. Naquele momento ele soube, pela primeira vez em muito tempo, que a vida era perfeita, e que havia possibilidades de ainda ser maior. E sorriu. De repente voltou a ficar sério, olhando Lucy bem nos olhos, novamente.

-Casa comigo.-a garota ficou com o rosto mais vermelho que seu cabelo, se possível.

-C-Como disse?-perguntou ela, dando um pulo e colocando as duas mãos sobre as bochechas, como se para ocultar o rubor. Depois as passou por seu cabelo, puxando uma mecha e fazendo cachos nervosos.

-Quando tudo acabar, Lucy, quero que fique para sempre comigo. Casa comigo...

-Por que?

-Porque eu te amo... Porque seria muito fácil passar uma noite repleta de juras de amor eterno e te dar um beijo de adeus no dia seguinte, vendo-a mais uma vez partir para, talvez, nunca mais voltar. Mas eu quero mais, Lucy. Quero que seja minha, tanto quanto que me dar para você. Casa comigo.

  Vermelho encontrou violeta, enquanto Lucy o olhava, com medo de responder, com medo de se ferir, com medo de perder, de perder a tudo e estar errada. Mas ali ela viu que ele sabia do peso da proposta, talvez já a tivesse pensado por tempos, talvez não tenha sido tão pareceu.

-Você... Você quer pensar?-perguntou ele, hesitante, enquanto passava a mão pelos cabelos da moça. Ele sabia que ela o amava, mas também sabia que ela não estava segura o suficiente para tomar sua primeira real decisão que afetaria toda a sua vida, mudando-a drasticamente.

-Não... Eu não quero pensar, Lantis. Se o fizer, sei que vou chegar a uma certa conclusão da qual, mais tarde, me arrependerei.-ela disse olhando para baixo, para suas mãos que se ocupavam em estalar os dedos, não tão descansadas em seu colo. Sua bochecha queimava ainda mais com o simples toque de Lantis. Isso o divertia, apesar situação, aquele jogo entre eles de embaraçar um ao outro.

-Então qual é a resposta?-perguntou ele, carinhoso.

-Quero me casar contigo, meu amor...-e ela o abraçou, lágrimas saindo de seus olhos, alívio de seu coração. “Ha, ha! Já disse e agora não tem volta...” –dizia para si mesma.

-Ótimo!-o rapaz respondeu, também a abraçando, mas logo se afastou, levantando-se.

-Onde está indo?-perguntou a ruiva. Ainda extasiada e enrubescida.

-Para o meu quarto, agora dormirei em paz. E amanhã... Vou pôr tudo em andamento. Nós vamos desvendar tudo, Lucy...-e ele sorriu, ao sentir abraçá-lo.

-Boa noite, Lantis...-ela se afastou, beijando-o na bochecha. O garoto colocou a mão no rosto de sua agora noiva e aproximou de si próprio. Logo fazendo com que seus lábios acariciassem os dela bem de leve. E beijou tenramente sua testa.

-Boa noite, minha amada Lucy.

  E se foi, fechando a porta trás si.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Passado

-Paz... Eu não estou acostumada com essa palavra.-disse Liana, colocando seu pequeno Lantis de volta ao berço.

-É mesmo... E não temos trabalhado... Brigamos com o Conselho e até agora não sabemos nada de lá...-disse seu marido, olhando orgulhosamente para seu filho caçula, agora com dois meses.

-Ele é tão calmo...-comentou Liana, mudando bruscamente de assunto, ela sorria com a mesma expressão de Zubo.-Quase não chora à noite e é simpático com todo mundo. Esse garoto é incrível, não é mesmo?

-E tem suas preferências. Por mais que agüente no colo de todos, tem gente que o pega e quando o devolve, ele parece ter uma expressão de alívio. Ai ai...

-Hehe, tem razão... E aquele espadachim, amigo de Zagar... Rafaga, seu nome. Lantis definitivamente não gosta dele.

-Esse garoto... Será que vai ser como o irmão?

-Eu duvido... Lantis parece gostar muito de Clef, Zagar já não é assim e nunca foi.

-Clef é que não vai pra cara do nosso Lantis.

-Tadinho do garoto, não tem culpa...-de repente Liana começou a olhar distante. Zubo sabia seus pensamentos, mesmo sem ter a capacidade de lê-los. E sentia-se culpado, por nunca ter estado presente, mas agora tudo isso mudaria!

-Tenho uma idéia!-ele falou, tirando Liana do transe.

-Diga, querido.-Zubo a abraçou pelas costas e ambos olharam Lantis dormir tranqüilamente, como se sorrisse de algum sonho misterioso para o casal.

