Lúcifer escrita por Michelle


Capítulo 9
Pesadelo




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Ultimamente só tenho vontade de dormir. Já se passaram quase uma semana, hoje é quinta-feira. As aulas logo começarão e eu agora acho isso bom, pois vou ter como me distrair. Tudo que eu quero é me distrair.

Meu braço está melhor, não sinto mais dor, mas ainda não posso tirar o gesso. Contei para meus pais que caí da escada de casa, não sei se ainda estão caindo nas minhas mentiras, Sara desconfiou e perguntou se aconteceu algo que ela deveria saber, respondi que não.

Lúcifer ligou e eu não atendi, mandou mensagens mas não respondi. Quero esquecer que conheci ele, por causa de tudo que aconteceu e pode acontecer se eu insistir nisso.

Ontem conversei com Bryan. Na verdade, não foi bem uma conversa, ele estava vendo um filme na sala e eu decidi me sentar com ele, só falamos sobre o filme. Não sei se isso é bom ou ruim, mas parece que está tudo bem.

Há uns dias atrás arrumei meu quarto inteiro. Joguei fora alguma roupas, papeis e objetos que não usava mais. E no meio da bagunça achei uma caixa com varias coisas antigas que eu nem me lembrava de ter guardado. Fotos com colegas que nunca mais vi, textos e redações, um diário, alguns livros e remédios vencidos.

O tempo é estranho, enquanto vivemos, achamos que o presente demora pra passar, as vezes parece que será eterno. Depois pensamos no passado e tudo parece ter mudado rápido até demais.

As colegas das fotos já foram minhas melhores amigas e a amizade parecia que não acabaria nunca, mas acabou, nem as vejo mais. Os texto e redações que escrevi dão minhas antigas opiniões que eu achava que jamais mudaria, e hoje minha mente é completamente diferente. O diário mostra que eu era mais animada e extrovertida, mas hoje sou mais tímida e quieta. Não consigo enjoar de nenhum livro, então eles continuam sendo ótimos pra mim. E não consegui jogar fora os remédios, eles pareciam tristes. Guardei tudo na mesma caixa.

Me sinto estranha desde que parei de ver Lúcifer. Sempre acordo no meio da madrugada e fico ouvindo o barulho dos ponteiros do relógio do quarto, o vento na janela e os estalos da casa. Logo me lembro de algo que aconteceu nas ultimas semanas, qualquer coisa que Lúcifer tenha dito ou feito, tanto coisas boas quanto ruins. Então pego meus fones e tenho voltar a dormir ouvindo musicas, mas é um pouco dificil, estou começando a fazer isso mais rapido. Todas as noite são assim.

* * *

A última sexta:

> Bons sonhos

> Calmaria

> Qualquer coisa

Eu estava no meio de uma floresta. Andei por muito tempo perdida, até encontrar um rio com águas cristalinas. Era um lugar com certeza muito bonito, haviam muitas rosas vermelhas por toda parte e algumas borboletas voavam entre elas. Me sentei na beira do rio com os pés dentro da água e fiquei observando a paisagem ao meu redor.

Então de repente o céu começou a escurecer, senti um ar frio estranho passar por mim e a água do rio que era tão pura e clara ficou preta. Não tive tempo para fazer alguma coisa, por que algo me empurrou naquele liquido escuro. Me afundei tentando nadar para cima, não consegui alcançar a superfície, fiquei me debatendo até não poder mais segurar a respiração e a lama entrar nos meus pulmões. Eu morri.

Acordei respirando forte e rápido, como se eu realmente tivesse me afogado. Era 8 horas da manhã. Desci para tomar café com minha mãe, ela comprou alguns cupcakes na padaria. Ficamos em silêncio.

— Alice, tá tudo bem? — perguntou Sara me encarando.

— Acho que sim — respondi com expressão confusa — Porque?

— Parece meio desligada do mundo nos últimos dias, desanimada, não sei.

— Tá tudo bem mãe. Não dormi direito essas noites, só isso — comentei me levantando e saindo da cozinha devagar, pra não parecer que eu estava fugindo, mas estava. Não queria responder um questionário agora.

Voltei ao meu quarto e tentei dormir outra vez. Mas não consegui, meu celular tocou. Era Lúcifer. É claro que não atendi, fiquei olhando para a tela até parar de chamar, depois larguei ao meu lado na cama e fechei os olhos na tentativa de conseguir um cochilo pelo menos.

Ligou outra vez, depois de novo e mais uma vez. Foram 8 chamadas perdidas, uma atrás da outra, o que era estranho porque ele não costumava insistir ligando tanto. Tentei ignorar, esquecer ou simplesmente desligar o celular, mas porque não parava de ligar? Eu já queria atender, mas meu orgulho não me deixava fazer isso. Eu quase atendi, mas as ligações pararam. Mais de 2 minutos sem ligar, devo retornar? Não. Não posso. Tentei dormir outra vez.

Lúcifer voltou a ligar.

— Alice? — perguntou alto.

— O que você quer?

— Não desliga! É importante, urgente! Mas quero começar dizendo que sinto muito, Alice. Por tudo. Se eu pudesse voltaria no tempo, deixaria você completamente fora disso — ele não tinha a voz calma de sempre, estava falando alto e rápido.

— Diz logo o que é importante.

— Não posso, precisa ser pessoalmente. Preciso que você venha aqui...

— Não, esquece! — interrompi — Não vou a lugar nenhum com você, me conta logo, antes que eu perca a paciência e desligue.

— Você precisa vir, Alice! Seu irmão tá aqui e preciso contar algumas coisas.

— Como assim? Cade o Bryan? Onde vocês estão? — perguntei começando a ficar assustada.

— Estamos na casa do meu pai que eu te trouxe outra vez, venha o mais rápido que puder. E Alice... Me perdoa — disse parecendo cansado, com a voz falhando nas ultimas palavras.

— Tá me assustando de verdade! O que aconteceu? Lúcifer?! Lúcifer?

Ele desligou.


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Notas finais do capítulo

Gente falta apenas dois capítulos e to com vontade de postar tudo logo kk. Não esperem final feliz. E comentem, porque já tá acabando a história :/ bjs e até mais... ♥



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