Lúcifer escrita por Michelle


Capítulo 10
É melhor queimar do que apagar aos poucos




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Era cedo ainda, meu irmão devia estar trabalhando. E se Lúcifer estivesse mentindo? Saí do meu quarto e desci as escadas até a cozinha, Sara ainda estava lá lavando a louça.

— Mãe, o Bryan foi trabalhar hoje?

— Acho que sim. Porque?

— Nada não.

Tentei ligar no celular dele, mas ninguém atendeu porque nem chamou, provavelmente estava desligado ou fora de área. E agora? Eu realmente não queria ir. E se Bryan estava lá com Lúcifer, porque não falou comigo?

Tentei retornar a ligação de Lúcifer, mas agora ele também não atendeu. Preciso saber o que está acontecendo, não posso simplesmente ficar em casa e ver se Bryan chega ou não. Mesmo que talvez não fosse o certo a fazer, decidi sair de casa e ir atrás deles.

Andei rápido pelo bairro, atravessei a passarela e logo estava no caminho cercado de arvores. Comecei a me lembrar de tudo que Lúcifer disse na ligação, como "Alice... Me perdoa" antes de desligar. Eu estava aflita e tive vontade de chorar, mas segurei, e comecei a correr para chegar logo até a casa. O portão estava aberto, então simplesmente entrei.

— Lúcifer? — gritei.

Já conseguia sentir meu coração acelerado. O tempo estava frio e as folhagens das arvores balançavam muito. Andei mais rápido pra chegar na porta da pequena casa de madeira. Não entrei, preferi chamar outra vez.

— Lúcifer?

— Alice? — era a voz dele, e o som vinha do fundo.

Só de lembrar do homem que antes estava lá da outra vez, hesitei em ir embora, mas ainda não podia. Precisava saber o que estava acontecendo, por isso tentei limpar minha mente e não pensar em nada, apenas caminhei até o local.

Então vi os dois. Lúcifer e Bryan. Mas primeiro Lúcifer, que estava em pé e parecia assustado. Depois Bryan que estava... no chão.

— O que você fez? — gritei encarando Lúcifer.

Corri até Bryan me ajoelhando ao lado dele. Parecia desacordado, coloquei minha mão sobre seu nariz, não respirava. Fiquei em choque, meu irmão que sempre pareceu tão independente e forte estava... morto? Não, ele precisa acordar!

— Bryan acorda! Por favor, não me deixa. Você precisa acordar — implorei baixo já chorando.

Mas então vi sangue no chão, em volta da cabeça dele, estava machucado. Levantei meu rosto e olhei para Lúcifer, percebi que estava armado. Tinha uma arma de verdade em uma de suas mãos.

— Alice... Me perdoa — a voz de Lúcifer falhava enquanto dizia — Bryan e eu nos conheciamos a muito tempo, ele não era quem voce pensava. Foi ele quem me ajudou com o assassino dos meus pais, Bryan era...

— Ele era meu irmão! Só isso, não importa o que ele fez! — gritei ainda chorando.

— eu não queria fazer isso, mas ele ia me matar. Eu não devia ter envolvido você nisso, me perdoa Alice, por favor!

— Eu odeio você!!!

— E eu amo você...

— Morre!

Olhei para Lúcifer e ele estava chorando, não tanto quanto eu, mas também estava. Queria fazer ele desaparecer de repente, mas não consegui. Não tinha forças nem pra pensar no que fazer agora, com meu irmão paralisado sem vida. Queria fazer ele acordar, pedir desculpas por não ter ouvido ele antes. Talvez se tivesse ouvido e me afastado de Lúcifer, ele ainda estivesse vivo, talvez a culpa fosse minha.

— Eu já morri, Alice. Perdi a vida quando perdi meus pais. Achei que talvez as coisas começariam a dar certo outra vez depois que conheci você, mas estraguei tudo...

— Então o que tá fazendo aqui vivo? É claro que você estragou tudo, você é um monstro Lúcifer!

Ele ficou em silêncio. Queria tirar meu irmão dali, mas não iria conseguir. Pensei em ligar para alguém, mas não naquele lugar, era melhor sair de perto de Lúcifer primeiro. Levantei com pouco equilíbrio porque estava fraca e minha visão um tanto embaçada. Lúcifer olhava para o chão e parecia completamente abatido, nunca tinha visto ele daquela forma. De repente, disse:

— Tem razão. Devia ter feito isso antes... Mas tudo bem. Como disse Kurt Cobain, é melhor queimar do que apagar aos poucos.

Não olhei mais para ele, apenas me virei e comecei a correr para ir embora. Porém, o som de um tiro me parou.


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