-Só que tem que me prometer uma coisa.

-Qual é?

-Deixar Lantis por algum tempo...

-Passo... Isto é impossível!

-hahahahaha! Sabia que diria isto... Tudo bem, Lantis pode ir, mas terá que deixá-lo com babás.

-Ir? Aonde?

-Para uma viagem romântica. O que te parece?

-Ulalá! Romântica, hein? Só nós três...

-Exato... Não era a idéia, mas é isso.

-O que acha que me parece?

-Perfeito?

-E maravilhoso!-disse ela, com um pulinho, que a fez dar uma volta 180 graus. Ficando cara a cara com o marido que lhe deu um beijo longo e apaixonado. Na porta, Zagar que espiava a cena, sorria satisfeito com os pais juntos. Saindo devagar, ia em direção a uma reunião de um grupo rebelde contra o uso de magia pelos soldados. Logo depois teria que comparecer a uma outra reunião de um outro grupo que brigava para que os soldados tivessem a formação no ramo da feitiçaria. Seria interessante esta tarde!

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Presente

-Lantis...-o rapaz andava alegremente pelo corredor, também estava decidido a resolver toda a sua vida de uma vez. Virou-se ao ouvir a voz que vinha de trás de si.

-Tokidori? O quer?

  O homem passou reto por Lantis depositando algo, rapidamente, em seu bolso. E saiu, desaparecendo pelo palácio do Conselho, assobiando uma música qualquer.

  Lantis seguiu até um lugar secreto onde sabia que não tinha câmera alguma. Era bem fora do palácio, num beco escuro, era o único lugar em todo o planeta em que de certo haveria alguma privacidade. Ali, lentamente abriu o misterioso bilhete, escrito de forma corrida

“Encontre-me em B-5.” –Lantis sorriu... Seguiu em direção à estação e comprou a passagem para A-1. De lá seguiria para o pequeno planeta solitário, usado como refeitório para presos, onde Tokidori pediu para encontrá-lo.

-Lantis...-ele se virou ao ouvir Lucy atrás dele. Ela devia estar procurando-o.-Onde está indo? Para Zefir?

-Não... Quer vir comigo? Vou a negócios.- a garota o olhou sério e então lhe deu um rápido estalo na boca e se virou.

-Tenho que trabalhar...-e ela partiu, sabendo que se fosse só seria um peso para o noivo.-Boa viagem...-disse bem baixinho, para si.

  Duas horas depois Lantis chegou até o planeta-prisão. Era muito gelado, ele sabia de umas poucas visitas anteriores. Saiu tão apressado que esqueceu do casaco. Também era pequeno. Logo estava em frente à porta do refeitório da prisão do planeta vizinho, B-1.

-Senhor, sua identidade...-disse um guarda de mais de 3 metros de altura e voz rouca. Usava um capacete e máscara. Lantis já tinha tido a “felicidade” de ver um dessa raça sem o uniforme de guarda. Foi uma vista inesquecível!

-Aqui está.-ele mostrou seu cartão do Conselho, dava-lhe acesso a quase tudo.

-Pode entrar. Cuidado com os presos, aqui é um refeitório, eles estão soltos.

-Que ironia...-ele murmurou e ouviu uma risada grotesca do guarda. Apesar da aparência, o moreno sabia que os guardas de prisão tinham uma ótima personalidade.

  B-1 era uma prisão para totais marginais esquecidos pelo Conselho. A maioria ali tinha cometido crimes tão terríveis que foi preferível nem julgá-los. Afinal, eles ainda prestavam para algo... Alguns tinham segredos imensos, dos quais o Conselho necessitava uma vez ou outra, ou que nunca revelariam. Outros simplesmente eram tão bem capacitados para certos trabalhos que seria um desperdício que fossem parar num “Tradoninator”, ou seja, para te transformar em poeira cósmica, ainda viva e sentindo tudo, e depois lançá-lo pelo espaço. Ou então punidos a serem presos num Guresafono, em outras palavras, a um sofrimento de torturas mentais, eternas, ou por um determinado tempo, que saía, nunca tinha uma condição mental para resolver um simples cálculo de matemática.

  É claro que B-1 era até mais frio que B-5, e mais escuro. Os Drotinas, uma raça parecida com o do guarda, mas com um temperamento pior, se encarregavam de torturas semanais, diárias, ou de hora em hora. Nos confins do universo, tinha gente que duvidava de sua existência, outros simplesmente preferiam ignorar.

  Lantis já tinha ido ali para interrogar dois prisioneiros. Em ambos os casos se perguntava se um Guresafono era realmente pior que aquilo. O primeiro estava tão machucado que mal conseguia falar sem reclamar de algum osso quebrado ou uma queimadura em algum lugar, provavelmente provocada por algo como um chicote de um Drotina. O outro foi um sacrifício, já estava insensível às dores do corpo e no meio de suas confissões sobre o que Lantis queria saber, também falava de coisas de tempos de infância, lembrando de suas felicidades.

  Ambos estavam lá apenas em corpo, porque não havia nenhum dado sobre eles nas fichas do Conselho. Lantis suspeitava que B-1 nem existisse no papel. Já não devia haver presos legalmente ali. Todos estavam por algum motivo sujo que o Conselho escondia, colocá-los no papel seria dizer que não tiveram um julgamento justo, ou que não o tiveram. Um dos sujos do Conselho... Teria isso a ver com o que seus pais encontraram?

  Lantis entrou numa enorme sala que devia ser quase todo o prédio, lá estava toda sorte de prisioneiros, quase todos muito sujos e sangrando, todos pareciam já saber o quanto valiam e terem se arrependido de qualquer mentirinha contada na época que aprenderam a falar.

  Num canto estava um que estava bem limpo e afastado, evitado pelos outros por medo, talvez. Tokidori sorria da expressão provavelmente engraçada de Lantis. Teria sido nojo? Não Lantis tinha pena... Metade talvez estivesse ali por crimes que não cometeu. O Conselho também jogava ali aqueles que eram inocentes, mas que interferiam em seus planos, como sua mãe fez.

-Sente-se...-falou Tokidori, segurando o sorriso debochado.

-Não tem graça.-comentou Lantis. Um guarda apareceu com o lanche que possivelmente Tokidori havia pedido antes.

-Teve muita, na verdade, Lantis.

-Hmph-Lantis murmurou algo sobre qualquer coisa enquanto comia e olhou para o lado. Todos os olhavam.

-Eles não estão acostumados que alguém normal se misture a eles...

-Ou simplesmente esqueceram o que é comida...-e apontou para um que comia uma gosma qualquer.

-Também...-um grupo em especial os olhava fixamente.-Talvez estejam com muita fome.

-Se der nossa comida os matará na certa...

-Eu sei... O Conselho ficaria triste... Mas aquele grupo me incomoda.-Lantis olhou para onde Tokidori apontava. Era um grupo que parecia ser relativamente importante ali, tinha uma comida um pouco mais decente e um, uma mulher, estava pouco machucada, até. Ao redor havia mais mulheres, pouco machucadas também, mas os homens estavam em carne viva.

-Só há aquelas mulheres aqui!?-perguntou Lantis ao notar o detalhe. Talvez por isso estivessem pouco machucadas.

-Não exatamente... Mas as outras... Bem, são molestadas e não saem das celas, estas, eu não sei... Devem ter alguma importância, logo algum tipo de proteção por parte do Conselho.

-E eles são os maridos?

-Não sei... Acho que não... Parece que nunca veio aqui...

-Nunca vim em B-5, ou vi todos os presos, apenas dois, Tokidori.

-Mas eles me incomodam...-Lantis olhou o grupo de novo e sentiu uma dor no coração. Virou-se para Tokidori, já sem fome.

-O que quer comigo?-perguntou bruscamente.

-Descobri algo beeem interessante.

-Diga.-Lantis fechou os olhos e tentou afastar a dor de cabeça que lhe latejava.

-Depois que te deixei ontem refleti sobre suas palavras, você tinha tanta certeza que me preocupou. Logo passei a refletir tudo o que eu sabia sobre o caso e notei que há muitas versões espalhadas por aí pelo Conselho e por que a minha não seria apenas mais uma?

-E?

-Eu investiguei algumas coisas, Lantis e descobri que nosso traidor foi preso logo e está aqui.

-Aqui!?

-Exato... É um destes, receio que esteja naquele grupo que te apontei.

-Qual é o nome dele?

-Caroti... Era um homem de confiança de Kei, sabia de boa parte do plano, e ficou de arranjar a nave para eles, tudo foi tão tramado, que a nave que arranjou era muito difícil de fazer curvas, para caso eles mudassem de idéia.

-Como provavelmente aconteceu.

-Isso... Ele é sua testemunha...

-Tokidori... Arranje tudo para que esta sua afirmação seja oficial, imediatamente. Eu vou falar com ele e volto para o Conselho logo em seguida.

-Não provará a inocência de sua mãe assim...

-Mas chegarei perto. Eles saberão que o Conselho tinha providenciado tudo.-Lantis levantou-se. Tokidori fez o mesmo, a comida quase intocada. O guarda que os serviu se aproximou.

-Estão partindo?-perguntou.

-Fique com a comida, meu caro.-falou Tokidori.-Em troca, cuide de meu amigo, não quero que nenhum prisioneiro o machuque.

-Sim senhor.-e o guarda saiu, parecia faminto, então Lantis notou que os pobres coitados não eram apenas os prisioneiros.

-Lantis...-Tokidori chamou sua atenção.-Não os deixem saber quem é... Os guardas tudo bem, são nossos amigos. Se os prisioneiros souberem, contaram para os Drotinas e você imagina aonde chegará, não é?

-Entendido.

-Encontro contigo no Conselho, então. Farei o que pediu, até mais.-e Tokidori saiu.

  O moreno de olhos violeta caminhou tranqüilo até o grupo, contendo o sorriso de vitória.

-Quero falar com Caroti. A sós.-falou, o mais autoritário possível. Aquele homem era o responsável por todos aqueles problemas, mas agora seria a solução para o fim deles.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Passado

-Que lindo!!!-dois meses depois e eles três tinham finalmente viajado para o lugar. Liana já ouvira falar do lugar, todos iam lá por causa da beleza natural misturada com a alta tecnologia.

  Muitos políticos influentes do Conselho estavam ali naquele momento e na manhã seguinte, quando Liana estava passeando com Lantis, agora com quatro meses, seu marido ficou conversando com eles sobre o falecido MRU e as notícias.

  Ela aproveitava para ouvir as conversas dos outros. Uns diziam para os amigos sobre as amantes que trouxeram ou sobre o primogênito que nasceu, ou sobre os seus novos negócios.

-Minha esposa e eu somos muito felizes!-disse um bem jovem, um recém-casado pelo o jeito. Assim que ouviu o amigo apontar para a amante que conversava com uma gorda de cabelos rosa na piscina.

-Isso você diz no início.-respondeu o outro confiante.

  Liana sentiu-se culpada pelo incidente de anos atrás... Zubo nunca a havia traído, tinha certeza, mas estaria em seu direito se o tivesse feito.

-A-a!-ouviu Lantis falar mostrando com o braço direito na direção de dois homens que conversavam seriamente. Liana já o tinha ouvido falar antes, mas era sempre isso... Quando será que ele falaria, ela estava ansiosa.

  Caminhou até perto de onde Lantis queria encostou-se na parede. Olhou bem para Lantis que a sorria alegre. Ela também sorriu, aquele bebê tinha nascido no dia que se comemorava a paz, mas ele nunca realmente ficava quieto, que ironia!

-Está errado! Não sabe da verdade!?-Liana ouviu um homem gordo de cabelos azuis com branco falar para um magro, bem velho com acara de aposentado.

-Então está dizendo que tem mais sobre o MRU e o Conselho?

-Os velhos nunca entregariam o ouro assim tão fácil.-Liana ouviu aquilo assustada, mas manteve-se quieta. Lantis como se lesse os pensamentos da mãe ficou calmo brincando com os longos cabelos da garota.-Eles simplesmente esconderam melhor os sujos e concertaram o que puderam... Simples!

-Uaaaaaaaaaa!-Lantis gritou bem alto, fazendo Liana pular. Parecia que o garoto botou pra fora a angústia que a mãe sentia ao descobrir que todos os esforços foram em vão e que a fizeram de boba.

-Perdão... Gomen ne.-disse a morena e partiu, segurando as lágrimas de raiva e orgulho ferido.

-Que garota linda!-comentou o gordo.

-Sem dúvidas, o filho muito agitado e simpático, hein?

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Presente

-É oficial...-falou Clef.

-Lantis pirou! Oficializou um processo contra o Conselho!?

-Exato, ele quer provar a inocência da mãe, Rafaga.-respondeu o mago.

-E conseguirá?

-Eu torço...

-Clef... E se ele conseguir?

-Eu não sei... O Conselho nunca se modificará, então... Liana só terá um descanso em paz, Rafaga.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

-Participou do MRU?-perguntou Lantis ao homem que agora sentava no lugar que Tokidori ocupava antes.

-Sim.

-E foi quem entregou todo o esquema?

-Sim, senhor.

-Porque se arrependeu?

-Sim... Eles já sabiam, mas precisavam dos detalhes, entende?

-Certo...-Lantis olhou o homem a sua frente. Estava arrependido sem dúvidas...-E você vai me ajudar agora.

-Como!?-os olhos do homem ganharam uma certa vida, tamanha a surpresa.-Do que está falando?-perguntou um tanto agressivo. O movimento que raiva lhe deu ao rosto, fez com que algum ferimento recente abrisse e um sangue escorria.

-Não sei se posso tirá-lo daqui, mas poderá livrar a sua mente do arrependimento, se repetir em tribunal o que contou ao Conselho há anos atrás. E também informar toda a história, obviamente.

-Eu não sei... Eu estou morto no papel, sabia?

-Sim, eu imagino.

-Não tenho nada a perder... Eu conto.-ele falou, abrindo um sorriso orgulho, na boca, alguns dentes quebrados. Aquele homem não dava medo, e sim pena.

-Não vai contar nada!-um outro chegou, era altivo e o rosto não parecia tão arranhado, quanto aparentou quando Lantis o observou da primeira vez. Seis outros o acompanhavam, sendo três mulheres e outros três homens em condições parecidas com as de Caroti.

-Mas...-Caroti tentou argumentar.

-Não se submeta, ainda não é conhecido na história, Caroti. Se o fizer, todos te odiarão!-o homem disse. Tinha a cabeça raspada e olhos sem emoção alguma num azul que parecia branco. Lantis ainda podia jurar que ele tinha a cabeça toda arranhada!

-Eu sei... Mas...

-Eu já disse! Se o fizer... Não terá o nosso perdão.

-Pare!-uma das mulheres falou. Ela usava um lenço na cabeça e tinha o rosto um pouco arranhado, mas muito sujo. Os olhos pequenos demonstravam cansaço e com o seu grito o homem careca se calou submisso.-Seu idiota, deixe Caroti fazer o que quer, se acha que assim sua consciência será limpa, que assim seja. Senhor...-Lantis a olhou, um tanto submisso, mas vendo-a como uma cúmplice.

-Fale...-falou bem calmo, demonstrando um certo respeito.

-Eu quero também testemunhar, juro que sei, mas prefiro que minha identidade se já mantida até lá... Ou posso ser morta...

-Consigo imunidade.

-Não. Eu e o careca seríamos mortos se nossos nomes escapassem.

-Já falei pra não me chamar assim!-falou o homem, que parecia ofendido.

-E desde quando te obedeço, Careca?-Lantis segurou o riso, mas os outros já pareciam se divertir, talvez as discussões fossem uma rotina.

-Senhora...-Lantis falou interrompendo a discussão, aguardou qualquer reprimenda quanto ao que a chamou, porém ao não receber nenhuma continuou.- Deixarei que deponha, mas quero que seu amigo também deixe Caroti depor.-a mulher com o lenço olhou o “Careca” de uma tal forma que o homem engoliu a seco e olhou submisso para Lantis.

-Certo... Mas eu vou junto. Melhor, todos vamos.

-Sim...-Lantis baixou a cabeça e cuidou para que eles depusessem o mínimo possível, caso começassem a falar besteira.-Tenho que ir, voltarei para que assinem uns papéis. Até mais...

-Garoto.-falou a mulher quando Lantis as costas.

-Fale.

-Não tente descobrir quem somos.

  Lantis assentiu e foi-se.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Passado

-Um problema... Estamos confiando demais na sua palavra, Liana.-comentou Kei, procurando qualquer documento numa das salas de papéis do Conselho.

-Eu ouvi!

-Eu sei, querida...-falou Zubo, pondo uma mão no ombro da garota de vivos olhos violeta.

-Claro que ele sabe!-disse Zenks mal-humorado, tinha um encontro naquela noite quando o avisaram que tinham conseguido permissão para procurar o tal documento.-Você vem repetindo isto desde que meu sobrinho tem quatro meses, Liana.

-Cala a boca, Zenks!-Liana gritou. E depois murmurou coisas que não pode reproduzir num pedaço de papel.

-Vamos, Liana! Zenks tem razão, o garoto vai fazer um ano depois de amanhã...-comentou Kei, analisando uns documentos cheios de poeira.

-Devíamos estar organizando o primeiro aniversário do garoto.-falou Mistai pegando documentos semelhantes aos que o marido tinha.

-Tadinho... Vai acabar como o irmão...-falou Zenks, rindo quando um documento voador acertou o seu nariz.

-Zagar não é um desamparado, Zenks! E para a sua informação eu já organi...

-O que foi? Esqueceu de organizar?-perguntou Zenks com tom esnobe.

-Está aqui!!! É a mesma coisa, mas só que passada a limpo e com data recente... Só para que não víssemos! Malditos...

-Ótimo!-falou Mistai, num tom de vitória.

-Avisarei a Caroti para que ele convoque a todos e nos consiga uma boa nave.-falou Kei arrumando a bagunça que fizeram.

-Saiamos logo daqui.-falou Zubo arrastando a sua esposa e sendo seguido por todos.

*-*-*-*-*-*-*-*-*


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